sábado, 27 de março de 2010

Ênio mostra seu olhar crítico sobre os destaques da grande mídia nacional

Publicada na Gazeta de Alagoas

Marcelo Malta reassume mandato na Câmara Municipal de Maceió


Com a decisão do juiz Helder Loureiro, da 3ª Zona Eleitoral da Capital, que cassou o mandato do vereador Dino Júnior, pela compra de votos e abuso dos poderes econômico e político, assume a cadeira na Câmara Municipal de Maceió o vice-presidente estadual do PCdoB, Marcelo Malta.
Membro do Conselho da Seccional alagoana da Ordem dos Advogados do Brasil e presidente da Comissão de Justiça Social, Cultura e Desenvolvimento da OAB/AL, Marcelo Malta declarou que assumirá o mandato neste ano importante na conjuntura nacional, para Alagoas e Maceió, ano de eleições definidoras de rumos.
Afirmou que exercerá o mandato comunista reforçando o programa político do PCdoB, voltado para a cidadania, para a democracia e justiça social em Maceió.

Oscar Niemeyer fala sobre o PCdoB e seus militantes



A mesma esparrela

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santanaoxente:

A profunda crise econômica que vem se abatendo sobre a Comunidade Européia reflete, em última instância, um processo de fadiga estrutural de um modelo econômico do sistema capitalista que oscila ciclicamente da euforia à depressão.
E dentre todas as receitas adotadas ultimamente, a mais nefasta e mais trágica é sem dúvida alguma a doutrina neoliberal. E foi essa mesma que vigorou olimpicamente no Brasil durante os oito anos dos dois governos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Que produziu uma economia estagnada, aumento gritante dos tributos fiscais às pessoas físicas e ao setor produtivo, gerando uma quase paralisia da economia nacional, arrocho salarial para os trabalhadores, classe média, restrição ao crédito, o que impediu o acesso dos segmentos assalariados aos bens de consumo mais elementares.
Além de tudo isso o neoliberalismo buscou adotar no País um dos seus princípios mais destacados, o do Estado nanico. O que pressupõe o seu esquartejamento em suas atribuições fundamentais.
Apesar das várias privatizações extremamente nocivas à soberania nacional feitas, é sempre bom lembrar, com o que foi denominado pela imprensa brasileira de moedas podres, a resistência da sociedade foi tamanha que tal processo não foi adiante em seus objetivos estratégicos mais nefastos.
A nossa longa tradição de defesa do Estado como instrumento decisivo ao processo de desenvolvimento soberano desde a histórica revolução de 1930 foi outro fator decisivo às trincheiras que defendiam a integridade econômica, social e política do Brasil.
E olhem que a luta de idéias foi encarniçada com segmentos da grande mídia hegemônica nacional vomitando diariamente horrores contra o que denominavam “os dinossauros”, que seriam os nacionalistas e a esquerda do Brasil.
O então presidente Fernando Henrique dissertou tese em defesa de uma economia sem fronteiras e sem nações, uma espécie de versão de bolso do “Fim da História” do outrora badalado teórico Francis Fukuyama. Enfim, a crise que sacode toda a Europa, provocando desindustrialização, recessão e desemprego, atinge mais gravemente os seus elos mais fracos, Grécia, Portugal, Espanha e nações do Leste, para onde estão transferindo a conta e o prejuízo. Essa esparrela em que caíram os europeus, nós não podemos deixar que retorne ao Brasil em outubro de 2010.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Aos 88 anos um partido que se renova


Artigo de Luciano Siqueira, publicado em seu blog (http://lucianosiqueira.blogspot.com/) e no no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio online), marca o aniversário do PCdoB em 25 de março.


Amanhã, 25, os comunistas comemoram 88 anos da fundação do seu partido - registrado em 25 de março de 1922 sob a denominação de Partido Comunista do Brasil, no livro 3 do Registro de Pessoas Jurídicas do Cartório do 1º Ofício do Rio de Janeiro.

Seria uma efeméride inexpressiva, se fosse a história institucional brasileira marcada pela existência de partidos políticos longevos, mas não é. Em nosso país o espectro partidário sempre foi moldado por contingências meramente conjunturais.

Assim, ao observador isento, mesmo ao mais equidistante ou até discordante, chama a atenção que uma agremiação partidária tenha perdurado no cenário político brasileiro tanto tempo, atuando ininterruptamente. Mais ainda quando se sabe que nessas quase nove décadas, esse partido teve por cerca de dois terços de vida cerceado o direito constitucional de existir legalmente. Os últimos vinte e cinco anos, desde a derrocada da ditadura militar e o advento da Nova República, assinalam o seu mais largo período de legalidade.

A razão de tal proeza decorre de que, além de corresponder a uma necessidade objetiva, determinada pelo conflito social - a de uma representação ideológica, política e orgânica de uma classe, a dos proletários – o PCdoB aprende com a sua própria experiência, com a trajetória de lutas do povo brasileiro e com a evolução dos movimentos libertários no mundo. Amadurece em meio às permanentes tensões determinadas por desafios teóricos, políticos e práticos. Pois seus êxitos ou fracassos dependem diretamente da sua capacidade de compreender as mutações que se processam na sociedade; da natureza dos vínculos que estabeleça com a sua base social; e da habilidade com que se comporte nas diferentes situações políticas.

Sempre foi uma trajetória difícil, a do PCdoB. Complexa, caracterizada por lutas ingentes, perseguições violentas e odiosas, absurdas restrições legais; por vitórias e insucessos; e por um complexo e sinuoso processo de formação de um embasamento teórico e político próprio, cujos resultados assinalam o entusiasmo com que os comunistas comemoram o 25 de março.

Hoje o partido ostenta um contingente de mais de 220 mil filiados, uma presença significativa nos movimentos sociais, ocupa postos destacados nos governos da República, de estados e municípios e tem desempenho influente no parlamento.

O velho partido de 1922 se apresenta hoje renovado, moderno, ágil na abordagem da realidade nacional, portador de uma proposta programática avançada, de sentido socialista e assentada na defesa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Proposta consubstanciada no Programa aprovado no seu 12º. Congresso, realizado no final do ano passado. Um programa formulado em bases científicas, marxistas, sem se orientar entretanto por nenhum “modelo” preexistente. Um programa brasileiro.

sábado, 20 de março de 2010

De verdades e da História

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santanaoxente:

Muito se tem falado e escrito sobre grande parte da mídia hegemônica de abrangência nacional. A maioria das opiniões não são nada positivas, pelo contrário, há uma generalizada queixa sobre a parcialidade da “imparcialidade” das informações veiculadas rotineiramente, sistematicamente.
Sob a proteção de uma inquestionável e absoluta liberdade de expressão e informação, o que comumente tem sido divulgado, em geral e com honrosas exceções, é a superficialidade dos fenômenos, sejam eles de caráter político, científico, histórico ou relativos ao cotidiano das pessoas ou das cidades.
Há uma nítida sensação que essa dita mídia hegemônica nacional, que determina a pauta informativa dos brasileiros, transformou-se em uma máquina de moer informações aleatórias e de preferência os assuntos secundários quando não bizarros.
Talvez por total ignorância de muitos não seja possível compreender a importância em se divulgar a imagem de uma árvore que desabou sob forte chuva em uma rua de uma cidade qualquer em algum lugar do País.
Em contrapartida nada ou pouco se sabe sobre a realidade dessa mesma cidade. A sua condição econômica, as esperanças da sua população, as suas queixas e as suas expectativas como cidadãos brasileiros.
Vários dos âncoras das mais prestigiadas emissoras de televisão de abrangência nacional visitam-nos quase que diariamente, quando não todos os dias, com os seus semblantes lúgubres, atolados em tragédias e notícias escatológicas como se fossem essas as preocupações e as essencialidades dos brasileiros e da humanidade.
Tudo isso me faz lembrar um episódio acontecido há vários anos quando, ao lado do ilustre professor Florestan Fernandes, de saudosa memória, visitávamos com um guia, as ruas de Madri.
Ao fim do périplo, o grande cientista político reclamou do guia porque ele havia nos mostrado lugares cuja referência dizia respeito só e unicamente ao período fascista, do governo de Franco, de trágica lembrança.
Então o referido guia respondeu-nos secamente e de maneira abusada: há gosto para tudo senhores. No que Florestan Fernandes retrucou imediatamente: não meu senhor, não se trata de gosto, mas de respeito à História e à verdade.
De certa maneira a nossa atual mídia hegemônica nacional tem agido assim. Empanturra-nos de fatos, menos da verdade e da História.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Havana


De volta a Havana depois de percorrer boa parte da ilha, de novo com bom sinal de internet, visito mais uma vez esta cidade monumento arquitetônico tombado pela UNESCO, com horizontes cosmopolitas, cuja consígnia atual é a de uma cidade que renasce.
De fato Havana vive uma febre de restauração do seu sítio histórico, de suas memórias do passado que se confunde com as suas permanências revolucionárias. Os seus hotéis, passo a passo recuperados, mostram uma beleza caribenha misturada com a grandeza e majestade das construções espanholas, mestiçada com as influências mouras.
As suas igrejas demonstram a correção da observação de Gilberto Freyre quando fala sobre as igrejas gordas de Espanha. Mas surgem igualmente os templos ortodoxos católicos e as sinagogas alertando-nos sobre as misturas de povos e culturas que fizeram Cuba e muito especialmente essa magnífica Havana.
Os hotéis são muitos e cada um deles é um verdadeiro museu de personagens que por lá passaram e continuam a se hospedar (na foto, o Hotel Sevilha).

Hotel Sevilha, Havana




Inaugurado em 1908, em que Graham Greene hospedou seu personagem de “Nosso homem em Havana”. De seu interior ouve-se a música da Escola Nacional de Ballet, que fica do outro lado da rua.

Hotel Ambos Mundos, Havana




Numa tarde de domingo cubanos e turistas passeiam por Havana Velha, ao fundo o Hotel Ambos Mundos onde viveu Ernest Hemingway nos anos 30, antes de passar a morar na casa Finca La Vigía, nos arredores de Havana.

Hotel Nacional, Havana




Seu conjunto arquitetônico-militar é parte do patrimônio histórico da humanidade, título outorgado pela UNESCO em 1982. A galeria de hóspedes importantes nas artes, política, esportes, de todo o mundo é muito vasta. Aqui os atores que não tem hesitado em defender o país a despeito da pressão norte-americana, Robert Redford e Sean Penn. Na foto, também o grande piloto argentino Juan Manuel Fangio (1911-1995), cinco vezes campeão mundial.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A questão do Senado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santanaoxente:

Nas eleições de outubro próximo creio que quase ninguém tem mais dúvidas sobre a intenção do voto popular que será sufragado nas urnas, carregado de um nítido caráter plebiscitário.
No entanto, o que parece óbvio para a população em geral torna-se complicado às forças políticas e coalizões que se defrontarão nesse pleito que se revestirá como um embate de proporções históricas.
Porque às oposições não interessa essa dimensão sobre o julgamento da sociedade acerca de qual projeto deverá optar em 3 de outubro. Porque elas levam uma nítida desvantagem nesse quesito fundamental.
Em primeiro lugar a era neoliberal no Brasil encarnada pelos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso ficou conhecida como desconstrutora das empresas estratégicas do Estado nacional através de privatizações maciças e de redução das conquistas sociais promulgadas na constituição de 1988, logo após a extinção da ditadura.
Nesse mesmo período de exaltação do Estado mínimo e endeusamento das virtudes do mercado como solução aos graves problemas da sociedade brasileira, as políticas públicas implementadas pelos governos FHC não só foram desastrosas como conduziram a economia nacional à estagnação geral.
Levando em consequência ao desemprego generalizado, à paralisia do crescimento da riqueza do País, ao endividamento externo, ao sucateamento do parque industrial nacional, à inanição do comércio e à crise da agricultura brasileira além da total ausência de obras fundamentais em infra-estrutura, básicas ao Brasil.
Esse é em resumo o legado dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi na verdade um período de ascensão de uma elite política, consagrada pela mídia como a era dos tucanos, e a fina flor dos financistas, em especial aquela aquartelada nos quarteirões da majestosa Avenida Paulista.
O Brasil mudou substancialmente em relação ao desenvolvimento, mas persistem algumas heranças de um Estado anêmico e impotente, resultante das orientações neoliberais. E é no Senado da República onde estão entrincheirados os quadros mais destacados das políticas minimalistas do Estado.
Por isso é onde haverá uma das lutas mais renhidas nas próximas eleições. Não é por acaso que a atual eleição ao Senado tem assumido na mídia uma magnitude só inferior à da campanha à presidência da República.