sexta-feira, 31 de maio de 2013

Hipocrisia desorganizada

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

O neoliberalismo hegemônico nessas últimas três décadas, com suas variantes mitigadas mundo afora conforme as circunstâncias históricas, políticas de cada País ou região, encontra-se em profunda crise econômica, inegável disfunção de identidade.
Mas como sistema dominante em boa parte do planeta essa perplexidade ideológica, a catástrofe econômica, social por ele gerada, é repassada às nações, aos povos submetendo-os à brutal tirania do capital financeiro global.

Em decorrência, parte considerável da humanidade encontra-se sufocada por permanentes terremotos econômicos, financeiros, sociais porque as condições concretas para se transitar a outras formas e modelos alternativos à doutrina neoliberal ainda não amadureceram junto às grandes maiorias entre as mais diversas nações.

Um sistema espoliador fundado sob a guarda pretoriana norte-americana, pela constante difusão ideológica da grande mídia global associada a esses interesses, propagando a todos cantos da Terra versão própria sobre tudo e qualquer coisa, do lazer à política, cuja pirotecnia sobre múltiplos fenômenos vai assumindo um grau de insanidade generalizada concernente com a debacle sistêmica.

O cientista político, historiador britânico Niall Ferguson publicou um diálogo que teve com um alto assessor da Casa Branca sobre a realidade da política externa dos Estados Unidos e dos princípios constitucionais que estavam sendo atropelados.

A resposta que obteve foi surreal: não é mais assim que as coisas funcionam. Nós somos agora um império incontestável e quando agimos criamos a nossa própria realidade, e enquanto você está estudando essa realidade - tão judiciosamente quanto queira - nós vamos agindo de novo, criando outras realidades, que você também pode estudar, é assim que as coisas estão sendo... e a você, aos demais, cabe apenas estudar o que fazemos.

Essa declaração de um destacado assessor do governo norte-americano revela a soberba, a arrogância imperialista que o capital financeiro, a mídia global associada atingiram.

Disraeli, que foi primeiro-ministro inglês, certa vez afirmou que um governo conservador é uma hipocrisia organizada. No caso atual, e da grande mídia brasileira, exímia ventríloqua dessa tese, trata-se de transtornada esquizofrenia, dissociada da realidade e dos nefastos fenômenos econômicos, sociais contra os quais a humanidade peleja exigindo um mundo melhor.

sábado, 25 de maio de 2013

A economia da náusea

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Quando as condições reais estiverem amadurecidas, será uma necessidade histórica a investigação dos crimes cometidos durante a vigência hegemônica da doutrina neoliberal no mundo escudada sob a proteção da guarda pretoriana norte-americana.
Um sistema financeiro promotor da mais intensa concentração de riquezas e acumulação ilícita de capital jamais presenciadas às custas da fome, agressões militares, massacres de populações, desemprego, pilhagens de riquezas naturais, guerra psicológica, alienação midiática, sistemáticos.

Nos últimos vinte anos não houve um só dia em que alguma agressão militar não estivesse em andamento ou em vias de se iniciar e passo a passo através da mídia global associada a esse capital, aos Estados Unidos da América do Norte, impõem às populações uma espécie de torpor mental pela via da televisão ou da tela de um computador.

O nojo, a náusea, justificáveis nessas circunstâncias, transformaram-se em estado psicológico rotineiro ao tempo em que instituições de saúde respeitáveis alertam para o fato de que nessa segunda década do milênio a principal patologia do mundo será a depressão que deverá atingir crianças, adolescentes e adultos no mesmo momento que reaparecem doenças sanitárias elementares que já haviam sido controladas em meados do século vinte.

Num cenário onde a grande mídia enaltece em propaganda massiva a morte das grandes causas e celebra com desdém o individualismo antagonista usufruído por uma ínfima minoria consumista espetacularmente abonada em relação ao conjunto da população global, não é de admirar que os responsáveis da saúde pública europeia e norte-americana alertem para o crescimento assustador de suicídios nessas duas regiões do primeiro mundo.

Já a disseminação das drogas pesadas, como o crack, cujo lucro corre como um rio caudaloso para os grandes conglomerados financeiros mundiais transforma-se em incrível pandemia internacional, cuja natureza é analisada dissociada da sua essência e, portanto, o combate transforma-se em algo inevitavelmente paliativo que não consegue sustar o avanço desse flagelo.

Assim, nunca tantos crimes hediondos foram cometidos, e acobertados, em nome da economia capitalista neoliberal, imersa em profunda crise estrutural e que mais cedo ou mais tarde precisam ser estudados, compreendidos e superados para que a humanidade possa seguir adiante em busca de um mundo melhor.

sábado, 18 de maio de 2013

O que faz falta

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente.


A América Latina é uma região que se ergue reivindicando com energia a superação de séculos de atraso e subjugação do colonialismo e neocolonialismo.

Quem visitou o espetacular Museu do Ouro em Bogotá, uma espécie de Louvre das obras de arte das antigas civilizações colombianas onde se encontram lindas esculturas feitas pelos povos que foram extintos através de genocídio dos conquistadores, constata que além da barbárie da Coroa de Espanha havia outro motivo para tantos crimes hediondos: o ouro puro, maciço e abundante na região presente nas esculturas, utensílios dos nativos.

No Brasil a colonização portuguesa não foi diferente da espanhola apesar de distinta na concepção estratégica mas a força, a usurpação das riquezas foram as mesmas.

Nas lutas pela independência o continente, inspirado na revolução francesa, contra a escravidão, sentiu os ares dos novos tempos e não foram poucos os mártires que deram as suas vidas nos confrontos pela libertação.

Já a galeria de lutadores nacionais, heróis de uma pátria em fazimento, exibe figuras como Tiradentes, Frei Caneca, o 2 de julho na Bahia, a rebelião contra a escravidão na República dos Palmares, Alagoas, os combatentes contra os arbítrios, na ditadura de 1964 etc. etc.

Mas é justo afirmar que foi na batalha do Morro dos Guararapes em Pernambuco que surgiu com força o sentimento de patriotismo quando brasileiros que já se sentiam como tal, de nascença e de coração, mestiçados na alma e no corpo, travaram luta decisiva pela expulsão dos invasores holandeses do País.

Porém o grande visionário de uma América solidária livre de qualquer tipo de subjugador foi Simon Bolívar, que aliás teve como um dos seus principais generais Abreu e Lima, um brasileiro pernambucano que se uniu ao sonho fantástico, à epopeia gigantesca do Libertador.

A prova de que as ideias desse personagem não eram alucinadas é que hoje elas reassumem a dimensão concreta das aspirações de uma América livre, independente, soberana.

Quanto ao Brasil o que está fazendo falta é a concretização de um projeto econômico, social, político estratégico que defenda com clareza e soberania do País, mobilize as grandes maiorias para que se possa combater as forças externas, internas retrógradas, ligadas ao monopólio midiático reacionário entreguista que investe diuturnamente na fragmentação, dispersão, alienação, embrutecimento mental do povo brasileiro.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nossa América

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertao, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


 
Em meio à profunda crise estrutural do capitalismo em sua fase neoliberal, que já perdura por mais de três décadas no planeta, todos os olhos se voltam para a América Latina como sinal de esperança a um mundo menos injusto, dilacerado por guerras imperialistas, correntes migratórias atônitas de trabalhadores desempregados, destruição da identidade dos povos etc.

Sobre a atual situação da Europa nada mais instigante que o registro de Gabriel Garcia Márquez, gigante da literatura universal, no prólogo aos Doze contos peregrinos, do porque teve que refazer literalmente as anotações dos textos que compõem o seu livro.

Disse ele que ao revisitar o Velho Mundo para atestar a realidade que fotografou em sua mente e passou ao papel foi tomado por um impacto fulminante porque nada mais tinha a ver com as suas recordações, a Europa atual estava tomada por uma regressão assombrosa.

As recordações reais lhes pareciam fantasmas da memória, enquanto que as recordações falsas eram tão convincentes que haviam suplantado a realidade de modo que lhe era impossível distinguir a desilusão da nostalgia, por isso que sentiu-se na obrigação de recomeçar os contos do início, mais uma vez.

Mas o problema é que ele escreveu isso durante os anos noventa e de lá para cá a Europa e os Estados Unidos já ultrapassaram qualquer absurdo fantástico que uma mente lúcida e brilhante como a de Gabriel Garcia Márquez pudesse imaginar.

Muito menos as mudanças econômicas e geopolíticas que o planeta sofreu, de tal sorte que a sua dolorida e sacrificada América Latina se transformasse no depositário de transformações, laboratório de experiências sociais progressistas que sinalizam ao mundo ocidental um bálsamo para as muitas feridas que lhe castigam.

Não que essa América, que é a nossa, já tenha superado as seculares chagas sociais, políticas, morais, econômicas que lhes foram impostas pelos antigos colonizadores, depois pelas oligarquias regionais predadoras e os atuais neocolonizadores especialmente anglo-americanos.
 
Porém o que se constata até o momento é o rumo das mudanças e por isso é que existe uma febril, constante, abrasadora conspiração reacionária externa norte-americana e interna dos que só se sentem confortáveis em meio a um contexto doentio que as maiorias teimam em mudar para melhor, como um continente que se ergue por inteiro desejoso de ser um território livre e independente.

Muralha da informação

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertao, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Dentre os vários problemas nacionais um deles é sem dúvida alguma a muralha da informação, ou da contrainformação, que separa o Brasil da realidade mundial e não se trata da informação imparcial porque como já se disse não há notícia ingênua, mas da narrativa dos fatos com algum grau de objetividade, veracidade.
A grande mídia dos Países mais destacados guarda algum pudor diante da versão dos acontecimentos mesmo que esteja presente o viés ideológico, estatal ou privado, direcionando o ângulo da notícia.

Porém hoje em dia existe uma efetiva quebra do monopólio global da comunicação que desde o final dos anos oitenta se encontrava em mãos exclusivas dos Estados Unidos, e filiais legítimas ou oficiosas, nas mais diversas nações.

Há na atualidade uma diversidade de informação transitando pelas autovias da comunicação graças à revolução científica e tecnológica dos meios de comunicação nesses últimos quinze anos.

As pessoas podem cotejar as mais contraditórias explicações sobre os acontecimentos através do manuseio de um simples apertar de botão do controle remoto de um aparelho de televisão o que praticamente obriga a imprensa escrita, ou pela Internet, a não escamotear os fatos que estão se desenrolando em escala mundial.

Porém no Brasil as coisas se passam de maneira diferente porque o controle monopolista da mídia hegemônica é de tal magnitude que não existe a versão alternativa sobre o que está acontecendo, inclusive nos canais por assinatura já que eles também se encontram sob o estrito controle internacional e regional.

Trata-se de uma contundente ditadura econômica neoliberal midiática de tal maneira que o Brasil encontra-se ilhado quanto aos fenômenos em curso, salvo por notícias esparsas, desconexas, da crise do capitalismo em todo o mundo.

As gigantescas e contínuas manifestações de inconformismo social que se espalham pela Europa não têm a exata dimensão noticiosa entre nós, tampouco os avanços contra o neoliberalismo que se espalham pela América Latina, nem o banho de sangue decorrente das intervenções armadas no Oriente e boa parte da Ásia.

Na medida em que avança a alternativa ao neoliberalismo em nosso continente, cresce a resistência popular na Europa, intensificam-se os conflitos em vários lugares do mundo impõe-se a luta pela democratização da mídia no País para a elevação da consciência social e a garantia da soberania nacional.

Batalha estratégica

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertao, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

A Venezuela vem enfrentando desde a vitória eleitoral do movimento bolivariano sob a liderança de Hugo Chávez, as mais tenebrosas conspirações promovidas por suas oligarquias internas acumpliciadas com interesses imperialistas.
Os episódios desencadeados após as eleições presidenciais naquele País em 14 de abril, sequenciados nas horas seguintes com a morte de oito pessoas, atentados contra sedes de organizações populares e partidos políticos, boataria generalizada sobre sublevações militares, foram um conjunto de iniciativas premeditadas com o objetivo de desestabilização da nação venezuelana e a promoção de um golpe de Estado.

Na verdade essa não foi a primeira tentativa golpista, e não será a última, rechaçada pelos segmentos majoritários da sociedade da Venezuela. Só que ao contrário das décadas anteriores os governos dos Países sul-americanos de caráter democrático e progressista repudiaram os movimentos de subversão externos e internos e imediatamente legitimaram o presidente Maduro democraticamente eleito pelo povo em histórica reunião da UNASUL realizada em Lima, Peru.

Porém os acontecimentos na Venezuela não são isolados, fazem parte de um contexto que se espalha pelo continente, motivado pela fobia das forças reacionárias de toda a região, da América Central, Caribe e América do Sul, tendo em vista a emergência, protagonismo, a unidade das grandes maiorias dos povos americanos.

Resulta de condição geopolítica política singular o surgimento de uma série de governos, com feições diferenciadas, soberanos e democráticos, na última década, e a acentuada queda do papel dos partidos políticos conservadores e neoliberais.

De tal forma se evidencia essa retração das neo-oligarquias que elas estão sendo substituídas, em virtude de óbvia rejeição social, pelos monopólios de comunicação associados ao complexo midiático internacional anglo-americano, que passam a travar virulenta luta ideológica golpista, à intenção da manipulação das redes sociais especialmente entre a juventude, com os mesmos intentos.

Assim o que está em curso é uma estratégica batalha entre os que pelejam pela independência, o progresso das Américas, contra as forças desejosas do retrocesso social, da abdicação da soberania dessas nações aos interesses econômicos, o alinhamento automático, dependente, submisso da América Latina às determinações forâneas sejam elas quais forem.