sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Brasil e o poder global

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no Almanaque Alagoas:

No início da década de noventa passada consolidou-se de fato a desregulamentação absoluta dos mercados, a livre circulação dos fluxos internacionais dos capitais beneficiando especialmente aqueles de caráter especulativo, parasitário.
Além disso, materializou-se a hegemonia dos Estados Unidos ao determinar a dinâmica de grande parte da economia mundial através de emissões, sem lastro, da sua moeda e do manejo das suas taxas de juros apesar da profunda crise estrutural em que se encontram mergulhados como de resto todo o capitalismo em âmbito global.

Mas a verdade é que a força da moeda norte-americana repousa fundamentalmente no poderio militar de nação imperialista constituindo-se portanto em elementos indissociáveis essa financeirização planetária dos “mercados de capitais” parasitários somada às rotineiras agressões belicistas americanas.

Essa “nova ordem” imposta ao mundo à força nasceu com a queda do muro de Berlim fato emblemático do final da bipolarização mundial com a debacle da União Soviética e mantém-se hegemônica mesmo com a emergência dos BRICS novos atores comerciais, econômicos, geopolíticos no cenário internacional.

Nesse período avançou a tecnologia militar em ação principalmente através do Estados Unidos e Inglaterra que a grande mídia global chama de “comunidade internacional”, com o desmantelamento dos Países alvos através de assassinatos seletivos, sofisticada espionagem, violentos bombardeios aéreos de saturação, destruição dos centros industriais, produzindo milhares de mortos, pânico e terror entre os povos.

Também não constitui segredo a irrefreável cobiça dos Estados Unidos em assaltar os recursos não renováveis do planeta sob a proteção soberana das nações.

O método aplicado pelos EUA que antecede às invasões militares tem sido a desconstrução do sentimento nacional em comum no interior dos Países através de criminosa guerra midiática, a fragilização da luta pela soberania, do combate anti-imperialista.

As contínuas agressões dos EUA devem servir de exemplo ao Brasil detentor de imensas riquezas não renováveis como a Amazônia para a urgente modernização da sua Defesa, das forças armadas, a construção de um novo projeto de desenvolvimento nacional com avançadas transformações sociais, elevada consciência política, a convicção de que só é possível um País socialmente justo, próspero, com a soberania brasileira intacta.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O capital “emocional”

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


As flutuações cambiais surgem e desaparecem nas notícias da grande mídia quase como se fossem fenômenos semelhantes aos que acontecem com a natureza viva e para acompanhá-las existem programas televisivos especializados que nos explicam “as instabilidades emocionais, o comportamento eufórico ora depressivo do mercado” como afirmou um conhecido âncora de um canal brasileiro de televisão a cabo.
No entanto se alguém resolvesse fazer o cálculo de quanto a nação perdeu através de falcatruas, desvios de verbas, negociatas de todos os tipos promovidos por agentes públicos eleitos ou não uma das causas que recentemente levou às ruas milhões de brasileiros muito justamente indignados contra a corrupção, ainda assim seria inacreditavelmente ínfimo em relação aos lucros dos agiotas do capital parasitário, dos ataques especulativos.

Essa coisa escusa chamada eufemisticamente como “mercado de capitais”, que nada tem a ver com investimentos internacionais e internos nas áreas produtivas públicas e privadas que alavancam o crescimento econômico do País, sempre existiu no capitalismo mas assumiu proporções estratosféricas com o processo da desregulamentação global das leis que lhes impunham limites de atuação dentro das normas internacionais além do controle, legislação de cada nação de modo soberano.

Hoje mede-se a solidez de um País entre outros fatores pelas suas reservas cambiais frente às “surpresas do mercado” que podem ser traduzidas como assaltos rotineiros do capital rentista como aconteceu essa semana com a alta seis vezes seguidas da moeda norte-americana freada pela ação do Banco Central injetando de uma só vez no “mercado” 6 bilhões de dólares das nossas reservas que podiam ser investidos em saúde, educação, transportes, segurança, infraestrutura.

O neoliberalismo que gerou um lobo transformado pela grande mídia a ele associada num cordeiro com transtorno bipolar é formado por uma super classe social global e nativa que toma decisões contra os interesses das sociedades acima dos Estados nacionais, impunes.

As nações que não se submeteram aos ditames neoliberais encontram-se hoje em posição de conduzir seus destinos e economias nesse cataclismo financeiro global. O Brasil se deseja alcançar um novo projeto de desenvolvimento nacional com transformações sociais avançadas precisa enfrentar com determinação, soberania, esse agressivo predador dos povos.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As duas agendas

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

As grandes manifestações conhecidas como Jornadas de Junho, que envolveram milhões de pessoas nas cidades, evidenciaram que coexistiam paralelamente duas agendas no País: a agenda institucional e a das ruas.
A pauta institucional envolve temas que na sua origem são auto justificáveis, de presença destacada em quase todas as nações do mundo, nas organizações políticas, em vários estratos da sociedade civil, na grande mídia em geral, nos setores governamentais em todas suas esferas, municipal, estadual, federal.

Já as reivindicações que emergiram das lutas nas ruas, essas são mais representativas dos problemas universais que atingem as grandes maiorias da população brasileira e segundo várias pesquisas de opinião pública tiveram apoio de mais de 75% de toda a sociedade, muito embora sabe-se que em meio às ondas humanas que ocuparam as avenidas das cidades a maioria pertencia aos segmentos da classe média o que é compreensível dado o poder de mobilização desse setor, sua tradição de participação na vida social e política do Brasil.

Na verdade as lutas por melhorias na saúde, educação, transporte e segurança, em contradição com a tentativa de lavagem cerebral da grande mídia monopolista reacionária associada ao grande capital financeiro, ao mercado global com suas políticas de privatizações de conteúdo neoliberal, refletiram a exigência por mais Estado e melhor eficiência estatal.

Portanto, a agenda do Brasil das ruas é a resposta indignada contra a desregulamentação das funções estratégicas do Estado brasileiro iniciada nos anos noventa nos governos FHC, ao declínio de suas prerrogativas de promotor decisivo do desenvolvimento nacional, de suas responsabilidades estratégicas, sociais, com infraestrutura.

E se essa geração que foi à luta aos milhões, que tem sido sufocada pelo pensamento único do capital globalizado que busca destruir as causas motivadoras para se construir um Brasil melhor, se ela ainda não possui uma plataforma mais aprofundada do que almeja, sabe-se com certeza que ela abomina essa sociedade que lhes impuseram pela força implacável de um sistema global asfixiante.

Assim, o que se encontra em jogo é o combate que os setores progressistas, democráticos, patrióticos devem travar contra as forças da reação, da grande mídia, na construção de alternativas ao povo brasileiro, socialmente mais avançadas, soberanas, por um futuro mais promissor.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A mão visível do mercado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Entre os fenômenos dos tempos atuais um dos mais contundentes tem sido a capacidade do mercado dissimular ao grande público o exercício do seu poder ilimitado, multilateral especialmente nos âmbitos político, econômico, midiático, financeiro, cultural e militar, ou seja nos aspectos fundamentais na vida dos povos, em escala planetária, nos últimos trinta anos.
De buscar tornar os governos vassalos do processo da acumulação financeira em que os Estados não sejam mais senhores responsáveis pela soberania dos seus territórios e o destino das sua pátrias.

Essa hegemonia adquiriu elevado nível de sofisticação para fazer valer a frase carregada de trágicas consequências da ex-primeira-ministra da Grã- Bretanha Margaret Thatcher quando declarou que “não existia a sociedade mas o mercado que impulsiona o desenvolvimento humano”.

Na realidade esse conceito foi posto em prática e às últimas consequências provocando uma virulenta contrarrevolução no processo civilizatório da humanidade que buscava mais luzes e inspiração após a Segunda Grande Guerra Mundial.

Com base na força militar norte-americana associada à larga experiência colonialista inglesa que ressuscitou os antigos instrumentos de dominação como as divisões tribais, as disputas étnicas, os conflitos regionais entre os Países, a conquista ou ameaça aos inestimáveis patrimônios não renováveis, como a Amazônia brasileira, a captura das finanças dos Estados soberanos sob a falsa tese neoliberal que estas só podem ser eficientes dissociadas do controle estatal das nações, o capital parasitário empalmou a liberdade dos povos.

A esses mecanismos junta-se o monopólio da mídia global imprescindível ao exercício monocórdico do pensamento único expressão maior da ditadura do mercado, do capital especulativo, o combate implacável às ideias humanistas de transformação da realidade existente, absurdamente injusta.

No Brasil são cada vez mais agressivos os interesses forâneos, as ações desprezíveis do capital rentista através da pressão da grande mídia reacionária, da “fábrica de crises”, as chantagens econômicas, a subversão financeira como a “inflação do tomate” e a sua reversão mística após o aumento das taxas de juros pelo Banco Central, evidenciando que a luta por avanços políticos, sociais, econômicos, a defesa intransigente da soberania nacional tornam-se cada vez mais imprescindíveis, inadiáveis.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sociedade? Não existe isso

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

No auge da globalização do capital financeiro, durante os momentos de apogeu e êxtase das políticas neoliberais Francis Fukuyama, profeta do mercado, do Departamento de Estado norte-americano, anunciava aos quatro cantos da Terra o surgimento de uma nova época onde predominaria a paz, o crescimento econômico, a ausência de guerras, a harmonia entre os povos em um mundo desprovido de qualquer fronteira nacional.
Na verdade, o que nós assistíamos era o início de uma hegemonia multilateral econômica, política, ideológica, midiática, financeira, militar das forças do mercado, especialmente do capital especulativo internacional cuja fita simbólica mas absolutamente real foi cortada pela ex-primeira ministra da Grã Bretanha, Margaret Thatcher, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.

Com a presença desses personagens no comando dos respectivos países foi selada a união da força bruta, avançada tecnologia, mobilidade global da guarda pretoriana imperial com a larga experiência de quem já tinha exercido o maior poder colonial de todos os tempos onde literalmente “o sol nunca se punha na face da Terra”.

Um presidente que antes fora um ator de quinta categoria do cinema norte-americano e uma senhora ultra reacionária do partido Conservador britânico que desprezava o conceito de sociedade (“sociedade? Não existe isso”), iniciaram a globalização absoluta do capital financeiro, a hegemonia imperialista norte-americana.

O termo “cidadão” herança universal dos “Ecos da Marselhesa” da revolução francesa de 1789 foi substituído por “consumidor” prova de que mais que a agressão contra os direitos individuais houve o estupro da cidadania, da autodeterminação das nações.

São dezenas de milhões de vítimas dessa nova ordem mundial pelas guerras regionais, pandemias de fome, desemprego, balcanização de Países ou mesmo através da tempestade de ansiedades difusas consequência dos crimes contra a esperança dos povos através de uma mídia global íntima do capital rentista, seus interesses e ideologia.

O que o Brasil está enfrentando são exatamente essas forças e o rentismo que subtrai a economia, a mídia hegemônica reacionária mundial e local que desejam a fragmentação do sentimento comum de brasilidade. O que impõe a luta por um novo projeto de desenvolvimento nacional além da formação de uma frente patriótica, democrática, progressista em defesa do País.