segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Europa se prepara para uma década perdida


Segundo dados do gabinete da presidência da Comissão Europeia, o bloco europeu acumula perdas de 2 trilhões de euros desde 2008, equivalente a uma vez e meia o PIB brasileiro.

A União Europeia reviu suas projeções de crescimento e admite que pode levar uma década para recuperar os prejuízos da crise que somou em apenas três anos. As medidas exigidas dos governos europeus para seu resgate financeiro impõem cortes de gastos que impedirão o crescimento da economia e a geração de empregos. O desemprego somente voltará às taxas de 2007 no fim da década e o prazo previsto para que o continente recupere os prejuízos da recessão e estagnação atinge 2020.

Em contrapartida, com a crise dos países desenvolvidos, neste ano, o Produto Interno Bruto brasileiro medido em dólares deverá ultrapassar o do Reino Unido, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional e das consultorias EIU (Economist Intelligence Unit) e BMI (Business Monitor International).

O PIB do Brasil deve alcançar US$ 2,44 trilhões, passando o do Reino Unido, de US$ 2,41 trilhões. Segundo as estimativas, até 2020 o Brasil terá passado todos os países europeus.

sábado, 29 de outubro de 2011

O Editorial do Vermelho



Aldo Rebelo: honra, desafio e responsabilidade


"É uma honra, uma responsabilidade, um desafio” – foi com estas palavras que Aldo Rebelo (PCdoB-SP) definiu a nova tarefa de que foi incumbido pela presidente Dilma Rousseff – a de substituir o também comunista Orlando Silva à frente do Ministério do Esporte.

Aldo assume o cargo nesta segunda feira (dia 31). Sua escolha sinaliza que não haverá solução de continuidade na política desenvolvida pelo ministério. Sai Orlando Silva, entra Aldo Rebelo, dois dos mais destacados quadros dirigentes do Partido Comunista do Brasil.

Sinaliza também a relação de forte confiança entre o PCdoB e Dilma Rousseff. Afinal, o partido não é um mero aliado do governo mas coautor do projeto de desenvolvimento e avanço democrático aplicado desde a posse de Lula, em 2003, que Dilma se comprometeu a manter e aprofundar. Desde a Frente Brasil Popular (1989) o PCdoB foi um dos construtores e defensor denodado da candidatura de Luís Inácio Lula da Silva, como ocorreu nas eleições de 1994, 1998 e 2002. E foi uma das vigas da campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010.

Coautoria significa também corresponsabilidade – e é com esta determinação que o PCdoB assume tarefas em inúmeros escalões do governo federal.

A escolha de Aldo Rebelo para substituir Orlando Silva – que saiu para defender sua honra e desmontar a farsa caluniosa urdida pela mídia com base nas declarações de um criminoso – sinaliza a determinação dos comunistas de levar adiante as grandes tarefas pelas quais se responsabilizaram.

Foi sob o comando de um ministro comunista que o Brasil realizou, em 2007, um elogiado Pan Americano, no Rio de Janeiro; foi também sob a direção de um ministro comunista que o Brasil preparou-se para sua melhor participação em um Pan, o realizado em Guadalajara (México), com 519 esportistas, 40% dos quais bolsistas do ministério. E será sob a direção de um ministro comunista, Aldo Rebelo, que o Brasil vai terminar com êxito sua preparação para a Copa do Mundo de 2014. Desde o ponto de vista institucional até a resolução dos complexos problemas logísticos que envolvem a realização de um evento dessa magnitude. Aldo sinaliza a disposição de encarar esses desafios de frente. Já anunciou que, a partir de novembro, vai visitar as obras em andamento. Ele também deixou claro que, no ministério, será um instrumento da política de governo para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Sua determinação é a de ser um rigoroso cumpridor da Lei Geral da Copa, enfrentando de maneira soberana – seguindo aliás a orientação da presidente Dilma Rousseff – as pressões da FIFA e dos cartolas pela flexibilização da lei brasileira sobre meia entrada ou proibição de consumo de bebidas alcóolicas nos estádios.

Os ataques contra Orlando Silva mal disfarçaram o objetivo de, na pessoa do ministro, atingir o governo da presidente Dilma Rousseff, afastar a pedra no sapato dos cartolas representada pelo ex-ministro, e tentar enlamear o PCdoB. A ganância uniu-se a um anticomunismo primário e os corifeus da mídia davam como certo que, com a saída de Orlando Silva, o PCdoB também perderia sua presença no governo. Houve comentarista que chegou a prever, em tom de ironia, que sempre existiria um “Ministério da Pesca” para o PCdoB.

Não foi o que aconteceu. O PCdoB, que alcançou uma representação parlamentar média, não é uma agremiação fisiológica que almeja cargos – é um partido de programa, cuja proposta é o desenvolvimento do Brasil, o avanço da democracia e a transformação socialista. É isto que o move e que ilumina a ação de seus dirigentes e militantes, em todas as esferas da vida pública. Seja no ministério, em outras esferas de governo ou nos parlamentos, em sua intensa participação nos movimentos sociais ou na incisiva luta ideológica em defesa do progresso social.

Seu tamanho não se mede – não pode ser medido – por critérios reducionistas de representação, mas pela envergadura das tarefas históricas a que se propõe e pelo alcance do programa de mudanças radicais que sempre defendeu em seus noventa anos de história que deixaram uma marca indelével nas lutas pelas conquistas sociais e democráticas vividas no período republicano.

A presença do Partido no governo decorre destes ideais e compromissos. E Aldo Rebelo vai dar, presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, “uma grande contribuição ao ministério”, para o êxito do governo de Dilma Rousseff e para a derrota das forças do atraso que teimam em criar obstáculos para o desenvolvimento do país, o fortalecimento da democracia e a defesa da soberania nacional.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A palavra do ministro do PCdoB Aldo Rebelo

No Vermelho:


“Não vou discutir a posição da Fifa. Como ministro, vou defender o projeto do Poder Executivo. Há de se manter posição de cooperação e independência entre os dois entes, um público, com responsabilidade diante da sociedade, e o outro ente privado, que se rege e se orienta por interesses objetivos que nem sempre têm sido os interesses do Estado”. A fala é do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em entrevista coletiva à imprensa, na tarde desta quinta-feira (27), na Câmara dos Deputados.

Ele anunciou a reunião que teve com o ex-ministro Orlando Silva, para tomar conhecimento da estrutura e ações do Ministério, e a posse, na próxima segunda-feira (31), quando decidirá sobre a equipe que vai trabalhar com ele.

“Procurei, ainda hoje, tomar conhecimento básico da estrutura do Ministério, suas responsabilidades e seu funcionamento, e a partir de agora começar a pensar na montagem da equipe que deverá começar, logo após a minha posse, na segunda-feira, a acompanhar o trabalho no Ministério”, afirmou.

Ele negou que tenha recebido da presidente Dilma qualquer recomendação quanto á troca de membros da equipe. Ou sobre a relação que terá com a Fifa, na organização da Copa do Mundo de 2014.

“Recebi da presidente Dilma demonstração de confiança e responsabilidade de montar a minha equipe”, afirmou, anunciando que “as mudanças serão anunciadas de acordo com as consultas que vou realizar para estruturar a equipe que trabalhará comigo. Certamente que haverá mudanças”.

Sem condenações

Segundo o novo ministro, as competências que lá estão e que têm correspondido às suas atribuições serão mantidas e outras serão mudadas pelo critério de escolha pessoal ou técnica, descartando que as mudanças representem “condenações”.

Disse ainda que “as sindicâncias instaladas continuarão e as ações do Ministério Público, Controladoria Geral da União e Polícia Federal, todas terão curso com apoio e ajuda do ministério, como deve ser a atividade do poder público”.

As indagações mais agressivas dos jornalistas, o novo ministro reagiu com ironia. Foi o caso da pergunta sobre sua posição diante dos parceiros da Fifa de quem recebeu doações de campanha. Quais? Quis saber Aldo Rebelo. O jornalista citou o banco Itaú. “Ah, os grandes anunciantes de jornais? Não tenho de cabeça, mas estão todos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Não há problema dos parceiros divulgarem nos grandes jornais”, disse, acrescentando que “se houve contribuição não atinge a minha independência”.

Relacionamento de praxe

E rejeitou um possível comprometimento na relação com a Fifa pelo ter sido presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Nike, que investigou a entidade. “O relacionamento será o de praxe. A Fifa tem uma responsabilidade e o governo tem também a sua e trabalharão levando em conta a cooperação, na construção da Copa do Mundo, e a independência.”

“A Fifa tem responsabilidade com organizadora ( do evento) e o governo, como país que vai sediar, e eu como principal executivo do governo na organização do evento. O fato de ter investigado Fifa não vai gerar qualquer tipo de ressentimento na atividade como ministro”, assegurou.

Os jornalistas também insistiram sobre a polêmica questão da meia-entrada. Ele disse que foi presidente da UNE e como ex-líder estudantil defende a meia-entrada. E explicou aos repórteres que não cabe ao ministro mudar a lei proposta pelo Executivo. A atribuição é da Câmara, onde o projeto está tramitando.

“Fui presidente da UNE e líder estudantil e uma das bandeiras do movimento estudantil é a meia-entrada. Isso consta na legislação brasileira. Eu não tenho atribuição de rever a Lei da Copa. É atribuição da Câmara. Eu vou defender a posição do governo”.

Queda de braço

Diante da insistência dos jornalistas sobre a mudança da Lei Geral da Copa para recepcionar a cobrança de meia-entrada, que é rejeitada pela Fifa, o ministro manteve a mesma insistência na resposta: “A Lei Geral da Copa foi enviada pelo governo. Como ministro do Esporte, eu tenho compromisso com o projeto do governo. Não sei se a Câmara tem disposição de mudar, como é sua prerrogativa. Se houver, como integrante do Poder Executivo, devo respeitar”.

“Então o senhor vai mudar de opinião para atender o governo?”, insistiram os jornalistas. “Eu sou torcedor do Palmeiras, eu vou mudar de posição porque a presidente é do Corinthians ou do Vasco? Não. Eu vou defender o projeto do governo”, insistiu o ministro, encerrando a entrevista.

Na sua fala introdutória, Aldo Rebelo disse que aceitou o novo cargo como “uma honra, uma responsabilidade, um desafio” e que se comprometeu com a presidente Dilma a fazer todo esforço para corresponder à confiança. Segundo ele, é grande a responsabilidade do nosso país e do Ministério do Esporte de conduzir, não apenas as ações ordinárias e programáticas de governo, como também a responsabilidade extraordinária do Brasil de acolher os eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

“A responsabilidade do Ministério não é só do Partido, mas minha, pessoal, e do governo e, acima de tudo, responsabilidade diante do povo e da população. Governo e Estado existem para a população e eu vou procurar cumprir essas responsabilidades de acordo com a minha capacidade, minha história, minha competência e minhas limitações”, afirmou.

A charge de Ênio sobre a grande mídia monopolista

Charge de Ênio Lins publicada na Gazeta de Alagoas:

A bandeira da soberania e do socialismo

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


Já não existe a menor dúvida quanto aos reais motivos da tentativa de fuzilamento da honra do ex-ministro Orlando Silva. O principal deles além do furor ideológico reacionário, anticomunista, da grande mídia hegemônica nacional contra o substancial crescimento nacional da legenda do PCdoB, diz respeito à Copa do Mundo em 2014 e às Olimpíadas em 2016.

São mega eventos internacionais de repercussão midiática global que elevam emoções, valores esportivos, culturais, jornalísticos e políticos cujas dimensões são em tempos de paz, e mesmo de guerras, insuperáveis.

Que vão movimentar bilhões de dólares com as coberturas das redes de televisão para todo o mundo, o turismo nacional e internacional, a logística e construção da infra-estrutura necessárias para a realização dos dois acontecimentos planetários.

Mesmo que para a viabilização de tudo isso todo o governo federal esteja diretamente envolvido através de um comitê governamental destinado a tratar cada um das suas específicas atribuições sob a supervisão direta da presidência da República, um comunista seria ou será o Ministro da Copa do Mundo e da preparação das Olimpíadas.

A presidenta Dilma passará à História do País como a gestora desses dois extraordinários acontecimentos esportivos e a possibilidade de, em caso de vir a ser reeleita, ambos se realizarem em seus governos. E isso é absolutamente inadmissível aos setores reacionários da nação.

Ou seja, uma mulher, chefe de um governo progressista e um ministro comunista como autoridade central nessas duas competições de abrangência mundial.

Assim, é grotesca a campanha da grande mídia nacional hegemônica contra o governo Dilma e o PCdoB. Para ela urge substituir se não os dois pelo menos um comunista do Ministério. Não é a toa que a revista Veja abre fogo contra o governo e o PCdoB enquanto o “Estado de São Paulo” declara inacreditavelmente que as “acusações (contra um Ministro) não precisam ser provadas”.

Assim, as estruturas do Estado nacional, executivo, legislativo e judiciário, vão sendo minadas, os partidos de oposição substituídos por essa mídia monopolista, talvez em função de excessos de pudores democráticos incompatíveis com os suspeitosos movimentos contra a democracia.

Esse filme o povo brasileiro já assistiu, ele é uma reprise histórica. Por isso o PCdoB continuará levantando bem alta a bandeira da soberania nacional e do socialismo.

Aldo Rebelo é o novo ministro dos Esportes


Apesar da abominável campanha da grande mídia hegemônica contra o ex-ministro Orlando Silva, o PCdoB e o governo Dilma, procurando excluir o Partido dos eventos em escala planetária – a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 – assume o Ministério dos Esportes Aldo Rebelo, um dos maiores quadros políticos do PCdoB e do Brasil.

Iniciou sua militância política no PCdoB em Alagoas em 1977, foi presidente da UNE, deputado federal por São Paulo em seu sexto mandato, presidente da Câmara de Deputados e ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República no governo Lula.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Orlando entrega o cargo e PCdoB emite Nota


O ministro do Esporte, Orlando Silva, anuncia a sua saída do ministério, após reunião com a Presidente Dilma, nesta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto. Ele disse que ao examinarem a crise dos últimos dias, decidiu que “nosso Partido não pode ser instrumento de nenhum tipo de ataque ao governo, por isso o resultado da reunião é que a melhor solução é me afastar do governo”, afirmou. A Presidente apoiou a decisão.

O PCdoB distribuiu nota com a imprensa em que afirma que os comunistas seguem "de cabeça erguida". Leia a íntegra do pronunciamento de seu presidente, Renato Rabelo:


Dando seguimento à escalada de tentativas de desestabilização do governo da presidente Dilma Rousseff, desde o último dia 15 o campo político reacionário do país e veículos do monopólio de comunicação desencadearam uma criminosa campanha difamatória contra o ministro Orlando Silva e o Partido Comunista do Brasil.

O PCdoB, neste momento, vem reafirmar a convicção na inocência e integridade de Orlando Silva no exercício da titularidade do Ministério do Esporte. Esta convicção é baseada na ausência absoluta de provas, na fonte desqualificada que o acusa, e na sinceridade e na segurança com que ele sustenta que não há fatos que o incriminem.

Ressaltamos que desde a primeira hora Orlando defendeu com altivez sua honra e dignidade. Demonstrando segurança de que tudo deriva de uma campanha difamatória, de pronto ele solicitou a investigação provocada pelo Procurador-Geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal. Além disso, pediu à Polícia Federal e a outros órgãos de controle do Estado uma apuração rigorosa das falsas acusações que lhe foram lançadas. Também abriu mão de seus sigilos telefônico, fiscal, bancário e de correspondência.

É importante assinalar que a gestão de Orlando Silva à frente do Ministério do Esporte elevou esta pasta a outra dimensão. Prova disso é a conquista da realização no Brasil da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Destacam-se, também, as políticas aplicadas e o sucesso que alcançaram tanto em termos de difusão massiva de práticas desportivas, quanto aos recordes alcançados pelo Brasil em competições e o aumento do número de nossos atletas com nível de desempenho internacional, como fica evidente com o desempenho da delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos, no México.

O Partido Comunista do Brasil uma vez mais rechaça os ataques contra sua legenda, igualmente caluniosos e sem provas. Nosso Partido tem 90 anos de história de luta e de heroísmo em defesa do Brasil e da democracia. Nossa legenda tem um perfil ideológico claro e um Programa Socialista que defende o fortalecimento da Nação e uma vida digna para o nosso povo. A verdadeira “caçada” movida contra ele pelo campo político reacionário do país e veículos do monopólio midiático vem do seu fortalecimento crescente na condição de um Partido contemporâneo e revolucionário.

Porém, entendemos que esse ataque não é somente contra a liderança de Orlando Silva e o nosso Partido. O objetivo das forças conservadoras e da grande mídia é golpear o governo da presidente Dilma Rousseff quando ela lidera com êxito o enfrentamento dos efeitos da crise capitalista mundial sobre o Brasil.

O Partido e o companheiro Orlando Silva estão de cabeça erguida e altiva diante desta campanha infame. O tempo e as investigações irão demonstrar que tudo não passa de calúnia. A verdade – estamos convictos – vai prevalecer sobre a mentira. O PCdoB, com a unidade de seu coletivo militante e apoio do povo e dos aliados, reafirma seu compromisso com a luta pelo êxito do governo Dilma na sua missão de conduzir o Brasil à nova etapa de seu desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.

Brasília, 26 de outubro de 2011.
Renato Rabelo
Presidente do Partido Comunista do Brasil-PCdoB

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PCdoB em Alagoas emite Nota em solidariedade ao ministro e em defesa do Partido

A Comissão Política do PCdoB/AL, reunida na última quinta-feira, 20/10, emitiu a seguinte Nota de apoio ao Ministro Orlando Silva e ao PCdoB:


PCdoB - Alagoas rechaça denúncias e manifesta apoio ao Ministro Orlando Silva


A Comissão Política do PCdoB/AL, reunida em 20 de outubro deste 2011, vem de público manifestar sua posição frente à onda de ataques à honra, à dignidade e à ética que marcam a atuação do Ministro dos Esportes, Orlando Silva.

Ao considerar que os fatos expressam verdadeiro desrespeito à história de luta do povo brasileiro na construção do seu processo democrático, o PCdoB Alagoas exclui de sua análise a visão tópica da manifestação isolada, por admitir a confluência de um conjunto de fatores demarcando complexidade à questão.

Essa complexidade traz em seu bojo concepções e posturas conservadoras no campo da política e da mídia revelando, por tentativas contínuas, objetivos mais amplos dos setores reacionários buscando barrar o fortalecimento das forças democráticas e progressistas e golpear o governo da presidenta Dilma Rousseff no momento em que ela lidera com êxito a defesa do Brasil ante os efeitos danosos da crise capitalista mundial.

O mais grave nessa situação é que, sem buscar a evidência dos fatos, as denúncias tentam de imediato denegrir a figura do Ministro Orlando Silva que vem, desde o Governo anterior, conferindo relevância ao Ministério dos Esportes, enaltecendo e promovendo, no campo nacional e internacional, a identidade do povo brasileiro e do Brasil na área dos esportes. Evidentemente, constituído o maior referencial brasileiro pelo papel relevante na articulação e realização dos principais eventos esportivos mundiais que ocorrerão no Brasil em 2014 e 2016 - a Copa do Mundo e as Olimpíadas – o Ministro é alvo de interesses contrários ao projeto em curso no Brasil.

Trata-se de manifestações reacionárias – um retorno à “caça aos comunistas” – características de períodos autoritários e repressivos da história nacional. Essas forças buscam detratar sem provas, uma liderança de destaque dos comunistas, para assim atingir diretamente à história do PCdoB. Partido que comemora seus 90 anos de compromisso e luta junto ao povo brasileiro, na defesa da bandeira do socialismo no Brasil. Um Partido cujas manchas em sua história, são as manchas vermelhas do sangue de seus inúmeros mártires e heróis tombados nas lutas contra as ditaduras que infestaram a história brasileira.

Por isso, frente à fragilidade da onda de denúncias e calúnias, o PCdoB e o Ministro Orlando Silva, expressando publicamente seus compromissos para com a nação brasileira, ao contrário dos “acusadores”, acionam medidas para a elucidação dos fatos.

Reafirmando sua unidade de princípios, o conjunto dos militantes do PCdoB apresenta-se diante da sociedade brasileira em campanha esclarecedora e afirmativa do legado dos comunistas em defesa do Brasil e dos brasileiros.

Nesse sentido, repudiando a insidiosa campanha orquestrada pela Revista Veja e os setores reacionários, o PCdoB/Alagoas manifesta ao Ministro Orlando Silva Júnior, solidariedade, apoio e confiança no seu trabalho.

Maceió, 20 de outubro de 2011.
A Direção Estadual do Partido Comunista do Brasil–PCdoB de Alagoas

sábado, 22 de outubro de 2011

Democracia um valor histórico

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


Quando se enaltece, com inteira razão, os ecos da Marselhesa lembrando as jornadas da Revolução Francesa com a sua máxima, liberdade, igualdade e fraternidade, deve-se tem bem em conta que a democracia é essencialmente um valor histórico determinado.

Até porque essa mesma revolução que transformou a face da humanidade através de rupturas contra a nobreza não se fez sem antes e durante fazer correr um caudaloso rio de sangue.

O fato é que muitas cabeças literalmente rolaram para que se constituísse um novo e mais avançado regime econômico com as suas normas jurídicas e institucionais que consagraram a modernidade das atuais estruturas de poder das nações.

Mas nada disso impediu que tempos depois o colonialismo se estendesse sobre o planeta através do domínio dos Países europeus, ditos civilizados, massacrando anseios de soberania e justiça social.

As lutas contra a dominação colonialista reclamaram para as suas causas o direito à insubordinação, pacífica ou cruenta, em defesa da dignidade social e a emergência de povos lutando pela existência de suas pátrias.

Os trabalhadores do mundo inteiro reivindicam agora, como antes já o fizeram vitoriosamente, uma nova realidade social. Mas os barões do capital em especial o financeiro, indiferentes ao sofrimento de duzentos milhões de desempregados e outros milhões em estado crônico de pobreza, produzem sucessivos ataques especulativos contra o patrimônio dos Estados nacionais e dos cidadãos.

Não se deve subestimar também, mesmo em declínio, a hegemonia imperial dos EUA, a sua crescente ferocidade, o seu complexo militar-industrial-midiático que possui fortes associados no Brasil.

Após o fim da ditadura que durou vinte e um anos o Brasil vive o período mais longo de legalidade democrática. Mas é uma democracia contida no âmbito dos interesses do grande capital global, da nova ordem mundial sob a batuta ideológica, cultural e geopolítica dos EUA.

O combinado industrial-midiático norte-americano tem elevada presença no País através de uma mídia nacional hegemônica a ele associada, que substitui os partidos de oposição, busca desestabilizar a construção da soberania nacional.

O atual crescimento econômico brasileiro tem convivido com uma democracia ameaçada, encurralada, e um Estado nacional visivelmente fragilizado, exatamente num mundo em transição a uma outra ordem multilateral.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PCdoB rechaça calúnias e reitera apoio ao ministro Orlando Silva

Reunida nesta quinta-feira (21) em Brasília para analisar a ofensiva contra a organização e o ministro Orlando Silva, a Comissão Política do PCdoB aprovou e divulgou a seguinte nota:


Dando seguimento às investidas que buscam desestabilizar o exitoso governo da presidente Dilma Rousseff, o campo político reacionário do país associado a veículos dos monopólios de comunicação realiza uma covarde campanha difamatória contra o ministro do Esporte, Orlando Silva. Espalham calúnias de um farsante, João Dias Ferreira, um indivíduo desqualificado, processado pelo Ministério Público Federal e que, inclusive, já foi preso por corrupção. Atacam, também, a honra do PCdoB com o objetivo de desacreditá-lo. Instauraram contra o ministro e o Partido uma espécie de “tribunal de exceção” que se arvora no direito de, em rito sumário e sem provas, julgar e condenar. Este expediente é uma agressão à democracia brasileira.

Essa verdadeira “caçada” empreendida contra o ministro Orlando e, também, ao Partido, foi desencadeada no último dia 15, pela revista Veja. É algo comparável às criminosas investidas de que os comunistas foram vítimas à época de períodos autoritários da nossa história. Depois de uma semana, as acusações lançadas contra o ministro do Esporte continuam sem provas. Tais provas não apareceram e nem vão aparecer, como sustentou com firmeza e serenidade o ministro nas audiências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, às quais se dirigiu por sua própria iniciativa. Nas duas Casas do Congresso Nacional, recebeu o apoio uníssono dos partidos da base do governo e o tratamento respeitoso de setores da própria oposição. Ao contrário da denúncia, nunca houve a audiência do ministro com o farsante para pactuar acordos. Aliás, uma das motivações das criminosas atitudes de João Dias deriva do fato de o ministro Orlando ter encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU) um expediente para que ele devolva mais de R$ 3 milhões desviados do Programa Segundo Tempo. Quanto à “bombástica” denúncia da revista Veja de que o ministro teria recebido “propina” na garagem do Ministério, essa “bomba” estourou no próprio “colo” da revista. É uma mentira tão descarada que o próprio farsante já recuou. “Não. E em nenhum momento falei que eu vi o ministro receber”, conforme declarou ao jornal Folha de S. Paulo.

Fica nítido que o material da revista Veja e de outros veículos de comunicação não se pauta pela busca de esclarecimentos. Trata-se de detratar, inapelavelmente, uma liderança de destaque dos comunistas, para assim atingir o PCdoB. É completamente falsa a acusação de que há vínculo entre as finanças do Partido e ONGs. O caráter pérfido dessa campanha é a tentativa de alvejar, com mentiras deslavadas, um partido de 90 anos, embandeirado do socialismo no Brasil, vibrante com suas bandeiras que comovem os trabalhadores e a juventude, sem manchas em sua história, salvo as manchas vermelhas do sangue de seus inúmeros mártires e heróis abatidos nas lutas contra as ditaduras que infestaram a história brasileira.

Sublinhamos que o PCdoB defende e apoia o ministro Orlando Silva. A gestão do ministro fortalece o esporte no Brasil e deu uma dimensão importante a um Ministério que, praticamente, não existia. Uma das provas disso é a participação da delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos que ora se realizam no México. É a maior delegação brasileira já enviada ao exterior para essa competição. A delegação tem tido um bom desempenho com a conquista de destacadas medalhas. Orlando teve um papel relevante para o Brasil sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Mas, as ações para garantir com eficácia e lisura estes dois mega eventos, obviamente, contrariam interesses de grupos poderosos. O porte que hoje tem o Ministério do Esporte provoca cobiça. Destes aspectos podem emanar motivações mais de fundo para os ataques que ora recebe.

Aos trabalhadores, aos partidos e ao movimento social, às legendas da base aliada do governo, transmitimos a certeza de que, baixada a poeira da calúnia, a verdade irá prevalecer sobre a mentira. Ficará demonstrado que essa orquestração – de grandes veículos dos monopólios que controlam a comunicação e dos setores políticos mais reacionários do país contra os comunistas – vem da crescente força política e social de nossa histórica legenda. O fortalecimento de um Partido revolucionário como o PCdoB incomoda os poderosos. Essa armação faz parte de um objetivo mais amplo dos reacionários de barrar o fortalecimento das forças democráticas e progressistas e golpear o governo da presidente Dilma Rousseff quando ela lidera com êxito a defesa do Brasil ante os efeitos danosos da crise capitalista mundial.

O PCdoB, com apoio do povo e de seus aliados, defenderá de modo implacável a dignidade de sua legenda e de suas lideranças. As direções, o coletivo militante, as lideranças do movimento social, os parlamentares, todos somos chamados a realizar uma campanha em defesa do Partido. Devemos ir ao encontro do povo, dos trabalhadores, dos amigos, apresentando a verdade e combatendo a mentira. Uma campanha com uma propaganda esclarecedora e afirmativa do legado dos comunistas em defesa do Brasil e dos brasileiros.

Brasília, 20 de outubro de 2011
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil, PCdoB

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Aldo Rebelo: O impasse boliviano

Artigo de Aldo Rebelo publicado no Vermelho:



Os dissabores que o presidente Evo Morales está enfrentando na Bolívia decorrem diretamente de seu erro de privilegiar as etnias em prejuízo da nação. De origem indígena, ou, para usar os termos da moda, oriundo do povo originário aimará, Morales caiu no canto da sereia do multiculturalismo e apoiou a institucionalização, como inscrito na Constituição da República, de um "Estado Plurinacional", "intercultural", repartido em "comunidades" descentralizadas e autônomas.

O vice-presidente García Linera traduziu essa formação complexa como "uma nação de nações".

Nações diversas incrustadas num Estado tolhido de exercer a soberania nacional plena sobre o seu território forjam incidentes como o que a Bolívia atravessa. O governo da República sente a fraqueza do poder central ao ser confrontado por nações comunitárias que impedem a passagem de uma rodovia pelo Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis). Trata-se de um projeto de desenvolvimento nacional, mas três etnias em particular - moxeños, yurakarés e chimanes, que reúnem cerca de 13 mil indivíduos - reagem como se as terras que ocupam fossem autônomas, e não parte do território nacional boliviano e, portanto, sujeitas ao controle da nação e às diretrizes do Estado.

A institucionalização de um Estado multinacional é uma experiência contraditória com a noção histórica de que uma nação pode conter minorias e diversidade de toda ordem - étnica, cultural, política, etc. -, mas não pode permitir que elas concorram entre si de modo a impedir a formação de uma identidade comum. Ao contrário, o Estado só merecerá esse nome se se sustentar na unidade nacional mais ampla, ou seja, como expressão de um país soberano cuja organização política contemple o sentimento de comunidade em que a nação é uma só. O conjunto das instituições (governo, forças armadas, administração) há de ter o largo alcance da isonomia plena e indistinta, mesmo quando Estados confederados reúnem várias nações.

O risco das autonomias nacionais baseadas em minorias instalou-se na Bolívia a despeito de o partido de Evo Morales, o Movimento para o Socialismo (MAS), ter superado em sua plataforma eleitoral o equívoco do indianismo excludente. Grosso modo, a maioria de origem indígena - que constitui dois terços da população boliviana, de aproximadamente 10 milhões de pessoas - não tem a suposta unidade que lhe é atribuída. Descende dos aimarás do altiplano e dos quíchuas dos vales, permeados ou apartados de 36 grupos étnicos andinos e amazônicos, os quais - em graus e com força diferentes - se identificam como povos distintos e são estimulados a reivindicar o status de nação. Só a centralidade da questão nacional, e jamais a fragmentação étnica, tem condições de unificá-los em torno da identidade agregadora que forja a nação.

O presidente Evo Morales, já eleito duas vezes, venceu batalhas importantes, como a nacionalização do petróleo e do gás, e resistiu às tentativas de separatismo dos Departamentos mais importantes, como Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija. Mas é em seu campo ideológico que trava o combate mais difícil. Sua popularidade sangra nas ruas e o governo implode e se desestabiliza na proporção em que a arquitetura das etnias autônomas é apropriada e reformatada pela oposição, por dissidências e por interesses externos.

Na doutrina política, tais forças parecem nostálgicas do comunismo primitivo, cuja "economia doméstica", como observou o filósofo alemão Friedrich Engels no estudo clássico A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, teve importância até "a fase média da barbárie". Estradas, energia, máquinas, ciências, todo o processo civilizatório da humanidade é rejeitado como contaminação do modo de vida indígena, raptando-lhe a pureza original.

Querem conservar o saber e a cosmogonia dos povos originários não a par, respeitados como devem ser, mas em protagonismo hostil ao desenvolvimento das forças produtivas. O progresso não é aceito como caminho para outras formas avançadas de organização política da sociedade. Negam a integração nacional, a superação da pobreza pelo desenvolvimento, a modernização do campo semifeudal e a industrialização das cidades. Tudo o que não é autóctone se transfigura em miragem do Ocidente decadente, em confronto com o brilho remoto do Império Inca.

O grande vetor contemporâneo dessa doutrina regressista é o ambientalismo deformado, por ironia, originário de países desenvolvidos onde o Estado nacional jamais é posto em xeque, as populações aborígines foram dizimadas e o modo de vida perdulário esgota a natureza. Daí que o episódio em curso na Bolívia não é inocente nem espontâneo, mas uma onda que nasce nas águas turvas do equívoco étnico interno para virar um tsunami geopolítico ao gosto de quem tem interesses contrariados e se alia ao mais fraco por saber que poderá submetê-lo mais tarde, como já o fizeram em enumeráveis processos de colonização. O braço executivo dessas articulações são organizações não governamentais (ONGs) que constituem o já chamado imperialismo verde - da mesma natureza das que atuam no Brasil, conferindo a tribos da Amazônia um suposto caráter de minorias oprimidas pelo "colonialismo interno" da Nação.

Tal como lá, aqui o Estado também perde a soberania para dispor do território. Já tropeçamos nos conceitos de povos e nações indígenas, garantindo-lhes extensas áreas para usufruto exclusivo em zonas de fronteira, como as reservas dos ianomâmis e a de Raposa-Serra do Sol, na Amazônia. Já não é fácil asfaltar uma estrada ou construir hidrelétricas - obras de valor nacional satanizadas como violadoras da mãe natureza e da pureza dos povos originários.

domingo, 16 de outubro de 2011

PCdoB rechaça calúnia de Veja e apoia ministro Orlando

No Vermelho:

Na edição que circula desde este sábado, dia 15, a revista Veja, sem apresentar provas, acusa o PCdoB de ter montado “uma estrutura dentro do Ministério do Esporte para desviar dinheiro público”. Diz que o ministro do Esporte Orlando Silva seria o “chefe” da suposta operação. Em entrevista a jornalistas da TV Brasil e Rede Brasil, em São Paulo, o presidente do PCdoB Renato Rabelo, no final da tarde de hoje, dia 15, rechaçou acusações contra o PCdoB e defendeu Orlando Silva.

Leia também: Orlando rebate acusações em http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=166431&id_secao=1


Com uma orientação marcadamente de direita, a publicação da família Civita acostumou-se a veicular de modo sensacionalista factóides e denúncias falsas com o propósito de desmoralizar lideranças progressistas. Recentemente, o ex-ministro José Dirceu foi vítima de uma trama do gênero.

O presidente do PCdoB destaca que a resposta de Orlando Silva à Veja “foi segura e esclarecedora”. Leia abaixo mais detalhes da entrevista concedida por Renato Rabelo:

“O ministro Orlando Silva tanto através de uma nota à imprensa divulgada pelo Ministério quanto por uma entrevista coletiva concedida no México, no dia de hoje (sábado, dia 15), apresentou uma defesa nítida e firme. Seguro e convicto de que tudo não passa de calúnia e armação, ele mesmo apresentou um pedido ao ministro da Justiça para que a polícia federal investigue as denúncias apresentadas por esse caluniador, João Dias. E, mais, já no início da próxima semana, também por sua iniciativa, Orlando irá à Câmara dos Deputados para desmascarar cabalmente essa acusação leviana. O ministro nos pronunciamentos já referidos apresenta um fato, por si só, esclarecedor. Esse indivíduo João Dias firmou em 2005 e 2006 dois contratos com o Ministério do Esporte referentes ao Programa Segundo Tempo. Recebeu o dinheiro previsto no contrato e não realizou as obrigações devidas. Resultado, o ministro Orlando encaminhou um expediente ao Tribunal de Contas da União (TCU) que exige que João Dias devolva aos cofres públicos mais de 3 milhões de reais, atualizados pelos valores de hoje. Tudo indica, portanto, que esse cidadão age por vingança, por represália contra a medida moralizadora do Ministério do Esporte.”

Acusação sem prova

“A reportagem lança uma acusação caluniosa ao PCdoB de desvio de dinheiro público para caixa dois de campanha. E qual prova apresenta? Nenhuma. Não há na reportagem absolutamente nada para sustentar tão grave acusação. A revista se apoia tão somente nas palavras de João Dias que, em suas declarações, não apresenta nenhuma prova concreta. E mais. Ele é um indivíduo sem idoneidade. Ano passado foi preso, acusado por corrupção, é um soldado investigado pela própria polícia militar. Além disso, é réu em processo do Ministério Público Federal. Um esclarecimento: a reportagem repete, por várias vezes, que João Dias “é militante do PCdoB”. Não procede. Na verdade teve um vínculo efêmero com a nossa seção do Distrito Federal. Soldado da polícia militar se filiou para se candidatar em 2006 e, imediatamente, depois da eleição, conforme a legislação estipula, foi desligado de nosso Partido. Eu pergunto: é correto – com base apenas nas palavras de uma pessoa com uma trajetória como essa, com folha corrida na polícia – uma revista lançar um ataque contra a honorabilidade de um Partido como o PCdoB, com 90 anos de atuação no país? Claro que não, é uma ignomínia que não tem nada de jornalismo. Pelo contrário, é algo que afronta o direito do povo de ter uma comunicação de qualidade, com um jornalismo baseado na verdade.

Campanha orquestrada contra o PCdoB

“Desde o início do ano o PCdoB tem sido alvo de sucessivos ataques deste tipo, visando a manchar sua reputação. Usam sempre uma mesma fórmula: assacam contra lideranças do Partido que exercem responsabilidades no governo federal para, de tabela, atingir o Partido, como instituição. Em todos os casos – como este agora da matéria de Veja –, na ausência de fatos, na inexistência de provas, recorrem a um enredo falso e a testemunhas desqualificadas, sem idoneidade.

“Fico pensando que a motivação mais de fundo disso vem do campo político conservador, reacionário, que não se conforma com o fato de um partido de esquerda, como o PCdoB, a um só tempo histórico e renovado, ser uma legenda que cresce e se fortalece na sociedade brasileira. Ao que parece é uma tentativa desesperada de querer jogar o PCdoB na vala comum. Mas, não vão conseguir.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fascismo civilizado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


Meses atrás a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro inglês David Cameron tinham anunciado em entrevista coletiva a morte do multiculturalismo. As notícias recentes publicadas na BBC de Londres mostram que eles estão cumprindo o que prometeram.

O primeiro-ministro britânico anunciou nesta segunda-feira que vai apertar o cerco à imigração e pediu aos cidadãos ingleses que denunciem os imigrantes ilegais, para que a Grã-Bretanha reconquiste suas fronteiras.

As declarações de Cameron são esclarecedoras: “Estamos criando uma nova agência anticrime com um comando dedicado à patrulha de fronteira... mas quero a ajuda de todos (ingleses) inclusive relatando suspeitos de imigração ilegal. Juntos, vamos reconquistar nossa fronteira e mandar os ilegais de volta para casa”.

Afirma que vai proibir casamentos “arranjados” para motivos migratórios e restringir os procedimentos para a concessão de vistos.

Foi com declarações como essas que o mundo tomou consciência da natureza do nazismo na Alemanha. As medidas contra os imigrantes na Inglaterra são arrogantes, colonialistas e fascistas, a exemplo dessa convocação “patriótica” ao dedo-durismo como um novo esporte dos ingleses.

A verdade é que a Europa e os Estados Unidos vivem uma grave crise econômica do capitalismo. São mais de duzentos milhões de desempregados e outras dezenas de milhões em estágio crônico abaixo da linha de pobreza. Parte considerável desses nas nações capitalistas centrais.

São nesses momentos de crises que desabam falsas doutrinas como o multiculturalismo, apresentado ao mundo como um avanço, um novo estágio nas relações de convivência entre as diversas culturas, “raças”, etnias, em uma mesma cidade, uma mesma nação.

No entanto o que se pretendia era uma gigantesca mobilidade da força de trabalho migrante tornando-a mais barata, sem os direitos trabalhistas integrais (ou mesmo nenhum) principalmente na Europa e nos EUA.

Milhões de trabalhadores do terceiro mundo foram iludidos pela indústria midiática internacional que também forjou reprodutores dessas falsas teses no próprio terceiro mundo.

O multiculturalismo é uma doutrina intolerante, promotora do apartheid, da “segregação moderna”, com a ideia da coabitação em separado sem a integração cultural ao ambiente nacional. Mas agora passa a prevalecer o “fascismo civilizado” e a deportação dos trabalhadores.O multiculturalismo que parecia sólido, com a crise global do capitalismo “se desmanchou no ar”.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Darcy Ribeiro e o povo brasileiro


O antropólogo, criador da Universidade de Brasília, ministro da Educação, ministro-chefe da Casa Civil no governo João Goulart, exilado politico, vice-governador do estado do Rio de Janeiro onde foi secretário da Cultura e criou, planejou e dirigiu a implantação dos Centros Integrados de Ensino Público – CIEPs, Darcy Ribeiro, considerado um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX, em sua obra “O Povo Brasileiro” responde à questão “quem são os brasileiros?”, investigando a formação do nosso povo.

Num dos trechos de seu livro Darcy Ribeiro destaca: “... todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles negros e índios supliciados”. Em outro, afirma “…Os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente, pertencente a uma mesma etnia. Essa unidade não significa, porém, nenhuma uniformidade. O homem se adaptou ao meio ambiente e criou modos de vida diferentes. A urbanização contribuiu para uniformizar os brasileiros, sem eliminar suas diferenças. Fala-se em todo o país uma mesma língua, só diferenciada por sotaques regionais. Mais do que uma simples etnia, o Brasil é um povo nação, assentado num território próprio para nele viver seu destino”.

A Nação brasileira possui uma identidade própria e mestiça que a faz distinta das demais nações. Esta identidade nacional não existia antes de 1500.

A identidade nacional e a identidade mestiça têm em comum o fato de ambas serem indissociáveis da mestiçagem: a identidade nacional do próprio processo de encontro, miscigenação, sincretismo e identificação étnico-nacional, e a identidade mestiça do resultado em si deste processo de mestiçagem. A identidade nacional inclui todo o processo e seu resultado, a identidade mestiça.

Para Darcy Ribeiro, “Nós, brasileiros, somos um povo em ser ... Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem viveu por séculos sem consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros”.

De grande coragem intelectual e moral, ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Sorbonne, ainda em plena ditadura, proferiu uma sentença de resistência, combatividade, e de grande significado ideológico: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.

O Banco Central, a política monetária e o “Grupo de Fátima”

Publicado na Resenha Estratégica em sua edição de 14/09:


Em março de 2003, durante a sabatina para a sua aprovação pelo Senado, para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central, o economista Luiz Augusto Candiota sentenciou: "Existem três grandes invenções desde o começo dos tempos: o fogo, a roda e o banco central." Pouco mais de um ano depois, no final de julho de 2004, Candiota pediu demissão, depois de a revista Isto É ter denunciado que ele e o então presidente do BC, Henrique Meirelles, haviam sonegado informações à Receita Federal.

Na ocasião, a notória promiscuidade entre os diretores do BC e os mercados financeiros foi explicitada de forma escandalosa. Convidado imediatamente para o posto, o diretor-executivo do banco de investimentos Crédit Suisse First Boston no Brasil, Rodrigo Telles de Rocha Azevedo, não perdeu tempo em noticiar a demissão de Candiota na newsletter de seu banco, antes mesmo que a notícia se tornasse pública.

Igualmente, o Brasil tomou conhecimento da existência do chamado "Grupo de Fátima", um conciliábulo que reunia periodicamente diretores do BC e economistas "do mercado", para discutir a conjuntura econômica e os rumos da política monetária do País. Como ironia não falta a esses próceres dos poderes oligárquicos que dominam o País, o nome do grupo é uma referência ao segredo de Fátima, as revelações da Virgem Maria a três pastores portugueses em 1917, zelosamente guardadas pelo Vaticano durante décadas.

Para a Humanidade como um todo, o banco central "independente" fica longe de ser um invento crucial como os outros dois citados na bravata de Candiota. Porém, para os grupos oligárquicos que se encastelam no topo do poder, ele é a maior das invenções, pois permite aos grupos privados que controlam os bancos centrais, tanto no Brasil como na grande maioria dos países ocidentais, o controle direto sobre algo que deveria ser uma prerrogativa exclusiva dos Estados nacionais - a emissão de moeda e crédito.

A "fórmula" foi introduzida com a criação do Banco da Inglaterra, estabelecido em 1694 por um consórcio de negociantes e financistas ingleses e holandeses, em troca do apoio financeiro dado ao príncipe holandês Guilherme de Orange para assumir o trono britânico como Guilherme III. O sucesso do banco incentivou as famílias bancárias que o controlavam a repetir a receita nos EUA, que, nas décadas finais do século XIX, já despontavam como a grande potência econômica mundial. A empreitada resultou na criação do Sistema da Reserva Federal, em 1913, sobre o qual o então deputado Charles A. Lindbergh Sr. sintetizou, em uma definição que quase um século depois se mostra precisa e atual: "Essa lei estabelece o mais gigantesco truste do planeta. Quando o presidente assinar essa lei, o governo invisível do poder financeiro será legalizado".

Por isso, o controle do banco central, "independente" ou "autônomo" do poder político, é uma das prerrogativas com as quais os grupos oligárquicos dominam as políticas monetárias e financeiras em favor dos seus interesses percebidos.

Assim, não dá para se surpreender com as reações histéricas dos rentistas brasileiros e seus porta-vozes midiáticos à decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) do BC, de reduzir a taxa Selic em meio ponto percentual, que prosseguem incessantemente desde que a medida foi anunciada, na quarta-feira 31 de agosto.

Com a sua conhecida verve irônica, o ex-ministro Antonio Delfim Netto, seguramente, se fez porta-voz da esmagadora maioria dos brasileiros que não se beneficiam com os jogos financeiros com títulos da dívida pública, ao usar sua coluna semanal no jornal Valor Econômico de 06/09/2011, para dar "Um viva para o Copom":

A indignada e quase raivosa reação de alguns analistas, que se supõem portadores da "verdadeira" ciência monetária, à recente decisão do Copom, de baixar 50 pontos na Selic, revela que, para eles, a sacrossanta "independência" do Banco Central só é reconhecida quando esse decide de acordo com os conselhos que eles, paciente, gratuita e patrioticamente, lhe dão todos os dias, através da mídia escrita, radiofônica e televisiva.

Qualquer desvio só pode ser atribuído e explicado pela "pecaminosa" intervenção do governo que teria jogado a toalha: abandonou a "meta de inflação" e colocou em seu lugar a "meta de crescimento do PIB", não importa a que "custo inflacionário"…

Em seguida, Delfim vai ao cerne da questão ao definir o que deveria ser a natureza do BC:

Trata-se, obviamente, de uma acusação irresponsável, injusta e arrogante. Irresponsável, porque colhida furtivamente de "fontes preservadas", que podem não passar de pura e conveniente imaginação, desmentida, aliás, pelos votos divergentes. Injusta, porque pela primeira vez, em quase duas décadas, o Banco Central mostrou que é, efetivamente, um órgão de Estado com menor influência do setor financeiro privado. Arrogante, porque supõe que nenhuma outra visão e interpretação alternativa da realidade diferente da sua possa existir.

De fato, em qualquer governo minimamente comprometido com o bem comum e os interesses nacionais, qualquer sugestão de "autonomia" ou "independência" para o seu banco central é absurda por princípio, uma vez que as funções reguladoras da moeda e do crédito cabíveis ao banco não devem - ou não deveriam - ser dissociadas das diretrizes e ações do Estado. Ou seja, o banco tem que ser um instrumento das políticas públicas, e não dos mercados financeiros, como tem sido nas últimas décadas.

Nessa mesma linha, outro comentarista que saudou a decisão do Copom foi Yoshiaki Nakano, da Fundação Getúlio Vargas, ex-secretário estadual da Fazenda (Governo Mário Covas), em sua coluna mensal no Valor Econômico de 13 de setembro, à qual deu o irônico título "Finalmente a independência do BC". Depois de destacar o fato relevante de que a atual diretoria do BC não tem funcionários de bancos privados, como as anteriores, Nakano alfinetou tal promiscuidade e explicou o seu funcionamento anterior:

Nessa relação, o Banco Central reagia às expectativas de inflação dos economistas dos bancos privados, materializadas na pesquisa Focus e nas taxas de juros futuras das operações efetuadas pelas tesourarias. Na véspera das reuniões do Copom, a imprensa fazia a pesquisa informando o Banco Central, qual o aumento ou redução em que a maioria dos bancos e empresas apostavam. Lógico que a maioria sempre acertava. Esse era o protocolo ou a liturgia seguidos pelas diretorias anteriores do Banco Central sempre ocupadas por funcionários do sistema bancário. Na última reunião de agosto, esse protocolo foi de fato abandonado. Daí a grande surpresa e perplexidade do mercado financeiro. A rigor, o BC finalmente tornou-se independente do mercado.

Dois outros fatos deixam a expectativa de que o governo da presidente Dilma Rousseff pode estar se preparando a sério para enfrentar o aprofundamento da crise global, ao mesmo tempo em que se liberta aos poucos dos receios de contrariar os interesses dos mercados financeiros. O primeiro foi o próprio discurso da presidente na véspera do Dia da Independência, quando, além de afirmar que a crise "é mais complexa que a de 2008", destacou que "nossa principal arma é ampliar e defender nosso mercado interno, que já é um dos mais vigorosos do mundo". Para tanto, completou, "quero deixar bem claro que o meu governo não irá permitir ataques às nossas indústrias e aos nossos empregos. Não vai permitir, jamais, que artigos estrangeiros venham concorrer, de forma desleal, com os nossos produtos (planalto.gov.br, 6/09/2011)".

O segundo fato, destacado pelo Valor Econômico de 12 de setembro, é a ascensão do ministro da Fazenda Guido Mantega na hierarquia palaciana, ocorrida sem grande alarde nos últimos meses. Para Delfim Netto, "ele é, sem dúvida, o homem mais forte do governo". Com uma agenda que privilegia o crescimento econômico e tendo estabelecido com o presidente do BC, Alexandre Tombini, o que o jornal qualifica como "uma convivência pacífica, embora não sem percalços" (ao contrário do que ocorreu na gestão de Henrique Meirelles), Mantega já mostrou ser adepto dos instrumentos de crédito público em momentos de crise, como ocorreu em 2008. Como a crise poderá, no futuro imediato, forçar que os governos optem entre governar para as sociedades em geral ou para os mercados, a "musculatura" de Mantega poderá ser determinante para que o Brasil possa atravessar o furacão sistêmico em condições toleráveis.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Muita ousadia e serenidade nessa hora

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Nós estamos vivendo uma época que se não se encaixa na clássica frase revolucionária “há dias que valem por anos e anos que valem por dias”, mas pelo menos esse atual período da crise financeira global guarda algum sentido mais geral com o conhecido axioma.

A História não segue fórmulas definitivas, recorrentes ou acabadas. Quem tentou assim traduzi-la ou nela interferir cometeu equívocos. Algumas pessoas apegadas às “regras tradicionais” das transformações sociais talvez não estejam devidamente atentas aos poderosos movimentos tectônicos que estão acontecendo na atualidade.

É possível constatar que eles são de grande magnitude e podem provocar uma série de transições na atual ordem mundial. Uma ordem caótica nos planos econômico, social e de inúmeras agressões militares imperialistas.

No entanto, o antigo que demonstra sinais de exaustão indica que ainda vai persistir por algum tempo, e até com uma violência redobrada, e o novo que se apresenta como irremediável, ainda não acumulou o vigor suficiente para alterar essa nociva realidade da economia e da geopolítica mundial.

Porém a doutrina econômica imposta ao planeta desde a construção do projeto neoliberal em meados da década de setenta passada chegou a um trágico ponto de “fadiga de material” que vem acumulando estragos incalculáveis à economia global além de provocar mais de duzentos milhões de desempregados no mundo.

A decorrência mais notável desse quadro é a débâcle das finanças do chamado centro da economia capitalista, em especial os Estados Unidos e as nações que compõem a Comunidade Europeia.

Em paralelo a esse cenário e mesmo assim, permanecem crescendo os Países emergentes como os BRICS, Brasil, Rússia, China, Índia e recentemente a África do Sul.

Com a desestruturação financeira das nações capitalistas centrais há um esgotamento dessa ordem, dos paradigmas ultraliberais. Daí a necessidade objetiva de uma outra realidade mundial mais democrática, pluralista e multilateral.

Essa catástrofe financeira global é de natureza política e estrutural, de uma ideia econômica fundamentalista, uma maligna hegemonia militar unipolar. Assim, esse pode ser um daqueles momentos singulares da História.

Com ousadia, serenidade e soberania plena, o Brasil pode desempenhar papel de liderança, com os demais Países emergentes, na transição a um novo contexto global na vida dos trabalhadores e na comunidade das nações.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PCdoB em Maceió prepara salto histórico

Matéria de Selma Villela publicada no Vermelho:

PCdoB de Maceió reúne a chapa de pré-candidatos a vereadores


Na noite desta quarta-feira, 05/10, reuniram-se no Hotel Ouro Branco, na Pajuçara, os pré-candidatos a vereadores pelo PCdoB em Maceió, às próximas eleições de 2012.

A reunião, dirigida pela mesa composta pela presidente municipal do Partido em Maceió, Mirelly Câmara, e pelo secretário de Organização municipal, Alessandro Medeiros, contou com a presença do atual vereador pelo PCdoB em Maceió, Marcelo Malta, do vice-prefeito de Marechal Deodoro, também do PCdoB, Dr. Petrúcio, do secretário estadual de Organização, Sinval Costa, além de diversos membros das direções do PCdoB estadual e municipal de Maceió, além do presidente estadual da CTB em Alagoas, Gerivaldo Pontes.

O presidente estadual do Partido em Alagoas, Eduardo Bomfim, convidado a compor a mesa, fez uma saudação aos novos membros e àqueles já filiados ao PCdoB em Maceió que estão se preparando para disputar uma vaga na Câmara de Vereadores de Maceió nas próximas eleições.

Eduardo Bomfim falou à plenária de pré-candidatos a respeito da crise política e econômica por que passa o mundo e da situação do Brasil, cuja economia vem crescendo ao contrário de grandes dificuldades enfrentadas pelos Estados Unidos e países da Europa, e do novo momento de destaque no cenário internacional que se apresenta para o Brasil, junto a outras nações emergentes, que não estão aplicando as medidas de caráter neoliberal.

Afirmou Bomfim que o PCdoB nesse quadro se destaca, em apoio ao governo da presidente Dilma, no sentido de que avance mais nas conquistas para o povo brasileiro, de mais justiça social e desenvolvimento. Destacou que o Partido age com convicção, fruto da análise da realidade, da reflexão e discussão, e por isso tem crescido, tem despertado o interesse e a confiança. Salientou ser o PCdoB um partido fiel a seus princípios e a seu programa, correto com seus aliados e que respeita seus adversários.

Mostrou-se entusiasmado com o novo momento vivido pelo PCdoB, nos outros estados, em Alagoas e especialmente em Maceió, em que pela primeira vez o Partido deixará de concentrar sua participação nas eleições em um ou dois candidatos, formando uma chapa própria, ampla, em que todos são candidatos da mesma forma e têm possibilidades de crescer no processo eleitoral.

Bomfim afirmou que o PCdoB em Maceió não estará buscando somente a reeleição do vereador Marcelo Malta, estará buscando a eleição do maior número possível de vereadores na capital do estado.

A presidente municipal do PCdoB em Maceió, Mirelly Câmara falou aos pré-candidatos, afirmando que a aposta do Partido no município, de construção de uma chapa própria, com capacidade de sair vitoriosa, vem se mostrando acertada, com a reunião de pré-candidatos qualificados e de expressão na sociedade, nos mais diversos setores. São já trinta e oito, com perspectivas de ampliação desse número, dentre os quais estão médicos, professores, policiais civis e militares, advogados, agentes penitenciários, lideranças estudantis, femininas e comunitárias, sindicalistas, músicos, capoeiristas, entre homens e mulheres que se dispõem a desenvolver um trabalho que muitos já realizam, em suas comunidades, categorias, junto à população maceioense.

Mirelly apontou a perspectiva de ampliação da discussão política com os pré-candidatos, de sua formação, conclamando pela unidade e espírito de coesão como membros da chapa do PCdoB, de forma que a sociedade venha a identificar um espírito entusiasmado, um caráter diferenciado e tenha confiança de depositar seu voto em qualquer um que esteja se candidatando pelo Partido.

Mirelly enfatizou a importância da troca de experiências e destacou a vivida por Cláudia Petuba, também pré-candidata, nas últimas eleições em que disputou pela primeira vez um mandato, de deputada federal, assim como dos jovens, como ela própria, Mirelly, que participaram de sua campanha, do aprendizado com os erros e acertos da campanha, o que poderá ocorrer com vários dos presentes, a maioria candidatos pela primeira vez a um mandato parlamentar.

Alessandro Medeiros, secretário municipal de Organização do PCdoB de Maceió, destacou que é importante que se incentive outras companheiras, mulheres, a se candidatarem também, não só pela exigência legal de participação feminina mínima de 30% na chapa, como pelo incentivo ao crescimento de companheiras que podem ter vontade de iniciar uma militância mais efetiva.

Muitos dos pré-candidatos se expressaram, nessa que foi uma vitoriosa reunião, um pontapé inicial para as eleições de 2012.

domingo, 2 de outubro de 2011

O homem que engarrafava nuvens

Humberto Teixeira, o Doutor do Baião



Em outubro de 2008 estreou "O homem que engarrafava nuvens", documentário de Lírio Ferreira sobre Humberto Teixeira que conta a história desse excepcional artista brasileiro.

Quando se ouve o famoso baião Asa Branca, todo mundo lembra imediatamente de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Pouca gente sabe que o popular compositor de Exu (PE) teve um parceiro, nesse e em muitos outros sucessos que estão na boca do povo há décadas pelo Brasil afora - caso de Assum Preto, Juazeiro, Paraíba e Qui nem Jiló. Esse parceiro se chamava Humberto Teixeira que além de letrista inspirado, também foi advogado e deputado federal.

Conhecido como "Doutor do Baião", Teixeira notabilizou-se pela defesa dos direitos autorais dos músicos e pela divulgação internacional dos ritmos nacionais, através de uma lei de 1958 que levou o seu nome e fomentou a organização de caravanas anuais de música popular brasileira no exterior, entre os anos 50 e 60.

Humberto Cavalcante Teixeira nasceu em 05 de janeiro de 1915, em Iguatu, centro-sul do Ceará, no semi-árido nordestino. Sobrinho do maestro cearense Lafaiete Teixeira, desde criança interessou-se por música. Estudou bandolim em Iguatu, e fez secundário em Fortaleza, onde começou a aprender flauta com o maestro Antônio Moreira, da Orquestra Majestic. Aperfeiçoando-se no instrumento com seu tio Lafaiete, aos 13 anos teve sua primeira composição editada, Miss Hermengarda. Dois anos depois, deixou a capital cearense para fixar-se no Rio de Janeiro, com o objetivo de estudar medicina. Na então capital federal, continuou compondo regularmente e tendo suas músicas editadas.

Em 1934, seu samba Meu Pedacinho ficou em quinto lugar no concurso carnavalesco de sambas e marchas da revista O Malho, classificando-se ao lado de Ary Barroso, Ari Kerner, Índio, Capiba, José Maria de Abreu e outros nomes consagrados. Mas essa vitória não foi suficiente para que Teixeira alcançasse gravação. Continuou compondo suas valsas, toadas, "modas" e canções, todas editadas para piano por A Guitarra de Prata.

Acabou desistindo da medicina e optando pelo direito e em 1943, diplomou-se pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, passando a exercer advocacia, paralelamente às atividades musicais. Seu primeiro êxito em gravação foi Sinfonia do Café (com Lírio Panicali), feita especialmente para Muiraquitã, espetáculo encenado no Teatro Municipal. Lançada por Déo na Continental, a Sinfonia do Café, que ocupava as duas faces do 78 RPM, abriu caminho para a gravação de outras composições de Humberto Teixeira, algumas de grande sucesso na época: Deus Me Perdoe (Ciro Monteiro), Só uma Louca Não Vê (Orlando Silva), Meu Brotinho (Francisco Carlos) e Natalina (Quatro Azes e Um Coringa).

O fim da Segunda Guerra indiretamente trouxe uma avalanche de músicas norte-americanas ou importadas pelos Estados Unidos e despejadas em todo o mundo, sobretudo no Brasil. O fenômeno, aliás, é de fácil compreensão quando se analisa o fato de que os Estados Unidos saíram da segunda grande guerra como país vitorioso e em fase de expansão mundial, que era feita pela exportação internacional em massa de seu poderoso parque industrial, atrás do qual vinha a indústria da diversão. A indústria do lazer representava a consolidação cultural norte-americana no mundo dos filmes: os filmes, os discos e a música popular, com todos os seus modismos, ainda mais sedutores pelas engenhosas campanhas de marketing com que eram promovidos.

Mas, "por uma questão de predestinação", como sempre dizia Humberto, um dia o destino o aproximaria de Luiz Gonzaga para, juntos, lançarem o baião, como afirmação de uma cultura nacional mais ligada às fontes telúricas do Brasil. Em 1945 Luiz Gonzaga estava à procura de um letrista que se interessasse pelos ritmos nordestinos, pouco conhecidos no restante do país. Luiz resolveu procurar um parceiro nordestino, Lauro Maia, de quem conhecia algumas composições gravadas pelos Quatro Azes e Um Coringa, também cearenses. Maia, com muita modéstia escusou-se de tomar parte na iniciativa proposta por Luiz, mas indicou-lhe um cunhado (Lauro Maia era casado com uma das irmãs de Humberto, Djanira Teixeira) que poderia ajudá-lo: Humberto Teixeira. Recém-formado pela Faculdade Nacional de Direito, Humberto ensaiava, paralelamente às atividades musicais, os primeiros passos de advogado, num escritório da Av. Calógeras, no centro do Rio. E foi lá, numa tarde de agosto de 1945, que recebeu o moreno simpático, de cabeça chata e sorriso rasgado, buscando um parceiro para a empreitada de lançar no Rio a autêntica "música do norte".

Do longo papo que se prolongou noite adentro, surgiram os primeiros compassos de Pé de Serra, e a "sanfonização" de uma linda peça que viria a se tornar a imortal Asa Branca (esta música foi considerada, recentemente, como a segunda música popular mais bonita do século, atrás de Aquarela do Brasil). O mais importante daquele encontro, porém, foi o comum acordo a que chegaram a respeito do baião: entre os inúmeros ritmos nordestinos, aquele era o mais "estilizável" e "urbanizável". O mais apropriado, portanto, em suas características e tipicidade, para lançamento da campanha musical que os dois resolveram deflagrar a partir daquele momento.

Assim nasceu o Baião ("Eu vou mostrar pra vocês como se dança um baião..."), primeiro desse gênero gravado em todo o mundo. Numa batida uniforme do princípio ao fim ("feito pra dançar"), o baião de Humberto e Luiz substituía os instrumentos originais (viola, pandeiro, botijão e rabeca) pelo acordeon, triângulo e zabumba. Resultado: uma melodia singela, com versos simples e impregnados de modismos tipicamente nordestinos.

Foi uma revolução. A música popular brasileira, que então oscilava entre o samba-canção e os ritmos importados dos Estados Unidos, foi surpreendida por algo completamente novo e gostoso, o baião, que deu uma sacudida em quatro séculos de nossa música. Houve, a partir daí, uma mudança de rumos da MPB. O ritmo buliçoso e descontraído do baião, com todo o Nordeste dentro dele, através de suas histórias e de seu povo, foi a moldura ideal para os êxitos de Luís Gonzaga e Humberto Teixeira.

Mas de todas as músicas compostas em parceria com Luiz Gonzaga uma viria a obter repercussão tal que vararia as décadas e se incorporaria às canções dos corações brasileiros. A toada Asa Branca teve êxito em todo o Brasil (1947), sobretudo no Nordeste, onde se transformaria em hino dos sofrimentos da população vitimada pela seca.

Humberto Teixeira foi eleito três vezes consecutivas o melhor compositor do Brasil pela crítica especializada do Rio de Janeiro. Criou programas geniais na Rádio Nacional, dentre eles "No mundo do Baião", em parceria com Zé Dantas, onde conquistava um espaço definitivo para a música nordestina.

Por 1950 desfez a parceria, depois de eleito deputado federal, tendo obtido votação maciça no Ceará, após campanha apoiada por seu trabalho musical com Luís Gonzaga. Foi batalhador incansável pela consolidação dos Direitos Autorais, até então inexistentes. Em 1958 conseguiu a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei Humberto Teixeira, para a formação de caravanas artísticas de divulgação da música popular brasileira no exterior. A primeira delas foi no mesmo ano para a Europa, integrada pelo conjunto Os Brasileiros, do qual faziam parte o Trio Iraquitã, os instrumentistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas e o maestro Guio de Morais, apresentando-se em várias capitais. Seguiram-se várias caravanas, até 1964, sempre dirigidas por ele, que se tornou compositor internacionalmente conhecido, com obras gravadas em vários idiomas.

Para ver mais: http://iguatu.net/novo/wordpress/?p=19445

http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_humberto_teixeira.htm

sábado, 1 de outubro de 2011

O genial Nelson Sargento


Nelson Sargento é a memória viva do samba carioca e do morro da Mangueira, contemporâneo de Cartola, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça. Durante toda a sua carreira teve seu nome ligado à escola de Samba da Mangueira. O apelido "Sargento" veio nos tempos que serviu o exército, nos anos 40. Seu maior sucesso “Agoniza Mas Não Morre", foi lançado em 1978 por Beth Carvalho e tornou-se um hino de resistência da cultura do samba carioca. Paralelamente à música, é escritor, ator e pintor primitivista – atividade que aprendeu graças à profissão de pintor de paredes, exercida por vários anos.

Nasceu na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, no dia 25 de julho de 1924. Aos 8 anos de idade já desfilava tocando tamborim na Escola de Samba Azul e Branco do morro do Salgueiro, onde morava. Quando sua mãe, viúva, juntou-se ao marinheiro mercante Alfredo Lourenço, o Alfredo Português, ele foi morar no aglomerado de Santo Antônio, no morro da Mangueira. Tinha 12 anos de idade. Cresceu vendo os ensaios do samba e ouvindo as composições de Cartola e Nelson Cavaquinho, que lhe ensinaram a tocar o violão. Logo virou parceiro do padrasto, que era letrista respeitado no morro e passou a escrever suas poesias para o rapaz musicar. Em 1947, quando Nelson estava com 23 anos, Alfredo passou a integrar a ala de compositores da Mangueira e o enteado foi junto.

Dentre os vários sambas-enredos da verde e rosa compostos por ele em parceria com Alfredo, desde 1948, o samba Cântico à natureza, uma parceria da dupla com Jamelão, é considerado até hoje o melhor da escola em todos os tempos. Com ele a escola foi vice-campeã em 1955 com o enredo “As quatro estações do ano”.

Com o impulso de seu sucesso no Carnaval, Sargento passou a fazer parcerias com outros grandes nomes da nossa música. Além de Alfredo Português, Cartola, Jamelão e Nelson Cavaquinho, ele fez sambas com Guilherme de Brito, Ivone Lara, Nei Lopes, Jair do Cavaquinho, Darcy da Mangueira e João de Aquino.