sexta-feira, 31 de julho de 2015

Males de origem

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A grande mídia hegemônica, em suas poucas variantes, possui um currículo invejável e com raríssimas exceções detém a marca invejável de ter participado de todas as conspirações contra a legalidade constitucional da História contemporânea do País.

Em período recente movimentou-se febrilmente contra o governo popular, nacional desenvolvimentista de Getúlio Vargas em 1954, aliada às forças mais retrógradas, alinhadas aos setores subordinados à opção da dependência irrestrita econômica, geopolítica brasileira.

Apoiaram, em outras épocas, a nefasta teoria de Gobineau, misto de antropólogo, sociólogo, diplomata francês, que armado de falsas teses científicas, alardeava aos quatro cantos do mundo que o Brasil por condição de nação tropical, infestado de doenças típicas do clima, associado a uma mestiçagem promíscua de raças: negros, índios, europeus, estaria condenado ao subdesenvolvimento inevitável.

Daí empalmaram a surreal ideia, junto a intelectuais colonizados da época, do embranqueamento nacional através de ondas maciças de imigrantes europeus como atenuante aos “nossos males de origem”, e apesar de condenados pela nossa formação antropológica, as coisas podiam ser ao menos minimizadas.

Superado tamanho disparate científico agarram-se a outros temas como a destinação do nosso eterno purgatório à dependência econômica estrutural por razões de grande atraso em nosso salto ao desenvolvimento capitalista moderno que com muita sutileza, duvidosa sofisticação acadêmica foi recauchutada pelo “príncipe da sociologia brasileira” o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

No período autoritário de 1964 a mídia oligárquica promoveu, como vanguarda do retrocesso, o arbítrio em curso ao lado de vários setores das elites civis do País.

Produziram uma falsa revisão de suas posições da época mas a verdade é que além de crescerem espetacularmente no período ditatorial de 21 anos suas intenções jamais foram de autocrítica, pretendem continuar na senda autoritária de um cosmopolitismo subalterno que nunca abandonaram.

Hoje mais uma vez agem contra a legalidade constitucional, a democracia, os interesses da nossa soberania, o desenvolvimento efetivo do País. Urge, além da luta pela sagrada liberdade de opinião e expressão, intensa defesa da Constituição e da nação, ameaçadas.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Cultura Monstruosa

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Usurpando o conceito utilizado pelo filólogo, escritor italiano de O Nome da Rosa, Umberto Eco, o que estamos presenciando, há décadas e intensificado nos últimos anos, na grande mídia oligárquica, é uma cultura monstruosa.

A linha de tergiversação da realidade, campanha dirigida contra a legalidade constitucional em nome da informação, é óbvia.

Cuja intensidade, associada à cobertura de fatos bizarros, além de famosidades tomando sorvete na rua, ou andando no calçadão, tanto como a tietagem de um cosmopolitismo subalterno demonstra muito bem os propósitos e a quem ela está subordinada.

Quando se declarou que: “no referente à nossa situação externa, se muito ainda nos resta combater, não é para evitar a derrota, mas para conseguir  a vitória completa, obter efetivamente a reestruturação do mundo em bases mais humanas e justas...

Com respeito à soberania de todas as nações, grandes ou pequenas, (...) cada povo poderá organizar-se segundo a própria vontade expressa pelos meios adequados à sua tradição histórica e aos imperativos de sua existência autônoma” não foi um manifesto assinado pelos BRICS mas o discurso de Getúlio Vargas na defesa do País em 1944 por uma ordem internacional democrática em plena 2a Guerra Mundial.

Surgiram depois avanços na vida das nações mas também momentos gravíssimos, tremendo retrocesso desde o final da década de 80 quando se impôs a hegemonia neoliberal, a liderança unipolar pela via das armas e o capital rentista como força motriz dessa Nova Ordem mundial.

À mídia oligárquica coube o papel  de fomentar o discurso ideológico de um monumental processo civilizacional regressivo ao gosto da banca especulativa global.

Quem desdenha da análise da História contemporânea, deve estar surpreso(a) com a onda saudosista fascista, a vertigem golpista “de tipo suave, importada” em curso na América Latina, especialmente no País.

Vivemos um período dramático, de sabotagem à transição a outra realidade global multipolar em que o Brasil é protagonista.

A desabrida conspiração contra a democracia, o legítimo mandato da presidente da República, é parte dessa onda. Cabe-nos defender a Constituição ameaçada, a formação de ampla frente democrática, patriótica, em defesa do progresso econômico e social do País, e combater o fascismo pós-moderno.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Soberania e desenvolvimento

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A declaração final da 7a reunião de cúpula dos BRICS em Ufá na Rússia, realizada nos dias 8 e 9 de julho, indica avanços substantivos em vários aspectos, tanto nos campos financeiro, comercial, de cooperação científica, tecnológica como geopolítico.

A verdade é que esses passos, que estão sendo dados paulatinamente, sistematicamente, persistentemente, são confrontados por tenaz resistência de forças internas, externas, contrárias ao protagonismo solidário da nação no cenário internacional, ao tempo em que deparam-se com um quadro de profunda crise estrutural capitalista global.

Um dos principais desafios do País, senão o central na atual quadra, é encontrar os rumos da retomada do crescimento econômico com base em fundamentos de incorporação de produtos manufaturados com tecnologia de ponta avançada agregada o que implica na superação do atual processo de desindustrialização pelo qual passamos.

Por trás do turbilhão de tempestades múltiplas, sempre pautadas pela mídia oligárquica, que envolvem tentativas de convulsões institucionais antidemocráticas, gerenciadas por motivações internas, externas, há a resistência de setores motivados por interesses subalternos a uma ótica da dependência econômica, financeira e política do Brasil na arena mundial.

Trata-se de um confronto de natureza histórica sobre quais os rumos que a nação deve trilhar em seu processo interno, de progresso, superação de abismos sociais tremendos, vários deles seculares, na capacidade de superação das suas metas de desenvolvimento como um País industrializado sustentado na própria competência inovadora.

É um forte combate na luta de ideias nos campos político, antropológico, filosófico com desdobramentos econômicos que data de longo curso, envolvendo, principalmente, todo o século XX.

Que esteve presente em várias fases turbulentas da nossa vida política, cujo marco histórico pode ser medido pela revolução de 1930 e daí em diante em numerosas etapas de confrontos que se estendem até os dias atuais em que se avulta numa luta titânica.

Enfim, de um lado forças minoritárias mas poderosas associadas a interesses financeiros, geopolíticos internacionais, de outro lado a grande maioria da sociedade nacional que aspira por uma nação soberana, solidária, democrática e desenvolvida.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Novos caminhos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


O mote construído, através de doses cavalares, inoculadas na opinião pública por via da grande mídia oligárquica com poderosos tentáculos espalhados pelo mundo, é o do fim das ideologias.

Não sem motivo que Francis Fukuyama, um dos principais teóricos do neoliberalismo na sua fase eufórica lá pelos idos dos anos 80 e 90 do século passado, proclamava do alto da arrogância hegemônica sem contraponto de peso geopolítico, o fim da História.

Para ele seria uma posição coerente, porque a História teria chegado definitivamente ao final com a vitória incontestável, irrefutável das forças do capital financeiro, do Mercado, o primado absoluto do imperialismo norte-americano sobre os povos e a maioria das nações do planeta.

Teriam sumido as contradições de classes, entre Países, o exercício imperialista.
Havia surgido a “sociedade desprovida de guerras, conflitos, plena de harmonia, de abundância econômica inigualável”.

Tratava-se, daí em diante, de conduzir uma sociedade com alto nível de gestão, eficiência administrativa, competência adquirida em centros financeiros de excelência internacional, cujas matrizes encontravam-se nos polos de poder da hegemonia recém imposta ao mundo.

O exercício da política, em seu pleno conceito democrático, deixava de existir, passava a ser considerada atividade menor quando não dispensável porque a nova etapa atingida pela “sociedade da unanimidade de soluções”, da uniformidade de estratégias, prescindia das discussões democráticas sobre os rumos das sociedades, da geopolítica global.

Iniciava-se assim a maior farsa de todos tempos: a tentativa mais torpe do assassinato da dialética em relação a todas as demais que foram encetadas.

Inaugurava-se o processo de criminalizar a política, os rumos ao progresso social, já que o futuro teria chegado ao presente.

Em lugar da luta das ideias entronizava-se o pragmatismo da concorrência desmedida, o tempo da primazia da esperteza.

As centenas de guerras regionais, crises capitalistas arrasadoras, sociedades desnorteadas, atônitas, mostraram o contrário.

Faz-se urgente na verdade, a solidariedade com os indivíduos, entre as comunidades sociais, a luta patriótica, a solidariedade internacional com os povos oprimidos, outro rumo para a humanidade, cujo protagonismo compartilhado o Brasil deve exercer.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Estado e o mito neoliberal

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Qualquer pesquisa superficial, não precisa ser intensiva ou qualitativa, revela que os grandes meios de comunicação oligárquicos vêm batendo sistematicamente na tecla que o Estado brasileiro é um mastodonte jurássico, portanto inútil, incompatível com as necessidades básicas do desenvolvimento do País.

Trocando em miúdos essa é a mesma tese propagada desde meados da década de 1970 pela senhora Margaret Thatcher, a Dama de Ferro, ex-primeira-ministra da Grã-Bretanha, juntamente com o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, que deram o tiro de largada para a avassaladora onda conservadora neoliberal que se espalhou pelo planeta.

O neoliberalismo visto em seu conjunto é bem mais que uma iniciativa econômica reacionária, estende-se como doutrina pelos mais diversos campos das relações humanas e sociais.

Ele tem determinado o padrão geral de comportamento societário ideológico dos povos salvo as raras nações que por condições objetivas e subjetivas tiveram a possibilidade de encontrar, por vias próprias de resistência, a superação com êxito desse cataclismo através de caminhos ao desenvolvimento.

A trágica crise capitalista desde 2008 é tão profunda e abrangente quanto a grande debacle de 1929 do século passado, só que agora em um mundo globalizado onde a hegemonia ideológica midiática tem provocado “mutações antropológicas, eclosões descontroladas de emoções sociais negativas” articuladas pelas ambições do Mercado global, da hegemonia imperialista.

Não por acaso só o Departamento de Defesa dos EUA emprega 3 milhões e 200 mil funcionários, 1% da população norte-americana, contrata universidades, complexos industriais, alicia agências noticiosas, mídias, como afirma a jornalista inglesa Frances Saunders em seu livro “Quem pagou a conta? A Cia na guerra fria da cultura”. Com objetivo de manter a hegemonia militar e de Inteligência, diz Mauro Santayana.

Quanto mais forte o Estado em funções econômicas estratégicas, Defesa Nacional etc., maiores chances de lutar por um lugar ao sol na geopolítica global.

A suposta eficiência do Estado Mínimo apoiada por certos economistas, intelectuais, grande mídia, ventríloquos tupiniquins, jamais foi adotada pelas grandes potências mundiais. Além de falsa é um verdadeiro cavalo de Troia contra os interesses do Brasil.