tag:blogger.com,1999:blog-6042541913882876872024-03-05T09:55:45.790-03:00Blog do Eduardo BomfimUm espaço para discutir sobre cultura, política e assuntos diversos.Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.comBlogger776125tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-49845718123142360762023-06-04T16:32:00.000-03:002023-06-04T16:32:29.953-03:00O encontro do G7 e o tributo à hipocrisia<br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYY5Gi4iATYsNtX_hZXVylKhglhL2c3Fnp9vDj-gkdgg5YQuQBsK5-WehTs5kIFWYrxNF0S5TrFU_RM933o8bTpr9DVOpqYR4bj0zT2PvRyellzlyTQuqmPjfqk4CWQDtz93iuUxeXGtJXquPPnEF5sugBHGREeXwumRzTQ98EvxOciTCJek7Z1A-s/s1024/O%20encontro%20do%20G7%20fariseus.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="754" data-original-width="1024" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYY5Gi4iATYsNtX_hZXVylKhglhL2c3Fnp9vDj-gkdgg5YQuQBsK5-WehTs5kIFWYrxNF0S5TrFU_RM933o8bTpr9DVOpqYR4bj0zT2PvRyellzlyTQuqmPjfqk4CWQDtz93iuUxeXGtJXquPPnEF5sugBHGREeXwumRzTQ98EvxOciTCJek7Z1A-s/s400/O%20encontro%20do%20G7%20fariseus.jpg"/></a></d<br />
<i>Crítica aos fariseus, pintura de James Tissot (França, Nantes, 1836 - França, Buillon, 1902)</i>
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<i>Luís Antonio Paulino, no Bonifácio</i><br /><br />
“Como se diz que a hipocrisia é o maior elogio à virtude, a arte de mentir é o mais forte reconhecimento da força da verdade”
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Embora tenha sido dita há mais de 200 anos pelo escritor inglês William Hazlitt, esta frase ilustra perfeitamente o comportamento dos Estados Unidos e seus aliados na reunião do G7, realizada no final de maio, em Hiroshima, no Japão. Ao tentar atribuir à China tudo o que eles próprios têm feito contra os outros países nas últimas décadas, os Estados Unidos reconhecem, implicitamente, todo o mal que eles próprios têm feito ao mundo apenas para atender aos interesses egoístas de suas classes dominantes. No sentido oposto, tentam atribuir a si mesmos as virtudes que, na verdade, são da China, uma ferrenha opositora das sanções econômicas e quem mais defende a paz mundial, não apenas em palavras, mas com atos.
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Ao acusar a China de usar a coerção econômica contra outros países e dizer que defendem a paz, a estabilidade e a prosperidade global, os Estados Unidos invertem os fatos, pois são eles, na verdade, que vêm utilizando há décadas as sanções econômicas como armas de guerra contra outros países e feito das guerras que promovem em todo o mundo seu principal negócio. Desde a declaração de independência americana em 1776, em mais de 240 anos de história, os Estados Unidos nunca estiveram 20 anos sem participar em uma guerra. Segundo estatísticas incompletas, no final da Segunda Guerra Mundial entre 1945 e 2001, ocorreram 248 conflitos armados em 153 regiões do mundo, dos quais 201 foram iniciados pelos Estados Unidos, representando aproximadamente 81%. George F. Kenan, o diplomata norte-americano que foi o principal ideólogo da Guerra Fria escreveu no prefácio do livro “The Pathology of Power”, de Norman Cousins, em 1987, que “Se a União Soviética afundasse amanhã sob as águas do oceano, o complexo militar-industrial americano teria que permanecer, substancialmente inalterado, até que algum outro adversário pudesse ser inventado. Qualquer outra coisa seria um choque inaceitável para a economia americana”.
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Quanto às sanções econômicas como arma de guerra, é importante lembrar que seu uso, em sua forma moderna, começou nas três décadas posteriores à Primeira Guerra Mundial, quando as forças aliadas lideradas pela Inglaterra e pela França lançaram uma guerra econômica sem precedentes contra a Alemanha, a Áustria-Hungria e o Império Otomano. Mais recentemente, as sanções econômicas têm sido utilizadas largamente pelos Estados Unidos como meio para forçar a mudança de regime contra qualquer país que não se submeta à sua vontade, como é o caso de Cuba, Venezuela, Irã e Coréia do Norte, entre outros. Só na guerra da Ucrânia, os Estados Unidos e seus aliados lançaram mão de 3000 sanções unilaterais contra a Rússia e, na própria reunião do G7, no Japão, o presidente Biden prometeu revelar uma nova rodada de restrições dos EUA ao comércio com a Rússia. A estratégia de “reduzir o risco” e “desacoplar” que os Estados Unidos estão utilizando para isolar a China das cadeias globais de suprimento é totalmente baseada no uso de sanções econômicas. E nesse caso os Estados Unidos não estão apenas proibindo que suas próprias empresas exportem certos tipos de microprocessadores para a China, como também forçando que outros países que sequer utilizam insumos produzidos nos Estados Unidos, como o caso da ASML, da Holanda, exportem seus produtos para a China. Esta empresa foi proibida pelos Estados Unidos de exportar a máquina de litografia extrema Twinscan NXE utilizada para produzir microchips com precisão de cinco nanômetros e está fazendo o mesmo com a Coréia do Sul e Japão, dentre outros, no caso de chips mais avançados.
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Os outros países do G7, mesmo cientes de que a estratégica americana contra a China apenas atende aos interesses dos Estados Unidos e é prejudicial aos interesses dos demais, pois dependem de suas exportações para a China para manter o dinamismo de suas economias, submetem-se de forma humilhante à vontade americana. Basta lembrar que os principais parceiros comerciais da China, além dos Estados Unidos, são Coreia do Sul, Japão, Austrália e Alemanha. A verdade é que, ao lado da OTAN, o G7 se transformou no capacho onde os Estados Unidos limpam os pés. A reunião do G7 deixou patente que esse grupo de economias ricas, que deveria se preocupar com os graves problemas econômicos que o mundo enfrenta agora, decorrentes, em grande medida, da política protecionista dos Estados Unidos e da guerra comercial e tecnológica que este país trava contra a China, limita-se a servir de capacho para legitimar os interesses egoístas dos Estados Unidos no mundo.
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A declaração assinada pelo grupo, ao final do encontro, fazendo ameaças à China, mostra o quanto os líderes das economias mais ricas do planeta, ao invés de defenderem os interesses de seus próprios países, preferem submeter-se ao papel de força auxiliar dos Estados Unidos em sua luta desesperada para se manter como potência hegemônica global. A guerra na Ucrânia é um exemplo vívido de como os norte-americanos agem sempre em seu próprio interesse sem se preocupar com as consequências negativas para os demais países. Desde o final da Segunda Guerra, os Estados Unidos praticam uma espécie de keynesianismo militar, em que o complexo industrial-militar norte-americano é a principal força propulsora de sua economia. Para eles, é da maior importância que sempre haja alguma guerra em algum lugar do mundo na qual possam estar envolvidos, pois é a única forma desse complexo industrial-militar continuar tendo lucros, pouco importando se centenas de milhares de soldados estão sendo sacrificados e se as populações dos países diretamente ou indiretamente envolvidos no conflito enfrentem dificuldades até para se alimentar.
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O fato de diversos países da Europa terem estabelecido controle de preços sobre os gêneros de primeira necessidade, que já não estão acessíveis a grande parte da população de seus respectivos países, é uma prova concreta de como a Guerra na Ucrânia está sendo prejudicial para sua própria população e que seria do interesse de todos apoiar a proposta de 12 pontos feita pela China para acabar com a guerra. Mas como os Estados Unidos não querem o fim da guerra, pois ela é importante para a manutenção do complexo industrial-americano, seus aliados do G7 abaixam a cabeça e aplaudem a atitude belicista dos Estados Unidos. O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que hospedou o encontro do G7 em Hiroshima, cidade que os Estados Unidos arrasaram com uma bomba atômica ao final da Segunda Guerra Mundial, fez questão de convidar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para o encontro.
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Apesar de todo o discurso pela paz, Zelensky levou de Hiroshima um pacote de ajuda de US$ 374 bilhões e a promessa dos Estados Unidos de que terá os caças F16 que pediu aos aliados, garantindo assim que a guerra que já matou mais de 200 mil soldados dos dois lados em conflito se prolongue indefinidamente, pois isso é do interesse dos Estados Unidos. A verdade é que se Biden não tivesse sido eleito presidente dos Estados Unidos não existiria a Guerra na Ucrânia, pois ele esteve diretamente envolvido, antes como vice-presidente, na administração Obama, e agora como presidente, com a ideia de empurrar os limites da OTAN até as fronteiras da Rússia e cercá-la militarmente. Isso é a maior prova de que essa guerra é uma invenção americana apesar de toda a conversa de que se tratou de ataque não provocado da Rússia à Ucrânia, inclusive porque antes que a guerra começasse e logo no seu início houve mais de uma ocasião para se chegar a um acordo de paz, mas os Estados Unidos boicotaram todas as iniciativas.
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Como afirmou o professor Rodrigue Tremblay, em artigo recente, “o governo israelense e o governo da Turquia tentaram mediar a paz entre a Rússia e a Ucrânia, mas sem sucesso. Primeiro, nos dias iniciais do conflito, no começo de março de 2022, o então primeiro-ministro israelense Naftali Bennett tentou mediar um fim rápido para o confronto Rússia-Ucrânia. Ele esteve muito perto de ter sucesso quando o presidente russo, Vladimir Putin, desistiu de sua exigência de buscar o desarmamento da Ucrânia e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu não ingressar na OTAN. Um acordo de paz bilateral estava pronto para ser assinado em abril de 2022. Em segundo lugar, em março de 2022, o governo turco também tentou aproximar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Após negociações bem-sucedidas realizadas em Istambul, entre autoridades de ambos os países, os dois lados concordaram com a estrutura para um acordo provisório. Considerando que tanto a Rússia quanto a Ucrânia estavam dispostas a fazer concessões e com os acordos de paz próximos, por que as tentativas de mediação israelense e turca falharam? O ex-primeiro-ministro israelense Bennett deu uma resposta: o governo Biden encarregou o então primeiro-ministro britânico Boris Johnson de ir a Kiev e sabotar qualquer acordo de paz. Algumas potências ocidentais viram como vantajoso que a guerra na Ucrânia continuasse”.
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Não contentes com tudo isso, os Estados Unidos preparam uma nova guerra, tentando replicar a crise da Ucrânia na região da Ásia Pacífico, aproveitando-se das crescentes tensões no estreito de Taiwan, que os norte-americanos e seus aliados do G7 procuram intensificar de todas as maneiras, principalmente estimulando as forças separatistas da ilha. O fato é que a estratégia dos Estados Unidos atualmente é criar confrontos e estimular a divisão em todo o mundo e para isso contam com a omissão e a conivência dos demais países do G7, que mesmo sabendo que isso vai contra seu próprio interesse se submetem docilmente às pressões americanas. Mas o resultado dessa estratégia de estimular a divisão está sendo o crescente isolamento dos Estados Unidos e dos demais países do G7, haja vista que como reconheceu Josep Borrell, principal diplomata da UE, em entrevista ao jornal inglês Financial Times, a maioria dos países fora da Europa se recusa a fornecer apoio militar à Ucrânia ou aderir às sanções ocidentais contra Moscou. Como reconheceu o diplomata: “América Latina, África, Indo Pacífico: as três grandes regiões do mundo. Não podemos dar como certo que eles estão do nosso lado”.Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-81819458993438722902023-03-02T23:28:00.000-03:002023-03-02T23:28:24.338-03:00Um ano depois<br />
<i>Por José Luís Fiori</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA2xpD4wWxGnu3WHGVRBryNdu9w5XSg-KybyaJ8XQVe_3LJVgsin45OAAAs5a0EUHxk1kRijtvMni0dwGzcxeTHu49Vqg2R7V0Uah0JYpUAYt51SIVehxaXKVDK-0RKQvqMIO3uHwCwAKep72P9Y7DpcwgTX4I5k0DgwFU1rvb4udCQ57aRlLpKmuy/s469/Jose%20Luis%20Fiori.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="336" data-original-width="469" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA2xpD4wWxGnu3WHGVRBryNdu9w5XSg-KybyaJ8XQVe_3LJVgsin45OAAAs5a0EUHxk1kRijtvMni0dwGzcxeTHu49Vqg2R7V0Uah0JYpUAYt51SIVehxaXKVDK-0RKQvqMIO3uHwCwAKep72P9Y7DpcwgTX4I5k0DgwFU1rvb4udCQ57aRlLpKmuy/s400/Jose%20Luis%20Fiori.png"/></a></div>
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<i>EUA dobram sua aposta, mas a Rússia já ganhou o que queria</i>
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<i>“When the US drove five waves of NATO expansion eastward all the way to Russia’s doorstep…, did it ever think about the consequences of pushing a big country to the wall?”</i> (Hua Chunying, Chinese Foreign Ministry spokeswoman).
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No dia 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu o território da Ucrânia e infringiu uma norma básica do Direito Internacional consagrado pelos Acordos de Paz do pós-Segunda Guerra Mundial, que condenam toda e qualquer violação da soberania nacional feita sem a aprovação ou consentimento do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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Exatamente da mesma forma como a Inglaterra e a França violaram esse direito, quando invadiram o território do Egito e ocuparam o Canal de Suez, em 1956, sem o consentimento do Conselho de Segurança, violação que ocorreu também quando a União Soviética invadiu a Hungria, em 1956, e a Tchecoslováquia, em 1968. Da mesma forma, os Estados Unidos invadiram Santo Domingo, em 1965, e de novo, invadiram e bombardearam os territórios do Vietnã e do Camboja durante toda a década de 60; o mesmo voltou a ocorrer quando a China invadiu uma vez mais o território do Vietnã, em 1979, apenas para relembrar alguns casos mais conhecidos de invasões ocorridas sem o consentimento do Conselho de Segurança da ONU.
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Em todos esses casos, as potências invasoras alegaram “justa causa”, ou seja, a existência de ameaças à sua “segurança nacional” que justificavam seus “ataques preventivos”. E em todos esses casos, os países invadidos contestaram a existência dessas ameaças, sem que sua posição jamais tenha sido tomada em conta.
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Ou seja, na prática, sempre existiu uma espécie de “direito internacional paralelo”, depois da Segunda Guerra – e poderia se dizer mais – durante toda história do sistema internacional consagrado pela assinatura da Paz de Westfália, em 1648: as “grandes potências” desse sistema sempre tiveram o “direito exclusivo” de invadir o território de outros países soberanos, tomando em conta apenas seu próprio juízo e arbítrio, e sua capacidade militar de impor sua opinião e vontade aos países mais fracos do sistema internacional.
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O que passou, entretanto, é que depois do fim da Guerra Fria, esse “direito à invasão” transformou-se num monopólio quase exclusivo dos Estados Unidos e da Inglaterra. Basta dizer que, nos últimos 30 anos, os Estados Unidos (quase sempre com o apoio da Inglaterra) invadiram sucessivamente, e sem o consentimento do Conselho de Segurança da ONU: o território da Somália, em 1993 (300 mil mortos); do Afeganistão, em 2001 (180 mil mortos); do Iraque, em 2003 (300 mil mortos), da Líbia, em 2011 (40 mil mortos); da Síria, em 2015 (600 mil mortos); e finalmente, do Iêmen, onde já morreram aproximadamente 240 mil pessoas.
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O que surpreende em todos estes casos é que, com exceção da invasão anglo-americana do Iraque, em 2003, que provocou uma reação mundial e teve a oposição da Alemanha, as demais invasões iniciadas pelos Estados Unidos nunca provocaram uma reação tão violenta e coesa das elites euro-americanas, como a recente invasão russa do território da Ucrânia. E tudo indica que é exatamente porque nesta nova guerra, a Rússia está reivindicando o seu próprio “direito de invadir” outros territórios, sempre e quando considere existir uma ameaça à sua soberania nacional.
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É óbvio que as coisas não são feitas de forma nua e crua, e é neste ponto que adquire grande importância a chamada “batalha das narrativas”, segundo a qual se tenta convencer a opinião pública mundial de que seus argumentos são mais válidos do que os de seus adversários. E neste campo a Rússia vem obtendo uma vitória lenta, mas progressiva, na medida em que vão sendo divulgadas informações fornecidas por seus próprios adversários, que caracterizam a existência de um comportamento de cerco e assédio militar e econômico à Rússia, que começou muito antes do dia 24 de fevereiro de 2022, com o objetivo de ameaçar e enfraquecer sua posição geopolítica e, no limite, fragmentar o próprio território russo.
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No dia 8 de fevereiro de 2023, o famoso jornalista norte-americano Seymour Hersh, ganhador do prêmio Pulitzer de Reportagem Internacional de 1970, trouxe a público, através de um artigo publicado no portal Substack, (How America Took Out The Nord Stream Pipeline), a informação de que foram mergulhadores da Marinha norte-americana que instalaram os explosivos que destruíram os gasodutos Nord Stream 1 e 2, no Mar Báltico, no dia 26 de setembro de 2022, com autorização direta do presidente Joe Biden. Uma operação feita sob a cobertura dos exercícios BOLTOPS 22 da OTAN, realizados três meses antes, no Báltico, quando se instalaram os dispositivos que foram ativados remotamente por operadores noruegueses. E depois desta revelação inicial de Seymour Hersh, novas informações vêm sendo agregadas a cada dia, reforçando a tese de que o atentado foi planejado e executado pela Marinha Americana, e que a destruição dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 do Báltico foi de fato, uma das causas “ocultas” da própria ofensiva americana na Ucrânia.[1]
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Na mesma direção, algumas semanas antes dessas revelações do jornalista americano, a ex-primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, declarou em entrevista concedida ao jornal alemão Die Zeit, no início do mês de dezembro, que os Acordos de Minsk estabelecidos entre Alemanha, França, Rússia e Ucrânia, em 13 de fevereiro de 2015, não eram para valer, e que só foram assinados pelos alemães para dar tempo à Ucrânia de se preparar para um enfrentamento militar com a Rússia. O mesmo declarou o ex-presidente da França François Hollande, ao admitir numa entrevista para um meio de comunicação ucraniano, duas semanas depois, que os Acordos de Minsk tinham como objetivo apenas ganhar tempo enquanto as potências ocidentais reforçassem Kiev militarmente para fazer frente à Rússia.
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Os dois governantes mais importantes da União Europeia reconheceram abertamente que assinaram um tratado internacional sem intenção de cumpri-lo; e que além disso, a estratégia dos dois (junto com EUA e Inglaterra) era preparar a Ucrânia para um enfrentamento militar direto com a Rússia. Declarações inteiramente coerentes com o comportamento dos Estados Unidos, que boicotaram as negociações de paz entre russos e ucranianos, realizadas na fronteira da Bielorrússia, em 28 de fevereiro de 2022, cinco dias depois de iniciada a operação militar russa no território ucraniano. E da Inglaterra que boicotou diretamente a negociação de paz iniciada em Istambul, no dia 29 de março de 2022, e que foi interrompida pela intervenção pessoal do primeiro-ministro inglês, realizada numa visita-surpresa de Boris Johnson a Kiev feita no dia 9 de abril de 2022.
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São declarações e comportamentos que só reforçam a “narrativa” dos russos de que o conflito da Ucrânia começou muito antes da “invasão russa” do território ucraniano. Mais precisamente, quando o governo americano do democrata Bill Clinton se desfez da promessa feita por James Baker, secretário de Estado do governo George Bush, ao presidente russo Mikhail Gorbatchov, de que as forças da OTAN não avançariam na direção da Europa do Leste depois de desfeito o Pacto de Varsóvia. Porque foi exatamente a partir daquele momento que se sucederam as cinco ondas expansivas da OTAN de que fala Hua Chunying (diplomata chinesa citada na epígrafe deste artigo), e que chegaram até as fronteiras russas da Geórgia e da Ucrânia.
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Em 2006, o presidente George W. Bush avançou ainda mais e propôs diretamente a inclusão da Georgia e da Ucrânia na OTAN, provocando a resposta do presidente Vladimir Putin na reunião anual da Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro de 2007, quando Putin advertiu explicitamente que era inaceitável para os russos o avanço da OTAN até suas fronteiras, em particular na região da Ucrânia e do Cáucaso. E de fato, no ano seguinte, em agosto de 2008, pela primeira vez depois do fim da URSS, a Rússia mobilizou suas tropas para derrotar as forças georgianas comandadas por Mikheil Saakashvilli e ocupar em seguida e de forma permanente os territórios da Ossétia do Sul e da Abecásia, no norte do Cáucaso. Depois disto, começou o conflito na Ucrânia, com a derrubada de seu presidente eleito, Viktor Yanukovych, pelo chamado Movimento EuroMaidan, que contou com o apoio direto dos Estados Unidos e de vários governos europeus.
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O restante da história é bem conhecido, desde a incorporação da Crimeia ao território russo, até o reconhecimento russo da independência das repúblicas de Donestsk e Lugansk, passando pelos fracassados Acordos de Minsk e pela proposta apresentada pelo governo russo às autoridades da OTAN e do governo americano, em 15 de dezembro de 2021, solicitando uma rediscussão aberta e diplomática da questão de Donbass e de todo o equilíbrio estratégico e militar da Europa Central. Proposta que foi rejeitada ou desconhecida pelos norte-americanos, e pelos principais governos da União Europeia, dando início ao conflito militar propriamente dito, já no território da Ucrânia.
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Um ano depois do início da invasão russa, a guerra hoje já é direta e explicitamente entre a Rússia e os Estados Unidos e seus aliados europeus, e tudo indica que os Estados Unidos decidiram aumentar ainda mais seu envolvimento no conflito. Mas neste momento, do ponto de vista estritamente militar: (i) Os russos já consolidaram uma linha de frente consistente e cada vez mais intransponível para as tropas ucranianas, e com isto conquistaram o território e a independência definitiva de Donbass e Crimeia, zonas ucranianas de população majoritariamente russa. (ii) Desde essa conquista consolidada, os russos passaram a ocupar uma posição privilegiada de onde atacar ou responder aos ataques das forças ucranianas com suas novas armas americanas e europeias, podendo atingir as regiões mais ocidentais da Ucrânia, incluindo Odessa e Kiev.
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(iii) Além disso, as forças ucranianas não têm mais a menor possibilidade de manter- se em pé sem a ajuda permanente e massiva dos EUA e da OTAN. E as forças americanas e da OTAN se encontram cada vez mais frente à disjuntiva de um enfrentamento direto com os russos, que poderia ser catastrófica para toda a Europa. (iv) Por último, mesmo que a guerra não escale até uma dimensão europeia ou global, as Forças Armadas russas sairão desse confronto mais poderosas do que entraram, com o desenvolvimento e aprimoramento de armamentos que lhe entregam de forma definitiva a supremacia militar dentro da Europa, na ausência dos Estados Unidos.
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Assim mesmo, do ponto de vista estratégico e de longo prazo, a vitória mais importante da Rússia, até agora, foi colocar os Estados Unidos e a Inglaterra numa verdadeira “sinuca de bico”. Se as duas potências anglo-saxônicas prolongam a guerra, como querem fazer, cada dia que passa a Rússia estará dando mais um passo na conquista do seu próprio “direito à invasão”.
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Mas ao mesmo tempo, se os Estados Unidos e a Inglaterra aceitarem negociar a paz, estarão reconhecendo implicitamente que já perderam um “monopólio” que foi fundamental para a conquista e manutenção do seu poder global, nos últimos 200 anos: o seu direito – como grandes potências – de invadir o território dos países que considerem seus adversários. Direito este que já foi reconquistado pela Rússia, depois de um ano de guerra na Ucrânia, pela força de suas armas. E esta é a verdadeira disputa que está sendo travada entre as grandes potências, na sua competição pelo “poder global”, como sempre, de costas para todo e qualquer juízo ético e crítica da própria guerra, e do seu imenso desastre humano, social, econômico e ecológico.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-91734807523631719082023-02-01T14:03:00.001-03:002023-02-01T14:07:20.979-03:00Neofascismo e o Brasil<br />
<i>Por Eduardo Bomfim</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk_oWFcY8JPhMhhadSe2z3bYx94m8vnC_O9X57XGOYwR2nemHdrBUCb5bAvLzZcZJo_Az8qiC0sCL4WN_sZV-KkpH5r_pvuFntBK_k3B7jBGt_cPlAFWGSaQvXR6FnyTQRDtDf6ncvGAGsG9jX0VtciPgKO8tEZt-_AAxgVkOoGNAlm2cbCa9ZMi5C/s1024/Nazifascismo.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="665" data-original-width="1024" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk_oWFcY8JPhMhhadSe2z3bYx94m8vnC_O9X57XGOYwR2nemHdrBUCb5bAvLzZcZJo_Az8qiC0sCL4WN_sZV-KkpH5r_pvuFntBK_k3B7jBGt_cPlAFWGSaQvXR6FnyTQRDtDf6ncvGAGsG9jX0VtciPgKO8tEZt-_AAxgVkOoGNAlm2cbCa9ZMi5C/s400/Nazifascismo.png"/></a></d<br />
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As ideias extremistas, de tipo neonazista, sempre apareceram ao longo da História, especialmente no século XX, quando eclodiram, simultaneamente, cataclismos econômicos, sociais e geopolíticos.<br /><br />
Já se disse que o fascismo, ou o nazismo, é a expressão mais elevada e agressiva do grande capital financeiro globalizado, frente à necessidade de continuar a impor aos povos as sua estratosféricas taxas de acumulação rentista, mesmo que isso leve ao empobrecimento acelerado e desesperador da população mundial.<br /><br />
Mas, enganam-se aqueles que pensam que o fascismo-nazismo é um fenômeno de “massas” que engloba, apenas, uma determinada parcela das elites econômicas de um País.<br /><br />
Os promotores, sim, mas com certeza as massas manobráveis pelos seus gritos de guerra odientos, surgem das camadas populares, e extratos da classe média, tendencialmente, em decadência. Ou até mesmo pelo sentimento de uma sensação difusa de ameaça, de segmentos da alta classe média.<br /><br />
Em meio a esse caldeirão extremamente tóxico, a vanguarda de militantes mais aguerridos nazifascistas, surgem de setores analfabetos, desordeiros, criminosos reais ou em potencial, delinquentes em geral. Típico do fascismo.<br /><br />
Quando o teórico nipo-americano Francis Fukuyama, publicou O fim da História, após a consolidação de um mundo unipolar, sob a hegemonia absoluta dos Estados Unidos do Presidente Reagan e da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher, a dama de ferro, ele profetizou um mundo de paz, harmonia, e crescimento eternos.<br /><br />
Mas o que se deduz, de lá para cá, é que, em verdade, se anunciavam os primeiros ensaios das sociedades atuais, desestruturadas, os trabalhadores indefesos diante da precarização de suas organizações sindicais, estudantis, e outras afins. Fukuyama profetizou, às avessas do que pretendia afirmar, os primeiros passos do ovo da serpente nazifascista, que cresce exponencialmente nos dias atuais.<br /><br />
Com a nova ordem multipolar consolidada, pipocam as guerras regionais ou por procuração. O conflito na devastada Ucrânia, promovido pelos EUA, OTAN, as constantes Revoluções Coloridas mundo afora, o crescimento das indústrias armamentistas, as corporações midiáticas globais de uma nota só, os golpes de Estado que surgem, aparentemente, brotando do chão, são exemplos de feroz luta contra a nova ordem multipolar.<br /><br />
Noventa anos após a ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, ressurge no mundo, e no Brasil, o neonazismo, nesse caldo de cultura social extremamente desorientado, perigosamente tóxico, com as teorias negacionistas, as versões conspiratórias sobre tudo e qualquer coisa, as Fake News, a ideia do supremacismo branco racista, até no Brasil, que é uma nação fundamentalmente mestiça.<br /><br />
No Brasil, antes mesmo de Bolsonaro, quando ficou mais evidente o fenômeno, as mudanças em curso, impostas pelo capitalismo neoliberal deixaram em sua esteira, dezenas de milhões de pessoas desempregadas ou em insegurança alimentar aguda.<br /><br />
O termo liberdade, foi reduzido ao conceito de liberdade absoluta do Mercado. Assim, a democracia reguladora das relações jurídicas, sociais e políticas, passou a ser considerado como um obstáculo ao próprio capitalismo e às iniciativas empreendedoras do indivíduo. Ou seja, a liberdade, a democracia, seriam um empecilho ao capitalismo. Daí a ampla difusão da visão totalitária, do golpismo.<br /><br />
Além disso, as gigantes controladoras digitais se aproveitam desse cenário em crise, visto que a polarização política e ideológica lhes são extremamente lucrativas no crescimento dos seus algoritimos.<br /><br />
A luta principal da atualidade contra o nazifascismo não pode se restringir à polarização entre o conservadorismo que nega o progresso, as posturas reacionárias versus as agendas identitárias da “nova esquerda”.<br /><br />
Porque essas não respondem às demandas desesperadas de centenas de milhões de pessoas e, assim, não irão impedir o avanço do fascismo que, demagogicamente, vem acenando com falsas soluções para os seus dramas imediatos e gritantes.<br /><br />
É preciso denunciar as mazelas do capital financeiro e rentista, as políticas belicistas do Império e aliados, ajudar aos amplos setores sociais vítimas de brutal penúria e exploração, propugnar pela organização, sob novas bases, modernas, dos grandes extratos sociais, acenar com as bandeiras da solidariedade, coletiva e individual, o espírito do humanismo contra o veneno do ódio que se espalha como rastilho de pólvora. E nesse mundo conflagrado, propor a união pela soberania nacional.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-64501156843244620602022-09-28T17:11:00.001-03:002022-09-28T17:39:50.635-03:00O louvor vem do povo<br />
<i>Por Eduardo Bomfim</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhgfAzTW206UBUKxpujGMyaQGr0QmM-zGcCJEI8lLX8FnZCiOU7NOWqXEYSF77ZZIN7yDV6Z_3uAtlpj51mlrFKifkhkh2iZMLhAA435DmjiSUAoaIhe0YtZplKC3yHRdfc1ezK9L9h4qwNsCyfFLAHEoxkO5BI4EBrWMoSNz9fVNdvfEYcjrxxu9s/s960/O%20louvor%20vem%20do%20povo.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="640" data-original-width="960" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhgfAzTW206UBUKxpujGMyaQGr0QmM-zGcCJEI8lLX8FnZCiOU7NOWqXEYSF77ZZIN7yDV6Z_3uAtlpj51mlrFKifkhkh2iZMLhAA435DmjiSUAoaIhe0YtZplKC3yHRdfc1ezK9L9h4qwNsCyfFLAHEoxkO5BI4EBrWMoSNz9fVNdvfEYcjrxxu9s/s400/O%20louvor%20vem%20do%20povo.jpg"/></a></div>
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Desde 2013, o Brasil vem sendo assolado por intensas ações provocadas por uma Guerra Híbrida, fomentada por interesses externos. Naquele ano, multidões foram às ruas sem qualquer vinculação com plataformas concretas, impulsionadas pelas redes sociais e a grande mídia hegemônica. Os passos seguintes foram o “não vai ter Copa do Mundo”, a derrubada da presidente Dilma, o auge da operação Lava Jato, a prisão do ex-presidente Lula, culminando com a meteórica eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República, e a “normalização” cotidiana de tempestades de ódios difusos.<br /><br />
É o mesmo modus operandi das “revoluções coloridas” que sacudiram os Países árabes, e outros lugares do mundo, exaustivamente denunciadas, em documentos secretos, por figuras como Edward Snowden ex-agente da CIA e Julian Assange, preso no Reino Unido e sob deportação para os Estados Unidos.<br /><br />
De lá para cá, os problemas nacionais, os abismos sociais profundos, os interesses do País e os caminhos para o nosso desenvolvimento, as privatizações, foram propositalmente relegados “aos quintos dos infernos” e “magicamente” substituídos por questões globalistas, cujos centros de elaboração residem nos Estados Unidos, Europa Ocidental, como no Reino Unido, Noruega e a França, por exemplo.<br /><br />
No plano político, adotou-se como referência central as agendas dos partidos Republicano e Democrata norte-americanos, a profunda desagregação em que se vê mergulhada a grande nação americana.<br /><br />
Ponderáveis setores de esquerda passaram a adotar, como “carma”, o alfa e o ômega de tudo e qualquer coisa, as chamadas agendas identitárias, e vão abraçando, a passos largos, a “internacionalização” da Amazônia brasileira.<br /><br />
Outros segmentos conservadores, abraçam as pautas reacionárias, retrógradas, que alcançaram proeminência com a eleição do presidente Donald Trump, incluindo o terraplanismo, o negacionismo científico, o entreguismo dos nossos patrimônios, além da paranoia anticomunista, requentada da época da Guerra Fria.<br /><br />
Assim é que chegamos nas eleições de 2022, onde grandes segmentos dos setores mais escolarizados e esclarecidos da sociedade encontram-se “contaminados” por essa “Guerra Híbrida”, dessa “revolução colorida” deflagrada, especialmente a partir de 2013.<br /><br />
Não é por acaso que todos, todos mesmo, institutos de pesquisa demonstram que as grandes maiorias sociais, que ficaram à margem da “revolução colorida” votam maciçamente em Lula, e garantem a sua vitória eleitoral no próximo 2 de outubro, se efetivamente elas tiverem a condição de irem às urnas em todo o Brasil. São os que possuem renda de até um salário mínimo, de um a dois, ou mesmo de dois a cinco salários mínimos.<br /><br />
Essa é a verdadeira e decisiva batalha que se aproxima: a lembrança do Povo dos dois governos do ex-presidente Lula, porque eles sabem o que sentem no estômago e na carne.<br /><br />
Quanto à Guerra Híbrida e as “revoluções coloridas”, elas vão continuar mesmo sob a provável vitória de Lula. Será a guerra pela sobrevivência do Brasil como nação soberana, desenvolvida e socialmente mais justa. Como afirmou Jorge Amado: O louvor vem do povo, a infâmia vem da “inteligentzia”.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-29781184829887303922022-05-26T13:49:00.000-03:002022-05-26T13:49:32.257-03:00Tim Anderson: A história fascista da OTAN<br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_1llbcwbDBOKGhLwk1X7T54fBC22uguvfDZhMHTlBrJB0pi7F1_-3iQFy1nayqFvuBpH6XnbgFf-XhOW-NH_1gOTHWHZO7aIF7DmhrchHS5ZKlK6J4jq2XsiT8xE-YfBrT7wsgNsgEFZEXfwRGMFISLDYvAX-n0M6CESC2fl19AjFOisN5-I9o9h2/s2560/Otan.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="1584" data-original-width="2560" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_1llbcwbDBOKGhLwk1X7T54fBC22uguvfDZhMHTlBrJB0pi7F1_-3iQFy1nayqFvuBpH6XnbgFf-XhOW-NH_1gOTHWHZO7aIF7DmhrchHS5ZKlK6J4jq2XsiT8xE-YfBrT7wsgNsgEFZEXfwRGMFISLDYvAX-n0M6CESC2fl19AjFOisN5-I9o9h2/s400/Otan.jpg"/></a></div>
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<i>Por Tim Anderson</i><br /><br />
Nos últimos anos, a OTAN – essencialmente os Estados Unidos e a Europa Ocidental – desnudou suas raízes fascistas por meio de múltiplas intervenções em quatro continentes. Estados da OTAN apoiaram golpes fascistas na Venezuela, Honduras e Bolívia, impuseram bloqueios a dezenas de nações, fomentaram o terrorismo sectário Al-Qaeda/Daesh/Boko Haram para desestabilizar a Líbia, Iraque, Síria e Nigéria, e agora estão armando neonazistas abertos na Ucrânia .
<br /><br />
Tudo isso parece contradizer a tão elogiada auto-imagem dos estados da OTAN: como modelos de liberalismo e valores democráticos, até mesmo dando palestras a outros países sobre o assunto. Eles afirmam ter lutado contra o fascismo e o comunismo. No entanto, foram o imperialismo e o colonialismo europeu e norte-americano que lançaram as bases para o fascismo no século XX.
<br /><br />
Desde a Segunda Guerra Mundial – um conflito maciço que custou mais de 70 milhões de vidas – tanto Washington quanto os europeus ocidentais fizeram um grande esforço para esconder as contribuições e sacrifícios tanto da União Soviética (principalmente Rússia) quanto da China, nações que perderam mais vidas. na Segunda Guerra Mundial do que qualquer outro.
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De fato, em 2019, o Parlamento Europeu culpou a URSS de Joseph Stalin e a Alemanha nazista de Adolf Hitler por serem co-responsáveis pela Segunda Guerra Mundial. Essa resolução afirmava que “a Segunda Guerra Mundial… foi iniciada como resultado imediato do notório Tratado de Não Agressão Nazi-Soviética de 23 de agosto de 1939”.
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Se não inteiramente cínico, isso foi uma auto-ilusão extraordinária, e o culminar de uma longa campanha na qual os líderes socialistas Stalin e Mao Zedong foram apresentados, por décadas, como equivalentes morais do fascista da Europa Ocidental Adolf Hitler.
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Esse engano se baseava em falsas alegações de que Stalin e Mao haviam instigado fomes que mataram muitos milhões de pessoas. De fato, as fomes na Ucrânia e na China foram as últimas de um longo ciclo de fome na era pré-socialista. O historiador americano Grover Furr desmascarou o mito de que a fome do “Holodomor” ucraniano foi um ato deliberado de Stalin.
<br /><br />
Da mesma forma, a alegação de que a Segunda Guerra Mundial foi o “resultado imediato” do “pacto de não agressão” soviético-alemão é uma falsidade total. Houve vários acordos europeus semelhantes com a Alemanha nazista antes disso, e vários foram mais substanciais.
<br /><br />
O acordo naval anglo-alemão de 1935, por exemplo, ajudou a Alemanha a reconstruir sua frota, enquanto Grã-Bretanha, França e Itália concederam a Berlim a reivindicação em nome da Tchecoslováquia, no Pacto de Munique de 1938. Além disso, houve as colaborações fascistas ativas entre Alemanha, Espanha e Itália, incluindo o Pacto de Aço ítalo-alemão.
<br /><br />
Grande parte da colaboração fascista da Europa se uniu sob o Pacto Anticomunista criado pela Alemanha nazista e pelo Japão em 1936 para se opor aos estados comunistas. Este pacto mais tarde atraiu o apoio da Itália, Hungria, Espanha e – durante a guerra – Bulgária, Croácia, Dinamarca, Finlândia, Romênia e Eslováquia. O fascismo se espalhou pela Europa nas décadas de 1930 e 1940. Os principais acordos europeus com a Alemanha nazista estão listados na Tabela 1.
<br /><br />
Tabela 1: Principais acordos europeus com a Alemanha nazista
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1933, 20 de julho<br />
Concordata com o Vaticano<br />
Reconhecimento mútuo e não interferência<br />
https://www.concordatwatch.eu/reichskonkordat-1933-full-text–k1211
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1933, 25 de agosto<br />
Acordo Haavara com sionistas judeus alemães<br />
Acordo para transferir capital e pessoas para a Palestina<br />
https://www.jewishvirtuallibrary.org/haavara
<br /><br />
1934, 26 de janeiro<br />
Pacto de Não Agressão Alemão-Polonês<br />
Para garantir que a Polônia não assinasse uma aliança militar com a França. https://avalon.law.yale.edu/wwii/blbk01.asp
<br /><br />
1935, 18 de junho<br />
Acordo naval anglo-alemão<br />
A Grã-Bretanha concorda em deixar a Alemanha expandir sua marinha para 35% do tamanho da Grã-Bretanha. https://carolynyeager.net/anglo-german-naval-agreement-june-18-1935
<br /><br />
1936, julho<br />
Alemanha nazista ajuda os fascistas na Espanha<br />
Hitler envia unidades aéreas e blindadas para ajudar o general Franco. https://spartacuseducational.com/SPgermany.htm
<br /><br />
1936<br />
Acordo do Eixo Roma-Berlim<br />
Aliança fascista e anticomunista entre Itália e Alemanha. https://www.globalsecurity.org/military/world/int/axis.htm
<br /><br />
1936, outubro-novembro<br />
pacto anticomunista<br />
Tratado anticomunista, iniciado pela Alemanha nazista e pelo Japão em 1936 e que mais tarde atraiu 9 estados europeus: Itália, Hungria, Espanha, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Finlândia, Romênia e Eslováquia
<br /><br />
1938, 30 de setembro<br />
Pacto de Munique<br />
Grã-Bretanha, França e Itália desistem das reivindicações alemãs sobre os Sudetos (República Tcheca). https://www.britannica.com/event/Munich-Agreement
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1939, 22 de maio<br />
Pacto de Aço<br />
Consolida o acordo ítalo-alemão de 1936.<br />
https://ww2db.com/battle_spec.php?battle_id=228
<br /><br />
1939, 7 de junho<br />
Pacto de Não Agressão Alemão-Latino<br />
Busque a paz com a Alemanha nazista.<br />
https://www.jstor.org/stable/43211534
<br /><br />
1939, 24 de julho<br />
Pacto de Não Agressão entre Alemanha e Estônia<br />
Busque a paz com a Alemanha nazista.<br />
https://www.jstor.org/stable/43211534
<br /><br />
1939, 23 de agosto<br />
Pacto de Não Agressão da URSS (Molotov-Ribbentrop)<br />
Busque a paz com a Alemanha nazista, o protocolo define as esferas de influência.<br />
https://universalium.en-academic.com/239707/German-Soviet_Nonaggression_Pact
<br /><br />
<b>O que é fascismo?</b><br /><br />
O termo é usado com muita frequência, mas tem um significado real. Não podemos nos deixar prender pelas histórias particulares do século 20 sobre o fascismo: devemos identificar os elementos conceituais.
<br /><br />
O fascismo é um regime fortemente militarizado, antidemocrático e racista-colonial que se compromete com uma oligarquia privada e capitalista. Embora o fascismo primário seja um projeto imperial, há também um fascismo subordinado em ex-colônias como Brasil e Chile, que está integrado ao poder imperial do momento. Os regimes fascistas são especialmente hostis aos estados e povos socialistas e independentes. Eles só diferem dos regimes de extrema direita ao esmagar abertamente qualquer indício de democracia social e política. As culturas e intervenções imperiais, que sempre e em todos os lugares negam a possibilidade de democracia local ou responsabilidade, são inerentemente fascistas e permanecem na raiz do fascismo contemporâneo.
<br /><br />
O fascismo da OTAN foi construído sobre a história imperial e colonial de muitos (mas não todos) estados europeus, onde o esmagamento de comunidades e nações locais foi justificado por teorias fabricadas de raça e superioridade racial. A negação dessa história colonial-fascista levou à sugestão de que, como um documentário russo coloca, a ascensão de Hitler foi “algo atípico das democracias européias; a doutrina do Führer de raças superiores e inferiores surgiu do nada na Europa devido para uma infeliz reviravolta dos acontecimentos.”
<br /><br />
De fato, o fascismo da Alemanha nazista tinha raízes profundas na história e na cultura colonial europeia. Como aponta o livro de Gerwin Strobl “A Ilha Germânica”, o próprio Adolf Hitler era um grande admirador da “crueldade” do Império Britânico e sonhava com tais conquistas. De sua parte, os Estados Unidos construíram mitos de “liberdade” enquanto administravam a maior economia escravista da história da humanidade. Como disse o grande líder da resistência latino-americana Simón Bolívar há dois séculos, “os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a atormentar a América com miséria em nome da liberdade”.
<br /><br />
Além do “apaziguamento” europeu da Alemanha nazista, houve uma ativa colaboração europeia e norte-americana com os fascistas antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial.
<br /><br />
Primeiro, o Acordo Naval Anglo-Alemão de 1935 ajudou a rearmar a Alemanha nazista, quebrando os limites do Tratado de Versalhes de 1919 sobre navios e submarinos alemães, mas pretendendo que a marinha alemã fosse uma fração da britânica. Mais tarde, várias empresas americanas, notadamente General Motors, Ford e IBM, investiram diretamente na economia, infraestrutura e forças armadas do regime nazista. Havia muitos americanos e britânicos influentes que admiravam os nazistas. À beira da Segunda Guerra Mundial, os banqueiros britânicos canalizaram ouro de terceiros (tcheco) para bancos controlados pelos nazistas.
<br /><br />
A Ford ajudou a máquina de guerra nazista antes e durante a Segunda Guerra Mundial através de suas fábricas de veículos na Alemanha e na França ocupada de Vichy. Usava mão de obra escrava alemã dos campos de concentração nazistas, embora a empresa mais tarde reclamasse que não tinha controle sobre esses regimes trabalhistas. Enquanto a empresa Ford lutava para escapar dessas acusações, funcionários poloneses e ex-detentos nomearam a Ford como “uma das 500 empresas que tinham vínculos com Auschwitz [trabalho escravo dos campos de extermínio nazistas]”. A IBM, uma empresa do “New Deal” próxima ao governo Roosevelt, também investiu na Alemanha nazista durante a década de 1930 e os primeiros anos da guerra, ajudando a construir sistemas de informação nazistas.
<br /><br />
Os suíços venderam milhões em armas para os nazistas, tanto antes como durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar das alegações de neutralidade, entre 1940 e 1944, “84% das exportações suíças de munição foram para países do Eixo”. No entanto, de acordo com o pesquisador Bradford Snell, “a General Motors era muito mais importante para a máquina de guerra nazista do que a Suíça… a GM era parte integrante do esforço de guerra alemão”.
<br /><br />
O investimento e a colaboração americanos e europeus com os nazistas continuaram até a Segunda Guerra Mundial. Um aspecto disso foi o desejo de participar do que foi, entre 1940 e 1942, “um espetacular boom de investimentos, dirigido principalmente à expansão da base industrial para a guerra”. Isso, sem dúvida, encorajou a Ford e a GM a continuar colaborando com Hitler.
<br /><br />
Depois de 1939-40, quando a Alemanha nazista invadiu grande parte da Europa Ocidental, Berlim foi apoiada por muitos estados fascistas e colaboracionistas europeus, bem como voluntários civis. Além de sua aliança com a Itália fascista, a Alemanha nazista podia contar com o apoio da Espanha fascista, apesar da suposta política de neutralidade do general Franco.
<br /><br />
Depois, havia os estados pró-fascistas criados pelos nazistas, a França de Vichy e o regime de Quisling na Noruega. Os alemães criaram várias divisões da SS, com dezenas de milhares de voluntários pró-fascistas, na Holanda, Croácia e Albânia. A França de Vichy, sob o comando do marechal Pétain, herói da Primeira Guerra Mundial, promulgou uma lei racista antijudaica (Statut des Juifs) que os tornou cidadãos de segunda classe na França e, portanto, mais facilmente sujeitos às depredações nazistas. O regime fascista de Vidkun Quisling também encorajou a participação em divisões locais da SS, ajudou a deportar judeus e executou patriotas noruegueses.
<br /><br />
O rei dinamarquês Christian X pode ter sido amigo da comunidade judaica, mas não enfrentou os nazistas. Muitas vezes é falsamente alegado que o rei Christian “vestiu a Estrela de Davi em solidariedade com os judeus dinamarqueses”. Isso é bem falso. Na realidade, o regime dinamarquês se opôs às atividades da resistência e compartilhou informações com os nazistas. Um fator nesta colaboração foi que a Dinamarca era “tecnicamente um aliado da Alemanha”. Sob pressão, eles assinaram o Pacto Anti-Comintern. Apesar dos grandes esforços para sanear essa história, em 2005 o primeiro-ministro dinamarquês Rasmussen pediu desculpas em nome da Dinamarca pela extradição de minorias e figuras de resistência para a Alemanha nazista, muitos dos quais foram enviados para a morte.
<br /><br />
Em todos os estados bálticos houve colaboração nazista significativa: Letônia, Lituânia e Estônia tinham divisões da Waffen SS. Estes, juntamente com colaboradores nazistas ultranacionalistas na Ucrânia, desempenharam um papel fundamental nos massacres locais de comunistas, judeus e ciganos.
<br /><br />
Entre 1941 e 1944, centenas de milhares de pessoas foram massacradas na Ucrânia, muitas delas por colaboradores nazistas ultranacionalistas locais, como Stepan Bandera. O historiador russo Lev Simkin diz: “Na prática, o Holocausto dos judeus começou na Ucrânia”, com a invasão da União Soviética em junho de 1941. Os assassinatos em massa estavam relacionados à visão paranóica de Hitler sobre judeus perigosos. Os assassinatos em massa de judeus em Kiev, Lvov, Kherson e outras partes da Ucrânia foram bem identificados. Estes são alguns dos locais de combates russos em curso com neonazistas na Ucrânia. Durante a Segunda Guerra Mundial, a maior parte da população judaica ucraniana pré-guerra, que era de aproximadamente 1,5 milhão, “foi exterminada”.
<br /><br />
Estudos acadêmicos mostraram uma “participação massiva de cidadãos bálticos no assassinato de judeus no Holocausto”. Muitas dezenas de milhares de judeus foram assassinados na Letônia, Lituânia e Estônia, em grande parte por mãos locais. Houve uma forte reação à exposição dessa história feia de colaboração fascista. Diz-se que a Lituânia, por exemplo, quer esconder sua “história feia de colaboração nazista” acusando os guerrilheiros judeus de crimes de guerra.
<br /><br />
Em toda a Europa houve participação em larga escala no massacre fascista. Na Hungria, o líder nazista Adolf Eichmann teria “recrutado a colaboração das autoridades húngaras” para deportar mais de 400.000 judeus húngaros para campos de extermínio.
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Tudo isso ressalta o fato de que a Segunda Guerra Mundial, dos lados europeu e norte-americano, não foi fundamentalmente uma luta contra o fascismo, embora esses estados estivessem lutando contra um “Eixo” fascista. A guerra foi mais uma competição entre blocos imperiais, com a coalizão liderada por Hitler determinada a colonizar o “espaço vital” (lebensraum) no leste. A luta dos patriotas na Europa Oriental e na Rússia, assim como grande parte da resistência ocidental, foi certamente antifascista. No entanto, os líderes dos estados ocidentais não eram idealistas.
<br /><br />
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos imediatamente procuraram aproveitar a ciência e a tecnologia nazistas em sua subsequente “guerra fria” contra o emergente bloco socialista. As potências aliadas esmagaram as forças antifascistas na Grécia e ocuparam militarmente a Alemanha Ocidental. A União Soviética, por sua vez, fez questão de dominar seus vizinhos mais próximos, que estavam mais profundamente ligados a seus inimigos fascistas: em particular os estados bálticos, a Ucrânia e a Alemanha Oriental.
<br /><br />
Os Estados Unidos iniciaram um projeto secreto de recrutamento de cientistas nazistas para sua máquina de guerra. O uso americano do especialista em foguetes alemão Werner Von Braun é frequentemente citado em referência ao projeto espacial pacífico Apollo. No entanto, Von Braun era um oficial da SS que havia recrutado mão de obra escrava dos campos de concentração. Os militares dos EUA o queriam por sua experiência em foguetes e mísseis. Na secreta, mas agora infame “Operação Paperclip”, milhares de cientistas nazistas foram recrutados e receberam refúgio nos Estados Unidos, por seu valor na construção das forças armadas americanas. O Pentágono estava especialmente interessado no desenvolvimento dos nazistas de “todo um arsenal de agentes nervosos” e no trabalho de Hitler em “uma arma contra a peste bubônica”.
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Apesar de todas as reclamações subsequentes sobre a posse de armas de destruição em massa (ADM) por outros estados, os militares dos EUA queriam ter todos os tipos de ADM. E eles estavam preparados para usá-los contra civis, como seus ataques biológicos e químicos na Coréia e no Vietnã demonstraram, e como os ataques de “demonstração” nucleares gratuitos e horríveis nas cidades civis japonesas de Hiroshima e Nagasaki demonstraram. Mestres do duplo discurso e com uma doutrina de “negação plausível”, as autoridades americanas escondem ao máximo suas próprias atrocidades.
<br /><br />
Tornando-se a potência dominante após a Segunda Guerra Mundial, Washington, que havia usado táticas fascistas – invasões, golpes, guerras sujas – para intervir na maioria dos países das Américas, passou a empregar esses mesmos métodos em outros continentes. Assim, a terrível Guerra da Coréia levou a uma ocupação militar permanente dos EUA no sul da península, o governo democrático do Irã foi derrubado e substituído por uma ditadura em 1953 e a terrível guerra “anticomunista” dos EUA. povo do Vietnã falhou, somente depois que milhões de pessoas foram massacradas.
<br /><br />
No século 21, Washington apoiou várias tentativas de golpe contra a Venezuela, o maior produtor de petróleo das Américas e historicamente importante para alimentar a máquina de guerra dos EUA. Em 2002, golpistas apoiados pelos EUA e pela Espanha sequestraram o presidente eleito Hugo Chávez, alegaram falsamente que ele havia renunciado, rasgou a constituição, removeu a Assembleia Nacional eleita e anunciou o chefe da Câmara de Comércio, Pedro Carmona, como presidente. Carmona durou apenas dois dias, mas várias tentativas de golpe se seguiram. Isso era fascismo puro. A Venezuela decidiu que um Estado forte, com uma grande milícia civil, era necessário para se defender contra o fascismo implacável apoiado pelos EUA.
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Ao mesmo tempo, temendo a perda de seu papel dominante no mundo, Washington lançou várias guerras no Oriente Médio, em tentativas fúteis de conter a crescente influência do Irã, da Rússia pós-soviética e da China. As guerras contra a Palestina, Afeganistão, Iraque, Líbano, Líbia, Síria e Iêmen não são o assunto deste artigo. No entanto, devemos olhar para o uso dos EUA e da OTAN de exércitos de procuração maciços ao estilo da Al Qaeda e do ISIS, infundidos com a ideologia sectária saudita, em toda a região da Ásia Ocidental e na África, na forma do “Boko Haram”.
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Na guerra de retaliação da Rússia em 2022 contra a Ucrânia – desencadeada por uma guerra pós-2014 contra a população de língua russa do leste da Ucrânia e por um reforço militar da OTAN, visando desestabilizar e enfraquecer a Rússia – vemos uma combinação do método fascista dos EUA e a velha mentalidade colonial europeia. Os Estados Unidos mantêm seu duplo discurso sobre “liberdade”, enquanto os europeus falam sobre as classes humanas mais baixas. Na Ucrânia, ultranacionalistas como Azov e Right Sektor se descrevem como nazistas que querem matar russos, judeus e poloneses. A OTAN e sua mídia incorporada tentam esconder essa realidade feia.
<br /><br />
A autoridade alemã e da União Européia Florence Gaub, por exemplo, usa a retórica racista para desumanizar os russos: “Embora os russos pareçam europeus, eles não são europeus, em um sentido cultural. Eles pensam de forma diferente sobre violência ou morte”. , vida pós-moderna, um conceito de vida que cada indivíduo pode escolher. Em vez disso, a vida pode simplesmente terminar em breve com a morte.” Os críticos chamaram isso de uma inversão muito alemã do conceito nazista de “Untermenschen” ou raças inferiores.
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O fascismo do século 21 surgiu em novas circunstâncias, mas carrega os elementos-chave do projeto do século 20: um regime imperial, fortemente militarizado, profundamente antidemocrático e racista-colonial inserido em uma oligarquia privada e capitalista. Gera um fascismo subordinado, tão venenoso quanto seu pai: um projeto imperial global que continua sendo o principal inimigo de todos os povos democráticos.Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-59175768251357040592022-04-14T11:31:00.000-03:002022-04-14T11:31:34.466-03:00Uma ordem mundial alternativa<br />
<i>Por Luís Antonio Paulino, publicado no portal Bonifácio</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6EPDh3dZ7kc79bHcaVCJ9c9ypvPqzdepGNVhbYRTD0YUDiqckwvNejKOtmk21GS1FVV9Pbm8ijjoB830iaqD4MhrZ928Qv2yBrCnx4j9vfZy_Ph0oNUe3PwRDHc8yT0crRlAjzphVMk1h5iq-p4Kiu3Yof_4miI-dg48-R_cumrW5az60x-7Ly8qd/s600/Congresso%20de%20Viena%20pintura.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="315" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6EPDh3dZ7kc79bHcaVCJ9c9ypvPqzdepGNVhbYRTD0YUDiqckwvNejKOtmk21GS1FVV9Pbm8ijjoB830iaqD4MhrZ928Qv2yBrCnx4j9vfZy_Ph0oNUe3PwRDHc8yT0crRlAjzphVMk1h5iq-p4Kiu3Yof_4miI-dg48-R_cumrW5az60x-7Ly8qd/s400/Congresso%20de%20Viena%20pintura.jpg"/></a></div>
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<i>Congresso de Viena - pintura de Jean-Baptiste Isabey (França, 1767 - 1855)</i><br /><br />
A guerra da Ucrânia tornou o mundo ainda mais inseguro, polarizado, desigual, fragmentado e com potencial de crescimento menor. Um efeito colateral do conflito poderá ser o apressamento da emergência de uma nova ordem mundial, alternativa à ordem atual centrada no poder econômico e militar dos Estados Unidos e no uso do dólar americano como moeda internacional.
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As sanções econômicas à Rússia, ao que tudo indica, serão duradouras e tenderão a cortar os laços econômicos entre a Rússia e o mundo euro-atlântico. Esse movimento será complementado por uma aproximação maior entre a Rússia e a China, na medida em que empresas chinesas preencherão o vazio deixado pelo êxodo do Ocidente. A China, por seu turno, precisará diminuir a dependência dos sistemas de pagamento controlados pelos Estados Unidos e acelerar o processo de internacionalização do renminbi para dar liquidez a esses novos mercados.
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O dólar americano, por seu turno, continuará ter o papel preponderante na economia mundial por muitas décadas. A parcela do dólar nas reservas dos bancos centrais perdeu 12 pontos percentuais, entre 1999 e 2021, caindo de 71%, em 1999, para 59% no ano passado, mas ainda assim é expressiva. No período de 1999-2019, o dólar foi responsável por 96% do faturamento do comércio internacional nas Américas, 74% na região da Ásia-Pacífico, e 79% no resto do mundo.<br /><br />
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<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI8QMHnFPmsI1V3DAWETTbcZDaZ2eDhFWgNvkzi1BU81OkKV_fmlVXddVD8bbgc_tims7L2TEx0nB1EJmRYNlqJVgihiCw_SQ0QU1NA23uX2ux6O0paexHjOt0NQ_-wiHUoYtUBoGVuqeR_vL7je0odOsc78tdsHXuGaNL_tXblk7B2nC8shM7QUZ2/s679/Uma%20ordem%20mundial%20altern-2.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="320" data-original-height="561" data-original-width="679" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI8QMHnFPmsI1V3DAWETTbcZDaZ2eDhFWgNvkzi1BU81OkKV_fmlVXddVD8bbgc_tims7L2TEx0nB1EJmRYNlqJVgihiCw_SQ0QU1NA23uX2ux6O0paexHjOt0NQ_-wiHUoYtUBoGVuqeR_vL7je0odOsc78tdsHXuGaNL_tXblk7B2nC8shM7QUZ2/s320/Uma%20ordem%20mundial%20altern-2.png"/></a></div>
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<i>Fonte: https://www.federalreserve.gov/econres/notes/feds-notes/the- international-role-of-the-u-s-dollar-20211006.htm</i>
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Tudo isso aponta para a consolidação de dois sistemas internacionais de pagamentos paralelos: um centrado no dólar com as transações sendo realizadas pelos sistemas, CHIPS, um clube privado de instituições financeiras com 43 membros, e o SWIFT (Sociedade Cooperativa de Telecomunicações Financeiras Internacionais), que atualmente reúne 11 mil bancos, ambos com seus centros de dados nos Estados Unidos, respectivamente na Virgínia e em Nova York; outro centrado no renminbi – o CIPS – sistema que liquida transações internacionais em yuans e pode potencialmente administrar seu próprio sistema de mensagens, embora hoje utilize o SWIFT como seu canal de comunicação.
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O CIPS (Cross-Border Interbank Payment System) foi criado em outubro de 2015 para fornecer um sistema internacional de pagamento internacional e compensação de yuans conectando os mercados de compensação onshore e offshore e bancos participantes. Com base no centro financeiro de Xangai, o CIPS é supervisionado pelo Banco do Povo, o banco central da China. O China National Clearing Centre, afiliado ao Banco do Povo é o maior acionista, com 15,7% das ações. A National Association of Financial Market Institutional Investors, a Shanghai Gold Exchange, China Banknote Printing and Minting Corporation and China Union Pay têm, cada uma, 7,85%. Bancos estrangeiros também têm ações no CIPS: o HSBC Holdings tem 3,92% das ações, o Standard Chartered, 2,36% e o Bank of East Asia, 1,18% das ações. Em janeiro de 2022, o sistema tinha 1280 usuários localizados em 103 países, incluindo 75 bancos diretamente participantes (SCMP, 28/02/2022).
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Embora a participação da moeda chinesa, o yuan, no portfólio de reservas internacionais no mundo seja, ainda, relativamente pequena – no quarto trimestre de 2021 chegou a US$ 336,1 bilhões, equivalente a 2,79% das reservas internacionais – a tendência é que adquira um papel mais relevante nos próximos anos. Nos próximos 10 a 20 anos, possibilidade maior é que o dólar, o euro e o yuan formem o top 3 das moedas internacionais. Razões para isso não faltam. O número de países que têm a China como o principal parceiro comercial já é maior do que os que têm os Estados Unidos como primeiro parceiro. Antes de 2000, os EUA estavam no comando do comércio global, já que mais de 80% dos países negociavam com os EUA mais do que com a China. Em 2018, esse número caiu drasticamente para apenas 30%, já que a China rapidamente assumiu a primeira posição em 128 dos 190 países. Ao fazer acordos de troca de moedas com muitos desses parceiros, a China vai impulsionar a internacionalização do yuan e, ao mesmo tempo, reduzir a necessidade do uso do dólar em suas operações de comércio internacional.
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Outro fator a ser considerado é a Iniciativa Cinturão e Rota. Desde o início do projeto, em 2013, a China já ofereceu mais de US$ 1 trilhão em financiamentos em obras de infraestrutura para dezenas de países que aderiram ao projeto. Além dos fluxos de capital para o financiamento das obras pelos bancos chineses, a construção de novas rodovias e portos no exterior também visa à criação de novos mercados e rotas comerciais para produtos chineses na Ásia e outras partes do mundo, assim como para a importação de alimentos e outras commodities minerais e agrícolas demandadas pela economia chinesa. Parte desse comércio será feito diretamente em yuans por meio de acordos de troca de moedas dispensando a intermediação do dólar.
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Além do CIPS, a Rússia desenvolveu, em 2019, seu próprio sistema, denominado SPFS (Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras). Mas só capta cerca de 20% das transações nacionais e permite operações com antigos países da ex-União Soviética. Somente um banco chinês, o Bank of China, integrou-se ao SPFS (Valor, 02/03/2022).
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Os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também iniciaram discussões sobre a criação de um sistema unificado de pagamento do grupo. Os países do Brics respondem por 18% do comércio global e 25% dos investimentos diretos estrangeiros, nomeadamente a China. Com a eclosão da guerra na Ucrânia, as discussões foram temporariamente paralisadas por receio de que tal iniciativa fosse interpretada como uma maneira de ajudar a Rússia, o que poderia prejudicar as empresas participantes do bloco, mas certamente será retomada em algum momento no futuro próximo.
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Entre as sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia, com o apoio de seus aliados da Otan, o congelamento de US$ 403 bilhões dos seus US$ 630 bilhões de reservas cambiais aplicadas em ativos estrangeiros foi a mais drástica. Isso fez acender o sinal de alerta não só para a China, que possuía, em janeiro, US$ 3,22 trilhões em reservas, sendo 1/3 em Títulos do Tesouro dos Estados Unidos, mas para todos os países que mantém suas reservas em dólares.
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De repente, uma série de países, classificados como autocracias pelos Estados Unidos, que detêm cerca de metade dos US$ 20 trilhões de reservas cambiais hoje existentes no mundo, deram-se conta que, de um dia para o outro, podem ficar sem acesso a boa parte de seus recursos, caso os Estados Unidos resolvam puni-los por qualquer razão e contem para isso com o apoio de seus aliados europeus, como ocorreu agora no caso da Rússia.
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Pode-se alegar que o caso da Rússia foi uma situação extrema e que dificilmente os Estados Unidos teriam o apoio dos países europeus para impor sanções de tal amplitude sobre outros países, nomeadamente a China. Mas mesmo agindo isoladamente os Estados Unidos têm um enorme poder de fogo por ser o emissor da principal moeda internacional, o dólar americano. Da mesma forma a exclusão parcial dos bancos russos do sistema SWIFT fez, não só a China, mas outros países se darem conta de que poderão de um dia para o outro ficar sem acesso a esse importante sistema de transferência de pagamentos, inviabilizando suas operações de comércio e investimento internacionais.
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Passado esse momento crítico da guerra na Ucrânia, que ninguém sabe quando e como irá acabar, certamente muitas iniciativas que já estavam em curso no período anterior à guerra, com o objetivo de criar acordos e instituições internacionais desvinculadas do dólar americano e das instituições controladas pelos Estados Unidos, ganharão novo impulso. Da mesma forma que a pandemia da Covid-19 levou muitos países a reavaliarem sua extrema dependência das cadeias globais de suprimento centradas na China, a guerra na Ucrânia levará a China e outros países não alinhados aos Estados Unidos a repensarem sua extrema dependência em relação ao sistema financeiro internacional centrado nos Estados Unidos e no dólar americano.
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Não é de hoje que os Estados Unidos vêm usando sua moeda como arma de guerra. Exemplo disso foi a prisão, no Canadá, da diretora financeira da empresa chinesa de telecomunicações Huawei, sob a acusação de uma subsidiária da empresa, a Skycom, com sede em Hong Kong, ter feito negócios com o Irã utilizando o sistema de compensação baseado nos Estados Unidos. Conforme informa o blog da Bloomberg, “na batalha judicial canadense para impedir a extradição para os Estados Unidos da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, a empresa chinesa questionou a decisão do HSBC de processar US$ 100 milhões em transações da Skycom em Nova York. A Huawei argumentou que, como o HSBC sabia de seus vínculos com a Skycom, uma parceira com sede em Hong Kong, que vendia equipamentos no Irã, deveria ter encaminhado os fundos por um sistema de compensação de dólares offshore menor na região administrativa especial chinesa – evitando, assim colocar o dinheiro em solo americano”.
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Iniciativas de cooperação internacional fora do guarda-chuva norte-americano, como o BRICS, a ASEAN a Organização de Xangai ganhará novo impulso assim como as organizações de financiamento ligadas a elas como o Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco dos BRICS, e o Banco Asiático para Investimento e Infraestrutura (AIIB). Iniciativas de cooperação internacional criadas pela China, como a Iniciativa Cintura e Rota, também conhecida como Nova Rota da Sede, e a recentíssima proposta chinesa denominada Iniciativa Global para o Desenvolvimento (Global Development Initiative) tenderão a atrair um número crescente de países. Ao mesmo tempo, fóruns comandados pelos Estados Unidos e seus aliados europeus, como o G20, tenderão a se esvaziar. Difícil imaginar Joe Biden e Wladimir Putin saindo na mesma foto e se apertando as mãos. É difícil, no momento, em plena evolução do conflito na Ucrânia, saber quais serão todos os desdobramentos geopolíticos e econômicos da guerra, mas é quase impossível o mundo voltar a ser o mesmo de antes.Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-52097304986976553992021-12-29T11:57:00.000-03:002021-12-29T11:57:13.419-03:00A “internacional financeira”<br />
<i>Por Eduardo Bomfim</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhfHBmNBLckEOGnwZHc3Ut6SzMVsaSFIvKD7vBJ7_NTMyik0-xKAi2LoRN1xUE8i4GLEQfEChWVyovIZrw_1JiQIvvjHsopcDHjYJm1CwQE72Y4CDJyTJ0Kb0Xmca3MVoMetY4nuKV3TqzIwkc-ejwP5cqXMpjl3AWu1VSCSWqGxFQJNfj8FYHRJUwV=s1920" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="1357" data-original-width="1920" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhfHBmNBLckEOGnwZHc3Ut6SzMVsaSFIvKD7vBJ7_NTMyik0-xKAi2LoRN1xUE8i4GLEQfEChWVyovIZrw_1JiQIvvjHsopcDHjYJm1CwQE72Y4CDJyTJ0Kb0Xmca3MVoMetY4nuKV3TqzIwkc-ejwP5cqXMpjl3AWu1VSCSWqGxFQJNfj8FYHRJUwV=s400"/></a></div>
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No atual milênio, a concentração e centralização do capital financeiro especulativo atingiu tal dimensão e gigantismo, que este passou a controlar não apenas os fluxos globais das riquezas, mas, estendeu-se aos diversos segmentos vitais às identidades dos povos do mundo, investindo, em especial nas novas gerações, incentivando, maciçamente, no que Hobsbawm “profetizou” no final do século XX, como o “presente contínuo” em relação a essas novas gerações do futuro.<br /><br />
Ou seja, comunidades globais de pessoas, sem referências com o passado e sem perspectivas para com o futuro. Ao tempo em que essa nova etapa da globalização predadora e especulativa procurou preencher a grande lacuna de ausências de causas, projetos e ideias com relação ao indivíduo e ao coletivo social, com uma nova agenda dispersiva, fragmentária, com aquilo que se pode chamar de “políticas do próprio umbigo”, conhecidas como agendas identitárias.<br /><br />
Inaugurou-se assim, a nova “guerra cultural” entre uma nova “esquerda” e uma nova “direita” que se engalfinham em uma batalha de uma “nova ideologia” dissociada das grandes questões que afligem as grandes maiorias sociais ausentes desses debates, restritos ao mundo acadêmico, que passeiam nas comunidades acadêmicas, extratos da classe média e no mundo artístico, provocando um evidente distanciamento desses segmentos da realidade das nações.<br /><br />
Quem dita e financia esse pugilato ideológico é exatamente o capital financeiro especulativo, que impõe uma “contrarrevolução” de cima para baixo, cujo porta voz vem sendo a grande mídia hegemônica global, com as suas pautas interagindo com as redes sociais, também controladas por um ínfimo número de biliardários acima do controle de todos.<br /><br />
A luta do presente e futuro é e continuará sendo contra a brutal dominação desse capital financeiro, que reina olimpicamente no planeta, a grande mídia global a ele associada, e o monopólio de meia dúzia de poderosos que dominam o mundo das redes sociais.<br /><br />
O mundo em que vivemos, de ódios extremamente polarizado, irracional, e crescente, a falta de informações razoavelmente isentas na grande mídia, o tiroteio incessante nas redes sociais, provocam um total desconhecimento dos fenômenos nacionais e globais, resultam em sociedades confusas, angustiadas, depressivas, incapazes de formar uma ideia em comum do contexto de suas vidas e da sociedade. É o que nós presenciamos também no Brasil do terraplanismo, anti-ciência, e teses medievais, versus determinados setores progressistas desorientados.<br /><br />
A causa central desse imbróglio tem sido a “Internacional Financeira”, a grande mídia hegemônica global, e o mundo esquizofrênico das redes sociais, que nós frequentamos e que nos manipulam sistematicamente. Será uma longa batalha pela lucidez dos indivíduos e das sociedades.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-27279731684107017182021-08-24T13:36:00.000-03:002021-08-24T13:36:21.164-03:00O construtor do Brasil moderno<br />
<i>Por Eduardo Bomfim</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmTRYmTbtncGj2sJm9ZFXvCerFLmfU73jyv9xwKc1QH821FDF07PUGiYUa1wVqE8xUoxbPxKB85V6fGQ6solN2y-szFMqU24THRSbZjVjvwJP69dVzEEXmCie3qrsXV855IwgMiEhMOcE/s1574/Getulio_Vargas.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="400" data-original-height="1574" data-original-width="1046" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmTRYmTbtncGj2sJm9ZFXvCerFLmfU73jyv9xwKc1QH821FDF07PUGiYUa1wVqE8xUoxbPxKB85V6fGQ6solN2y-szFMqU24THRSbZjVjvwJP69dVzEEXmCie3qrsXV855IwgMiEhMOcE/s400/Getulio_Vargas.jpg"/></a></div>
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Hoje, 24 de agosto, são passados 67 anos do suicídio de Getúlio Vargas, construtor do Brasil moderno.
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Getúlio Vargas criou a Petrobrás, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce, a Hidrelétrica do Vale do São Francisco. Criou a Consolidação das Leis do Trabalho, com a implantação, dentre outros direitos trabalhistas, do salário mínimo e férias remuneradas. No seu governo foi implantado o voto feminino. Criou vários importantes ministérios, dentre eles o Ministério da Educação e Cultura.
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Ao se suicidar, deixou sua Carta Testamento para o povo brasileiro:
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Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.<br /><br />
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.<br /><br />
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.<br /><br />
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.<br /><br />
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.<br /><br />
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.<br /><br />
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-81436756268909615842021-07-03T12:28:00.002-03:002021-07-03T12:33:40.142-03:00O coveiro do presidente<br />
<i>Por Eduardo Bomfim</i><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtO1UHMdLdsW5vHfd6m4YlM8BapEBZYk1SJ7CnpEipIeK3GY8AhfmdQLYmjw3cEaifxxQ62r43dLWkFAMNFyIWFhe9cT5-zPUa9qP0R8s0-yz16c2MNcJb0xJyaLAJQ6Ty4djrNPHVaio/s2048/O+coveiro+de+Kennedy.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="2048" data-original-width="1989" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtO1UHMdLdsW5vHfd6m4YlM8BapEBZYk1SJ7CnpEipIeK3GY8AhfmdQLYmjw3cEaifxxQ62r43dLWkFAMNFyIWFhe9cT5-zPUa9qP0R8s0-yz16c2MNcJb0xJyaLAJQ6Ty4djrNPHVaio/s600/O+coveiro+de+Kennedy.jpg"/></a></div>
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O assassinato do jovem presidente Kennedy provocou uma onda de consternação emocional no mundo, e nos Estados Unidos - a política é um jogo fundamental, mas pesado, em qualquer lugar do planeta.<br /><br />
O seu cortejo funerário teve a presença de centenas de políticos e estadistas de vários Países. Multidões se aglomeraram na rua, para ver passar o caixão do presidente, em uma carroça puxada por dois magníficos cavalos com uma guarda de honra de militares em trajes de gala.<br /><br />
Aglomerados em um local reservado, estavam mais de cinco mil jornalistas e fotógrafos para cobrir o evento.<br /><br />
Jimmy Breslin, um dos mais prestigiados jornalistas dos EUA, talentoso, polêmico e original, disse: tem alguns milhares de repórteres aglomerados no mesmo lugar, isso não vai dar para mim, todos vão escrever a mesma coisa sob o mesmo ângulo.<br /><br />
Breslin resolveu fazer algo original, como sempre fazia, resolveu rastrear o coveiro designado para abrir a cova de Kennedy.<br /><br />
Descobriu como fora o seu dia. Que acordou, como sempre, às 6h30, comeu ovos com bacon, com a sua esposa, pegou o ônibus rumo ao cemitério de Arlington onde iria exercer a sua profissão de toda a sua vida.<br /><br />
Clifton Pollard, humilde trabalhador negro, naquele domingo, já sabia que iria cavar a cova de Kennedy, recebendo 3 dólares por hora de serviço. Sem hora extra.<br /><br />
Vestiu o seu macacão cinza e tomou o seu destino, o cemitério. Ele não viu o cortejo e tinha gente demais no enterro, não conseguiu chegar perto do túmulo que cavara horas antes. Não tem problema, depois eu dou uma passada lá para ver como ficou.<br /><br />
Perguntado por Breslin sobre o túmulo de Kennedy que cavou, Pollard respondeu: foi uma honra.<br /><br />
A coluna diária de Jimmy Breslin era a mais lida dos Estados Unidos. Ele deu vida a um homem negro, pobre, anônimo, perdido na multidão dos ignorados e esquecidos. O título dessa matéria de Breslin: “Foi uma honra”. Considerada como uma das obras primas do jornalismo norte-americano.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-42655371854043198152021-05-26T23:19:00.000-03:002021-05-26T23:19:29.354-03:00Importância e atualidade de Ortega y GassetArtigo de Francisco Afonso Pereira Torres, publicado no portal Bonifácio <br />
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<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQQUuiNEaURlHYMk-OrUyZSkMiQRFOq2dmY39PjzcHaFlwRpn1Yz3mADMHzkhmwk4pX8cRYU38MbqpATjrjrY5Dgz33cWYMzEme2AvGHFYlHwp9S6Qdv9T7V4f4l9wVd9jEF-XXFEprgE/s259/Ortega+y+Gasset+Rebeliao-das-massas.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="400" data-original-height="259" data-original-width="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQQUuiNEaURlHYMk-OrUyZSkMiQRFOq2dmY39PjzcHaFlwRpn1Yz3mADMHzkhmwk4pX8cRYU38MbqpATjrjrY5Dgz33cWYMzEme2AvGHFYlHwp9S6Qdv9T7V4f4l9wVd9jEF-XXFEprgE/s400/Ortega+y+Gasset+Rebeliao-das-massas.jpg"/></a></div>
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Em tempos de pós-verdades, resgatar as ideias e o pensamento de Ortega y Gasset impõe-se como imperativo. Nos dias de hoje, como nos dias que antecederam o surgimento do fascismo e do totalitarismo na Europa, os fatos objetivos parecem ter menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. O fascismo e o totalitarismo europeu utilizaram-se amplamente dos novos meios de comunicação em massa de sua época (sobretudo o rádio) para difundir as suas ideias e pós-verdades. Hitler e Mussolini provavelmente não teriam chegado ao poder não fosse a potência e o alcance inédito que o rádio e as transmissões por radiodifusão haviam atingido, durante aquela época. Nos dias de hoje, são as novas mídias da internet (WhatsApp, Facebook, Instagram, YouTube, etc.) os principais canais difusores de ideologias e pós-verdades. Compreender o impacto dessa nova e inexorável realidade em nossas vidas, em nossa democracia e nas sociedades em que vivemos constitui tarefa primordial dos tempos atuais. Em 1929, o filósofo espanhol Ortega y Gasset descreveu em seu livro “Rebelião das Massas”, com exatidão ímpar, o impacto que os novos meios de comunicação viriam a ter em nossas sociedades. Alertou-nos para seus efeitos deletérios. Ortega y Gasset previu o cataclismo que se abalaria sobre a Europa e sobre o mundo. Suas palavras e, sobretudo, seu alerta são mais atuais hoje do que nunca.<br />
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<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ2RiXmCXv3bUTBMCTP9ShDvotFMIZFioBcGtJGOUiigQoPJqRKsFlcdniJz0khj8AdLWPKXkoWH3CRMcvfwRCz8PjBDKFCcYDiLllC2QKYqlOe9BNW6PfrZQ4xYj4ZRUpdyZDnT7zuaA/s540/Ortega+y+Gasset+1.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="304" data-original-width="540" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZ2RiXmCXv3bUTBMCTP9ShDvotFMIZFioBcGtJGOUiigQoPJqRKsFlcdniJz0khj8AdLWPKXkoWH3CRMcvfwRCz8PjBDKFCcYDiLllC2QKYqlOe9BNW6PfrZQ4xYj4ZRUpdyZDnT7zuaA/s400/Ortega+y+Gasset+1.jpg"/></a></div><br />
<i>O filósofo espanhol Ortega y Gasset antecipou o risco da manipulação das massas.</i><br />
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Em 1936, dezenas de milhares de cartazes apareceram, em praticamente todas as cidades alemãs. Em seu texto, publicado sobre uma foto de um gigantesco aparelho de rádio no meio de uma multidão, lia-se: “Ganz Deutschland hört den Führer” (“Toda a Alemanha escuta o Líder”). O cartaz anunciava uma invenção que iria transformar a Europa, o WhatsApp de outrora. O chamado “Rádio do Povo”, ou “Volksempfänger”, era um aparelho de rádio, desenvolvido pelo engenheiro Otto Griessing, a pedido de Joseph Goebbels, o ministro de Propaganda do regime nazista. Apresentado ao público alemão pela primeira vez em 1933, durante a 10º Grande Feira Internacional do Rádio de Berlin (“10º Große Deutsche Funkausstellung”), o novo equipamento permitia, a um custo extremamente acessível, de 35 marcos (o equivalente a um quarto do salário mínimo da época), pagos em suaves prestações, a recepção de estações de rádio selecionadas, todas alemãs. O objetivo estratégico da produção e distribuição em massa do “Rádio do Povo” era evidente: permitir ao regime nazista controlar, com punhos de ferro, a máquina mais poderosa, e mortal, de comunicação em massas já criada até então.<br />
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Estima-se que, ao final da Segunda Guerra Mundial, 80 milhões de pessoas escutassem diariamente transmissões de rádios nazistas, por meio de equipamentos do tipo “Rádio do Povo”.<br />
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Para efeitos de comparação, a população total da Alemanha atualmente é de 83 milhões de pessoas.<br />
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As “lives” do nazismo, realizadas em tom dramático pelo ”Führer”, chegavam às salas de praticamente todos os cidadãos, além de serem escutadas, ao vivo, em alto-falantes instalados, de modo estratégico, em ruas, estações de trem e de metro, rodoviárias, terminais portuários, escolas, hospitais, ginásios, e demais prédios públicos. Joseph Goebbels considerava, não sem razão, o sucesso do programa industrial de fabricação e distribuição de aparelhos de rádio essencial para seu infame programa de “propaganda”.<br />
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Durante o julgamento dos crimes nazistas, nos famosos Processos de Guerra de Nuremberg, Albert Speer, o então ministro de Armas e arquiteto do Reich, declarou, com sinceridade espantadora: “a ditadura de Hitler diferia em um aspecto fundamental de todas as suas precursoras na história. Foi a primeira ditadura durante o período moderno de desenvolvimento tecnológico, uma ditadura que se utilizou plenamente de todos os meios de dominação em seu país. Por intermédio de aparelhos tecnológicos, como o rádio e os alto-falantes, 80 milhões de pessoas foram privadas de qualquer pensamento independente. Era, assim, possível subjugá-las aos desígnios de um só homem (Hitler).”<br />
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<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqCf4NIoy6KNVUP24eVAwGBFNHZxPPr7ZmXg2OAf9V9NVO1LF2qqSQ6-dkeLESl8NN7JUR3a0G88nn-JKA2sW9DYUk9IkA6swLaRZ9cLbnv02QgXXQoorxvqBqB5NHKjoUKRehGiosCHA/s300/Ortega+y+Gasset+2.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqCf4NIoy6KNVUP24eVAwGBFNHZxPPr7ZmXg2OAf9V9NVO1LF2qqSQ6-dkeLESl8NN7JUR3a0G88nn-JKA2sW9DYUk9IkA6swLaRZ9cLbnv02QgXXQoorxvqBqB5NHKjoUKRehGiosCHA/s400/Ortega+y+Gasset+2.jpg"/></a></div><br />
<i>Hitler construiu o nazismo manipulando as frustrações do povo alemão.</i><br />
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Como todo visionário e grande intelectual, Ortega y Gasset havia previsto o que poderia ocorrer e acabou ocorrendo. Para ele, não existem verdades eternas nem absolutas. O que há, sempre, são perspectivas, visões sobre a realidade. Segundo Ortega y Gasset, a vida humana e suas circunstâncias inexoráveis são a fonte do conhecimento e da verdade. ”Yo soy yo y mi circunstancia y si no la salvo a ella no me salvo yo”, afirmava. O perspectivismo do pensador espanhol nos leva à conclusão de que a verdade é produto de uma soma de perspectivas. Produto, portanto, de uma subjetividade. Há a verdade científica, a verdade acadêmica, a verdade da mídia, a verdade do sertanejo, a verdade de João, a verdade de Maria, a verdade do libertador, a verdade do revolucionário. E há a verdade do fascista, a verdade do opressor, a verdade do tirano, a verdade do déspota. Ou seja: as ideologias, sejam elas libertárias ou opressoras, criam suas próprias verdades. É o que chamamos de guerras de narrativas.<br />
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Para Ortega y Gasset a tarefa primordial é compor uma narrativa que corresponda aos anseios moralmente mais nobres da humanidade, uma narrativa que nos liberte ao invés de uma narrativa que nos destrua. O filósofo espanhol havia presenciado os horrores da primeira guerra mundial, a barbárie que se abatera sobre a Europa. E presenciaria também, estupefato, o surgimento do fascismo, que levaria a Europa novamente à destruição completa.<br />
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Sendo a verdade um produto humano, derivado da inexorabilidade de nossas circunstâncias, como teria sido possível que as massas da Europa, milhões e milhões de “cidadãos de bem”, tivessem permitido e viabilizado a ascensão do fascismo e toda a destruição que representava, questionava Ortega y Gasset. Se a humanidade tem a prerrogativa de escolher entre a vida e a morte, entre a liberdade e a destruição, entre o amor e o ódio, como teria sido possível que a morte, a destruição e o ódio tivessem prevalecido?<br />
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<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs73anOhAYgDS4_XsGirJ8T6mJ4gB9rU_QGSxNhxIQ7Xohuj1XplFWZTRvqkQRgtgw2AYsRNe3FuNGb-V1qVNWMwheOsGqB8VNVfxSaiH6qYwZIh8bPB3wedkALISwkrb_upIZwju-Ej8/s365/Ortega+y+Gasset+3.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="138" data-original-width="365" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs73anOhAYgDS4_XsGirJ8T6mJ4gB9rU_QGSxNhxIQ7Xohuj1XplFWZTRvqkQRgtgw2AYsRNe3FuNGb-V1qVNWMwheOsGqB8VNVfxSaiH6qYwZIh8bPB3wedkALISwkrb_upIZwju-Ej8/s400/Ortega+y+Gasset+3.jpg"/></a></div><br />
<i>O nazismo fez do rádio o grande instrumento de manipulação e propaganda de sua era.</i><br />
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A resposta visionária de Ortega y Gasset: foi o “Rádio do Povo”, foi o WhatsApp da época, foram os novos meios de comunicação em massa. Os fascistas souberam utilizar esses novos meios para criar sua narrativa, para difundir suas pós-verdades. Os humanistas, os libertários, por outro lado, não souberam se utilizar de todo o seu potencial, com o mesmo sucesso. Permaneceram presos ao passado, escrevendo livros e panfletos que ninguém mais lia, em tempos do rádio e das comunicações em massa, muito mais atraentes e dinâmicas. Desse modo, a narrativa fascista tornou-se preponderante em alguns importantes países como a Alemanha, a Itália, e a Espanha. Conquistou, nesses países, os corações e as mentes de grande parte dos cidadãos, o “homem-massa”, aquela multidão de idiotas-úteis que levaram o fascismo ao poder, por omissão ou por conveniência.<br />
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A lição de Ortega y Gasset parece clara: não basta que alguém considere suas ideias superiores. É necessário convencer as pessoas sobre tal superioridade. É imperativo vencer a guerra de narrativas, conquistar as mentes e os corações do “homem-massa”. Somente dessa maneira uma ideia pode triunfar. Somente desse modo os ideais de liberdade, justiça social, soberania, tolerância e democracia podem prevalecer. Caso contrário, prevalecerão os ideais de submissão, privilégios, exclusão social, intolerância e ditadura. Como, de fato, prevaleceram, na Europa que Ortega y Gasset viu desmoronar, pela segunda vez.<br />
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No Brasil, as eleições presidenciais de 2018 devem servir como lição e como alerta. As “fake news”, os disparos em massa de mensagens em grupos de WhatsApp e páginas de facebook (pagos por quem?), as narrativas de ódio, os discursos negacionistas, as teorias conspiratórias, o fanatismo religioso, as doutrinas autoritárias acabaram tendo alcance muito maior que outros discursos, de teor humanista, moderado, secular, democrático, libertário. Em 2018, o ódio venceu a esperança. O ódio logrou propagar-se, com muito mais vigor, pelas searas ainda pouco compreendidas dos novos meios de comunicação em massa do século XXI.<br />
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Para que a esperança possa triunfar novamente sobre o ódio, será necessário aprender a lição de Ortega y Gasset. Não basta ter uma verdade moralmente superior. Faz-se imperativo ganhar a guerra de narrativas e convencer o “homem-massa” da superioridade moral da visão humanista e democrática. Pois os novos meios de comunicação em massa de hoje vieram para ficar, como o rádio, na década de 1930. Hoje, como outrora, os fatos objetivos parecem ter menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.<br />
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O fascismo acabou sendo derrotado. Em parte pelo enorme sucesso de um outro meio de comunicação em massa que viria a se revelar ainda mais poderoso que o rádio: o cinema. Assim como o nazismo havia criado a “Rádio do Povo”, Hollywood foi além: criou o cinema para as massas, as megaproduções cinematográficas, glamorosas e atraentes, que combatiam o nazismo e o totalitarismo fascista.<br />
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<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYhOah2ZidgJPujZAwr1NEa1HurYY-d7m7wiKpGsH7bb3xMkkLoZ9Gkvbb37RurkyR0ydBgZc5q5CO5xGFEuo9FFbqjejLVlMHKdiF0Xd_GEX0GGqT90pc59kio-SJJh_0l89BCCSkCsM/s284/Ortega+y+Gasset+4.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="178" data-original-width="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYhOah2ZidgJPujZAwr1NEa1HurYY-d7m7wiKpGsH7bb3xMkkLoZ9Gkvbb37RurkyR0ydBgZc5q5CO5xGFEuo9FFbqjejLVlMHKdiF0Xd_GEX0GGqT90pc59kio-SJJh_0l89BCCSkCsM/s400/Ortega+y+Gasset+4.jpg"/></a></div><br />
<i>Distribuindo fake news pelo WhatsApp, os manipuladores contemporâneos constroem suas pós-verdades.</i><br />
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Ortega y Gasset nos ensinou que a verdade é, sempre, produto de perspectivas, de visões sobre a realidade, das nossas circunstâncias. Nos ensinou, ademais, que o “homem-massa”, em sua soberba simplória e totalitária, é suscetível a qualquer discurso, inclusive o discurso de ódio, o discurso fascista. Cabe aos humanistas, aos democratas e aos patriotas de hoje aprender a lição eterna do grande mestre espanhol: a guerra pela democracia, a guerra pela justiça social, a guerra pela tolerância e pela soberania nacional somente será ganha se ganharmos também a guerra das narrativas, utilizando, para tal finalidade, todo o potencial dos novos meios de comunicação em massa. Hoje, mais do que nunca, o alerta de Ortega y Gasset é essencial: “El pasado no nos dirá lo que debemos hacer, pero sí lo que deberíamos evitar”.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-9473104287337429912021-02-21T12:34:00.000-03:002021-02-21T12:34:00.730-03:00A crise da pandemia, da democracia, e o capital rentista<br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7pid7Fcm3ZyDfaCfP_Zj9h3G4EE7WpLpqL8jyrviSCBPoHNpb7SNGq-e59vPD7aJY1vU2-cQTvabOCijxyph9oCBwqeWqFJzXgHyjiaK37VrzwdO4tUxpx63fJkC04bXDxxL0upQsMxo/s960/a+pandemia+e+a+crise+mundial.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="720" data-original-width="960" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7pid7Fcm3ZyDfaCfP_Zj9h3G4EE7WpLpqL8jyrviSCBPoHNpb7SNGq-e59vPD7aJY1vU2-cQTvabOCijxyph9oCBwqeWqFJzXgHyjiaK37VrzwdO4tUxpx63fJkC04bXDxxL0upQsMxo/s400/a+pandemia+e+a+crise+mundial.jpg"/></a></div>
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Eduardo Bomfim<br />
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Por acaso, ou nem tanto, a pandemia global do corona vírus aconteceu no auge das desregulamentações dos parques produtivos das nações, através do conceito da divisão excessiva da produção internacional dos bens industriais em todas as áreas, incluindo também a dos fármacos.<br />
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Durante décadas, agravado imensamente no segundo milênio, os Países foram sucateando as suas capacidades industriais próprias e aumentando a sua dependência produtiva, através da escala da divisão internacional dos bens fabricados em diversas partes do mundo.<br />
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Essa divisão global da produção, em todos os níveis, gerou a inevitável dependência, a perda de autonomia, da grande maioria dos Países do mundo.<br />
<br /> Os mais pobres, continuaram bem mais pobres, exportando matéria prima, apesar da falsa sensação de inseridos nesse mundo interconectado pela revolução digital, com seus celulares de última geração, da internet.<br />
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Mas, a grande perda de oferta de trabalho deu-se exatamente nos Países mais “ricos”.<br />
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Neles, veio crescendo, há um bom tempo, entre os diversos tipos de assalariados industriais, o sentimento de revolta associado ao desemprego estrutural, agravado, agora, enormemente com as consequências da pandemia sanitária mundial.<br />
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A queda vertiginosa da economia industrial, com os efeitos do corona vírus, tem sido um novo pretexto para o falso argumento de uma nova reestruturação dos parques produtivos em escala mundial. Perdem as nações, mas especialmente os trabalhadores, que vão conviver com uma nova onda de desemprego em escala colossal.<br />
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E os Países vão se defrontar com uma etapa de dependência produtiva superior à anterior.<br />
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<b>A perda relativa da “importância” das democracias</b><br />
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Com essa desregulamentação global das cadeias produtivas, surgiu outro fenômeno igualmente grave, através da hegemonia absoluta do grande capital financeiro internacional, especialmente o rentismo especulativo, que cresce na medida em que os Países afundam, inclusive na pandemia sanitária global. Nesse cenário, o gigantismo do capital financeiro assomou o protagonismo dos rumos na política entre as nações.<br />
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De tal sorte que propagam a ineficiência, ou inutilidade, das coisas da vida política e institucional, uma falsa premissa. Assim quem se candidata a um cargo eletivo, em todas as instâncias, com raras exceções, na verdade, faz um concurso de cartas marcadas para um emprego de grandes privilégios e altas remunerações, gestor de má influência nas coisas do Estado.<br />
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A grande mídia hegemônica mundial ajudou a propagar semelhante visão errática, nociva e, aliás, extremamente perigosa, e na verdade contra a democracia. Ela serve ao discurso da financeirização global. Um poder tão gigantesco que alguns chamam de “Governança Mundial” do capital financeiro.<br />
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<b>A pandemia expôs as fraturas expostas desse sistema</b><br />
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No inicio da pandemia do corona vírus, faltaram respiradores, seringas e outros produtos fundamentais para minimizar a demanda de doentes para os hospitais. Atualmente, faltam vacinas para atender a população mundial, enquanto alguns poucos compraram imunizantes que dão para vacinar quatro vezes as suas populações, alerta o presidente da OMS.<br />
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De outro lado, na ausência de projetos coletivos que digam respeito ao presente e futuro econômico e social das sociedades, incluindo os direitos individuais, introduziram-se as agendas que visam unicamente a fratura das sociedades, por mais que algumas delas sejam auto justificáveis, como a luta contra o racismo, direito das minorias, a luta pelos direitos das mulheres, a ambiental etc.<br />
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Mas como diz o ditado popular: é no detalhe que mora o Diabo. Porque semelhantes agendas transformaram-se no alfa e o ômega de todas as questões essenciais de boa parte da humanidade. Ao tempo que insuflaram a polarização de forças reacionárias extremamente contrárias a essa agenda de gênero, raça etc., constituindo assim a “pauta das pautas” no cotidiano das sociedades.<br />
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Enquanto isso, as nações estão vivendo a maior tragédia dos últimos cem anos com a pandemia sanitária, agravada por uma crise crônica e estrutural na economia, do desemprego, quase um Amargedon social.<br />
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Com a desindustrialização programada dos Países, que já vem há décadas, agravada pela crise sanitária global, e o fim de um falso presente contínuo do consumo, como um ideal, uma profusão de teses unicamente individualistas, sem correlação com a solidariedade coletiva, eclodiu uma crise de insatisfação generalizada nas sociedades, de caráter desorientador, psicológico, mental, e acima de tudo a sensação de um futuro sombrio, sem luzes à vista.<br />
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Essa é a explicação do surgimento do fenômeno Trump, Bolsonaro, e outros em menor evidência. A quebradeira geral do setor de serviços, que mais sofreu com a pandemia, pôs abaixo a máxima de que o mundo entrara na era dos serviços em substituição aos processos industriais, que iria realocar a massa salarial expulsa pela desindustrialização.<br />
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Os países que não aceitaram destruir as suas cadeias produtivas, estão à frente na economia e nessa pandemia, exportando produtos essenciais e insumos para vacinas, não importa a forma de governo: China, Rússia, a Índia, na área da biotecnologia etc.<br />
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O caos e a regressão científica e tecnológica, industrial, é de tal monta que ressurgiram teses da Idade Média, como o terraplanismo, as campanhas contra as vacinas que salvaram centenas de milhões de pessoas e livraram a humanidade de pandemias terríveis.<br />
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O Brasil é um exemplo dramático de tantos desatinos, erros, polarizações dissociadas das questões centrais da nossa realidade etc. Se fossemos fazer uma analogia literária do governo Bolsonaro, poderíamos lembrar o nosso grande Machado de Assis em seu formidável conto: O alienista. A sua responsabilidade para com o desastre atual no Brasil é trágica. Enquanto o senhor Paulo Guedes insiste em uma política econômica que afunda a humanidade, e que imobiliza, destrói, a economia da nação.<br />
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No entanto, a desorientação política, de rumos e projetos para o Brasil, é generalizada e acolhe quase todos os quadrantes ideológicos no País, inclusive em setores da chamada “nova esquerda”. A batalha de “ideias” é travada em “bolhas” de redes sociais, mediada pela grande mídia hegemônica, associada ao capital financeiro, e à sua Governança Mundial, como afirmam muitos.<br />
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O sistema montado pelo capital financeiro global é absolutamente insustentável, e o rentismo financeiro predador pode ser comparável às sete pragas do Egito, como narra a Bíblia.<br />
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Estamos em um período, portanto, em que o neoliberalismo financeiro se encontra completamente esgotado como sistema. O certo é que vamos no caminho de uma transição ao multilateralismo econômico, financeiro, social, político e soberano, reconstruindo cadeias produtivas econômicas destroçadas, inclusive no Brasil. Mas será um período de tempestades geopolíticas, sociais, nacionais, e viragens políticas imprevisíveis.<br />
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O Brasil, em algum momento, precisa encontrar o seu próprio rumo nessa época turbulenta. Para isso, o País detém um dos maiores ativos territoriais, populacionais, ambientais, de imensas riquezas em geral, como poucas nações do planeta. Falta-nos o rumo, o projeto, a causa. E lideranças, hoje, escassas.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-30146725847917611342020-12-20T22:05:00.001-03:002020-12-20T22:16:08.291-03:00O relatório Guterres<br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdw-I94pQNwnOfB4DAsArVik4gE7SeKERrys8GPacF0BHsks6CiqY8kuFqDTWH-nhmIvWB1pMqvVERC3f4d4IHaGX3e_ukxOwavs3nnPVg21JZkocKG5dqNB84oqd6TR0jU7R8Aolz_-I/s418/o+relatorio+Guterres.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="235" data-original-width="418" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdw-I94pQNwnOfB4DAsArVik4gE7SeKERrys8GPacF0BHsks6CiqY8kuFqDTWH-nhmIvWB1pMqvVERC3f4d4IHaGX3e_ukxOwavs3nnPVg21JZkocKG5dqNB84oqd6TR0jU7R8Aolz_-I/s400/o+relatorio+Guterres.jpg"/></a></div>
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<i>Eduardo Bomfim</i>
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O secretário-geral das Nações Unidas (ONU) António Guterres, apresentou um relatório alertando que o mundo pós pandemia do corona vírus vai estar sob a maior recessão econômica desde o final da Segunda Guerra Mundial.<br />
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Com as inevitáveis consequências, nos planos das economias, sociais, financeiros e políticos dos Países. A pandemia sanitária global se revelou, na verdade, como um reagente químico e biológico, de uma realidade financeira que já se apresentava extremamente grave desde a crise econômica de 2008.<br />
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Uma crise sanitária global que, se não poderia ser evitada, ao menos tinha condições de ser minimizada em suas consequências, na saúde e na economia.<br />
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Mas a financeirização dos fluxos de capitais a nível mundial, não tem, ou a ela não interessa, vocação para o planejamento sobre os constantes e intensos movimentos de pessoas que existem hoje no planeta, relativos aos perigos de uma pandemia viral já prevista e anunciada. Não é da sua natureza prevenir semelhantes acontecimentos.<br />
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Quanto à capacidade de remediação de tragédias, que hoje vivemos, a globalização financeira já está buscando extrair ao máximo os lucros, tanto que os bancos estão obtendo lucros estratosféricos em plena pandemia, especialmente os especuladores financeiros, apesar da debacle da economia internacional.<br />
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Recente relatório sobre a economia europeia, feito pelos órgãos de Bruxelas, apontam que em meados dos anos oitenta, a Europa respondia por quase 25% da riqueza produzida no mundo. Hoje, essa riqueza produzida equivale a 12% do total global. Boa parte das economias das nações do velho continente vive de uma grande fatia do turismo.<br />
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A indústria, o setor de serviços, especialmente, se espatifaram nessa crise sanitária mundial. O setor aéreo desmoronou quase que completamente. A sua recuperação vai se dar através da concentração ainda maior de empresas e do desemprego massivo. Ou seja, mais do pior veneno possível.<br />
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Muitas empresas, de médio e pequeno porte, que mais empregam pessoas, jamais reabrirão as suas portas, em todo o mundo.<br />
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A guerra fria, que perdurou, praticamente, durante grande parte do século XX, foi substituída pelo multilateralismo geopolítico e econômico global. Novos atores entraram em cena, e outros lutam para se incorporar a esse novo cenário.<br />
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Mas a grande verdade é que sairemos dessa tragédia sanitária com uma concentração das riquezas ainda mais acentuada e uma taxa de desemprego global, praticamente, insuportável. Além da precarização da força de trabalho em escala gigantesca. E as disparidades regionais bem mais agravadas.<br />
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Esse não é um saldo da pandemia do corona vírus, mas o que a pandemia sanitária fez agravar, como um reagente químico, na política da governança hegemônica global, do capital financeiro especulativo.<br />
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De tal maneira tem sido a concentração, a centralização do capital especulativo em escala mundial, que ele passou a ditar as orientações políticas e ideológicas que circulam em larga escala, especialmente no chamado mundo ocidental.<br />
<br />
A mídia ocidental de grande abrangência, transformou-se, como seria inevitável, em propulsora das ideologias difundidas por esse mesmo oligopólio dos megaespeculadores das finanças mundiais, que são, na verdade, um clube privado de reduzido número de sócios internacionais, onde se destacam figuras conhecidas como George Soros, por exemplo.<br />
<br />
Como seria de esperar, nesse contexto de supremacia política do governo das finanças global, não se apresentam, às sociedades, as alternativas para as atuais disparidades que não param de crescer, ainda mais com a pandemia sanitária, já que ela se apresenta como uma grande oportunidade de se operar uma maior concentração do capital especulativo.<br />
<br />
A Europa, por exemplo, vive uma situação inusitada. Com o declínio gradual, mas persistente, na produção das suas riquezas, como vimos acima, os governos e as cidades mais importantes do velho continente, resolveram investir em grandes infraestruturas para acolher e incentivar o turismo mundial.<br />
<br />
Além disso, em virtude do crescente declínio demográfico, onde se destaca uma população geriátrica e uma taxa de natalidade cada vez mais reduzida, os Países europeus passaram a investir em uma força de trabalho imigrante, especialmente no setor de serviços e na agricultura, em menor grau na indústria, escassa.<br />
<br />
Agora, as cidades turísticas europeias convivem com duas espécies de movimentos que se confrontam em pichações nas ruas: um que se diz à direita, em campanha aberta contra os imigrantes, e o outro, que se diz à esquerda, contra a presença massiva de turistas, porque afirmam que poluem o meio ambiente, na defesa de cidades sustentáveis.<br />
<br />
Ora, com as populações cada vez mais envelhecidas, onde proliferam asilos de idosos, sem a renovação demográfica, porque escasseiam os nascimentos, e o declínio industrial, conforme os próprios relatórios dos órgãos oficiais europeus, o velho continente encontra-se em um paradoxo de narrativas políticas, culturais e ideológicas, sem solução.<br />
<br />
Nesse caldo de cultura, não prosperam alternativas econômicas e sociais racionais, mas a xenofobia política, a intolerância e o sectarismo, facilitando o surgimento de organizações políticas extremadas que se digladiam e vão polarizando as sociedades rumo ao impasse em algum momento no futuro. Já assistimos a esse filme antes, na época que antecedeu a Segunda Guerra Mundial.<br />
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Nos Estados Unidos, assistimos às recentes eleições presidenciais onde se confrontaram adeptos das teorias das conspirações, terraplanistas, inimigos da ciência, supremacistas brancos, combatentes contra o racismo, a intolerância sexual, ambientalistas, saudosistas do “passado glorioso” etc. etc.<br />
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Não prosperou nenhuma discussão relevante sobre como os EUA poderiam recompor a sua imensa capacidade industrial, sustar a crescente chaga social, a retomada da industrialização sob novas bases, com a atual multipolaridade geopolítica e econômica mundial.<br />
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É como se o grande País do Norte se negasse a enfrentar a nova realidade. Prevaleceu, assim, uma batalha de “narrativas culturais” distante das soluções fundamentais para o seu destino e o seu povo.<br />
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No Brasil, não tem sido diferente. As últimas eleições presidenciais resultaram em uma guerra “cultural” onde se confrontaram forças muito semelhantes às dos Estados Unidos, vencendo o presidente Bolsonaro.<br />
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Postado em uma linha cultural do medo contra as mudanças comportamentais, de gênero, misturando a negação contra a ciência, como a vacina, uma guerra ideológica do século passado, requentada, e que já não mais existe, além de um alinhamento aos EUA, e ao presidente Trump, como se os Estados Unidos fossem os Guardiões do Templo do mundo ocidental. Com a eleição de Biden, o governo federal se isolou do próprio Estados Unidos. Somos hoje uma nação sem boas relações geopolíticas e comerciais. É o isolacionismo como diplomacia de Estado.<br />
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Tudo isso resultou em um seguidismo unilateral à grande nação do norte, um descaso aos interesses brasileiros, um confronto frente os nossos principais parceiros comerciais. Um nonsense absoluto. A diplomacia brasileira, respeitada em todo o mundo, desde a época do Império, regrediu a patamares jamais existentes em época alguma.<br />
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O que não existe mesmo é uma discussão sobre um projeto de nação, sobre a retomada do crescimento econômico com bases em nossas imensas possibilidades e riquezas, na galvanização da sociedade com vistas à solução dos nossos desafios, investimentos pesados na infraestrutura, educação, ciência e tecnologia, superação das nossas trágicas desigualdades sociais. Já diz o ditado popular: em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.<br />
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O Brasil vai sair dessa atual pandemia com indicadores econômicos e sociais bem mais trágicos, com uma desorientação institucional imensa, isolado na diplomacia internacional, sem rumos e à deriva. É o relatório Gutierres à brasileira.<br />
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O que temos aqui é uma mistura de neoliberalismo extremado, um falso nacionalismo, associado a um liberalismo autoritário. Uma sociedade desconfiada, inquieta, desarmoniosa, indecisa. E acima de tudo, com um clima social imprevisível, em um futuro imediato, frente à tragédia do desemprego em massa, que ora já vivemos.<br />
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Enfim, como afirmou o cientista político e historiador camaronês Achille Mbembe: outro longo e mortal jogo começou. O principal choque na primeira metade do século XXI não será entre religiões e civilizações. Será entre a democracia e o neoliberalismo da especulação financeira. Entre o governo das finanças e o governo do povo. Entre o humanismo e o niilismo. E seria importante acrescentar: entre a soberania dos povos e das nações, contra a nova forma de expansionismo neocolonial, sob a égide do capital especulativo financeiro global.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-17928790499900401782020-11-21T11:22:00.000-03:002020-11-21T11:22:59.186-03:00Patrice Lumumba: 59 anos da morte de um dos maiores líderes pela independência nacional na África<br />
<i><b>Não há imperialismo bom e imperialismo mau, há o imperialismo.</b></i> <br />
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<i><b>Não há especulador financeiro bonzinho e especulador financeiro mau, há o rentismo predador.</b></i> <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh90XifM2yI8pj_34SCSywdVXML1_eMQjSYvWtmuPXXQM-nkJny44LPv2XmGe_LEzfSdEloh0d0Hjb2KC3h6ztvXhQWisMPAL5-kYP1HVWiKcc6CZ-alYb8ldma8uweIt28Cc96cI8X3xk/s1600/Patrice+fala+entrevista+coletiva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="302" s5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh90XifM2yI8pj_34SCSywdVXML1_eMQjSYvWtmuPXXQM-nkJny44LPv2XmGe_LEzfSdEloh0d0Hjb2KC3h6ztvXhQWisMPAL5-kYP1HVWiKcc6CZ-alYb8ldma8uweIt28Cc96cI8X3xk/s320/Patrice+fala+entrevista+coletiva.jpg" width="320" /></a></div><br />
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Admirado e homenageado em todo o mundo pelos que lutam pela liberdade e soberania de seus povos e de sua pátria, o congolês Patrice Lumumba preso, torturado e assassinado há quase 60 anos, em 17 de janeiro de 1961, aos 35 anos, foi uma das principais lideranças pela libertação de suas nações do colonialismo na África e um dos primeiros chefes de estado pós-independência. Herói ao lado de Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Samora Machel.<br />
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Desde muito jovem participou ativamente das lutas anti-colonialistas de sua terra, o Congo Belga. Depois de haver sido eleito presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores Congoleses, em 1958 fundou o Movimento Nacional Congolês (MNC), o maior partido nacionalista congolês e o único constituído em bases não tribais.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjqhur6O8MB8Cb4ZUtYW2IAlW4EvC07PlO_tdl7hva4W8VOheYadWlskubvmEbcgpEIZ0RYXpFrYbK9jFlIXifzxGxhZguzweNV-YmTlZTRwZtW-MAHRJDxZBFESVjMgpamXIDoMqrB-0/s1600/Patrice+Lumumba+acena.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" s5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjqhur6O8MB8Cb4ZUtYW2IAlW4EvC07PlO_tdl7hva4W8VOheYadWlskubvmEbcgpEIZ0RYXpFrYbK9jFlIXifzxGxhZguzweNV-YmTlZTRwZtW-MAHRJDxZBFESVjMgpamXIDoMqrB-0/s320/Patrice+Lumumba+acena.jpg" width="232" /></a></div>Em dezembro do mesmo ano, ao se pronunciar na primeira Conferência dos Povos Africanos, em Accra, capital da recém-independente Gana, como membro da delegação do MNC, destacou-se pela clareza com que defendeu as ideias pan-africanas de unidade contra o colonizador, juntando-se a outros líderes africanos que se destacavam na torrente com que o conjunto dos movimentos nacionais avançava para romper o jugo a que os países europeus haviam submetido o continente africano. Ao lado de Lumumba, Kwame Nkruma, da recém-liberta Gana, Tom Mboia, líder do Kenia; Sekou Touré, da Guiné; Julius Nyerere, da Tanzania.<br />
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Logo após seu retorno ao Congo, acelerou-se a luta pela independência, conquistada dois anos depois. Desde os primeiros passos em seu combate, o dirigente congolês visualizou a questão fundamental para a garantia da libertação nacional do colonialismo: a unidade da nação em formação, acima das disputas tribais. A concepção clara da dignidade nacional, da necessidade de cimentá-la acima das divisões étnicas e tribais, lhe valeu o ódio dos colonialistas e da casta dominante do imperialismo americano, que desejava substituí-lo.<br />
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A expressão que adquiriu com rapidez, o estímulo com que conduziu os demais na luta pela independência fez com que, nas negociações em Bruxelas, a delegação congolesa exigisse a sua presença. Lumumba se encontrava preso – acusado de incitar “a desobediência civil” durante as manifestações de massa pela independência em outubro de 1959 - e os belgas tiveram que tirá-lo da cadeia diretamente para o avião de onde ele iria dirigir o processo de libertação na sua fase final: as negociações em Bruxelas até a assinatura dos protocolos que especificavam a data para a entrega do poder a um governo congolês, que viria a ter Lumumba no comando, no posto de primeiro-ministro.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlXtyfUJ5dvpQPQqhcLvW2ej_x1daosX5GQMx99RKUmdlTG2_Hry0gHQEiblDeVrxvCjlS26vqiS_5k8ol2GB2bRnX5T7IHAXiZUKGR87mr0r8A9C9NdaN5sItxsJPDsIkc7-r3DnyXxQ/s1600/Patrice+Lumumba+e+bandeira.gif" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" s5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlXtyfUJ5dvpQPQqhcLvW2ej_x1daosX5GQMx99RKUmdlTG2_Hry0gHQEiblDeVrxvCjlS26vqiS_5k8ol2GB2bRnX5T7IHAXiZUKGR87mr0r8A9C9NdaN5sItxsJPDsIkc7-r3DnyXxQ/s320/Patrice+Lumumba+e+bandeira.gif" width="320" /></a></div>O seu discurso no dia da independência, 30 de junho de 1960, permanecerá nos anais da diplomacia mundial como uma peça oratória magnífica, em que o jovem dirigente africano, na presença do rei Balduíno, da Bélgica, e de outros dignitários estrangeiros, denunciou abertamente os crimes hediondos do colonialismo belga sobre o povo congolês e traçou as perspectivas do futuro Congo, liberto da dominação estrangeira.<br />
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Como primeiro-ministro foi um líder de grande estatura. Em seu discurso na abertura da Conferência Pan-africana realizada na capital de seu país, Leopoldville, em 25 de agosto de 1960, Lumumba defendeu a unidade e solidariedade dos países africanos em sua luta pela independência e sua consolidação como nações soberanas.<br />
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Em setembro desse mesmo ano Lumumba foi afastado pelo presidente Kasavubu, apoiado pelos Estados Unidos e por militares golpistas comandados por um certo coronel Mobutu. Em novembro é preso e, a 17 de janeiro de 1961, depois de meses de detenção ilegal, é barbaramente torturado e assassinado.<br />
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O próprio Senado dos Estados Unidos, que investigou as atividades dos serviços de “inteligência” norte-americanos, descobriu que a CIA organizou em agosto de 1960 - o Congo era independente há apenas dois meses! - uma conspiração com o “objetivo urgente e prioritário” de assassinar o primeiro-ministro congolês. Para Allen Dulles, o então diretor dos serviços secretos norte-americanos, Patrice Lumumba era “um perigo grave” a ser eliminado.<br />
<br />
O afastamento de Lumumba da chefia do governo, sua prisão e seu assassinato foram o resultado conjugado dos interesses do colonialismo belga - que, apesar da independência do Congo, pretendia continuar a explorar a seu bel-prazer as riquezas do país - e da intervenção do imperialismo norte-americano, através da CIA - o jovem primeiro-ministro era considerado por Washington um “esquerdista”, simpatizante da União Soviética -, coniventes com setores da burguesia congolesa que não hesitaram em trair o seu povo e aliar-se à dominação estrangeira.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN2DmOldfGLke68TjHH0psbAn_UvdY4PuY1c1PprXpsb6u2li5UArvYS6cOPZI9DWXQNTsI-umjqAbkdKDN8yC5t6Vh-2LjnPRaZe3wZjFhYKZDPMSehs4-ed-7WtcO5mNPI6EY2IwlFQ/s1600/Patrice+Lumumba+sorrindo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" s5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN2DmOldfGLke68TjHH0psbAn_UvdY4PuY1c1PprXpsb6u2li5UArvYS6cOPZI9DWXQNTsI-umjqAbkdKDN8yC5t6Vh-2LjnPRaZe3wZjFhYKZDPMSehs4-ed-7WtcO5mNPI6EY2IwlFQ/s1600/Patrice+Lumumba+sorrindo.jpg" /></a></div>Já preso, poucos dias antes de seu assassinato, Lumumba escreveu uma carta de despedida à sua mulher Pauline, em que reafirma a sua confiança no futuro. São belas e comoventes, mas cheias de esperança, essas breves palavras, publicadas mais tarde pela revista “Jeune Afrique”:<br />
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“(…) Não estamos sós. A África, a Ásia e os povos livres e libertados de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta senão no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários no nosso país. Aos meus filhos, a quem talvez não verei mais, quero dizer-lhes que o futuro do Congo é belo e que o país espera deles, como eu espero de cada congolês, que cumpram o objetivo sagrado da reconstrução da nossa independência e da nossa soberania, porque sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.<br />
<br />
Nem as brutalidades, nem as sevícias, nem as torturas me obrigaram alguma vez a pedir clemência, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com fé inquebrantável e confiança profunda no destino do meu país, do que viver na submissão e no desprezo pelos princípios sagrados. A História dirá um dia a sua palavra; não a história que é ensinada nas Nações Unidas, em Washington, Paris ou Bruxelas, mas a que será ensinada nos países libertados do colonialismo e dos seus fantoches. A África escreverá a sua própria história e ela será, no Norte e no Sul do Sahara, uma história de glória e dignidade.<br />
<br />
Não chores por mim, minha companheira, eu sei que o meu país, que sofre tanto, saberá defender a sua independência e a sua liberdade.<br />
<br />
Viva o Congo! Viva a África!”.<br />
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Para os revolucionários do século XXI na África e em todo o mundo, que hoje continuam a lutar em condições diferenciadas contra a dominação imperialista e a exploração capitalista, Patrice Lumumba continua bem presente com o seu exemplo de patriota e combatente pela liberdade. E são de uma enorme atualidade as ideias que defendeu generosamente e pelas quais deu a vida - a urgência da independência nacional e da genuína soberania para todos os países, a unidade africana, a luta intransigente contra o colonialismo e o neocolonialismo, o combate pela emancipação social dos povos.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-91605532066965640782020-11-11T11:23:00.002-03:002020-11-11T11:26:04.151-03:00Rumos e Estadismo<br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgopCMtLJ4xzDcgNhRgRjeeS3vTcWprjwZBqrWEwIQrix5R0APgAOHmzU4N4REZuUrhv9zPORwMdswZHQp8hxQaT73qna1hx40ygy7PcyI9ZWoSZamntTngB3hqs-ZVgd4yvrXeBZDMrxs/s1920/Ho+chi+min.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="1080" data-original-width="1920" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgopCMtLJ4xzDcgNhRgRjeeS3vTcWprjwZBqrWEwIQrix5R0APgAOHmzU4N4REZuUrhv9zPORwMdswZHQp8hxQaT73qna1hx40ygy7PcyI9ZWoSZamntTngB3hqs-ZVgd4yvrXeBZDMrxs/s400/Ho+chi+min.jpg"/></a></div>
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O compositor Gilberto Gil lembrou a frase de dona Canô, mãe de Caetano Veloso, falecida aos 105 anos: quem não morre, envelhece. De fato, não é, como parece, uma dedução simples, mas cheia de lições em tão longa existência.<br /> <br />
Numa das polêmicas crônicas que Nelson Rodrigues escreveu à época do “poder jovem” na década de 60 - e o que vinha da rebeldia comportamental juvenil tinha-se como verdade absoluta – “meu conselho aos jovens é, envelheçam por favor”.<br /> <br />
O Politicamente Correto, vindo dos laboratórios das finanças globais, arvora-se em sucedâneo das ideias surgidas na França dos anos 60.<br /> <br />
A questão não é a ousadia da juventude essencial às grandes transformações, mas quem ainda não possui a experiência acumulada para discernir os caminhos viáveis das armadilhas inevitáveis.<br /> <br />
Com o passar dos anos é possível enxergar, mais ou menos, uma coisa e outra, evitar equívocos repetidos ao longo dos tempos.<br /> <br />
Existem povos, pela herança adquirida em milhares de anos, que possuem cultura acumulada, capacidade de julgamento aos desafios que a História lhes impõe. Onde é possível juntar a rebeldia dos jovens com a experiência adquirida em milênios.<br /> <br />
É o caso do Vietnã, e seu líder histórico Ho Chi Minh, que derrotou três potências, França, Japão e Estados Unidos em apenas um século, conquistando a independência às custas de sacrifícios inenarráveis.<br /> <br />
Quando em 2003 tive a oportunidade de conversar com o embaixador do Vietnã, líder guerrilheiro à época da libertação, falei que a minha geração tinha muita admiração pela nação vietnamita.<br /> <br />
Ao que ele respondeu: nós é que admiramos os brasileiros que ao longo desses mesmos anos não precisaram travar tantas guerras brutais para libertar a sua pátria, ao custo de milhões de mortos. Não soube o que responder frente à desconcertante sabedoria.<br /> <br />
O premiado escritor angolano José Eduardo Agualusa falou em entrevista que a crise no Brasil lembra Angola na guerra civil, logo depois da libertação colonial, quando a sociedade ficou totalmente dividida.<br /> <br />
Mas Angola conquistou a independência em 1974 em plena Guerra Fria, já o Brasil em 1822. Um País industrializado com mais de 215 milhões de habitantes, uma sociedade bem mais complexa.<br /> <br />
No Brasil de hoje, da pandemia do corona vírus e de Jair Bolsonaro, e em várias outras latitudes políticas e ideológicas, o que existe é desorientação generalizada, onde reinam os ditames do capital financeiro, tanto nos planos ideológico como econômico.<br /> <br />
Aqui, estamos mesmo é sob uma Guerra Híbrida cujo objetivo é a fratura do nosso tecido social. E o que faz falta são rumos, visão de estadista e um projeto de nação soberana, economicamente desenvolvida e socialmente mais justa.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-62012879275091931092020-10-08T11:00:00.001-03:002020-10-08T11:00:50.675-03:00Vai passar<br />
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoxI3OoEmjWFkTe_mIPpvkInCHAh2Sx2x8KYgvHeCGyYBvIpV7dcrBgm_VgmV-tdMvZLIgytH5W6-wcBfSFc12FZpauf98m_ZjpOrWzwmjLFB6veH40r-ojzlJoNXlJ_rpLvS00fbbKMY/s620/vai+passar.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="400" data-original-height="413" data-original-width="620" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoxI3OoEmjWFkTe_mIPpvkInCHAh2Sx2x8KYgvHeCGyYBvIpV7dcrBgm_VgmV-tdMvZLIgytH5W6-wcBfSFc12FZpauf98m_ZjpOrWzwmjLFB6veH40r-ojzlJoNXlJ_rpLvS00fbbKMY/s400/vai+passar.png"/></a></div>
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Nós vivemos uma época ancorada em um pântano onde o que mais viceja é o sectarismo mais infantil, a intolerância mais irreconciliável, o ódio mais descontrolado.<br /> <br />
A pós-verdade dispensa o contínuo Histórico, despreza a cultura, erudita ou popular, e o tal do “novo”, tão apregoado pelos aproveitadores de sempre, transformou-se em relativismo absoluto.<br /> <br />
Cada semana surge uma nova interpretação de tudo e qualquer coisa, logo substituída por outras novas interpretações, e assim sucessivamente.
De tal maneira que, como disse o escritor, “tudo o que é sólido se desmancha no ar”.<br /> <br />
Os pensadores atuais são atores e atrizes da grande mídia, personagens do show business, e os filósofos atuais encontram-se quase que diariamente em programas de TV a cabo a deitar “teses” que são mais de autoajuda que propriamente tentativas de interpretações sobre as contradições profundas do mundo contemporâneo.<br /> <br />
No vácuo, proposital, da incontornável vida política, que vive sob contínua chibatada dos seus inimigos, cuja fixação é mesmo o seu assassinato, artistas e cantores transformaram-se em líderes e teóricos dos rumos a serem seguidos por extratos médios.<br /> <br />
Sem referências do passado, ausência de reflexões razoavelmente bem sustentadas sobre o presente, vive-se um presente contínuo, como em uma roda gigante dos parques de diversão, subindo e descendo sobre o mesmo eixo, passando sempre pelo caminho inicial.<br /> <br />
O ativismo político é substituído, quase sempre, pela histeria política, especialmente nas redes sociais, que faz uma ponte com as notícias da grande mídia hegemônica, e se retroalimentam continuamente.<br /> <br />
Ser cristão ou ateu, deixou de se caracterizar como uma opção de fé teológica, ou reflexão sobre a condição humana e sua finitude, transformou-se em uma cruzada radical, coletiva, de uns contra os outros. Cada um carregando a sua fé, ou ausência dela, como se fossem medalhas no peito, conquistadas em batalhas sangrentas contra inimigos mortais.<br /> <br />
Pensa-se em tudo, menos nos rumos do Brasil, seus dramas, imensas possibilidades, e superações urgentes.<br /> <br />
A pandemia do corona vírus mais parece uma catarse de um mundo em crise, onde as soluções de saúde, médicas, contra o vírus, transformaram-se em uma batalha ideológica, como se houvesse vacinas ou antivirais de esquerda, centro ou direita. O que existe são remédios, eficazes ou não.<br /> <br />
Como sabem, não sou, nunca fui, nem serei bolsonarista, mas o problema do Brasil é maior que os descaminhos do governo federal, em quase todos os níveis de governabilidade.<br /> <br />
Trata-se da doença “espiritual” de vocação autoritária em quase todos os extratos ideológicos, inclusive em parte da sociedade mais esclarecida, enquanto as grandes maiorias sociais, alheias a tudo isso, perambulam pelas ruas na busca da dura sobrevivência, em meio a uma crise sanitária, econômica, social, carregando, ainda por cima, os males estruturais, históricos do Brasil.<br /> <br />
Apesar disso, contornam-se as buscas das soluções concretas, através de uma tempestade de falsos ideologismos, incessantes, discute-se uma realidade paralela. Ou como me escreveu o amigo jornalista Ênio Lins: a pós-verdade é pseudoverdade, talvez sem exceções.<br /> <br />
No mesmo rumo, lembro a frase do velho amigo Plínio Lins: a boa mídia, a boa imprensa, é o único respiradouro, ao lado da arte, como forma eficaz de juntar inteligência e beleza. Lutemos por elas portanto.<br /> <br />
As soluções para as crises, pequenas ou grandes, como a atual, sempre surgiram através da via política, na concertações de consensos, de amplas unidades.<br /> <br />
Até nas guerras, porque como afirmou o grande teórico dessa matéria extrema: a guerra é a continuação da política, por outras vias.<br /> <br />
Nesse caldeirão sectário que estamos vivendo, creio fundamental a primazia da vida democrática para a solução dos trágicos problemas nacionais. E nessa vida democrática, as eleições, como a que estamos exercendo na excepcionalidade dessa pandemia sanitária.<br /> <br />
Porque sem democracia e eleições quem vai decidir os nossos destinos são os caudilhos, os ditadores, ou os loucos predestinados pela fixação do poder.<br /> <br />
O que me lembra dos tristes déspotas latino-americanos, que narrou Gabriel Garcia Márquez, como o paraguaio que cismou de combater uma epidemia de sarampo que assolava o País irmão, cobrindo os postes de rua com papel celofane vermelho.<br /> <br />
Ou o caudilho de El Salvador, que após uma sangrenta batalha pelo poder, da qual saiu vitorioso, promoveu uma magnífica e babilônica festa de três dias e três noites, para enterrar a sua própria perna, perdida em combate.<br /> <br />
A pandemia do corona vírus vai passar, como tantas outras que viveu a humanidade, assim também esses tempos desorientados, como outros que já se foram.<br /> <br />
E a democracia, as eleições, são bem melhores que a insanidade dos ditadores. Portanto, vamos pelejar por elas, para o nosso próprio bem e do País. E quem puder, mantenha o isolamento social, até a vacina, porque o bicho é brabo.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-20139636595339217102020-08-05T21:05:00.000-03:002020-08-05T21:23:03.953-03:00O Brasil, algoritmos e fanatismos<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtO0kw_ewkjY_kRuuRwnv5pBcO8gyphK2GYRGHsgM57BaQzjZHerbvj6vQq0bSVCw2znd-pTxpCG9tX4vEs5jPENXFnnii04kYR4o1Xec1sIGo-PSxS-G9p-3SfVIxOG_4J7FjO2Qlzs0/s1600/O+Brasil+algoritmos+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtO0kw_ewkjY_kRuuRwnv5pBcO8gyphK2GYRGHsgM57BaQzjZHerbvj6vQq0bSVCw2znd-pTxpCG9tX4vEs5jPENXFnnii04kYR4o1Xec1sIGo-PSxS-G9p-3SfVIxOG_4J7FjO2Qlzs0/s400/O+Brasil+algoritmos+1.jpg" width="400" height="300" data-original-width="555" data-original-height="416" /></a></div>
<br />
<i>Por Eduardo Bomfim</i><br /> <br />
Que ninguém se iluda, pensar o Brasil é tarefa exclusiva dos brasileiros, seja nas questões da indústria, da agricultura, da saúde, educação etc., e acima de tudo em relação aos interesses nacionais.<br /> <br />
Vivemos uma época especial em todo mundo, onde prevalecem mecanismos sofisticados de interferências desestabilizadoras nas sociedades, da parte do capital financeiro, megaempresas globais, além das grandes potências internacionais, na medida em que a revolução digital, a internet, alcançou o protagonismo irreversível que todos conhecemos.<br /> <br />
Mas as facilidades advindas das novas formas de comunicação entre as pessoas, no consumo, provocaram novas maneiras de interferências na vida política das sociedades. E são esses os fenômenos que estamos vivenciando.<br /> <br />
A competição industrial, agrícola, comercial, e geopolítica, se intensificou de forma exponencial, e nenhuma megaempresa global, ou potência internacional, está presente no mundo de hoje para esclarecer as coisas, mas para fazer valer os seus interesses, ou para confundir, se assim for necessário, desestabilizar as sociedades.<br /> <br />
A racionalidade tornou-se um produto raro, ou em falta, nas atuais relações humanas. Muitas vezes tem prevalecido o delírio, quase esquizofrênico, na interpretação dos fatos, principalmente quando se trata das questões políticas.<br /> <br />
Os algoritmos, no mundo digital, têm feito, com a rapidez, quase, instantânea, o trabalho que interessa ao grande capital financeiro, à luta política, às grandes potências, ou na competição dos produtos no mercado, seja ele qual for.<br /> <br />
Se você adquire um aplicativo para ouvir música, por exemplo, esses algoritmos vão lhe direcionar para as músicas que consideram afins com o seu gosto inicial, e daí vão lhe conduzir para uma “bolha” digital que consideram o seu gosto. O que vai exigir muita consciência crítica e lucidez para que você não se torne um consumidor passivo de músicas.<br /> <br />
As redes sociais, através dos mesmos mecanismos dos algoritmos, também vão lhe conduzir ao mesmo processo de identificação de opiniões idênticas às suas, promovendo as “bolhas” de ativismo social, reduzindo o horizonte de reflexão e discernimento dos indivíduos.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzGuGLeqi30OCZ48VV0dZ3JGWkQjdzyxjtreGBPHCc4S5-uMQrf05mHrLOTb1IbfVi5KoANAIOd7KwlbsxbYONa3g4YeT0Ji8ST9jC4rQTO0sUjoDk6cjjEzjZgNwhW5-oxB-TbEVr0T4/s1600/O+Brasil+algoritmos+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzGuGLeqi30OCZ48VV0dZ3JGWkQjdzyxjtreGBPHCc4S5-uMQrf05mHrLOTb1IbfVi5KoANAIOd7KwlbsxbYONa3g4YeT0Ji8ST9jC4rQTO0sUjoDk6cjjEzjZgNwhW5-oxB-TbEVr0T4/s400/O+Brasil+algoritmos+2.jpg" width="400" height="267" data-original-width="1000" data-original-height="667" /></a></div>
<br />
Assim como facilita a promoção das ações de publicação de notícias falsas, as tais das fake news, alimentando uma cadeia de desinformação sobre a verdade dos fatos, que são instrumentalizadas por grupos políticos, interesses geopolíticos estratégicos, ou mesmo na competição de produtos à venda no mercado.<br /> <br />
A grande mídia global tem combatido as fake news, mas ela promove também, à sua maneira, as notícias que considera relevantes ou não. Em sua grande parte, ela se encontra a serviço dos interesses do capital financeiro, e promove as suas agendas cultural, política e ideológica, hoje hegemônicas.<br /> <br />
E dita, conduz, as pessoas, para a luta que “deve” ser relevante. E em praticamente vinte quatro horas, em todo o mundo ocidental, grupos de “ativistas” sociais digitais, como as recentes manifestações para destruir estátuas e monumentos Históricos relevantes, saem às ruas movidos por uma fúria emocional.<br /> <br />
Sem nenhuma reflexão crítica, mais profunda, sobre o significado das suas ações, com base em uma espécie de um difuso, falso, Internacionalismo militante. Dias depois, essa “causa” arrefece e logo é substituída por outra, igualmente carregada do mesmo conteúdo emocional, quando não sectário.<br /> <br />
Na atual luta dos cientistas, na área de saúde, contra o corona vírus, existem algumas vacinas, em pesquisa, em estágio avançado.<br /> <br />
Um desses surtos emocionais, ideológicos, foi promovido nas redes sociais, contra a possível vacina chinesa, em convênio com o Instituto Butantã no Brasil, sob a alegação de que essa possível vacina, estaria “infectada” com um nano chip que iria controlar as pessoas, vigiá-las, e aliciá-las ao comunismo internacional. Um delírio, impensável em outras épocas, se não fossem os algoritmos, manipulados por um extremismo sectário.<br /> <br />
A atual realidade política brasileira está carregada por frenética Guerra Híbrida, cujo objetivo central tem sido a fratura do tecido social da sociedade nacional, entre grupos com agendas identitárias.<br /> <br />
Uns procurando negar o contínuo histórico nacional, as grandes figuras que, em cada época determinada, ergueram o espírito do País, através das ideias e das realizações, que formam a nossa civilização única, mestiça e tropical, como descreveu o grande antropólogo Darcy Ribeiro.<br /> <br />
Outros, em um campanha irracional, fundamentalista, inimiga do progresso, pretendem levar o País aos tempos medievais passados.<br /> <br />
A continuada polarização dessa “ordem” de coisas não serve aos interesses nacionais, porque é falsa, sem perspectiva estratégica, e conduz a nação à imobilidade, ao atraso, e fratura o nosso tecido social.<br /> <br />
Já essa atual guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, eles estão jogando o jogo deles, nós devemos estar é com os nossos interesses. Não podemos estar alinhados em disputas ideológicas de ocasião. Devemos ficar com o que serve ao Brasil e ao povo brasileiro. Promover uma diplomacia ampla, pacífica e de cooperação internacional em todos os níveis.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRWqwFCYZNgWmqzqZBAOSfFyIWAKiGB7_GiL7hK1vC8t_6TF1hejfV70P9fEciwvD3hTEttr1vRTHLlrzi-5wtTg8CtFNUyackFDHGQkjISsdYewpkYUkqMMoIasfX371pyFSFuhICbKk/s1600/O+Brasil+algoritmos+3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRWqwFCYZNgWmqzqZBAOSfFyIWAKiGB7_GiL7hK1vC8t_6TF1hejfV70P9fEciwvD3hTEttr1vRTHLlrzi-5wtTg8CtFNUyackFDHGQkjISsdYewpkYUkqMMoIasfX371pyFSFuhICbKk/s400/O+Brasil+algoritmos+3.png" width="400" height="153" data-original-width="804" data-original-height="308" /></a></div>
<br />
Quanto à campanha de cerco que atinge a Amazônia, sob o justo pretexto de evitar e combater as queimadas, ela possui, na verdade, o objetivo estratégico da internacionalização de um ativo ambiental, mineral, biológico, geopolítico, inigualável no planeta.<br /> <br />
Tudo isso promovido por ONGs suspeitas e potências estrangeiras. É hora de levantar, com serenidade, altivez, uma campanha em defesa da Amazônia, que é nossa, assegurada com muita luta por aqueles que nos deixaram esse extraordinário legado ambiental e patrimônio territorial.<br /> <br />
Quando promovem uma campanha contra a agricultura brasileira, isso nada tem a ver com as, falsas, justificativas sobre agrotóxicos e outras coisas mais. Mas é devido ao protagonismo internacional da nossa produção de grãos, carnes etc., que disputa com alta qualidade, tecnologias e cumprimento de todas as normas sanitárias exigidas pelos acordos mundiais. Aliás, é a agricultura que vem salvando o País nessas ultimas décadas.<br /> <br />
A luta de ideias nestes tempos de hoje é vital, no empenho por um programa nacional de desenvolvimento estratégico, pela reestruturação do parque industrial nacional, recompor a nossa cadeia produtiva. Pelo investimento maciço em educação em todos os níveis, ciência e tecnologia, infraestrutura, na promoção de políticas públicas com investimentos sociais.<br /> <br />
Se o Brasil atingir essas metas, estaremos alcançando o patamar de uma nação verdadeiramente progressista, rumo ao pleno desenvolvimento econômico, combinado com a alta qualidade de vida do povo brasileiro. Território continental, riquezas naturais, matérias primas, uma população de mais de 200 milhões de habitantes, com engenhosidade, vontade de crescer, nós temos. Falta-nos o projeto, a vontade, e a união do povo em torno dos novos desafios.<br /> <br />
Em tempos de algoritmos digitais, fanatismos ideológicos, tempestades de ódios difusos, como disse o poeta: falta-nos cumprir o Brasil. E essa obra não cai do céu, ou por geração espontânea. Precisa ser edificada, construída. Talentos, não nos faltam. É fundamental a iniciativa.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-90285446775497709282020-07-28T18:59:00.000-03:002020-07-28T19:58:39.178-03:00A soberania limitada e a Guerra Híbrida<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg7ZJhiVDDo-H4lbDOOLXYDdPuQSo26m5o9ZNVS4Uib3MX_yAeupYzH24ALGcN6wi8eTluBoD7keYjyfYZKdPbXHdDmG08UOe-c23eYj4BbY3l1ITX3YgC4nqICdtubufITEznSQfcUk8/s1600/a+soberania+limitada+foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg7ZJhiVDDo-H4lbDOOLXYDdPuQSo26m5o9ZNVS4Uib3MX_yAeupYzH24ALGcN6wi8eTluBoD7keYjyfYZKdPbXHdDmG08UOe-c23eYj4BbY3l1ITX3YgC4nqICdtubufITEznSQfcUk8/s400/a+soberania+limitada+foto+1.jpg" width="400" height="400" data-original-width="300" data-original-height="300" /></a></div>
<br />
<i>De Eduardo Bomfim</i>
<br /> <br />
A globalização financeira prossegue na sua determinação de, na prática, impor aos povos e às nações a soberania limitada, em uma escala crescente que marcha, especialmente entre as cadeias mais frágeis de vários Países, para uma forma de colonialismo do novo milênio.<br /> <br />
Esse processo caminhou por vias sinuosas, desde a instituição do padrão dólar-ouro na conferência de Breton Woods, em 1944, demarcando a hegemonia monetária dos Estados Unidos.<br /> <br />
Em 1971 os Estados Unidos tomaram a decisão de acabar com a paridade dólar-ouro, ficando o dólar como moeda hegemônica global, respaldado pelo tesouro norte-americano. Essa decisão foi ratificada pelo FMI em 1973.<br /> <br />
Na década de 80 as políticas neoliberais assumiram o protagonismo de uma doutrina econômica hegemônica mundial, sob os governos de Margaret Thatcher, a dama de ferro, na Inglaterra, e do presidente Ronald Reagan nos Estados Unidos.<br /> <br />
Todo esse processo levou à desregulamentação dos fluxos financeiros domésticos, vinculados à produção de riquezas. Estava inaugurado o caminho para o extraordinário processo de acumulação financeira especulativa global, através do rentismo predador, que, de crise em crise, segue até os dias atuais.<br /> <br />
Nesse mesmo período a hegemonia unipolar econômica, financeira, militar dos Estados Unidos, conquistada após a extinção da União Soviética, foi perdendo a liderança desse processo.<br /> <br />
Ao tempo em que todas as formas de controle administrativo, das taxas de juros, do crédito e dos movimentos do capital financeiro foram progressivamente abolidas.<br /> <br />
A desregulamentação do capital foi, dessa forma, um dos elementos motores da globalização financeira. Estavam abertas as condições para uma espécie de governança mundial do capital financeiro especulativo.<br /> <br />
Uma governança informal, invisível, mas que nem por isso deixa de ser efetiva e de caráter multilateral.<br /> <br />
Cifras astronômicas de trilhões de dólares circulam, sem regulação alguma, pelo mundo em poder de megaespeculadores internacionais, desligadas da produção de riquezas. Esse é o mundo em que vivemos hoje.<br /> <br />
Como é óbvio, as instituições internacionais “oficiais”, criadas no pós Segunda Guerra mundial, para fins de construção de consensos e administração de conflitos regionais, passaram a seguir o rastro do dinheiro em mãos dos especuladores globais, e as suas diretivas.<br /> <br />
De tal forma que tratados internacionais, úteis ao processo hegemônico da livre financeirização dos fluxos de capitais, foram sendo oficializados por essas instituições mundiais e transferidos, como normas, aos Países.<br /> <br />
A hegemonia do capital especulativo predador chegou igualmente à grande mídia, transformando-a em sua porta voz oficiosa.<br /> <br />
Tratava-se, a partir daí, de constituir uma espécie de ideologia hegemônica, que satisfizesse aos interesses da globalização financeira e substituísse as culturas nacionais, sua raízes, características próprias etc.<br /> <br />
Formatou-se, entre outras coisas, uma espécie de anarquismo invertido, visto que não serve aos propósitos com que sonhava o teórico anarquista Bakunin, mas ao anarquismo desregulamentador do capital financeiro.<br /> <br />
Assim como surge uma espécie de neotrotskismo internacionalista, mas, ao contrário do que sonhava Leon Trotsky, não um trotskismo das classes trabalhadoras, mas um trotskismo internacionalista sob a égide do capital financeiro.<br /> <br />
Com a soberania cada vez mais limitada pelas orientações e tratados do capital financeiro, no plano econômico, administrativo, comportamental, os governantes foram perdendo os seus protagonismos de efetivos dirigentes nacionais. Transformaram-se, em grande parte, em gerentes e administradores das orientações e diretivas vindas do capital financeiro.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitJPAiXiJYrd7F6oZgj8jJJoVQOnBDRFjeTPPrGBt9AX97JFD08gS02mDy8Fijn6h9lEU2odIxYu6gNGsjeC9H6292wYWzvqMUz5Wr8JMHOgRTX601AA1Q6MUltmLbeLWv6zn4s1KhliE/s1600/a+soberania+limitada+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitJPAiXiJYrd7F6oZgj8jJJoVQOnBDRFjeTPPrGBt9AX97JFD08gS02mDy8Fijn6h9lEU2odIxYu6gNGsjeC9H6292wYWzvqMUz5Wr8JMHOgRTX601AA1Q6MUltmLbeLWv6zn4s1KhliE/s400/a+soberania+limitada+foto+2.jpg" width="400" height="243" data-original-width="504" data-original-height="306" /></a></div>
<br />
<b>A pandemia da crise e a crise da pandemia</b>
<br /> <br />
O teórico nipo-americano Francis Fukuyama quando previu, falsamente, o Fim da História em seu famoso livro publicado no fim do século XX, não se referia necessariamente à liderança unipolar dos Estados Unidos, mas à celebração da hegemonia superior do capital financeiro como forma de governança mundial.<br /> <br />
No entanto, tamanha acumulação desenfreada do capital parasitário e especulativo, desligado da produção dos povos e nações, começou a provocar uma sucessiva desestabilização da Nova Ordem mundial e atingiu o ápice na crise financeira em 2007 e 2008, que iniciou nos Estados Unidos e rapidamente se espalhou pelo mundo.<br /> <br />
A catástrofe financeira, que abalou as economias nacionais, não teve como solução o reordenamento da economia global mas o aprofundamento das estratégias do próprio capital financeiro especulativo.<br /> <br />
Essa crise acarretou uma debacle das economias nacionais, além de novas diretivas para a desregulamentação dos fluxos financeiros especulativos, a queda do crescimento das economias nacionais, o empobrecimento das sociedades em, praticamente, quase todo o mundo.<br /> <br />
O planejamento econômico foi cada vez mais substituído pela anarquia sem freios que rege a globalização do capital especulativo. O cuidado com as atividades básicas de investimentos em educação, saúde pública, ciência e tecnologia em escala global, cedeu cada vez mais à privatização, e a extrema precarização dessas funções essenciais para os povos.<br /> <br />
Pode-se afirmar que antes de estourar a pandemia sanitária que hoje vivenciamos, tivemos a pandemia da extrema desregulamentação dos fluxos financeiros, com as suas dramáticas consequências, com a queda do crescimento econômico dos países, de forma sistemática e contínua, o desemprego e a catastrófica crise social que jamais parou de crescer.<br /> <br />
Em resumo, a crise financeira, e suas consequências, antecedeu à crise sanitária do corona vírus 19. E será necessário calcular quanto dessa primeira crise possui relação, de causa e efeito, com a pandemia sanitária que vivemos de forma trágica em todo o mundo.<br /> <br />
Em algum momento no futuro próximo deve haver algum balanço sobre a insuficiência das medidas da OMS em relação a essa pandemia. Seja para a ela se antecipar, seja para sugerir medidas rápidas e eficazes para minimizar os seus efeitos. E aqui não se encaixam teorias da conspiração, tão em voga nos dias atuais.<br /> <br />
Mas a verdade é que os organismos internacionais institucionais se encontram defasados quanto aos seus propósitos intrínsecos. Na maioria das vezes eles adotam medidas, sugestões paliativas e secundárias, ou de marketing, para fins de justificar as suas existências.<br /> <br />
A atual crise sanitária global, entre outras coisas, serviu para mostrar a pouca eficiência desses organismos, assim como a guerra do Iraque, entre outros conflitos regionais, demonstrou a pouca eficácia da ONU como autoridade real em administrar conflitos regionais ou globais de grande porte.<br /> <br />
A atual pandemia sanitária não foi a responsável pela catástrofe econômica e social que vivemos, mas levou ao seu aprofundamento em nível brutal, como um catalizador, ou reagente químico.<br /> <br />
Assim a crise financeira, econômica e social atingiu uma escala formidável. É inacreditável a tendência que se vende, aos incautos, que a pós pandemia vai possibilitar uma sociedade mundial mais harmoniosa, mais limpa e mais solidária, quando na verdade já estamos em uma crise econômica, social e humanitária, sem precedentes na História contemporânea. Na História, muitas vezes, os mitos são mais importantes que a realidade.<br /> <br />
Dois meses após o reconhecimento da pandemia sanitária, as discussões nas mídias e redes sociais, desconectaram-se das questões concretas de como enfrentar melhor o corona vírus e passaram ao campo político. Não se abordam as propostas econômicas, sociais, para enfrentar uma realidade dramática de desemprego massivo e a consequente, trágica, crise social.<br /> <br />
Assim, como nas ultimas décadas, cria-se uma falsa perspectiva sobre a verdade dos fatos, elabora-se, mais uma vez, uma realidade paralela e fantasiosa sobre o mundo em que vivemos. E, convenhamos, é necessário muito investimento e capital, além de mídia, para se imporem concepções tão dissociadas da vida concreta dos povos.<br /> <br />
Não é à toa que vários segmentos intelectuais e acadêmicos vivem, há um bom tempo, em uma torre de marfim de agendas identitárias, descolados das grandes maiorias sociais e das necessidades concretas dos seus Países.<br /> <br />
É um fenômeno, a dissociação de setores esclarecidos das sociedades das necessidades objetivas das grandes maiorias do planeta. E ao mesmo tempo é como se uma parcela de classe média, estivesse vivendo em uma sociedade dividida em castas.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkh6-oPfG8IKFqfR-DC9z0XoxZoLk0cJi45ZJ_dbcUeDKiDT7__ROZ4oWp8tYIahmTAFO083zNY6KuAJ3HhbCpDcyNGBeZwsMN5eLp81wCNJhoKWxuoXgL-JbPaUjtQv2_XwNhHwS_KFE/s1600/a+soberania+limitada+foto+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkh6-oPfG8IKFqfR-DC9z0XoxZoLk0cJi45ZJ_dbcUeDKiDT7__ROZ4oWp8tYIahmTAFO083zNY6KuAJ3HhbCpDcyNGBeZwsMN5eLp81wCNJhoKWxuoXgL-JbPaUjtQv2_XwNhHwS_KFE/s400/a+soberania+limitada+foto+3.jpg" width="400" height="267" data-original-width="800" data-original-height="533" /></a></div>
<br />
Mas na verdade trata-se do “investimento” da globalização financeira em uma elite que encampe as suas agendas culturais e comportamentais. Uma estratégia de cooptação dos de “cima”, e o abandono à própria sorte dos novos deserdados da terra, a grande maioria das populações das nações.
O objetivo é constituir uma vanguarda intelectual, de ativistas nas redes sociais, incorporada às perspectivas, doutrinas e agendas do capital financeiro, na tentativa de enfraquecer as possibilidades dos Estados nacionais quanto à formação de uma massa crítica e pensante, relativa aos programas e projetos de desenvolvimento nacionais.<br /> <br />
Assim como os identitaristas fundamentalistas religiosos, reacionários, movidos por uma orientação econômica neoliberal ultraortodoxa, representada no Brasil pelos bolsonaristas hoje no poder central do País. Uma verdadeira Guerra Híbrida em curso.<br /> <br />
Assim, a centralidade da questão nacional passa a ser a inimiga principal do capital financeiro, da Nova ordem mundial, e o protagonismo do Estado nação, o adversário a ser aniquilado.<br /> <br />
<b>Da soberania limitada ao novo neocolonialismo financeiro, a ausência de uma perspectiva Histórica no “presente contínuo”, a divisão internacional das cadeias produtivas, a substituição do protagonismo político das grandes maiorias pelas agendas das corporações.</b><br /> <br />
Mas, quando alguém, como Francis Fukuyama, decreta o fim da História, essa afirmação encontra-se carregada de um fundamentalismo doutrinário, quase fanático. Porque deseja que a sua visão econômica e filosófica seja hegemonicamente imposta aos demais e às sociedades. Tal enunciado não prospera, como de fato aconteceu.<br /> <br />
Em 1938 Hitler anunciou o seu império, o Reich de mil anos, um mundo sem fronteiras. E deu no que deu, a terrível carnificina da Segunda Guerra mundial. Hoje temos, de novo, um mundo em que a racionalidade política é um bem escasso. No caso de um propalado mundo sem fronteiras, há que se perguntar quem será o seu gerente, ou os administradores desse consórcio que fará as tratativas de um mundo sem fronteiras.<br /> <br />
Vivemos atualmente um momento semelhante ao período de entre guerras, anterior à Segunda Guerra mundial, onde a polarização fanática tem sido a regra e a busca por consensos uma exceção. Nesse estado de espírito atual, tem prosperado o fundamentalismo, e o fanatismo, a evidente ausência de perspectivas históricas.<br /> <br />
A busca por consensos, a procura por amplitudes, soa quase como um sonoro palavrão. A globalização financeira já provocou catástrofes econômicas e agora mostra que a tal da internacionalização das cadeias produtivas se mostrou trágica e a pandemia evidenciou a fragilidade das nações, onde não existiam, na maiorias dos Países, nem a produção de máscaras sanitárias ou de ventiladores. A grande maioria das nações tiveram que importar da China.<br /> <br />
Qualquer nação que minimamente preze a própria soberania, e pense no seu futuro, precisa se preparar para constituir um novo ciclo para a reconstituição completa da sua cadeia produtiva, inclusive industrial, é o caso do Brasil, ou vai amargar um novo estágio de recolonização financeira, bem mais radical que a atual soberania limitada que vivenciamos.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ8MMR6s4tJyRbSEQB8IdMAncfIpA5HeYjSmPiT9f60xOhZZ-lojO8g8vbEmfc0bLodRsjLJcvDr6b1_w6v8dtfeNxywinpfJpbQ-UMN22iipr7dbdH-MbXuoY8B6sOIYGtfM-K8YNlKI/s1600/a+soberania+limitada+foto+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ8MMR6s4tJyRbSEQB8IdMAncfIpA5HeYjSmPiT9f60xOhZZ-lojO8g8vbEmfc0bLodRsjLJcvDr6b1_w6v8dtfeNxywinpfJpbQ-UMN22iipr7dbdH-MbXuoY8B6sOIYGtfM-K8YNlKI/s400/a+soberania+limitada+foto+4.jpg" width="400" height="255" data-original-width="1000" data-original-height="638" /></a></div>
<br />
No Brasil, sob o argumento de irresponsabilidades cometidas, efetivas e reais, a grande ameaça que vivemos é a ofensiva pela internacionalização da Amazônia, um território superior ao da Europa ocidental, com imensas riquezas minerais, aquíferas, biossegurança, potencial de reservas genéticas a ser pesquisado, patrimônio ambiental único no planeta, além de um estratégico ativo geopolítico inigualável no planeta.<br /> <br />
Está correto o embaixador Marcos Azambuja, ao alertar para o fato de que com a crescente guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, o País deve se preparar para navegar em águas oceânicas muito turbulentas.<br /> <br />
E que uma diplomacia sectária, ideológica, unilateral, alinhada aos Estados Unidos, como a atual, no governo Bolsonaro, nos é extremamente prejudicial.<br /> <br />
Devemos propugnar por uma política externa ampla, sempre pautada pelas soluções de conflitos, e acima de tudo com base nos nossos interesses nacionais geopolíticos, comerciais e econômicos.<br /> <br />
Enfim, devemos persistir com firmeza por uma política que construa a união das grandes maiorias sociais do povo brasileiro. A polarização extremada, intolerante, irreconciliável que divide a nação não nos convém.<br /> <br />
Cabe-nos propugnar pela constituição de uma projeto nacional de desenvolvimento estratégico, reconstruir as nossas plantas científicas e tecnológicas, investir massivamente em educação em todos os níveis, recuperar sob novas bases a nossa cadeia industrial, fortalecer a nossa agricultura.<br /> <br />
Porque o mundo atual, e pós pandemia sanitária, não será harmonioso, limpo, ou de solidariedade global. Mas turbulento. Devemos nos preparar, com as nossas tradições pacíficas, e persistência, para navegar em uma realidade geopolítica tempestuosa e cheia de incertezas.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-80826628023387911722020-07-06T21:21:00.000-03:002020-07-06T21:21:58.094-03:00Notícias do Brasil<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq-5mvuiCxtVJSrODig57sutekUC7EqyLV7htkEhpSbmvZJnWSDm46ZFW4Nnr56vYQDTvZR4-ViBtWYV2hmdUGwiLyM-qPt5YyCgtkssv54SR7ZEMwcmkK9lAisUxrNKxvfRRV6OsJ0-E/s1600/noticias+do+brasil+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq-5mvuiCxtVJSrODig57sutekUC7EqyLV7htkEhpSbmvZJnWSDm46ZFW4Nnr56vYQDTvZR4-ViBtWYV2hmdUGwiLyM-qPt5YyCgtkssv54SR7ZEMwcmkK9lAisUxrNKxvfRRV6OsJ0-E/s400/noticias+do+brasil+1.jpg" width="400" height="266" data-original-width="1280" data-original-height="850" /></a></div>
<br />
A grande mídia anuncia o que todos já previam: a crise social no mundo será uma segunda onda, um tsunami decorrente da pandemia do corona vírus 19. O setor de serviços, que mais emprega gente, será o mais afetado no Brasil. Serão milhões de desempregados, isso não contabilizando aqueles que se encontram entre os chamados informais, que representam um número bem maior de pessoas.<br /> <br />
Enquanto uma jornalista de economia dessa mesma mídia nos informa, pela TV a cabo, que há trilhões de dólares especulativos voando através das “nuvens” digitais, em busca de “oportunidades” para serem aplicados em algum investimento rentável, em qualquer oportunidade que apareça, como se essa fosse uma grande notícia.<br /> <br />
Essa globalização dos fluxos financeiros especulativos, desgarrados de investimentos produtivos, que não geram riquezas, é uma das maiores catástrofes dos tempos contemporâneos, que se consolidou enormemente a partir do novo milênio.<br /> <br />
A Bíblia sagrada, não me julgo um dos seus conhecedores, mas que nem por isso deixa de ser um dos maiores livros da humanidade, é, também, em termos literários, uma compilação de grandes narrativas Históricas, em forma de parábolas.<br /> <br />
Mas se a Bíblia fosse reescrita nos tempos atuais, a globalização financeira constaria como uma das “sete pragas” da humanidade e excluiria delas a pandemia sanitária do corona vírus, com as suas terríveis consequências, pela razão que as pandemias são recorrentes, de tempos em tempos, na História humana.<br /> <br />
No entanto, o ministro Paulo Guedes, em entrevista concedida à Globo News, reafirma os seus postulados neoliberais ortodoxos, anunciando para em breve uma onda de privatizações, com o objetivo de relembrar ao Mercado Financeiro, os compromissos do governo Bolsonaro para com o capital especulativo global.<br /> <br />
E ao mesmo tempo demonstra total ausência de preocupação com o caos social e econômico já instalado no País desde antes da pandemia, mas agravado com os efeitos trágicos do corona vírus. Como se sabe, o foco do ministro é para com o capital rentista, e a destruição do patrimônio estatal do Brasil.<br /> <br />
Para ele, os investimentos públicos são responsáveis pela corrupção no País e portanto devem ser extirpados, assim como as próprias empresas que são patrimônio do Estado brasileiro. Um argumento delirante, se não fosse um atentado contra os interesses nacionais.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHQKBzNQlKWEOJcrcr0pFJpcisQ_zYWSbUThZ5WoM60cEPpZ2-a1tQZ5SO7c198aEoZPTwE9YV9a38qHYpWIxHB09kd_xJacqwGb7IlQ84jyn8k8qgFZyfpGHoxAWchjC50rkN9kZ7r5Y/s1600/noticias+do+brasil+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHQKBzNQlKWEOJcrcr0pFJpcisQ_zYWSbUThZ5WoM60cEPpZ2-a1tQZ5SO7c198aEoZPTwE9YV9a38qHYpWIxHB09kd_xJacqwGb7IlQ84jyn8k8qgFZyfpGHoxAWchjC50rkN9kZ7r5Y/s400/noticias+do+brasil+2.jpg" width="400" height="225" data-original-width="1280" data-original-height="720" /></a></div>
<br />
Já o presidente Jair Bolsonaro continua tratando a pandemia sanitária como se fosse mera gripe sazonal, enquanto cálculos aritméticos, razoavelmente primários, indicam que até o fim do ano podemos chegar entre 150 a 200 mil mortos vítimas do corona vírus no Brasil.<br /> <br />
E o ex-juiz Sérgio Moro, em entrevista exclusiva na televisão, afirma que a questão estratégica do País é o, óbvio, combate à corrupção.<br /> <br />
Não falou, nem foi perguntado, sobre as fartas denúncias do pacto da operação da Lava Jato com o FBI e a NSA, agências de inteligência norte-americanas, para mover ações contra a Petrobrás e outras empresas estratégicas nacionais. Como se isso não caracterizasse graves atentados contra a segurança nacional.<br /> <br />
Pacto de colaboração, formal e informal, que, aliás, é vigente desde os governos do Partido dos Trabalhadores. Cujas consequências abriram um vácuo político no País, sendo uma das causas responsáveis pela eleição do atual presidente Bolsonaro.<br /> <br />
A pergunta que não quer calar é: qual a nação de grande porte no mundo, como o Brasil, permite, oficialmente, tal ingerência nos seus assuntos internos, venha de onde vier, sem pagar alto preço econômico e em sua soberania?<br /> <br />
Enquanto isso, trava-se uma guerra ideológica, do tipo guerra híbrida, entre identitaristas de direita com as suas agendas conservadoras, carregando, para todos os lados, as bandeiras dos Estados Unidos e de Israel, desautorizada pela sua embaixada no País, e identitaristas ditos “progressistas” com as suas agendas racialistas, contra monumentos e personagens históricos. Uma desorientação generalizada.<br /> <br />
Já o Brasil real, onde habitam as grandes maiorias sociais, tem outras prioridades: como conseguir sobreviver à pandemia sanitária, à angústia da trágica depressão econômica, ao crescente e inevitável caos social etc. Essa é a dramática realidade em que vive o povo brasileiro.<br /> <br />
O Brasil é inevitável. Mas só através de um programa de emergência econômico, social, para livrar o país da crise atual, e da elaboração de um programa nacional de desenvolvimento estratégico e soberano, a nação pode trilhar novos rumos e iniciar uma nova etapa da sua História.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-11332368727360119792020-06-30T18:16:00.000-03:002020-06-30T18:16:11.165-03:00A serventia<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIiyw69CmlQrulkULgU0c5EWttPkqIAS535lsvLtK3FMnPhjHycKKHuK9n5CwalgMSNvvxFDST5MypJmsDxbfb2sMx76rCq14aLppB6rfQ4XBA6uwcpjAFrWMu9elTUZ46XkUVDmmS-BI/s1600/a+serventia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIiyw69CmlQrulkULgU0c5EWttPkqIAS535lsvLtK3FMnPhjHycKKHuK9n5CwalgMSNvvxFDST5MypJmsDxbfb2sMx76rCq14aLppB6rfQ4XBA6uwcpjAFrWMu9elTUZ46XkUVDmmS-BI/s400/a+serventia.jpg" width="400" height="266" data-original-width="512" data-original-height="341" /></a></div>
<br />
Com o Brasil caminhando para o número macabro de 60 mil mortos e milhões de infectados pelo corona vírus 19, e nessa batida podemos chegar, desgraçadamente, a 100 mil mortos, ou mais, e milhões de pessoas atingidas por esse vírus maldito, pergunta-se: qual o rumo para a nação?<br /> <br />
Mas, parece que essa pergunta, que é fundamental e de enorme serventia para as grandes maiorias sociais, do Brasil real, não se encontra na ordem do dia em setores das elites, econômicas ou políticas, porque se discute de tudo, menos as grandes interrogações, ou angústias, do povo brasileiro.<br /> <br />
Assistimos, diariamente, na grande mídia hegemônica a promoção diária, mais que diária, pode ser medida em termos de horas, de uma guerra identitária entre pautas aparentemente de “esquerda” versus os identitaristas de “direita” que, no momento, se encontram encastelados no governo federal, sob a batuta do presidente Bolsonaro.<br /> <br />
Essa guerra ideológica, movida por tempestades de emoções, de ansiedades difusas, insuflada pelos noticiários dessa mídia hegemônica, e dos robôs nas redes sociais, vem alimentando a agenda política nacional, <i>ad nauseam</i>, motivando correntes de ativistas digitais.<br /> <br />
Enquanto isso, o presidente Bolsonaro, insiste em ignorar a pandemia, e o seu ministro plenipotenciário, Paulo Guedes, continua com a sua política econômica neoliberal ortodoxa, que já não é aplicada em canto nenhum do mundo, uma relíquia chilena macabra do governo ditatorial de Pinochet, e, nessa catástrofe pandêmica, aí é que é impossível mesmo de ser aplicada.<br /> <br />
Os segmentos lúcidos de oposição deveriam, com urgência, abordar as grandes questões que precisam de respostas para ontem; como o País vai lidar com esse terremoto provocado pela atual pandemia sanitária.<br /> <br />
Como enfrentar a catástrofe social dela decorrente, associada aos indicadores sociais que já vinham se acumulando em anos anteriores.<br /> <br />
Como recuperar a economia que afeta milhões de pequenos e médios empresários, os segmentos na área de serviços, restaurantes e bares.<br /> <br />
Qual a estratégia econômica para enfrentar o tsunami dos dezenas de milhões de desempregados pela pandemia, que se acumulam com os milhões de desempregados anteriores a ela. Além de dezenas de milhões de informais, também desesperados.<br /> <br />
Como soerguer o parque industrial, já bastante debilitado e defasado, mesmo antes da crise sanitária.<br /> <br />
Mesmo que o governo Bolsonaro não esteja interessado nessas e outras graves questões, cabe, minimamente, à oposição abordar os problemas candentes que se não forem tratados, vão levar o País ao caos absoluto, total.<br /> <br />
Seria entre, outras coisas, uma proposta, uma plataforma, mínima, para tirar o Brasil, e acima de tudo o povo brasileiro, dessa tragédia que vai se acumulando rapidamente como uma bola de neve. Nessa frente ampla, todos entrariam, a nação a abraçaria com vigor e entusiasmo.<br /> <br />
É a tarefa maior dos amplos setores oposicionistas ao governo Bolsonaro. Se não for uma estratégia, uma tática, um projeto, um programa, uma plataforma política de emergência, que seja, pelo menos, por razões humanitárias.<br /> <br />
Porque mesmo não sendo, hoje, governo, as oposições têm imensas responsabilidades para com o destino do País, em um horizonte próximo. Mais próximo do que se possa imaginar.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-30156377267481324122020-06-24T17:50:00.000-03:002020-06-24T17:50:09.588-03:00Os Estados Unidos e a guerra híbrida<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-Jc4akkqDcSJlGncsVRzYXFspfXvRGhSRLeocJeRvrXPjR_ZHORkVKW6-dK4gBgG6lAxHkiBHaHJ5kCI98Vnp5AOlMlVAdu11iIVWUt0IE2YiUMm1D5h63JQlUQnw-r7dx6Vn9CNSdFQ/s1600/os+EUA+e+a+guerra+hi%25CC%2581brida+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-Jc4akkqDcSJlGncsVRzYXFspfXvRGhSRLeocJeRvrXPjR_ZHORkVKW6-dK4gBgG6lAxHkiBHaHJ5kCI98Vnp5AOlMlVAdu11iIVWUt0IE2YiUMm1D5h63JQlUQnw-r7dx6Vn9CNSdFQ/s400/os+EUA+e+a+guerra+hi%25CC%2581brida+1.jpg" width="400" height="333" data-original-width="768" data-original-height="640" /></a></div>
<br /> <br />
<i>“O espírito é como um paraquedas. Só funciona bem quando está aberto”</i>
<br /> <br />
Após o final da Segunda Guerra mundial, emergiu o protagonismo dos Estados Unidos como potência global.<br /> <br />
Paradoxalmente, a Grã-Bretanha que enfrentou sozinha, com a Europa ocupada, a fúria das armas nazistas, suas cidades bombardeadas diuturnamente pelos aviões alemães, acarretando a morte de dezenas de milhares de civis soterrados nos escombros dos edifícios, essa mesma Grã-Bretanha, que saiu vitoriosa do conflito mundial, perdeu as extensões territoriais do seu vasto império colonial, em decorrência das lutas pela independência anticoloniais que varreram o planeta.<br /> <br />
A União Soviética foi outra potência mundial que saiu vitoriosa do terrível confronto da Segunda grande guerra mundial, com um saldo terrível de 25 milhões de mortos, o maior entre as demais nações em beligerância.<br /> <br />
Mas a URSS não só venceu a batalha contra o nazifascismo, como manteve e ampliou o seu espaço territorial, expandindo-o aos limites da Europa ocidental com a divisão da Alemanha nazista derrotada.<br /> <br />
Estava inaugurada a época da chamada Guerra Fria, que perdurou de 1945 até o início dos anos 90 com a extinção da União Soviética. Mas o protagonismo global da Rússia, centro geopolítico da ex-URSS, depois de um breve período de debacle, ressurgiu a partir da liderança de Putin com a recomposição do seu espaço histórico de séculos e séculos.<br /> <br />
Essa bipolarização mundial, entre os Estados Unidos e a URSS, determinou a configuração global em todos os níveis: militar, geopolítico, cultural e ideológico. E as suas consequências deixaram rastros até os dias atuais.<br /> <br />
Por muito tempo, as lutas políticas no planeta estiveram carregadas de conteúdos ideológicos que opunham essas duas grandes potências, que praticamente dividiam o mundo em duas partes.<br /> <br />
Muitos golpes de Estado deram-se com a justificativa da “ameaça soviética”, e muitas lutas de libertação colonial tiveram o apoio geopolítico, quando não militar, da URSS.<br /> <br />
Tratava-se, em última instância, de reforçar o protagonismo global, comercial, econômico, geopolítico, cultural, ideológico, de cada uma das duas gigantes super potências.<br /> <br />
Quem melhor definiu o que foi essa época, que ocupou a metade do século XX, foi o presidente francês Charles De Gaulle, herói da luta contra o nazismo, ao afirmar: quem desejar saber exatamente o que é a Guerra Fria, precisa olhar com muita atenção quais são os interesses geopolíticos dos Estados Unidos e da URSS.<br /> <br />
De Gaulle foi um dissidente da divisão do mundo em dois grandes campos. Sempre defendeu o protagonismo independente da França, em meio a uma época turbulenta e perigosa.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7QxCYvv7VD_Q6Cspib_ResF4zWohSwpC5dRSjtPIXOt6L9IypwfXZFWJ0lKwnSyaIuftPFWhl230Mq29YwC1iDWfYPsj5JGYBGNaCV-uA6QC78qefiNWd1kAsd-7Fc3SVZVJIL5f_C0s/s1600/os+EUA+e+a+guerra+hibrida+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7QxCYvv7VD_Q6Cspib_ResF4zWohSwpC5dRSjtPIXOt6L9IypwfXZFWJ0lKwnSyaIuftPFWhl230Mq29YwC1iDWfYPsj5JGYBGNaCV-uA6QC78qefiNWd1kAsd-7Fc3SVZVJIL5f_C0s/s400/os+EUA+e+a+guerra+hibrida+2.jpg" width="400" height="290" data-original-width="750" data-original-height="543" /></a></div>
<br /> <br />
<b>Renasce o Império do Meio</b>
<br /> <br />
<i>“Quando a China despertar, o mundo irá tremer” (frase atribuída a Napoleão)</i>
<br /> <br />
Na geopolítica atual, os Estados Unidos foram o grande beneficiário. Produziu uma formidável indústria militar, cultural, ideológica, midiática, e de diversões, que propagou o estilo norte-americano de vida aos quatro ventos do mundo, como se ele fosse o único, ou mesmo universal.<br /> <br />
A extinta União Soviética que em 1917 promoveu uma revolução social contra um sistema opressor, herdou e não se desfez do antigo espaço do velho império czarista de muitos séculos.<br /> <br />
Ao contrário, manteve e o ampliou. Falta à Rússia, hoje sob a liderança de Putin, reaver um único território que sempre foi a sua área “natural” de influência: a Ucrânia.<br /> <br />
Mas, em 1949 ressurge, sob novas condições Históricas, o milenar Império do Meio chinês, depois de altos e baixos, ascensões e declínios, e uma época de profundas humilhações colonialistas.<br /> <br />
A China é um ator de primeira grandeza no cenário geopolítico desde, quase, sempre. Mesmo quando não o quis ser, e voltou-se para si mesma, em uma das suas dinastias.<br /> <br />
E hoje, é considerada a segunda maior economia do planeta, em franca ascensão. O seu traço principal é a expansão comercial, através de múltiplas parcerias e trocas comerciais. O Brasil é, hoje, um dos seus principais exportadores agrícolas e de matérias primas, e importador de produtos industrializados chineses.<br /> <br />
<b>A tentativa europeia</b>
<br /> <br />
Já a Europa, séculos atrás o centro do mundo ocidental, perdeu a liderança para a exuberância imperial norte-americana, apesar da sua extraordinária cultura, tesouros arquitetônicos, e busca, através da União Europeia, reconquistar o seu papel na arena internacional.<br /> <br />
Mas, o velho continente, composto por antigos e ex-impérios, debate-se internamente em rivalidades mútuas e históricas, além do protagonismo industrial, econômico e financeiro da Alemanha, que se soergueu da derrota na Segunda Guerra mundial e almeja a liderança do continente nessa atual união federativa europeia.<br /> <br />
<b>Os Estados Unidos fraturados</b>
<br /> <br />
<i>“O mundo moderno... tem como principal objetivo simplificar o que quer que seja, destruindo quase tudo”. (G. K. Chesterton, escritor britânico)</i>
<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHfNQub-dnlWt8jNTpvz8ixLezOY1MO61QGK_KnwOPKCVcKV0Yu8Cx6l4IR4Zg3RoNCd3aVlCgenVRPoTfq4hIqOPhGL1byF6KpBvuKE7wEqiQmndEo4XYDOULpH2FqbmRNYuKzFzfzyU/s1600/os+EUA+e+a+guerra+hibrida+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHfNQub-dnlWt8jNTpvz8ixLezOY1MO61QGK_KnwOPKCVcKV0Yu8Cx6l4IR4Zg3RoNCd3aVlCgenVRPoTfq4hIqOPhGL1byF6KpBvuKE7wEqiQmndEo4XYDOULpH2FqbmRNYuKzFzfzyU/s400/os+EUA+e+a+guerra+hibrida+3.jpg" width="400" height="267" data-original-width="1600" data-original-height="1068" /></a></div>
<br /> <br />
Com o extraordinário crescimento econômico da China, que em algumas décadas deixou de ser uma grande nação de quase miseráveis, toda uma população de uniformes azuis, dirigindo bicicletas, e passou a ser a segunda potência global, a caminho acelerado para o pódio superior, a hegemonia unipolar dos EUA, após a debacle da URSS em 1990, desaparece.<br /> <br />
Some-se a esse fato, o reaparecimento da Rússia, o grande urso, como sempre foi chamada, com seu enorme espaço de influência recuperado, e poderio atômico-militar, herdado da ex-União Soviética.<br /> <br />
Assim, a liderança mundial dos Estados Unidos se encontra abalada. E internamente estão divididos, praticamente ao meio.<br /> <br />
De um lado, há o projeto de uma parte das suas elites que aposta na estratégia do isolacionismo, e no “excepcionalismo” de uma nação voltada para guiar a humanidade tal e qual a sua imagem e semelhança.<br /> <br />
E frente à crise financeira global, defendem a reagrupação da sua indústria em seu próprio território, como diz o slogan “América First’, primeiro a América. Essas lideranças estão, basicamente, ligadas ao presidente Trump, ao partido Republicano no poder.<br /> <br />
De outro lado, encontram-se as elites no partido Democrata, que insistem em reassegurar a hegemonia dos Estados Unidos pelos caminhos da própria globalização financeira e, com ela, definir estratégias para reassegurar o protagonismo norte-americano como nação líder do planeta.<br /> <br />
Tanto os Republicanos como os Democratas disputam essa batalha entre os corações, as mentes e os votos nas eleições presidenciais e proporcionais, em novembro próximo.<br /> <br />
Nesse confronto político radicalizam-se as linhas ideológicas. Daí é que surgiram as agendas identitárias que se auto intitulam de “direita” e de “esquerda”, em negação radical uma da outra, como se isso fosse possível na construção histórica dos EUA.<br /> <br />
Os Democratas perderam as eleições passadas porque teriam abandonado as grandes linhas de administração e de políticas que falavam para o conjunto da nação e assumiram a orientação multiculturalista de parcelas da sociedade que passaram a condenar as grandes maiorias sociais por injustiças às chamadas minorias.<br /> <br />
Abandonaram a visão central da nação, do sentimento de solidariedade, do espírito de oportunidade para todos e o dever público, perdendo o sentido do que compartilham como cidadãos e do que os une como nação.<br /> <br />
Nos anos 60, a política pelos Direitos Civis significava a batalha das grandes maiorias sociais, ombreadas e junto às lutas das mulheres pelos seus direitos, contra o racismo, pelos direitos das minorias sexuais etc.<br /> <br />
Mas a partir dos anos 80, essa política cedeu lugar a uma pseudopolítica de autoestima e autodefinição, cada vez mais autocentrada, estreita e autoexcludente e, por óbvio, condenando as grandes maiorias sociais que não pertencem às especificidades “classificadas” como responsáveis pelas injustiças históricas.<br /> <br />
Assim as agendas identitárias passaram a ser vistas como uma doutrina professada basicamente pelas elites urbanas “esclarecidas” sem contato com todo o resto da população. As agendas identitárias reduziriam o espírito nacional ao grupo, ao indivíduo.<br /> <br />
Já os identitaristas de “direita” espalham mentiras, promovem teorias da conspiração, consideram que há “uma onda comunista” em qualquer lugar, contexto, filme, livro, peça de teatro, no mundo da política etc. etc. Um verdadeiro caldo tóxico que termina promovendo todos os tipos de delírios e alucinações possíveis e inimagináveis, que se estendeu também ao bolsonarismo no Brasil.<br /> <br />
Esses parágrafos acima foram extraídos do livro “O progressista de ontem e o do amanhã”, do cientista político norte-americano Mark Lilla, escrito logo após as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos.<br /> <br />
Perto das próximas eleições presidenciais americanas, as agendas identitárias não apenas continuam, como recrudesceram e adquiriram novas formas mais radicalizadas.<br /> <br />
As agendas identitárias se propõem, no momento, destruir toda a História existente até o presente, e reescrevê-la como uma espécie de tábua rasa, em uma folha de papel em branco.<br /> <br />
Para tanto, iniciaram pela destruição de monumentos e estátuas que indicam personalidades, como Thomas Jefferson nos EUA e Winston Churchill que, ao lado de Stalin e do presidente Roosevelt, liderou a Grã-Bretanha, absolutamente sozinha na Europa, frente às hordas nazistas de Hitler, poderosamente militarizadas. Em Portugal, o identitarismo atingiu alvos como a estátua do padre Antônio Vieira, e no Brasil, do padre José de Anchieta. Por enquanto.<br /> <br />
Essas manifestações identitárias se espalharam pelo mundo ocidental a partir do assassinato, racista, covarde e brutal, de George Floyd, nos Estados Unidos, e chegaram a várias capitais no Ocidente. Em plena pandemia do corona vírus que já ceifou a vida de centenas de milhares de pessoas no mundo e no Brasil, e infectou milhões de pessoas. A cinco meses das eleições nos EUA.<br /> <br />
Elas indicam que vivemos uma Guerra Híbrida, uma nova “revolução colorida”, diversionista, como a que atingiu os povos árabes anos atrás, com objetivos econômicos e geopolíticos específicos: fazer assegurar aos Estados Unidos a hegemonia cultural, ideológica, junto ao mundo ocidental, na atual, estratégica disputa comercial e política sino-americana.<br /> <br />
Tudo isso em meio ao caos sanitário, à onda gigantesca de desemprego pelo mundo, à queda brutal do PIB em escala global, que assumirá forma dramática.<br /> <br />
Mas, revela, igualmente, que os Estados Unidos ainda são uma nação poderosa, com um forte aparato midiático hegemônico, com capacidade de ditar as pautas ideológicas e culturais, pelo menos em grande parte do mundo ocidental.<br /> <br />
Está correto o embaixador Marcos Azambuja quando alerta para a atual e errática política externa do governo Bolsonaro: somos um País destinado a encontrar convergências com muitos, e não com poucos. Éramos naturalmente criadores de amplos consensos - e não parte de alianças sectárias.
Usávamos a nosso favor as muitas dimensões da nossa identidade. Parecemos esquecidos de tudo isso.<br /> <br />
Temo que o agravamento das tensões e disputas entre os Estados Unidos e a China crie condições que devem nos obrigar a navegar com cuidado em águas que ficarão perigosamente agitadas. Temos que cuidar dos nossos imensos interesses em jogo e agir com racionalidade e lucidez.<br /> <br />
O falso detetive Charlie Chan famoso em filmes nas décadas de 1930-1940, dizia sempre o seguinte: o espírito é como um paraquedas. Só funciona bem quando está aberto.<br /> <br />
Em meio a essa tormenta sanitária, social, ideológica, comercial, geopolítica, o Brasil precisa encontrar os seus objetivos com base na centralidade da questão nacional, em nossos interesses estratégicos fundamentais.<br /> <br />
Não podemos ficar à mercê ou alinhados a essa disputa ideológica, de uma guerra híbrida, e sectária, das correntes identitárias de “esquerda” e de “direita”. Uma, desejando vandalizar estátuas e monumentos, “reescrever” a História a partir do zero, e negar as grandes figuras emblemáticas, que são referências da nossa formação como povo, de uma sociedade singular e mestiça que somos.<br /> <br />
A outra, querendo nos alinhar a um falso, também sectário, excepcionalismo do “ destino manifesto” ,“divino”, da missão norte-americana no mundo, que não corresponde à verdade, e à própria História.<br /> <br />
Ambas as vertentes em confronto não nos servem, não refletem a nossa realidade, interesses, formação histórica, a possibilidade de caminhos ao nosso protagonismo como nação, que construímos até agora, com virtudes e deformações, porque não existe no planeta, nações unicamente virtuosas.
<br /> <br />
Esse é o rumo a que precisamos dar sequência, honrando o nosso legado de um País continental e promissor, com imensas possibilidades ao seu futuro.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-77032065369634134592020-06-20T21:29:00.000-03:002020-06-20T21:32:29.145-03:00O colapso de um sistema<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBr8Shoc-2dTAnsESIH4q5PNnPB7VWnPK35c34edXSabQquMVTEIglQUQogc6g8tXc653V7y-UkQn3f_wnSxPDy3g76qhQpDTEVPC3PuDvNWAx67h3VkR_k3cOYuz8pGqdozaucZ6POG4/s1600/o+colapso+de+um+sistema1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBr8Shoc-2dTAnsESIH4q5PNnPB7VWnPK35c34edXSabQquMVTEIglQUQogc6g8tXc653V7y-UkQn3f_wnSxPDy3g76qhQpDTEVPC3PuDvNWAx67h3VkR_k3cOYuz8pGqdozaucZ6POG4/s400/o+colapso+de+um+sistema1.jpg" width="400" height="300" data-original-width="583" data-original-height="437" /></a></div>
<br />
Não é que tudo ia bem e a pandemia global do corona vírus 19 foi um agente biológico externo que desestabilizou uma ordem mundial que funcionava com razoável eficiência.<br /> <br />
O edifício erguido pela globalização financeira já apresentava fadigas de material, anunciadas pelos economistas, políticos e sociólogos, há bastante tempo.<br /> <br />
Em primeiro lugar, porque seria impossível manter por tempo indeterminado uma acumulação financeira de centenas de trilhões de dólares, em mãos do capital especulativo parasitário, absolutamente predador, desvinculado dos investimentos nos setores produtivos das nações, que geram as riquezas materiais e impulsionam o desenvolvimento real das sociedades.<br /> <br />
A alternativa, fartamente “vendida” como panaceia geral, em substituição à ausência da geração de riquezas materiais, foi, e tem sido, o inchaço fenomenal do setor de serviços, que formaria uma nova sociedade, uma nova classe média, um novo tipo de civilização altamente urbanizada e cosmopolita.<br /> <br />
Como já se disse, através da neurociência, a propaganda produz o pensamento, o pensamento conduz aos sentimentos e o sentimento gera a crença. E essa “crença” foi difundida amplamente pelos meios de comunicação globais, as redes sociais, as chamadas “infovias”, sob a hegemonia do mesmo capital especulativo rentista.<br /> <br />
Ao ponto que muitos passaram a acreditar que não existe um pensamento hegemônico, nem a mídia hegemônica. Seriam as redes sociais o revolucionário espaço de intercomunicação de uma sociedade mundial, mais democrática que jamais existiu, onde prevalece o protagonismo do indivíduo autocentrado, se comunicando com outros indivíduos, igualmente autocentrados.<br /> <br />
Assim, foi constituída uma nova “crença”, uma nova maneira de enxergar o presente, onde já não mais se tratava de se envidar esforços coletivos em prol de uma sociedade próxima de uma cidadania mais igual, socialmente mais justa.<br /> <br />
Inaugurava-se a paradoxal sociedade individual, a sociedade do “eu”, da internalização do indivíduo. Para esse objetivo, surgem, bastante municiadas financeiramente, as agendas identitárias, carregadas de toda uma justificativa pretensamente teórica, e de formadores de opinião, “líderes globais” que, aparentemente, surgem “das nuvens”, através das redes sociais.<br /> <br />
Apesar dos alertas de Edward Snowden e Julian Assange, de que as redes sociais, o mundo digital, são uma poderosa cadeia de instrumentalização hegemônica, política, espionagem geopolítica, disputa empresarial e robôs direcionando a informação, e a opinião pública, mesmo assim, permanece a “crença” de um admirável mundo novo, onde o que é fundamental são as tratativas dos indivíduos e dos seus grupos afins.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-NYcoHtBDQqvob1vLI9EAK0QoV2LdikKjH-I3tgm0fBtOzUp78vVfVpED5sPssAmtLbHWoiv-y_2csDRD4WQTqsu2zwOxULldzVkf-5M419ADnS3dE2fci1Nv23MzMwVIGb6JqC4h2X8/s1600/o+colapso+de+um+sistema+2+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-NYcoHtBDQqvob1vLI9EAK0QoV2LdikKjH-I3tgm0fBtOzUp78vVfVpED5sPssAmtLbHWoiv-y_2csDRD4WQTqsu2zwOxULldzVkf-5M419ADnS3dE2fci1Nv23MzMwVIGb6JqC4h2X8/s400/o+colapso+de+um+sistema+2+1.jpg" width="400" height="225" data-original-width="1200" data-original-height="674" /></a></div>
<br />
O ressurgimento do protagonismo soberano
<br /> <br />
A sisuda e conservadora revista inglesa The Economist, voltada para o mundo das finanças, já alertava, em maio, ao seu público privilegiado, para a debacle do modelo econômico da Nova Ordem mundial, instituída pelo capital financeiro, especialmente o especulativo, com a seguinte manchete: Adeus Globalização.<br /> <br />
No período anterior à pandemia, a economia global patinava em crescimento pífio, notadamente a partir da crise econômica mundial em 2008, iniciada nos Estados Unidos. Os índices de crescimento dos Países sempre apontavam para números, na média, entre um a dois por cento, no máximo, quando não negativos.<br /> <br />
A divisão internacional da produção de riquezas não só debilitou como aumentou a dependência das nações a essa internacionalização das cadeias produtivas. Ao ponto que durante a pandemia atual, nações europeias não tinham ventiladores para os seus hospitais, como tiveram que importar máscaras para os seus cidadãos. Algo impensável em outras épocas.<br /> <br />
Essa divisão internacional do trabalho simplesmente esfarelou as cadeias industriais da grande maioria das nações do mundo desenvolvido ou em desenvolvimento.<br /> <br />
Mesmo na área agrícola, os agricultores europeus viram-se forçados a alguma divisão, reduzindo a autonomia alimentar da população, assim como a capacidade de exportação de muitos Países.<br /> <br />
Porém, não é recente a opinião, no “velho mundo”, de que a comunidade europeia caminha para uma espécie de “germanização”, tendo em vista a força da indústria, complexa em ciência e tecnologia, e o poder concentrado do capital financeiro da Alemanha.<br /> <br />
A explosão das grandes cidades, no período mais recente, deve-se ao crescimento descomunal do setor de serviços, tanto como ao desmantelamento da produção agrícola, em muitas nações.<br /> <br />
Para uma população “anestesiada” pelo discurso da globalização, a democracia virou sinônimo, quase que exclusivo, de um consumismo desenfreado - refiro-me às elites e setores da classe média - de produtos cujas inúmeras cadeias de serviço disputam, entre elas, esses consumidores, avidamente.<br /> <br />
A produção de filmes, séries etc., segue, quase, a mesma linha desse mesmo consumismo, retroalimentando-o.<br /> <br />
Trata-se de um círculo contínuo e alienante. A cidadania e o respeito ao seu próprio País tornou-se uma ideia pejorativa, para ser afastada a todo custo.<br /> <br />
O futebol, esporte das multidões, pela sua capacidade lúdica e apaixonante, transformou-se, quase, simplesmente, em um espetáculo bilionário e global, enquanto o carinho pelas cores das seleções de cada nação virou algo secundário, muitas vezes confundido como uma espécie de “patriotada”. Com o beneplácito de muitos cronistas esportivos.<br /> <br />
Uma realidade perversa
<br /> <br />
A pandemia sanitária global foi como uma fórmula de reagente químico sobre a realidade já perversa. Aliás, um dia será escrito como essa epidemia transformou-se em uma pandemia, com tantos recursos tecnológicos e de saúde, sofisticados, a serviço da globalização financeira, para evitar essa catástrofe monumental.<br /> <br />
Enquanto crescia uma classe média empregada no setor de serviços, a desindustrialização em cada País provocava uma massa formidável de desempregados formais, que se juntava a uma legião bem maior de subempregados.<br /> <br />
O anúncio do Banco Mundial, de que a retração do PIB global será de 5,2% com a pandemia, além de ser otimista com a realidade, esconde a crise antes do corona vírus.<br /> <br />
A queda do PIB europeu, anunciada pela Comissão da União Europeia, está prevista para 7,5% este ano. Que devem ser somados ao quadro econômico anterior à crise sanitária.<br /> <br />
O FMI prevê uma retração econômica de 5,9% para os Estados Unidos com a pandemia. Mas se sabe do seu pífio crescimento econômico antes da tragédia sanitária.<br /> <br />
A China, que ao contrário das orientações da globalização financeira em promover a divisão internacional da produção, resolveu fazer o oposto, produzir de tudo e qualquer coisa mais, e importar matérias primas, alimentos, para o seu gigante parque produtivo e população gigantesca. Quer dizer, a China está fazendo o jogo dela, os outros é que abdicaram de seus papeis estratégicos.<br /> <br />
Ao ponto em que no começo da pandemia ela se transformou na, quase, única exportadora de ventiladores hospitalares e, incrível, até de máscaras, para o planeta.<br /> <br />
O Brasil tem uma previsão de queda do PIB na base de 7,4% neste ano. O desemprego no País tem uma previsão, feita em abril, de crescimento dos 11,9 % em 2019, para 14,7% em 2020. Em suma, são dezenas de milhões de desempregados no setor formal, somados a outras dezenas de milhões na informalidade.<br /> <br />
O único setor que cresceu foi a agricultura, seja em alta escala como de médios e pequenos produtores, mesmo com a pandemia. Em resumo, é a agricultura que vem sustentando o País.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLTQ9C3t1rXmAK18YTEhEH7qM5_dDyR_Dw8pwrsQPJytNlCcfjXBIpDg-nofb8C3ATR1aY4di2pIwcCYPqMSF2wUfdVltY5j7aPRAXBE1So6ZGXWp0PnCY6JT80OL0AKWdvT40F-Eew40/s1600/o+colapso+de+um+sistema+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLTQ9C3t1rXmAK18YTEhEH7qM5_dDyR_Dw8pwrsQPJytNlCcfjXBIpDg-nofb8C3ATR1aY4di2pIwcCYPqMSF2wUfdVltY5j7aPRAXBE1So6ZGXWp0PnCY6JT80OL0AKWdvT40F-Eew40/s400/o+colapso+de+um+sistema+3.jpg" width="400" height="225" data-original-width="1280" data-original-height="720" /></a></div>
<br />
Um mundo em transição
<br /> <br />
Não é de admirar que as nações estejam se rebelando contra a divisão internacional das cadeias produtivas da globalização, muito menos que a insatisfação social comece a atingir altas temperaturas em dimensão mundial. Ou seja, a centralidade da questão nacional adquire nova dimensão em escala global.<br /> <br />
Quer dizer, os Países começam a se voltar para a ideia da recomposição completa das suas cadeias produtivas internas, na medida das suas potencialidades e recursos. E aqueles que não o fizerem, podem entrar em um novo ciclo histórico de subcolonização internacional
Com as consequências da atual pandemia, associadas ao ciclo estagnado da Nova Ordem mundial, o que poderemos assistir é um período de caos social, profunda crise econômica, e intensa luta, com variados confrontos políticos.<br /> <br />
No Brasil, o governo Bolsonaro, intolerante, reacionário, visivelmente esgotado, refém da sua própria narrativa de uma política neoliberal ortodoxa, do ministro Paulo Guedes, chega a um impasse político.<br /> <br />
Assim como se encontra na contramão aos rumos de um novo projeto nacional de desenvolvimento estratégico, nestes novos tempos de uma encruzilhada Histórica.<br /> <br />
Precisamos encontrar o nosso destino, democrático, com base nessa nova realidade global multilateral em transição, que vai se formando.<br /> <br />
Porque somos uma nação com enorme manancial de riquezas, dimensões continentais, capacidade industrial e agrícola, potencial tecnológico, um grande mercado interno e imensa capacidade exportadora. Falta-nos o projeto estratégico, o rumo político. O que, evidentemente, é o que define tudo.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-18081538649107464602020-06-17T19:01:00.000-03:002020-06-17T19:01:56.103-03:00O progressista de ontem e o do amanhã<br />
<i>Frente ao processo de radicalização política, no auge da pandemia do corona vírus 19, das pautas racialistas, das ofensivas contra estátuas e monumentos históricos, por exemplo, como Tiradentes, Padre Antônio Vieira e Winston Churchill, que liderou a Grã-Bretanha contra o nazismo hitlerista na Segunda Guerra mundial, ao lado de Stalin, do presidente Roosevelt, republico a minha resenha do livro do cientista político norte-americano Mark Lilla, publicada no Portal Bonifácio, um ano atrás. Pela simples razão que ele continua mais atual que nunca. Boa leitura.</i>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYX9w6FhFCzE4VKaUuA1JLoI2Cffg-ea3khGlvfrWkOVmQ1LhzNvMsM0YvbktUh17qKsZyXGDD6CpiSze5KyW_lMbbk6xePchzZwa6utELVGp-Ctcl6SbtGF1oJazK5_3Sr4h3WCEkPlc/s1600/Mark+Lilla+capa+do+livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYX9w6FhFCzE4VKaUuA1JLoI2Cffg-ea3khGlvfrWkOVmQ1LhzNvMsM0YvbktUh17qKsZyXGDD6CpiSze5KyW_lMbbk6xePchzZwa6utELVGp-Ctcl6SbtGF1oJazK5_3Sr4h3WCEkPlc/s400/Mark+Lilla+capa+do+livro.jpg" width="267" height="400" data-original-width="1067" data-original-height="1600" /></a></div>
<br />
<b>Lutas identitárias trocam projeto político geral por evangelização de grupos</b>
<br /> <br />
<i>Eduardo Bomfim - 18/06/2019</i>
<br /> <br />
Ao se ler o livro <i>O progressista de ontem e o do amanhã </i>do cientista político Mark Lilla, escrito após a vitória de Donald Trump, tem-se a certeza de que os seus argumentos e análises referem-se igualmente ao recente processo eleitoral realizado no Brasil, quase que literalmente.
<br /> <br />
Assim é que por aqui também parece existir a polarização entre os partidos Democrata e Republicano dos Estados Unidos, especialmente o confronto das políticas identitárias fomentadas desde os anos 80, sob a hegemonia do clã dos Clintons, apoiadas pelas estratégias dos grandes especuladores financeiros do tipo George Soros e outros, versus uma outra casta de financistas aliada ao presidente Trump.
<br /> <br />
Os democratas norte-americanos, afirma Mark Lilla, teriam abandonado as grandes linhas de administração e políticas que falavam para o conjunto da nação e assumiram a orientação multiculturalista de parcelas da sociedade, que passaram a condenar as grandes maiorias sociais por injustiças cometidas às chamadas minorias.
<br /> <br />
Abandonaram “a ideia e a visão central da nação, do sentimento de solidariedade, do espírito de oportunidade para todos e do dever público, perdendo o sentido do que compartilhamos como cidadãos e do que nos une como nação”, afirma Lilla.
<br /> <br />
Nos anos 60, prossegue, a luta pelos Direitos Civis significava a batalha de grandes grupos de pessoas em defesa dos direitos das mulheres, contra o racismo, pelo reconhecimento efetivo das minorias, que tinha a simpatia e adesão entusiasmada das grandes maiorias sociais.
<br /> <br />
Mas nos anos 80, continua o cientista político norte-americano, essa política cedeu lugar a uma pseudopolítica de autoestima e de autodefinição cada vez mais estreita, autocentrada e excludente, promovendo sucessivas fragmentações internas, visões tribais, e, por óbvio, a condenação das grandes maiorias que não pertenciam às especificidades classificadas, que seriam responsáveis pelas alegadas injustiças históricas, fazendo voltar-se a juventude para a própria interioridade e praticamente condenando o mundo exterior não pertencente aos grupos identitários.
<br /> <br />
Assim, o identitarismo passou a ser visto pelas maiorias sociais como uma doutrina professada basicamente por determinados setores das elites urbanas instruídas, sem contato com o resto do país, cujos esforços se resumem em zelar e alimentar movimentos hipersensíveis, que dissipam, em vez de concentrar, as energias da sociedade como um todo.
<br /> <br />
O identitarismo, ao contrário de negar as agendas do neoliberalismo radical, reforça-o, afirma Lilla, porque reduz o espírito da comunidade nacional ao indivíduo, ao grupo. Em consequência, o identitarismo deixou de ser um projeto político relevante e se metamorfoseou num programa de evangelização.
<br /> <br />
Espertamente, Donald Trump tirou proveito da crise estrutural, da desindustrialização que vivem os EUA e pôs a culpa nos democratas, sob a orientação do estrategista e marqueteiro Steve Bannon. O mesmo que atuou nas eleições no Brasil.
<br /> <br />
As políticas identitárias atuais dos democratas e o discurso demagógico, chauvinista da ala direita republicana de Donald Trump representam um dos tempos mais medíocres da história dos Estados Unidos.
<br /> <br />
De tal forma é a influência dessas duas correntes em disputa nos EUA, aqui no Brasil, que jornalistas e analistas afirmam que os blogs, portais, a grande mídia e o mundo da política nativa encontram-se cada vez mais alinhados e semelhantes à linha dos democratas e republicanos norte-americanos.
<br /> <br />
Exatamente nas coisas eivadas de uma carga ideologizada fora da realidade, que serve a interesses que promovem a desunião do povo brasileiro tais como uma antropologia binária, que não é a nossa formação histórica policrômica, mestiça, a nossa visão de um Estado laico, a tradição do culto de sincretismos religiosos tradicionais celebrados em muitas manifestações populares como as afro-católicas, por exemplo.
<br /> <br />
Assim como o alinhamento a um neoliberalismo extremado da Escola de Chicago que já não é praticado nem nos EUA, onde se pauta a independência do Banco Central, mas não o dos EUA, eufemismo para doação do nosso BC às finanças globais, uma reforma da Previdência Social que privilegia o sistema financeiro, penaliza a classe média e os pobres, privatização de empresas estatais estratégicas, etc., etc.
<br /> <br />
A política externa é alinhada, com as tintas de religiosidade puritana, à visão supremacista do governo Trump.
<br /> <br />
Desvia-se da tradição multilateralista do Itamaraty na mediação diplomática e dos nossos objetivos nacionais, abrindo mão da liderança regional hemisférica, cujas consequências têm sido a crescente presença geomilitar da Rússia, a comercial da China, na região perigosamente conflituosa como a Venezuela.
<br /> <br />
Resultado do vácuo que vai sendo deixado pela ausência de uma diplomacia estratégica eficiente, mediadora e propositiva.
<br /> <br />
Essas potências estão jogando o jogo delas, o Brasil é que está abrindo mão do seu papel histórico.
<br /> <br />
Já setores de “esquerda” insistem nesse discurso identitário, que a levou a uma derrota eleitoral “acachapante” e plebiscitária, cuja matriz é patrocinada por megaespeculadores como George Soros e ONGs que atuam no mundo visando desestabilizar, fraturar os povos.
<br /> <br />
É surreal a existência de 800 mil ONGs atuando alegremente no País, muitas delas contrárias à nossa soberania, desenvolvimento econômico, associadas a países que sabotam o nosso protagonismo internacional.
<br /> <br />
São pertinentes várias observações feitas por Mark Lilla. E diante desse caldo tóxico de ódios, intolerâncias mil, “guerras ideológicas”, da pós-verdade onde o que menos vale é a análise concreta da realidade concreta, a racionalidade, é aconselhável ficar com os princípios indeclináveis em defesa da nação, do espírito progressista, das liberdades democráticas.Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-42170252686463225012020-06-16T20:01:00.000-03:002020-06-16T20:01:47.018-03:00A união do povo brasileiro<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit2prsbpfXgm-qVWIR5whyi8GJMSOO2pfQLOwmRK88RaEqDXsLTltWJ41R6oQVr6VS0hIF0_MCkHubyjglqr5-nMjp05KFS_cv_3zOncINioBAclSqa9NTHykcJWDOdtc0dF_Z6M0ykoI/s1600/a+uniao+do+povo+brasileiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit2prsbpfXgm-qVWIR5whyi8GJMSOO2pfQLOwmRK88RaEqDXsLTltWJ41R6oQVr6VS0hIF0_MCkHubyjglqr5-nMjp05KFS_cv_3zOncINioBAclSqa9NTHykcJWDOdtc0dF_Z6M0ykoI/s400/a+uniao+do+povo+brasileiro.jpg" width="400" height="225" data-original-width="1000" data-original-height="563" /></a></div>
<i>A Guerra Híbrida contra o Brasil.</i>
<br /> <br />
A propaganda produz o pensamento. O pensamento conduz ao sentimento. O sentimento gera a crença.<br /> <br />
Essas são deduções comprovadas pela neurociência. Essa constatação serve à promoção de bons sentimentos, laicos ou religiosos.<br /> <br />
Mas também tem sido útil a propósitos malignos, danosos, como a Guerra Híbrida não convencional, as “revoluções coloridas”, contra outras nações. Como tem sido contra o Brasil atualmente, fomentando tempestades ideológicas, para buscar dividir e lançar em confrontos parcelas da sociedade, umas contra as outras, em meio a uma pandemia sanitária que tem vitimado dezenas de milhares de brasileiros.<br /> <br />
Exatamente quando, ao lado dessa pandemia terrível, está acontecendo uma crise econômica gigantesca, e uma tragédia social sem precedentes nos últimos cem anos, que irá se agravar enormemente.<br /> <br />
Ainda mais com o governo do presidente Bolsonaro, absolutamente contrário às recomendações mínimas da ciência médica e às experiências sanitárias consagradas há quase um século. E sendo, também, um dos polos promotores dessa guerra ideológica, base da Guerra Híbrida contra o Brasil.<br /> <br />
Para defender a nação nesse quadro dramático, só há um caminho: a união do povo brasileiro em defesa do que é fundamental: a luta pela vida e a saúde nessa pandemia, o soerguimento da cadeia econômica produtiva destroçada. A defesa do trabalho e do emprego, em condições caóticas. E a defesa da democracia e da Constituição, constantemente ameaçadas.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-81447920742213606162020-06-05T17:57:00.000-03:002020-06-05T17:57:45.225-03:00A tempestade perfeita<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMBLgclIZgzaudo_51E0pmtWR16D3UL-xmyAV7kvxlmhXxibGPIxWPe1ytpuF27T5v18LTVa13LWnwh0HYYZCdw_bV2WlMHP8zZxtzYJrUEeDlzf9HM3VoBc9SCyfEr2UNiN1C6Hn1pCY/s1600/a+tempestade+perfeita.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMBLgclIZgzaudo_51E0pmtWR16D3UL-xmyAV7kvxlmhXxibGPIxWPe1ytpuF27T5v18LTVa13LWnwh0HYYZCdw_bV2WlMHP8zZxtzYJrUEeDlzf9HM3VoBc9SCyfEr2UNiN1C6Hn1pCY/s400/a+tempestade+perfeita.jpg" width="400" height="283" data-original-width="600" data-original-height="424" /></a></div>
<br />
A pandemia do corona vírus 19 vai abalar os alicerces das estruturas econômicas globais, e também do Brasil, que já estavam em crise e bastante debilitadas desde a debacle financeira mundial em 2008, iniciada nos Estados Unidos.<br /> <br />
As distâncias entre o mundo das elites financeiras e o resto das sociedades estão aumentando meteoricamente em meio às consequências da pandemia sanitária.<br /> <br />
Assim como crescem as distâncias entre uma parcela da classe média e a grande maioria das sociedades, que já viviam em situação de vida extremamente precária.<br /> <br />
Somadas às condições anteriores da, quase, estagnação dos indicadores de crescimento econômico, com o impacto provocado pela atual crise sanitária, vamos assistir a um empobrecimento rápido de muitas parcelas dos segmentos médios, além de uma catástrofe social de proporções gigantescas junto às grandes maiorias sociais do mundo, e do povo brasileiro.<br /> <br />
Se fizéssemos uma analogia desse cenário com um desastre natural, poderíamos compará-lo, sem nenhuma caricatura, a um terremoto de grande magnitude, seguido de incêndio, sequenciado por um tsunami de ondas enormes.<br /> <br />
As sociedades estão hipnotizadas pelas narrativas da grande mídia tradicional, que simplesmente não se debruça, propositalmente, sobre o conjunto desses graves fenômenos simultâneos em curso.<br /> <br />
Fechada em casa, pelo necessário isolamento social, parte dos setores progressistas, dos segmentos médios, vive em um mundo paralelo fantasioso, erguido durante anos, de agendas políticas identitárias, mas que não sinalizam, nem de longe, para o caos, a tragédia econômica, social que os atingirá com um impacto imenso.<br /> <br />
Estamos em vias de conviver, em termos econômicos, com um gigantesco passo atrás, jamais acontecido nos últimos cem anos.<br /> <br />
Por isso, as narrativas da grande mídia hegemônica tradicional, associada às injunções culturais do grande capital financeiro, produziram em parcelas esclarecidas dos setores de classe média enormes efeitos anestesiantes.<br /> <br />
Enquanto vão se formando as condições para uma tempestade perfeita, a sociedade, os diversos segmentos políticos, encontram-se alheios e ausentes de “uma análise crítica a longo prazo”.<br /> <br />
Porque grande parte desses setores políticos incorporaram, de um jeito ou de outro, as agendas ultra liberais da globalização financeira, nas linhas econômicas a serem traçadas para o Brasil, como os neoliberais no governo Bolsonaro, do ministro Paulo Guedes.<br /> <br />
Mas também setores políticos de oposição, como nas áreas da chamada “nova esquerda”, que adotaram a agenda cultural do liberalismo financeiro associado a compensações de políticas sociais, com as mesmas políticas econômicas.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv9m_uYQka4W6GylZVeCwTag-Zz58gby0GS6ReyQfOY08pN75Zq_8hE6G07WvmD2fv5g18uTUMnBdsigme6SaZpUVYMVyhQXvnAa9ZBIoagmU388DvwmtR5JKLvS3mY0IvK2a4RKCJzJo/s1600/a+tempestade+perfeita+baile+da+Ilha+Fiscal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv9m_uYQka4W6GylZVeCwTag-Zz58gby0GS6ReyQfOY08pN75Zq_8hE6G07WvmD2fv5g18uTUMnBdsigme6SaZpUVYMVyhQXvnAa9ZBIoagmU388DvwmtR5JKLvS3mY0IvK2a4RKCJzJo/s400/a+tempestade+perfeita+baile+da+Ilha+Fiscal.jpg" width="400" height="225" data-original-width="1200" data-original-height="675" /></a></div>
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Diante da tempestade perfeita, que se forma rapidamente, a comparação que pode ser feita é semelhante ao famoso “último baile da Ilha Fiscal”, em 9 de novembro de 1899, no Rio de janeiro, às vésperas da queda do Império no Brasil.<br /> <br />
Sem uma visão crítica de longo prazo, em meio a um quadro econômico, social e político apocalíptico em formação, sem a união de amplas forças no País, em torno de um projeto estratégico de desenvolvimento nacional, que considere esse novo cenário dramático em curso, o Brasil corre sério risco de ver regredir o seu protagonismo econômico, em um século.<br /> <br />
Cabe-nos somar forças em defesa do País e do povo brasileiro. Na crise, também surgem as grandes oportunidades. Mas isso depende do nosso esforço conjunto, empenho e determinação. Não há uma terceira alternativa.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-604254191388287687.post-29517467015893482872020-06-03T18:48:00.000-03:002020-06-03T18:48:31.234-03:00Tempos dramáticos<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJznSTRiaQh-wLkQhoGbZ-Ep-S6PD7bpXdzxgf-rmlxtebV0zToB_RaiixjqOvIHi_2CQ0GO-fdvp8Y7YhyphenhyphenETuozjjGOdOI7Urew4q5hzj47Ab1Qn4qd6qwY_NhKyaW2klh5TKcOWMpFg/s1600/tempos+dramaticos+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJznSTRiaQh-wLkQhoGbZ-Ep-S6PD7bpXdzxgf-rmlxtebV0zToB_RaiixjqOvIHi_2CQ0GO-fdvp8Y7YhyphenhyphenETuozjjGOdOI7Urew4q5hzj47Ab1Qn4qd6qwY_NhKyaW2klh5TKcOWMpFg/s400/tempos+dramaticos+1.jpg" width="400" height="267" data-original-width="995" data-original-height="663" /></a></div>
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Com a pandemia do corona vírus, que provocou uma crise sanitária inigualável nos últimos 80 anos, com milhões de infectados e centenas de milhares de falecidos, as cadeias da ordem mundial interconectadas entraram em colapso, apesar do crescente, e estratosférico, lucro do capital financeiro especulativo e parasitário.<br /> <br />
Mas o colapso sistêmico não implica a morte da globalização financeira, muito menos o poder gigantesco da sua hegemonia, que deu um salto fantástico a partir da crise mundial em 2008, iniciada nos Estados Unidos.<br /> <br />
Os mega especuladores globais continuam ditando as agendas financeiras, políticas, midiáticas, culturais, em escala planetária, à exceção do protagonismo soberano de Estado de algumas potências mundiais, que a exercem seja através da magnitude da sua economia, como a China, ou pelas vias do poder militar, como a Rússia, herdado da extinta União Soviética.<br /> <br />
Vejamos a escala do poder, e magnitude, da Governança Mundial exercida antes da pandemia do corona vírus, sob a égide do capital financeiro especulativo em dimensão internacional.<br /> <br />
O mundo já vivia uma época de rupturas que se acentuaram rapidamente nos últimos anos. O vácuo político, a desorientação generalizada, o conformismo ao status quo da globalização das finanças e suas diretivas, eclipsaram muitas forças políticas importantes nas sociedades.<br /> <br />
E permitiram a ascensão ao comando dos governos centrais, de grupos políticos de inspirações autoritárias, com inclinações fascistas, como é o caso do presidente Bolsonaro no Brasil.<br /> <br />
A História nos ensina que em épocas de brutal exploração dos povos e nações, o capital financeiro rentista se utiliza sempre de soluções e grandes ameaças à democracia, de rupturas do pacto democrático, como tem sido recorrente com Bolsonaro.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEBfcDiYSghCSqTrYlxWEtZxXOThJd0crkY4uqvihEAEP13icPvBjcDkTEkCv4b7F3xVU_fVWy4vI7G2-9zmDHyACiBv-S-BIlMrYIRBQ9DjJGt5lYZtRtMmdc6WwG0mB6FvJazwqD5I/s1600/tempos+dramaticos+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEBfcDiYSghCSqTrYlxWEtZxXOThJd0crkY4uqvihEAEP13icPvBjcDkTEkCv4b7F3xVU_fVWy4vI7G2-9zmDHyACiBv-S-BIlMrYIRBQ9DjJGt5lYZtRtMmdc6WwG0mB6FvJazwqD5I/s400/tempos+dramaticos+2.jpg" width="400" height="240" data-original-width="1086" data-original-height="652" /></a></div>
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Seria uma grande ingenuidade achar que, além da abolia crônica do mundo político, sem alternativas à crise econômica, social, civilizacional que se abateu sobre o nosso País, a eleição do presidente Bolsonaro não contou com o apoio decisivo de uma parcela do mundo das finanças especulativas global.<br /> <br />
O esgotado governo do atual presidente, seja na esfera política, seja no campo das agendas neoliberais ortodoxas, não tem conseguido, como pretendia, impor com pleno êxito, a estratégia radicalizada da precarização das condições de vida dos assalariados, o desmonte do Estado nacional, do parque produtivo estatal e privado, a total alienação das suas imensas riquezas naturais, como por exemplo a Amazônia brasileira. Inclusive, pela pandemia do corona vírus.<br /> <br />
Daí a sua insistência em negar a gravidade da crise sanitária e combater as políticas de isolamento social, a única eficaz em pandemias quando ainda não há vacina. Não se trata de pura estupidez, mas a pressa em por em prática a sua agenda para a qual foi escolhido.<br /> <br />
A grande mídia global, associada ao projeto do capital especulativo, já percebeu, recentemente, a inviabilidade da gestão Bolsonaro pelo radicalismo, ameaças golpistas, falta de trânsito político, incapacidade de lidar com a agenda neoliberal ortodoxa extremada, o seu isolamento político.<br /> <br />
O plano B<br /> <br />
Nessa situação em curso, de esgotamento do “projeto Bolsonaro”, das ambições do capital financeiro, que seria uma blitzkrieg, uma operação relâmpago demolidora contra o Brasil, povo, patrimônio e riquezas naturais, articula-se, com certa ligeireza, uma alternativa de poder, com a colaboração da grande mídia global.<br /> <br />
O brutal assassinato de Floyd, um homem negro desempregado nos Estados Unidos, gerou indignação e a justa revolta não só nos EUA mas em todo o mundo.<br /> <br />
E tem sido com intensidade a cobertura da grande mídia do assunto no Brasil, por mais de sete dias, com horas seguidas, ao vivo, através da mídia hegemônica, via satélite, como agenda central, quase única, pondo em segundo plano a terrível pandemia no Brasil, a crise política e os nossos abismos sociais.<br /> <br />
Assim, começou a ficar evidente, para muita gente, que havia algo no ar além dos aviões de carreira, que aliás, se encontram, em sua maioria, no solo, em virtude da pandemia.<br /> <br />
O estúpido, covarde e criminoso assassinato de Floyd mereceu o repúdio, indignação de todos os democratas aqui e no mundo.<br /> <br />
Lá nos EUA o assassinato do cidadão Floyd foi o estopim contra a brutal crise social, econômica, generalizada, que toma conta do cidadão comum norte-americano, agravada pela pandemia.<br /> <br />
Trata-se do racismo violento enquistado nos EUA. Além da insubordinação, a revolta das maiorias nos EUA contra a tragédia que vive o povo norte- americano, em virtude de uma política da globalização financeira que destruiu as estruturas da classe trabalhadora e da classe média, em sua maioria, endividadas ou desempregadas. Isso a grande mídia esconde, não deve por em cheque o sistema de que ela mesmo faz parte.<br /> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6-aTXOsn0qMhN5pDEDw_5IlaBcXEO1MstOINyNsyJIdiKucIK-pz1N-A7WmlPwgbM_GfRuMilW_GW79zEeBHS92M6AMeQduzkj-m3Nx0AYO3YtuLzhLFrbF80T0YDerpGG3N7DyXs-Lg/s1600/tempos+dramaticos+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6-aTXOsn0qMhN5pDEDw_5IlaBcXEO1MstOINyNsyJIdiKucIK-pz1N-A7WmlPwgbM_GfRuMilW_GW79zEeBHS92M6AMeQduzkj-m3Nx0AYO3YtuLzhLFrbF80T0YDerpGG3N7DyXs-Lg/s400/tempos+dramaticos+3.jpg" width="400" height="250" data-original-width="1008" data-original-height="631" /></a></div>
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Aqui no Brasil, como na Europa, também existe a mesma tragédia social, agravada na pandemia, centenas de milhões de pessoas desesperadas, desempregadas, sem teto, trabalho.<br /> <br />
Estima-se que teremos 300 milhões de desempregados no mundo após a pandemia, que se juntam às outras dezenas de milhões anteriores à crise sanitária.<br /> <br />
Antes da pandemia, que multiplicou, como um reagente catalizador, as nocivas políticas da globalização financeira em todo o mundo e no Brasil, os mega especuladores financeiros, através da grande mídia global, que é a Boca do sistema, empregavam uma agenda social, as pautas indentitárias, na maioria, auto justificáveis.<br /> <br />
Mas, cujo objetivo sempre foi a fragmentação da sociedade em movimentos compartimentados, de tribos cosmopolitas, em reinvindicações em torno das suas especificidades de gênero, raça, etc. etc. Muitas culpam as grandes maiorias sociais quanto às suas reinvindicações.<br /> <br />
É, como muito se ouvia, cada um na sua caixinha, no seu quadrado. Mas não na participação dos destinos comuns a todos, que implica nas transformações urgentes de uma sociedade profundamente desigual, violenta e excludente.<br /> <br />
Em saúde, educação, habitação, segurança pública, emprego, mobilidade social, um País voltado para o Brasil oficial, as elites e parcelas da classe média alta, e de costas para o Brasil real, mais de 180 milhões de brasileiros.<br /> <br />
Unidos venceremos, deixou de ser uma máxima Histórica dos povos, e, em alguns círculos, até um slogan condenado.<br /> <br />
Com a subjetividade da visão de grupos identitários, sucederam-se ao longo dos últimos tempos uma série de derrotas políticas e eleitorais previsíveis, incluindo para o bolsonarismo, com sua agenda reacionária, preconceituosa, medieval, anticientífica e antinacional.<br /> <br />
Mas enfim, o que está em curso no Brasil, nessas últimas semanas, em paralelo às coberturas da mídia às justas revoltas contra a morte do cidadão Floyd, é a articulação de um movimento que possibilite assegurar as políticas neoliberais ortodoxas do ministro Paulo Guedes, do capital financeiro, possivelmente, sem o presidente Bolsonaro. Ou do próprio ministro Guedes.<br /> <br />
Talvez, através de alguém mais refinado, com punhos de renda, porém com firmeza na direção dos negócios da agenda econômica que Bolsonaro não conseguiu dar cabo da sua execução. Vivemos tempos muito estranhos, tempos dramáticos.
Eduardo Bomfimhttp://www.blogger.com/profile/06552401162462152238noreply@blogger.com0