quarta-feira, 31 de maio de 2017

Dois Brasis

Meu novo artigo semanal:


Desde 2013 vem à tona uma grave crise multilateral que vive o País, especialmente com a eclosão das grandes manifestações de rua que tomaram conta da nação, incentivadas pela grande mídia monopolista associada do Mercado financeiro global.

Mas a seríssima crise política, que cresceu e avantajou-se desde lá, reflete também os crônicos problemas estruturais que se acumulam no Brasil, quer seja no âmbito da economia e todas suas variáveis, quanto nas graves questões sociais.

Assim, sem a perspectiva, por parte das elites políticas, de um caminho que contemple um projeto de nação abrangente, tanto em relação às grandes maiorias sociais quanto à resolução dos rumos essenciais, o País, fragilizado, com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, vê-se dividido, como dizia Machado de Assis, entre o Brasil oficial e o Brasil real.

O Brasil oficial compreende parcelas da população que se estendem das classes dominantes à classe média e mais alguns estratos esclarecidos, infelizmente descolados do Brasil real.

O País real é o Brasil profundo de quase 200 milhões de habitantes que, embora avaliados em pesquisas de opinião pública, continuam não sendo protagonistas das suas vidas, do seu destino político como cidadãos brasileiros, em uma nação profundamente desigual e socialmente injusta. Um dos fatores da crise atual é esse abismo entre as elites, em geral, e as verdadeiras aspirações do povo brasileiro.

Imerso em gravíssima crise econômica, à mercê dos interesses do capital financeiro internacional, do rentismo parasitário, dos objetivos das grandes potências, de um governo Temer sem qualquer legitimidade, a nação patina no limbo da desorientação pela ausência de um projeto factível que proponha rumos ao conjunto dos brasileiros.

A crise multilateral que vivemos resulta também da nova realidade geopolítica mundial, além das consequências danosas da globalização financeira que atingiu a nação em cheio em pouco mais de duas décadas, desnorteando a perspectiva dos povos, assim como o Brasil.

A crise política reflete essas enormes disfunções onde a incontornável e insubstituível luta democrática precisa ser associada a um novo projeto nacional de desenvolvimento estratégico que galvanize perspectivas e esperanças, tanto materiais como espirituais, para o povo brasileiro.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

O triunfo da emoção

Meu novo artigo semanal:


A crise brasileira já atingiu as raias do paroxismo. Ela não foi deflagrada agora, veio à tona em 2013 com as manifestações de rua, como tempestades de ansiedades difusas cobertas ao vivo por essa grande mídia global hegemônica que dá o tom da atual aventura autoritária.

E que foram denunciadas depois pelo ex-agente da NSA, serviço de espionagem dos EUA, Edward Snowden, como uma edição tupiniquim das “primaveras árabes” que desestabilizaram nações na região pautadas por interesses norte-americanos.

Mas quem se encontra por trás de todos os fatos desencadeados é um consórcio, que envolve além das estratégias hegemônicas dos EUA no Brasil, o monopólio midiático global.

A grande mídia, arquiteta das interpretações escatológicas da vida brasileira, ligada aos interesses do rentismo, associou-se a corporações que cresceram nos últimos anos graças à prática dum tipo de um falso republicanismo onde prevalece o esquartejamento do Estado, que se sobrepõe aos interesses estratégicos da nação.

E motivações explícitas vendem a ideia através do monopólio midiático, que o mal do País é a democracia, via campanha sistemática, de lavagem cerebral e fulminante contra a política.

Assim a democracia parlamentar, e todos os partidos, sem exceção, seriam o tumor maligno do País. Para isso contam com o concurso das forças retrógradas e grupos ultristas de vários matizes que soprados pela grande mídia dão o tom nas redes sociais.

É a tempestade perfeita: a atividade política seria então uma universidade de criminosos a ser extirpada da vida social, substituída pelo Mercado rentista, consórcios aliados e, no poder, um “insuspeito apolítico”.

A nação movida a surtos psicóticos de ódio é refém da máxima de propaganda explicitada no filme da cineasta Leni Riefenstahl, predileta do nazismo hitlerista, O Triunfo da Vontade: “a emoção deve se sobrepor à razão”.

Urge o esforço de amplas forças políticas num pacto que defenda o que ainda resta do Estado de Direito além da luta em defesa dos interesses nacionais, da soberania do País, solapados à luz do dia.

Com a nação à deriva impõem-se soluções democráticas e patrióticas, sem aventureirismos particularistas. O Brasil está à beira do precipício. Ou será o primado da vida democrática ou o triunfo fascista da emoção sobre a lucidez da razão.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O retorno à demência

Meu novo artigo semanal:


Mudaram as formas de comunicação através da revolução tecnológica mas, paradoxalmente, regredimos aos parâmetros políticos, sociais, institucionais, de décadas atrás. Na aparência a civilização atingiu novos patamares, mais sofisticados e civilizados. Mas só nas aparências.

O capital financeiro mundial passou a ditar como nunca os destinos dos povos e das nações.

A Europa encontra-se em grave crise onde é abundante a desorientação geral, o recurso à violência, o desemprego, a perda das Históricas conquistas trabalhistas dos cidadãos. Por lá continuam as vagas intermináveis de refugiados, vítimas da destruição de seus Países por meio das guerras, que não são provocadas por eles, mas fruto de intervenções das grandes potências em busca de riquezas naturais, que lhes pertencem, em seus territórios.

O terrorismo que assola a Europa é consequência de uma gama de fatores malignos e não por geração espontânea, brotada do nada ou como pretendem alguns: um choque de civilizações distintas.

A desertificação de Países, alguns de cultura milenar, em consequência dos saques de riquezas naturais ou motivos geomilitares estratégicos, explica a tragédia europeia e dos povos do Oriente Médio. O Papa Francisco tem sido uma voz lúcida na denúncia dessa diáspora criminosa.

Tudo isso em parceria com a grande mídia que já não é mais informativa, mesmo que parcial, é um verdadeiro condutor de propaganda do capital rentista e da desinformação dos povos.

A desorientação tem sido, quase, geral, onde forças políticas procuram algum sentido no caos, tal qual o demente Nero fazendo poesia com o incêndio de Roma por ele provocado.

Aqui, as coisas não são diferentes com o ilegítimo, interino presidente Michel Temer, que lembra o ator de filmes de terror Boris Karloff, com seus gestos manuais desconexos e a única coisa que o segura no poder: promover as reformas antinacionais, antipopulares, ao gosto da grande mídia, do Mercado financeiro.

Enquanto essa grande mídia impõe a agenda pós-moderna, corporativa, macarthista, politicamente correta, da pós-verdade, o brasileiro tem seus direitos elementares ameaçados, o País subtraído no papel de grande nação solidária no cenário internacional. Urge um projeto nacional, que una as grandes maiorias, e um novo rumo de desenvolvimento para o Brasil.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

O grande órfão

Meu novo artigo semanal:


Rejeitado por 96% da população brasileira, o ilegítimo presidente interino Michel Temer continua na senda da sua única função, aprovar as reformas antinacionais e antipopulares no País.

O seu governo desastrado possui a condescendência e cumplicidade da grande mídia hegemônica nativa, uma das principais promotoras do Estado de Exceção que vivemos.

De tal maneira que desde algum tempo o Brasil é um País absolutamente à deriva, sem norte, sul, leste ou oeste.

Sem dúvida, essa é uma das maiores, senão a maior, crise política e institucional da nossa História. Que acontece no momento em que a nação alcançou o protagonismo como 7a economia mundial. Mas nada é por acaso.

Desde 2013 o País tem sido vítima de tempestades difusas, onde as redes sociais são usadas, a exemplo das famosas primaveras árabes, para a desestabilização do tecido social, fartamente denunciadas por Edward Snowden, ex-agente dos serviços de inteligência dos EUA.

O Brasil tem sido alvo preferencial do capital financeiro que compõe a chamada Governança Mundial, com as chamadas reformas previdenciária e trabalhista, quanto ao desmonte do parque industrial, agrícola, além das indústrias estratégicas de Defesa nacional.

Entre os objetivos do Mercado financeiro, das grandes potências, está a tentativa de impedir que a nação brasileira continue a ser um dos grandes protagonistas na emergência da nova ordem mundial multipolar.

Nesse sentido, tudo transformou-se em instrumento de desestabilização de qualquer forma de projeto nacional, com as instituições da República absolutamente sem rumo, numa visão corporativa das suas funções, destituídas assim de um caminho nacional.

Envolvida em uma discussão dicotômica, a política brasileira vê-se envolta num labirinto kafkaniano, em um processo propositalmente atabalhoado, onde não existe o sentido da identidade nacional que possibilite a união das grandes maiorias em torno de um projeto de desenvolvimento democrático estratégico do País.

Esse desnorteamento, a ausência de caminhos, é que faz com que o Brasil seja, por enquanto, o grande órfão global. Cabe aos segmentos progressistas, democráticos e patrióticos a reversão dessa desorientação proposital, no sentido de retomar o sentido Histórico de nação desenvolvida e solidária, que é o seu destino de grande País.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

A crise nacional

Meu novo artigo semanal:


A atual crise nacional possui múltiplas faces, política, econômica, social, institucional. Mas em todos esses aspectos encontra-se presente um elemento importante: a ausência de perspectivas em relação ao quadro em que nos encontramos.

A gravidade do cenário brasileiro combina elementos conjunturais e outros de natureza estrutural, indicando que um determinado ciclo está chegando ao fim, ou já se esgotou completamente.

Qualquer tentativa de saída desse imbróglio e que não tenha como pressuposto a centralidade dos interesses nacionais, ou está fadada ao fracasso ou, então, é o aprofundamento da política de subalternidade econômica, diplomática, geopolítica que nos foi imposta.

O ilegítimo governo de Temer, um dos mais impopulares de toda a História do País, com 96% de rejeição segundo vários institutos de pesquisa, é sabido por todos nunca foi em momento algum protagonista de coisa alguma, trata-se de figura menor, bizarra, de um golpe orquestrado contra a democracia, os interesses nacionais e os Históricos direitos dos assalariados brasileiros.

Seu único papel é conduzir as reformas antinacionais e antissociais como a Trabalhista, a da Previdência e outras iniciativas de caráter entreguista do patrimônio nacional como a Petrobrás etc.

Trata-se de governo servil aos ditames do Mercado financeiro, acumpliciado e ao mesmo tempo refém da grande mídia hegemônica nativa. Esta sim, uma articuladora de peso no golpe em curso no País como de resto tem sido a sua trajetória ao longo de décadas na vida política nacional.

Esse contexto golpista de retrocessos democráticos, econômicos e sociais dá-se em meio ao aprofundamento de uma crise financeira internacional e no País provocando a recessão e o desemprego em níveis já escancarados.

O golpe só poderia ter acontecido num cenário de profunda instabilidade dos fundamentos econômicos, sem o que seria impossível plantar uma crise política de tal magnitude no Brasil.

É vital a constituição, através da política, de ampla frente democrática, patriótica de reconstrução nacional. É de Albert Einstein a opinião: nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou. Para encontrar novas respostas é necessário aprender a ver o mundo de uma maneira nova. Assim é fundamental encontrar outro rumo para o País.