sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Subjetividades mutiladas

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


O mais recente artigo do respeitado economista Luís Gonzaga Belluzzo sobre a educação é na verdade quase um manifesto contra a crise de civilização iniciada há algumas décadas que se aprofundou dramaticamente no início deste terceiro milênio.

Ao rebater a máxima que o cidadão precisa "conquistar uma boa educação para não ser um dos derrotados na atual marcha para o progresso" Belluzzo desmistifica tanto o sentido do que venha a ser a educação nos dias atuais quanto a relação inseparável entre essa educação qualificada e a conquista de um status privilegiado no mundo contemporâneo.

Tanto é verdade que nos Estados Unidos e na Europa as filas dos desempregados estão abarrotadas de "empregáveis" com curso superior, mestrado, doutorado e outros títulos.

Na Espanha, por exemplo, as estatísticas mostram que mais de 40% da força de trabalho jovem encontra-se sem emprego o que já pode ser considerada uma catástrofe para toda uma nova geração porque as pesquisas indicam que alguma recuperação econômica por lá, como em todos os Países mergulhados na crise econômica capitalista, dificilmente acontecerá antes de uma década, no mínimo.

Belluzzo afirma que seria estúpido negar a importância de uma boa formação qualificada para as pessoas e as nações mas os estudos e pesquisas internacionais sobre emprego, produtividade, distribuição de renda demonstram que a boa educação é incapaz de "responder aos problemas criados pelos choques negativos que vulneram a economia contemporânea".

Além da crise financeira global o economista revela outros fatores que estão provocando o desemprego como a desindustrialização estrutural, reestruturação das empresas impostas por feroz competição, crise fiscal e perda de eficiência do gasto público.

Mas Luís G. Belluzzo levanta outro aspecto importante nesse diagnóstico sobre a tragédia cultural que ronda o Terceiro Milênio exemplificado na "tecnificação dos indivíduos", qualificados é verdade, mas incapazes de compreender o mundo em que vivem em razão da pauperização das mentalidades, no massacre da consciência crítica das pessoas, produzindo "um exército de subjetividades mutiladas".

O economista denuncia a tentativa de castração das funções contestatórias individuais, sociais, que o sistema impõe para não sentir o que "se pensa" nem "pensar" o que se sente, produzindo um tipo de cidadão exclusivamente consumista.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Brasil e a crise global

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


A crise econômica internacional continua se aprofundando, ampliando o espectro de vítimas entre as nações, populações, trabalhadores, jovens, aposentados, levando a recessão aos quatro cantos do mundo tendo como olho do furacão os Estados Unidos e a Europa.

O Brasil apesar de não se encontrar em situação dramática também foi atingindo por esse furacão financeiro, cuja consequência mais exposta tem sido a sistemática redução do crescimento econômico do País e a decorrente diminuição do PIB nacional, o produto interno bruto, a soma das suas riquezas produzidas.

É verdade também que os males que afligem o potencial do crescimento nacional possuem outras variáveis além da crise capitalista global, encontram-se ainda no modelo adotado nos últimos anos baseado principalmente no forte incentivo ao consumo da população.

Essa política de emergência tem servido como contenção às sucessivas ondas recessivas da economia mundial mas não vai resistir por muito tempo às investidas depressivas do cenário econômico internacional porque a capacidade de consumo da população tem limites e caminha para a saturação através do endividamento dos cidadãos.

Assim torna-se urgente ao País a adoção de políticas de crescimento através de fortes investimentos em infraestrutura de caráter estratégico como rodovias, portos, ferrovias, siderurgia, novas tecnologias nas áreas de produção dos setores público e privado etc.

É fundamental um gigantesco esforço para a recuperação, renovação dos setores da saúde, educação, formação de mão de obra qualificada, prioridades em ciência e tecnologia, condições decisivas para um novo projeto nacional de desenvolvimento que possibilite ao País alcançar outro patamar entre as nações no novo milênio.

Quanto à crise mundial ela reflete entre outras coisas que o sistema financeiro internacional não pode mais manter incólumes os mecanismos de brutal especulação, concentração do capital em detrimento das esperanças e dignidade da maioria das nações e da humanidade.

Nem os Estados Unidos continuar impondo os desígnios imperiais através do seu complexo industrial militar, da emissão tresloucada do dólar para financiar ambições geopolíticas por territórios, riquezas estratégicas, intimidando a paz e os povos. O descontrole do capital global, os delírios imperiais dos EUA, são, em perspectiva, graves ameaças ao Brasil.

sábado, 18 de agosto de 2012

Grandes desafios

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Entre os mais difundidos discursos da atualidade, através da grande mídia hegemônica internacional, encontra-se sem dúvida o movimento ambientalista fundamentalista propagando aos quatros ventos o preconceito da antropofobia, verdadeira aversão às sociedades e à espécie humana.

Partindo de um tema auto-justificável e generoso essa corrente política ideológica divulga um verdadeiro pavor ao progresso humano, ao desenvolvimento econômico e social das nações, especialmente aquelas em vias de desenvolvimento como é o caso do Brasil.

Não foi por acaso que a ex-senadora Marina Silva recebeu alta homenagem durante a abertura dos jogos olímpicos de Londres. A casa real britânica e os Estados Unidos têm sido os grandes divulgadores midiáticos, ideológicos, financeiros, dessa cruzada contra os Países de crescimento histórico retardado especialmente os BRICS, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.

Imbuídos de típica atitude colonialista, EUA e Grã Bretanha consideram que não há mais espaços para o desenvolvimento econômico, aumento da qualidade de vida, usufruto das conquistas científicas, tecnológicas para a humanidade. Essas devem se restringir ao que já está consolidado entre as sociedades do primeiro mundo.

Mas as grandes dívidas ambientais do Brasil possuem origem inicial nas desigualdades sociais agudas como é o caso, por exemplo, de Maceió que viu crescer em poucas décadas mais de 300 favelas na periferia, assim como na maioria das cidades do País, onde se encontram indivíduos sobrevivendo de atividades irregulares.

Essas favelas são erguidas em áreas ambientais frágeis, no caso de Maceió principalmente em grotas e encostas típicas da geomorfologia da cidade por onde correm os rios em direção ao oceano, combinando habitações miseráveis, esgotos a céu aberto, intensa degradação ambiental onde vive a maioria da população da capital, desprovida de condições fundamentais ao gozo da cidadania.

As nossas urgências ambientais se encontram associadas às questões elementares ao direito de uma vida digna, ainda ausente para as grandes maiorias, apesar do crescimento econômico dos últimos anos.

Atravessamos a fronteira do novo milênio com os pressupostos tecnológicos de uma sociedade contemporânea mas carregando males de injustiças sociais seculares e o grande desafio será modificar essa realidade que limita o desenvolvimento, constrange a nação.

sábado, 11 de agosto de 2012

Um salto ao futuro

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


As eleições de outubro próximo guardam uma relação indissociável com o presente e futuro das cidades brasileiras, o enfrentamento das grandes questões que as envolvem desde o planejamento à superação dos abismos sociais retratados nas desigualdades dos espaços urbanos, além das responsabilidades dos poderes públicos municipais.  

Diz respeito também à construção de projetos associados ao crescimento econômico, produzindo riqueza, gerando empregos para as grandes maiorias que se encontram à margem dos benefícios que proporcionam o usufruto de uma boa qualidade de vida, direito inalienável de todos os cidadãos brasileiros, responsabilidade intransferível dos gestores públicos, especialmente aqueles eleitos pelo voto popular.

E não é possível falar em qualidade de vida dissociada de uma das principais dívidas dos estados e municípios para com as populações das cidades do País sejam elas pequenas, médias ou grandes, a dívida ambiental.

Porque um dos mais graves dos nossos problemas sociais encontra-se na degradação ambiental que atinge principalmente os bairros das periferias onde predominam chagas seculares como esgotos a céu aberto, ausência de saneamento básico, córregos e rios fétidos, lixo amontoado, resultando na proliferação de doenças contagiosas.

Além disso, sabemos que as nossas cidades apresentam uma dualidade insuportável que se expressa de um lado no tratamento urbanístico adequado aos bairros dos segmentos abastados ou de classe média mais privilegiada, e de outro lado nas condições deploráveis das regiões onde vivem os grandes contingentes da população.

A grande responsabilidade dos representantes eleitos pelo voto popular sejam eles vereadores ou prefeitos deve ser, associada a experiências exitosas de várias administrações municipais, promover nas novas circunstâncias históricas do crescimento econômico nacional, uma substancial reconfiguração qualitativa das cidades sem a qual é impossível falar em desenvolvimento verdadeiro.

As condições desse atual crescimento, mesmo afetado pela crise financeira mundial, estão a exigir um grande esforço criativo e uma radical transição dos cenários municipais que ainda retratam, no essencial, um País do século passado.

Quando o Estado nacional foi imobilizado por décadas pela estagnação econômica, pela ausência de ideias e recursos decisivos para um grande salto ao futuro.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O discurso político

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Entrevistado após convincente vitória de três sets a zero contra a forte equipe russa, Bernardinho, técnico da seleção brasileira de voleibol, afirmou ao jornalista "que não se ganha um jogo desse simplesmente com palavras bonitas, é decisivo o fundamento técnico, planejamento, a preparação psicológica dos jogadores".

O povo brasileiro tem uma identidade cultural com os esportes em geral, e muito especialmente com o futebol, uma prática esportiva coletiva associada à arte, estratégia, condições físicas etc.

As eleições deste ano para vereadores e prefeitos nos milhares de municípios do País também fazem parte de uma grande disputa onde o que se encontra em jogo são as bases fundamentais ao futuro da nação quer isso seja compreensível ou não a todos no universo dos candidatos ou na grande maioria da sociedade.

Assim o que está em jogo desde já é o avanço das condições de vida das maiorias nas pequenas, médias e grandes cidades e em perspectiva aponta para o confronto decisivo em 2014 à presidência da República, Congresso Nacional, governo dos Estados e Assembleias Legislativas.

No conjunto da obra trata-se de uma grande peleja entre desenvolvimento, inércia ou retrocesso nas esperanças progressistas do País, além das questões relativas à modernização, avanço para o exercício dos poderes Executivo e Legislativo.

Porque vão amadurecendo as condições objetivas para a transição do Discurso Político e mesmo com o crescimento econômico assimétrico entre as diversas regiões, Estados, a nação está mudando, a realidade passa a determinar outras e novas práticas políticas.

O que provoca aumento da consciência crítica da população, elevação do seu nível de expectativas em relação às suas condições de vida e dos seus representantes eleitos através do voto.

Mesmo assim pode-se dizer que o velho já caducou mas ainda não morreu e o novo se faz urgente mas ainda não se consolidou, gerando um momento de complexidade para o entendimento do cenário atual da prática política especialmente em meio às novas gerações.

Ainda vai conviver por certo tempo a equação contraditória entre "o discurso bonito" mas vazio, "sem fundamento nem planejamento", associado às iniciativas fisiológicas, clientelistas, e aquele comprometido com as novas exigências dos brasileiros que vão emergindo a patamares mais elevados ao exercício da sua plena soberania como cidadãos.