quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Rebeldia e conformismo

Meu novo artigo:


Iludem-se aqueles que imaginam estar presenciando o ápice da intolerância política e psicossocial no País. Ela vai aumentar substancialmente a escalas exponenciais.

O Brasil possui indiscutível expressão territorial, populacional, econômica, estratégica, que nem o pior governo do mundo poderá destruir, por isso é que ele é inevitável.

No entanto, essas condições excepcionais de um gigante internacional, a quinta maior nação do planeta, com uma população superior a 200 milhões de habitantes, imensas riquezas naturais, uma potência continental, não é antídoto suficiente para o processo contínuo de envenenamento a que a sociedade vem sendo submetida ao longo de umas décadas.

Aliás, não é só o País que vem sendo submetido a essa onda tóxica de ódio, de um contra todos e de todos contra qualquer um, trata-se de fenômeno global.

Mesmo que seja um clichê já usado, o mundo encontra-se submetido a uma agenda dirigida pelo capital financeiro especulativo, da agiotagem internacional.

Os megaespeculadores se tornaram, efetivamente, os donos de, quase, todo o mundo. Interferem nos organismos internacionais, ditam as regras e os comportamentos das sociedades, encontram-se por trás dos principais conflitos globais, comerciais, diplomáticos ou militares, buscam promover ou derrubar lideranças políticas, desde que lhes seja conveniente.

Saímos de uma época em que a máxima era “viva e deixe viver” e passamos ao período do “politicamente correto” onde o cidadão, a cidadã, tornam-se prisioneiros de regras que ditam como, de que forma, e onde é “o seu quadrado”, a “sua caixinha de pensar e agir”. O mundo jamais teve tantas regras: pode isso, não pode aquilo etc. E no entanto as sociedades nunca foram tão caóticas. O extraordinário desenvolvimento científico e tecnológico não se encontra a serviço da lucidez ou da liberdade humana.

Mas é um templo perfeito ao exercício do pragmatismo vulgar como estilo de convivência social e política, de competição sem regras consensuais da mínima solidariedade social e humana.

O que vale é como o indivíduo cria as condições perfeitas para atropelar os demais, para atingir seus objetivos na escala da competição profissional. A chamada Guerra Híbrida no Brasil, e no mundo, utiliza-se, invariavelmente, de dois polos antagônicos, através de grupos midiáticos globais, das redes sociais.

É como dois fios descascados conectados, o positivo e o negativo, provocando ondas de choques emocionais sistemáticos na sociedade. Quanto mais ódios espalhados e fúrias sociais polarizadas, melhor se atinge o objetivo de fraturar o tecido social. É assim, a “criminalização” do próximo. O pensamento conservador liberal e tolerante, de antes, foi induzido a um tipo de extremismo reacionário de direita ao tipo fascista.

Setores ponderáveis da esquerda abdicaram de um projeto de nação com características nacionais, socialmente mais justa, aderiram, paradoxalmente, a uma agenda global patrocinada pelo Mercado que anula as identidades, as especificidades culturais do seu País. Enfim é, como disse Eric Hobsbawm, o presente contínuo, o Alzheimer Histórico.

As eleições no Brasil vêm refletindo, já há algum tempo, um sentimento de perplexidade psicossocial, uma orfandade de projetos reais, onde surgem, pela falta de rumos, confrontos de fanatismos, incapazes de convivência e tolerância.

Diagnósticos concluem: atualmente nunca existiram tantos jovens infelizes caminhando sobre a Terra, exatamente quando o mundo se transformou num “parque temático” de “inteligência”, “direitos”, esbanjando “gente bacana”.

Assim, a rebeldia hoje é a luta constante através do pensamento crítico. Ou você se rebela ou é domado pela agenda do sistema financeiro global. Seria o conformismo pragmático. Cada escolha tem suas consequências. Como sempre, nada é fácil.

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