quinta-feira, 28 de abril de 2016

O imbróglio do golpe

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A votação na Câmara do impedimento do mandato da presidente Dilma revelou ao Brasil cenas grotescas da maioria dos parlamentares usando o microfone com um “sim” pela mulher, marido, família, o cachorrinho, etc.

Ficou óbvio, inclusive à mídia internacional, que não se julgava o parecer do relator do processo, um calhamaço de 500 páginas “escrito” em 24 horas, muito menos a defesa da presidente pela Advocacia Geral da União.

Na verdade não se discutiu o mérito do impedimento da principal mandatária do País eleita através do voto popular, o mais grave dos preceitos inscritos na Constituição da República.

Sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com vários processos de cassação, além de centenas de parlamentares em idêntica situação, a opinião pública assistiu a um espetáculo dantesco.

Porque admitia-se, como narrou a mídia, em meio a palavrório de ópera bufa, a anulação de mais de 54 milhões de votos, via a “garantia” de Eduardo Cunha de que eles estariam a salvo da perda de mandatos e outros crimes que correm na justiça. Tudo isso contra uma presidente sobre a qual não pesa algum crime de responsabilidade.

Daí a indignação de milhões de brasileiros, o constrangimento de outros tantos que na oposição perceberam o esbulho que os moviam às ruas, à exceção dos assolados pelo ódio difuso, ou aqueles de ideologia fascista como o deputado Bolsonaro.

O vice Temer arquiteta um governo, ao lado de Cunha, em condição surreal. Não tem apoio de nenhum dos lados em que se dividiu a nação, cuja autoria material foi da banca rentista da Avenida Paulista com a mídia golpista que desde 1954 esmera-se na abjeta arte da conspiração contra a democracia, os interesses nacionais.

Tal modelo de “primavera colorida” bufa tem seguramente as digitais dos EUA. Logo saberemos de forma documentada de sua participação.

O processo segue no Senado com todas as instituições da República em crise profunda, a ameaça de um governo fantoche sem credibilidade e base social, com a rejeição de juristas, intelectuais, jornalistas, religiosos, organizações da sociedade civil etc.

A sanha golpista gesta um imbróglio institucional, econômico dramático, faz com que vários procurem alguma saída de emergência. Cabe aos democratas a luta pela legalidade, a defesa da nação raras vezes tão ameaçada.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

A coalizão do golpe

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A votação do impeachment da presidente Dilma na Câmara dos Deputados foi o prólogo do golpe. Cabe aos democratas, às organizações sociais, intelectuais, sociedade civil, religiosos, juristas, etc., a luta pela legalidade, a democracia, a defesa do legítimo mandato da presidente da República.

No capítulo tenebroso da Câmara (a novela da desestabilização institucional vem de vários anos, bem antes das manifestações de 2013) o que assistimos no domingo são mais evidências para se entender a crise no Brasil.

Articulistas, economistas, cientistas políticos falaram, como tantos já o fizeram, através da mídia, especialmente alternativa, que há um centro de poder ditando os rumos do País.

Dizem “trata-se da elite plutocrática, bem menos que 1% da população. A coalizão do rentismo. Uma coalizão que opera com larga eficiência, desde a Avenida Paulista”.

A grande mídia, orientada pela plutocracia, age conforme o combinado junto à Avenida Paulista que por sua vez lidera setores retrógrados, ou recalcitrantes, na indústria, etc. Enquanto essa grande mídia golpista procura fazer a cabeça da sociedade, em especial extratos da classe média.

Os objetivos dessas castas são a privatização da riquezas do Pré-Sal para grupos multinacionais estrangeiros, dos serviços públicos como saúde e previdência social, desmonte das históricas conquistas trabalhistas, internacionalização das riquezas estratégicas do Brasil etc., etc. É o republicanismo de compadres, para eles mesmos.

Eduardo Cunha com seus 179 lanceiros processados, junto à maioria dos deputados, com o vice Michel Temer que se arvora presidente indireto e nunca passou de 1% das intenções de votos no País, são peças para a missão de coalizão articulada pela plutocracia predadora com a mídia golpista.

Mas não esperavam que as organizações sociais, amplos segmentos da sociedade civil, artistas, democratas, jornalistas, juristas se erguessem pela democracia e a nação.

Já um hipotético governo Temer, Cunha, se imposto ao povo, iria restar em pouco tempo rejeitado pelo País, gestando uma encruzilhada institucional.

A nação já passou por desafios mais dramáticos e superou-os. Aos democratas e às novas gerações continuem lutadores, atentos e fortes. O Brasil é maior que plutocratas e figuras de ocasião logo desprezadas pela História.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Os reais motivos do golpe

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A crise política atingiu nível de vertiginosa escalada. Mas ela não reflete em absoluto acertos ou erros do governo da presidente Dilma. É trama golpista de múltiplos interesses que convergem para empalmar o poder.

O que incita o furor golpista é a internacionalização radical da economia brasileira. De tal forma que as trágicas políticas privatistas neoliberais de Fernando Henrique Cardoso em seus dois mandatos pareçam de um liberalismo monetarista tímido.

A crise capitalista mundial, as novas formas de movimentação, financeirizacão do capital, especialmente o rentista, intimam o desmonte absoluto dos Estados soberanos.

Impõem a ditadura do rentismo e do Mercado, a desapropriação da cadeia produtiva brasileira, de suas riquezas naturais estratégicas.

O golpe em curso tem o objetivo de anular as conquistas trabalhistas históricas, redirecionar quaisquer recursos em investimentos sociais para os ganhos do capital especulativo.

Historicamente seria como uma grande cambalhota ao retrocesso. Desde o movimento tenentista de 1922, passando pela revolução de 1930, as Indústrias de Base erigidas por Vargas até os avanços científicos, tecnológicos contemporâneos, sejam eles estatais, privados ou mistos.

A batalha contra o golpe, como diria o Conselheiro Acácio, será ou uma grande vitória da democracia, do povo, da nação, ou uma grave derrota.

Na verdade a tentativa de golpe já vem de alguns anos e não vai se encerrar com a vitória dos democratas ou a prevalência dos intentos golpistas no Congresso. Irá se desdobar em novas etapas.

De um lado encontra-se, atualmente, sob a batuta de Michel Temer, Eduardo Cunha (porque a estratégia de desmonte do Estado nacional permanece mas seus agentes são descartáveis), os grupos subalternos aos barões das finanças, a grande mídia golpista, corporações identificadas com esse projeto antinacional, antidemocrático.

Em defesa da legalidade, das conquistas sociais, da nação, estão os democratas, organizações sociais, artistas, intelectuais, juristas, religiosos etc., contra o golpe e o fascismo tupiniquim.

Aos democratas, legalistas, assoma a luta pelo legítimo mandato da presidente Dilma, a repactuação pela governabilidade, um projeto nacional estratégico de desenvolvimento, a soberania do País, a democracia arduamente conquistada.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

São os mesmos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Desde a reeleição em 2014 que o governo da presidente Dilma enfrenta um processo de desestabilização diuturno sob a direção de forças conservadoras internas, além das fartas denúncias de ações externas, que não desejam que o País alcance patamares mais elevados.

Sobre iniciativas sabotadoras vale lembrar a espionagem do telefone da presidente da República por parte dos Estados Unidos, reconhecida por Barack Obama, além das reveladoras documentações contra o Brasil, postas à luz do dia por Julian Assange, depois detalhadas pelo ex-agente da NSA Edward Snowden, relativas aos motivos e instrumentos de subversão usados contra os BRICS conduzidos pelos Estados Unidos.

As agressões contra as nações que compõem os BRICS estão se desenrolando de maneira escancarada especialmente quando se trata da ofensiva sobre a China, Rússia e o Brasil. Dos três Países o que se encontra em situação mais fragilizada é exatamente o Brasil.

Mesmo como a 7a maior economia do planeta, falta-lhe um projeto estratégico de nação, recursos mais eficazes para a defesa do Estado soberano, enquanto oligarquias nativas entrincheiram-se na sustentação de estruturas e valores anacrônicos.

Celso Furtado ao final da vida disse que a nação tinha alcançado patamares de desenvolvimento ponderáveis, por isso a 7a economia mundial, mas que esse salto econômico estava mesclado a um forte componente subalterno, de interesses, mentalidade colonizada, especialmente em relação ao capital financeiro global.

Junto aos fatores de entrave ao salto para o desenvolvimento associa-se a grande mídia oligopolista. Estão aí algumas causas centrais que impedem a superação dos nossos males crônicos.

De, pelo menos, 1954 aos dias atuais esses grupos não medem esforços para ancorar o Brasil na dependência econômica, cultural, científica, tecnológica, geopolítica etc.

Nem que, em meio a uma crise capitalista global, tentem paralisar a economia, abanem o fascismo tupiniquim, alimentem ódios, promovam figuras sombrias, medíocres.

É a velha fórmula golpista revestida de feição pós-modernosa, não importa o jeito, a engenharia para o golpe. Já disse o jornalista Fernando Moraes: nós sabemos quem eles são, eles são os mesmos. Daí porque ergue-se uma ampla frente pela democracia, o desenvolvimento econômico e a soberania do Brasil.