domingo, 29 de janeiro de 2012

A próxima guerra na agenda dos EUA

Uma boa análise da realidade geopolítica mundial feita pelo norte-americano Paul Graig Roberts, embora chegue a uma conclusão equivocada como destaca O Diario na apresentação do texto publicado no ODiario.info:
 
O porta-aviões USS Nimitz posiciona-se ao largo, na costa do Irã.

"Neste artigo Craig Roberts faz um significativo paralelo histórico: o que estamos a testemunhar é uma repetição da política de Washington para com o Japão na década de 1930, que provocou o ataque japonês a Pearl Harbour. Os saldos bancários do Japão no Ocidente foram apreendidos e o acesso do Japão a petróleo e matérias-primas foi restringido. O objetivo era prevenir ou retardar a ascensão do Japão. O resultado foi a guerra.

Mas é surpreendente que uma tal análise leve no final o autor a apelar ao apoio ao candidato Ron Paul nas próximas presidenciais dos EUA. Por muito maus que sejam os restantes candidatos, a alternativa não é certamente este personagem ultraliberal."
 
Só os cegos não vêem que o governo dos EUA se prepara para atacar o Irã. Segundo o Professor Michel Chossudovsky, “os preparativos para a guerra contra o Irã (com o envolvimento de Israel e da NATO) foram iniciados em Maio de 2003.” http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=28542
 
Washington instalou mísseis apontados ao Irã nos estados emirados com petróleo que funcionam como seus fantoches, Omã e os Emirados Árabes Unidos e, com poucas reservas, noutros estados fantoches no Médio Oriente. Reforçou a frota de caças da Arábia Saudita. Mais recentemente, enviou 9.000 soldados para Israel, para participar em “jogos de guerra” cujo objectivo é testar o sistema de defesa aérea dos EUA / Israel. Uma vez que o Irã não representa uma ameaça a menos que seja atacado, os preparativos de guerra de Washington assinalam a intenção de atacar o Irã.

Outro sinal de que Washington tem uma nova guerra em agenda é o aumento da retórica e demonização do Irã. A julgar pelas estatísticas, a propaganda de Washington de que o Irã ameaça os EUA através do desenvolvimento de uma arma nuclear foi bem sucedida. Metade do público norte-americano apoia um ataque militar ao Irã, a fim de impedir este país de adquirir poder nuclear. Aqueles de nós que tentam despertar os nossos concidadãos partem de um deficit que corresponde ao facto de metade da população dos EUA estar sob controlo do Big Brother.

Como os relatórios dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica no terreno no Irã deixaram claro há anos, não há provas de que o Irã tenha desviado qualquer urânio enriquecido a partir do seu programa de energia nuclear. O estridor de Washington e dos media neoconservadores é infundado. A mentira está ao mesmo nível da reivindicação de que Saddam Hussein tinha no Iraque armas de destruição em massa. Cada soldado dos EUA que morreu naquela guerra morreu em nome de uma mentira.

Não poderia ser mais óbvio que os preparativos de guerra de Washington contra o Irã nada têm que ver com dissuadir o Irã de construir uma arma nuclear. Qual, então, a sua base?

Em minha opinião, os preparativos do governo dos EUA para a guerra são movidos por três fatores. Um deles é a ideologia neoconservadora, adotada pelo governo dos EUA, que os leva a usar a sua posição de superioridade militar e econômica para conseguir a hegemonia mundial. Este objetivo faz apelo à arrogância norte-americana e ao poder e sede de lucro que ela serve.

Um segundo fator é o desejo de Israel de eliminar todo o apoio aos palestinos e ao Hezbollah no sul do Líbano. O objetivo de Israel é dominar toda a Palestina e os recursos hídricos do sul do Líbano. A eliminação do Irã remove todos os obstáculos à expansão de Israel.

Um terceiro fator é o de impedir ou retardar a ascensão da China como potência militar e econômica, controlando o acesso da China à energia. Foram os investimentos da China em petróleo no leste da Líbia que levaram os EUA e os seus fantoches da OTAN a virar-se subitamente contra a Líbia, e foram os investimentos da China em petróleo noutras regiões de África que resultaram na criação, por parte do regime de Bush, do Comando dos EUA para África, o AFRICOM, destinado a combater a influência econômica da China com a influência militar dos EUA. A China tem investimentos significativos em energia no Irã, e uma percentagem substancial das importações de petróleo da China provém do Irã. Privar a China do acesso independente ao petróleo é a maneira de Washington dominar e encurralar a China.

O que estamos a testemunhar é uma repetição da política de Washington para com o Japão na década de 1930, que provocou o ataque japonês a Pearl Harbor. Os saldos bancários do Japão no Ocidente foram apreendidos e o acesso do Japão a petróleo e matérias-primas foi restringido. O objetivo era prevenir ou retardar a ascensão do Japão. O resultado foi a guerra.

Apesar da sua desmedida arrogância, Washington entende a vulnerabilidade da sua Quinta Frota no Golfo Pérsico e não arriscaria perder uma frota e 20.000 homens a menos que fosse para ganhar uma desculpa para um ataque nuclear ao Irã. Um ataque nuclear ao Irã alertaria a China e a Rússia de que poderiam sofrer o mesmo destino. Como consequência, o mundo enfrentaria um risco de cataclismo nuclear maior do que no tempo do impasse EUA-URSS, que assegurava uma destruição mútua.

Washington está a colocar-nos numa situação fora de controle. Declarou que o eixo “Ásia-Pacífico” e o Mar da China Meridional são áreas de “interesse nacional dos EUA”. Qual o sentido destas palavras? O mesmo que teria a China declarar o Golfo do México e o Mar Mediterrâneo como áreas de interesse nacional da China.

Washington colocou 2.500 fuzileiros, prometendo a chegada de mais, na Austrália, com que fim? Proteger a Austrália da China ou ocupar a Austrália? Cercar a China com 2.500 fuzileiros navais? Não significaria nada para a China, se Washington colocasse 25.000 fuzileiros navais na Austrália.

Se formos aos fatos, as palavras duras de Washington não constituem senão uma provocação sem sentido ao seu maior credor. E se a idiotia de Washington fizer com que a China passe a temer a possibilidade de Washington e os seus fantoches europeus e Reino Unido se apoderarem dos seus saldos bancários e se recusarem a honrar as participações da China de 1 bilião de dólares em títulos do Tesouro dos EUA? Irá a China retirar os seus saldos dos enfraquecidos bancos dos EUA, Reino Unido e Europa? Irá a China atacar primeiro, não com armas nucleares, mas com a venda do seu bilhão de dólares em títulos do Tesouro de uma só vez?

Seria mais barato do que a guerra.

A Reserva Federal teria de imprimir rapidamente mais 1 bilhão de dólares para comprar os títulos, caso contrário as taxas de juros dos EUA iriam disparar. O que faria a China com um 1 bilhão de dólares acabados de imprimir? Na minha opinião, a China iria livrar-se de tudo de uma vez no mercado de câmbio, porque a Reserva Federal não pode imprimir euros, libras britânicas, yen Japonês, franco suíço, rublo russo e yuan chinês para comprar a sua moeda recém-impressa.

O dólar norte-americano seria esmagado. Os preços de importação dos EUA (que agora incluem, graças ao offshoring, quase tudo o que os norte-americanos consomem) subiriam. Os 90% que vivem com maiores dificuldades seriam ainda mais esmagados, atraindo ainda mais os seus opressores em Washington. O resto do mundo, antecipando a guerra nuclear, libertar-se-ia dos dólares, já que Washington seria um alvo de ataque primário.

Se os mísseis não forem lançados, os norte-americanos levantar-se-ão no dia seguinte na condição de país falido do terceiro mundo. Se os mísseis forem lançados, serão poucos a despertar.

Enquanto norte-americanos, precisamos de nos interrogar sobre o que está em jogo. Porque é que o nosso governo provoca deste modo o Islã, a Rússia, a China, o Irã? Que propósito, quem estão a servir? Certamente não a nós.

Quem beneficia do fato de o nosso governo falido se lançar em mais guerras, desta vez não contra países indefesos como o Iraque e a Líbia, mas a China e a Rússia? Pensarão os idiotas em Washington que o governo russo não sabe por que razão a Rússia está a ser cercada com bases de mísseis e sistemas de radar? Acreditarão os imbecis que o governo russo cairá na sua mentira de que os mísseis são dirigidos contra o Irã? Só os idiotas que se sentam à frente da Fox “News” acreditariam que se trata aqui verdadeiramente de uma arma nuclear iraniana.

Quanto tempo mais irá o governo russo permitir à National Endowment for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia), que é uma fachada da CIA, interferir nas suas eleições através do financiamento dos partidos da oposição liderada por nomes como Vladimir Kara-Murza, Boris Nemtsov, e Alexei Navalny, que protestam todas as eleições ganhas pelo partido de Putin, acusando sem qualquer prova, mas fornecendo a Washington, que, sem dúvida, paga muito bem, propaganda de acordo com a qual as eleições foram e serão roubadas? http://www.globalresearch.ca/PrintArticle.php?articleId=28571

Nos EUA, ativistas como estes seriam declarados “extremistas internos” e sujeitos a um duro tratamento. Nos EUA, mesmo os pacifistas estão sujeitos a invasões de domicílio pelo FBI e a investigações dos tribunais.

O que isto significa é que “o criminoso estado russo” é uma democracia mais tolerante do que os EUA ou os seus estados europeus e que o Reino Unido.

Para onde vamos a partir daqui? Se não quisermos caminhar para a destruição nuclear, os americanos têm que acordar. Jogos de futebol, pornografia, e centros comerciais são uma coisa. A sobrevivência da humanidade é outra. Washington, isto é, o “governo representativo”, consiste somente de uns quantos interesses poderosos. Esses interesses privados, e não o povo americano, controlam o governo dos EUA.

É por isso que nada que o governo dos EUA faça beneficia o povo norte-americano.

A atual colheita de candidatos presidenciais, com exceção de Ron Paul, representa os interesses no controle. A guerra e a fraude financeira são os únicos valores norte-americanos que restam.

Voltarão os norte-americanos a dar o esplendor da “democracia” a governar por uns poucos, participando nas próximas eleições manipuladas?

Se tiver que votar, vote em Ron Paul ou num candidato de um terceiro partido mais radical. Mostre que não apoia a mentira que é este sistema.

Deixe de ver televisão. Deixe de ler os jornais. Deixe de gastar dinheiro. Quando faz qualquer destas coisas, está a apoiar o mal.

Tradução: André Rodrigues P. Silva

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Pinheirinho, o novo fascismo

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


A violenta repressão policial contra os moradores de Pinheirinho no estado de São Paulo representa uma tendência progressiva de tratar os problemas sociais como casos de delinquência coletiva.

Esses fatos recentes se juntam a uma onda conservadora, a uma galopante inclinação reacionária que se faz cada vez mais presente no Brasil e em grande parte do mundo.

É mais uma expressão da crescente intolerância típica de uma época onde reinam o capital financeiro e o complexo midiático internacional.

Que determinam comportamentos através de uma governança mundial que exerce a sua autoridade por intermédio de vários organismos internacionais que perderam as suas funções originárias e foram gradualmente se transformando em condutos dos interesses mais baixos, grosseiros e infames do lucro global.

Essa intolerância, o ultra-individualismo mais estúpido, as manifestações de truculência contra os trabalhadores e outros segmentos populares vão atingindo proporções de fenômeno generalizado.

Uma truculência associada a uma política higienista social repressora de inspiração nazista, à xenofobia, ao terror psicossocial, ao pânico coletivo, aos direitos constitucionais dos cidadãos rasgados, às nações invadidas criminosamente.

São poucos os governos nacionais que se armam de autoridade moral para resistir politicamente contra essa marcha ao fascismo (os que o fazem são ameaçados, caluniados) e que significa agora como em outras épocas a "expressão mais exacerbada da natureza agressiva e virulenta do capital global". Mas grande parte dos governos prefere imitar o capitão do transatlântico naufragado na costa italiana.

Esse é um tempo em que se busca colonizar a mentalidade das novas gerações através de um "presente contínuo alienante" sem referências históricas, sem causas, rebeldias ou utopias realizáveis, empurradas ao mais elementar pragmatismo existencial.

Pinheirinho é parte dessa cultura do ódio contra os "povos e classes subalternas", onde se pretende um cordão sanitário contra as maiorias assalariadas, o seu cheiro e os seus hábitos de plebe rude.

Da crise atual o capital global tenta erigir uma nova aristocracia de punhos de renda, imune às "impurezas sociais". Assim, é fundamental a construção de uma frente dos trabalhadores e nações contra essa novíssima ordem mundial fascista em avançado estágio de gestação.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Brasil, governo e civilização

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Apesar da crise sistêmica do capitalismo o Brasil continua a crescer economicamente, o que vai consolidando o fato de que essa nova realidade veio para ficar e faz parte de nova configuração do tabuleiro geopolítico global.

O País tem quase todas as características que são comuns aos gigantes emergentes: extensão territorial, mercado interno em crescimento, liderança econômica regional ascendente, parque industrial complexo etc.

Além disso, é detentor de potencialidades distintas aos demais componentes dos chamados BRICS. Possui a maior reserva florestal, o maior manancial de água doce, a maior extensão de terras agricultáveis do planeta.

Por outro lado é insuficiente a infra-estrutura do País em relação às estradas de rodagem, portos, ferrovias de interligação com o território nacional, hidrovias e por aí vai.

O crescimento econômico da última década não foi acompanhado por um plano nacional de desenvolvimento com metas e objetivos a serem alcançados, mostrando que as heranças da doutrina neoliberal dos anos noventa e início do milênio não foram de todo superadas.

Porque as estratégias, os planos estruturais, o papel do Estado como indutor central ao desenvolvimento não só foram descartados nos governos FHC como a nova ordem mundial continua difundindo esses pré-requisitos ao desenvolvimento do País como abomináveis.

Na verdade os preceitos neoliberais mantêm-se hegemônicos no planeta sob a batuta do complexo midiático mundial, do capital financeiro global.

No Brasil as forças neoliberais estão tensionadas para que não se constituam novos caminhos tanto ao crescimento econômico quanto ao desenvolvimento soberano, coisas complementares porém diferentes.

Por outro lado, além de pelejarmos pela construção da riqueza nacional, da emancipação social, devemos lutar pelo resgate e desenvolvimento dos grandes valores humanos universais esmagados pela "globalização", o que já implica em tremenda resistência ideológica e política.

Valores esses resgatados, desenvolvidos e mesclados ao nosso rico processo de nação tropical. Mas não devemos perseguir, como objetivo último, alguma coisa como se fossemos uma espécie de "esquerda" da própria globalização capitalista.

Os nossos desafios devem nos confrontar como alternativa econômica, social, cultural e de civilização a essa nova ordem mundial do capital.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sem nenhum limite

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Por um dessas casualidades encontro entre os meus papéis velhos que não foram queimados ou rasgados, uma extensa análise publicada na revista Carta Capital em 2001.

E isso sempre é interessante quando acontece porque nós podemos cotejar não apenas as opiniões mas observar as grandes transformações que se efetivaram no mundo e no Brasil no período de dez anos.

Já se disse profeticamente que há dias que valem por anos e há anos que valem por dias sob a perspectiva das grandes transformações progressistas em escala mundial.

No entanto esse período de dez anos que nos separa desse texto de 2001  mostrou que a roda da História tanto se move para frente, ou fica atolada em terreno lamacento por um bom tempo, quanto pode também se movimentar por saltos em marcha ré.

Não que os retrocessos sejam uma novidade mas um que além de ser econômico também é ideológico, em dimensão global, talvez seja algo inusitado na recente História contemporânea.

Tanto quanto uma crise planetária do capitalismo onde os Países do primeiro mundo afundam no lodaçal da recessão, do desemprego de centenas de milhões, e pari passu, há uma ascensão econômica, geopolítica, de nações emergentes como os BRICs, Brasil, Rússia, China e Índia.

Na última década do século vinte houve uma onda de fusões e uma reengenharia do capitalismo que proporcionou durante dez anos um crescimento anual médio da ordem de 15% nos lucros e no valor de mercado das grandes corporações, chegando a mais de 25% em setores de ponta.

Mas como diz a análise da revista, o capital entendeu que seria possível manter essa tendência por longo prazo, sabendo que é impossível a massa total de lucros crescer indefinidamente mais que a produção sem as devidas consequências.

Nesses últimos vinte anos "o capitalismo conseguiu realizar o seu sonho de derrubar as fronteiras", construiu uma nova ordem mundial, fragilizou ou fragmentou Estados soberanos, promoveu uma revolução tecnológica, instituiu uma governança global de fato, guardiã e fiscalizadora de uma espécie de constituição internacional discricionária, imposta aos povos.

Um capitalismo que massacrou identidades e culturas nacionais, promoveu invasões sangrentas, assassinatos políticos brutais, produziu talvez a sua maior crise econômica estrutural, e visando o lucro, esgarçou ao extremo e sem nenhum limite, as relações sociais e humanas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Amazônia cobiçada

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Há em curso uma intensa e sórdida campanha imperialista com vistas à anexação da Amazônia, uma verdadeira guerra assimétrica, cultural e ideológica contra o Brasil visando tornar hegemônica a ideia de que essa extraordinária região deve se tornar um condomínio internacional o que na verdade é outra mentira porque esconde os interesses inconfessáveis dos EUA.

Com uma dimensão de aproximadamente 5.028.392 quilômetros quadrados, constituída pela superfície dos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e incluindo-se ainda para efeitos legais o Estado do Mato Grosso ela representa 63,42 % de todo o território nacional.

A Amazônia brasileira pertence ao complexo da maior selva tropical e a mais rica biodiversidade do planeta onde vivem mais de 30.000 espécies de plantas já estudadas, mas estima-se que por lá deve haver mais de cinco milhões de diferentes espécies botânicas.

As riquezas naturais do solo e subsolo da Amazônia, já dimensionadas, que podem ser exploradas sem comprometer o meio ambiente e a biodiversidade, ultrapassam os trilhões de dólares.

Há, como exemplo, um extraordinário potencial para o desenvolvimento da tecnologia de medicamentos avançados, através da flora, que podem gerar grandes recursos ao País e muitos benefícios à humanidade.

Por lá se encontra a maior reserva de água doce do mundo assim como um espetacular potencial à produção de energia limpa e renovável inigualáveis no planeta.

Portanto os ambiciosos projetos imperialistas para a região incluem, além da expansão territorial, principalmente a anexação da maior concentração de riquezas naturais conhecidas do planeta.

A estratégia em curso tem sido a do "convencimento" da opinião pública mundial através do complexo industrial multimidiático global sob o comando dos EUA e Inglaterra de que a Amazônia deve ser um patrimônio gerido por organismos internacionais e as suas consequências já se fazem sentir como revela a pesquisa CNT/SENSUS publicada esta semana pela imprensa brasileira.

A outra linha desse bombardeio ideológico tem sido a tentativa de provocar a confusão no povo brasileiro, a sua anemia moral, levando-o à capitulação do sentimento nacional. Assim, impõe-se com urgência uma ampla campanha de esclarecimento, tenaz resistência patriótica e política, em defesa da nossa integridade territorial e da Amazônia brasileira.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Nem desejos, nem promessas



O decálogo do camarada e amigo Luciano Siqueira, publicado em seu blog:

Dez desejos que não acalento em 2012

Folheio revistas antigas misturadas a jornais e livros amontoados num canto da sala. Deparo-me com uma página de amenidades onde se faz uma enquete com alguns personagens conhecidos chamados a apresentar dez desejos ou promessas que alimentam para o novo ano. Tem de tudo: mudança de temperamento, viagem à Índia, geração de um primeiro filho, realização profissional, aprender mandarim e que tais.

Ninguém me entrevistou a respeito, jamais. Certamente pouco hão de interessar aos leitores desse tipo de publicação as minhas aspirações mais caras. No que têm toda razão.

Pois faço o contrário: compartilho com meus provavelmente poucos leitores o que não prometo nem desejo em 2012:

1) Não prometo mudar minhas convicções sobre o mundo, a vida, o amor e a necessidade de transformar a sociedade, pois assim caminho há cinco décadas e de nada me arrependo do que tenho pensado nem feito ou deixado de fazer por opção consciente. Nem abrir mão da minha confiança no sonho dos poetas e na força do povo.

2) Nenhuma condescendência me comprometo a ter com quem pratica a maledicência com o prazer mórbido dos que traem, nem com os que disputam um lugar à mesa como quem guerreia pelo poder real, nem com os que anseiam pela autoafirmação como ideal de vida. De individualismo assim tão exacerbado quero distância, pois aprendi desde garoto a repudiar esse vírus que corrói as relações humanas.

3) Ah, também é bom que deixe claro de uma vez por todas: não me disponho a retornar aos estádios aos domingos nem em qualquer outro dia para apreciar o que se chamava antigamente de esporte bretão: nem para apoiar o meu Náutico, nem para torcer pelo Sport ou Santa cruz (quando enfrentando times de fora), nem mesmo para ver a seleção canarinho, a não ser na Copa de Mundo, se vier jogar na arena de São Lourenço da Mata. Aprendi que o futebol é um grande negócio nem sempre lícito e que o torcedor é o último a saber – se é que sabe realmente o que acontece fora das quatro linhas.

4) Longe de mim prometer superar o vício da leitura diária de livros, revistas, jornais e páginas na internet. Vício por vício prefiro este, já que não me disponho a aderir ao tabagismo nem ao atraente e permissivo alcoolismo.

5) Não admito também passar à responsabilidade de ninguém, de nenhum dos meus assessores, o manejo do Twitter e do Facebook, nem do meu blog pessoal, nem da minha correspondência via e-mail, pois tenho certeza de que amig@s logo perceberiam a artificialidade do diálogo. Prefiro a imperfeição do contato direto à assepsia da comunicação burocrática. (Sem deixar de anotar que o site do meu mandato é feito por profissionais competentes e dedicados, por isso mesmo é uma página de sucesso).

6) Também não me disponho a juntar dinheiro: desde cedo descobri que ficar rico não é minha sina, nem para tanto tenho talento. Se sobra algum, que o queime em livros e viagens de lazer, nada mais que isso.

7) Não desejo aprender os passos do tango, por mais que admire a dança portenha e me deslumbre a sua coreografia apaixonante e bela. Não dou para a coisa e é melhor ficar quieto, eu que sequer aprendi a valsa vienense nem o nosso bom e popular forró.

8) Nem pretendo gostar de salpicão, porque adocicado; nem de jenipapo, por puro preconceito com a fruta; nem de uísque com água de coco, porque o prefiro com pouco gelo; nem de cachaça com limão, porque a prefiro pura.

9) Parar de escrever artigos e crônicas semanais, nem pensar - por mais que tenha consciência das limitações do escriba. Sempre haverá uma boa alma disposta a me premiar com a leitura generosa e compreensiva.

10) Aprender a cozinhar, tem jeito não. Compenso, entretanto, com reconhecida habilidade para lavar pratos que, modéstia à parte, faço com prazer e esmero.

Que 2012 seja para todos de muito trabalho, amores, dores, esperanças, conquistas e paz.