quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Sopro renovador

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Nesse espírito de confraternização das festas que anunciam o final de ano, do Natal à virada de 2014 para 2015, algo consegue sobreviver ao desenfreado consumismo implacável, que obriga as pessoas a comprar objetos mais por imposição social, menos pelo desejo de presentear entes queridos.

Na verdade surgem sintomas de profundas contradições por todas as partes do mundo. De um lado crescem conflitos brutais em várias regiões do planeta, cujas motivações residem nas desestabilizações de imensas regiões em vários continentes, movidas por guerras de rapina às riquezas naturais dos países, movimentos geopolíticos militares do grande império do Norte e agregados, com vistas a manter suas posições porém em circunstâncias bem mais desconfortáveis.

Há uma subjacente ânsia coletiva por relações sociais, humanas mais efetivas, afetivas, em coletividades saturadas pela deificação das mercadorias, a transformação dos indivíduos em simples objetos ao ponto deles se confundirem com a mercadoria, ou até mesmo inferiores aos próprios sonhos de consumo.

Uma ideologia totalitária após o domínio do  “Mercado”, da Nova Ordem mundial, há 25 anos, transformando brutalmente relações entre Países, e dentro deles as permutas sociais, regras de convivência, o espírito cultural das profissões, a sociabilidade, o rumo geral das coisas, a insegurança de caminhar em direção ao futuro, a incerteza do progresso, algo que estava sempre presente nas comunidades humanas.

Mas há sopros de renovação, que confrontam com vigor essa sensação concreta de andar eternamente em círculos, do retorno ao mesmo lugar, ou a lugar algum, uma espécie de ausência de grandes causas, valores elevados. Há vetores reagindo ao mal estar comum de abandono do ser humano presente hoje em dia.

Os BRICS têm liderado essa sacudida transformadora, a participação de novos atores globais rebelados, como o cidadão Papa Francisco, a perspectiva do fim do bloqueio à Cuba, impactam positivamente como sinais de mudanças reais, provocando, dialeticamente, novas tensões e esperanças.

Há uma aragem inspiradora sinalizando que bons ventos começam a soprar em direção à comunidade humana. Mas será vital muita luta consciente para que realmente se mude essa página trágica que impuseram aos povos e que nunca deveria ter existido.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Decisão Histórica

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A decisão dos Estados Unidos de reatarem relações diplomáticas com Cuba, após 53 anos, é um dos principais fatos políticos, diplomáticos das últimas décadas, o início de reparação de uma das maiores injustiças cometidas contra uma nação em todos os tempos.

Essa pequena ilha do Caribe mostrou ao longo dessas cinco décadas uma inabalável firmeza de princípios, tenacidade, perseverança, capacidade de resistência diante das tremendas adversidades impostas por um bloqueio econômico, tecnológico, cultural sem precedentes na História contemporânea.

Conseguiu superar dificuldades, sobreviver às grandes viragens da História mais recentes, como a debacle da União Soviética, do campo socialista ocidental, e através de tormentas geopolíticas, sociais, persistir fiel aos compromissos de transformar uma ilha caribenha a algumas poucas centenas de quilômetros do grande império do Norte em suas utopias por um mundo melhor.

Mesmo que em decorrência de fatores externos, internos, boicotes implacáveis, esse sonho de uma sociedade mais justa tenha se transformado, algumas vezes, em pesadelo para a sua população, que sofreu de várias formas o racionamento de alimentos, a falta de instrumentos tecnológicos praticamente banais no resto do mundo.

Mas o que é incrível é que Cuba por mais que padecesse de absurdas dificuldades, promoveu em várias áreas grandes avanços científicos como na medicina, erradicou o analfabetismo, ampliou a expectativa de vida da sua população a níveis superiores aos da maioria dos Países do planeta, comparando-se a uma seleta comunidade do primeiro mundo.

A história de Cuba, vítima de atentados a sua integridade territorial, sabotagem agrícola, industrial, comercial etc., inclusive ao seu líder Fidel Castro, que escapou ileso a um milhar de conspirações para assassiná-lo, é digna de um longo tratado sobre a arte de como não naufragar diante de tormentas formidáveis.

Não foi por acaso que Gabriel Garcia Márquez, como muitos outros intelectuais, artistas, teve como fonte de inspiração Cuba, o seu povo, líderes, sua têmpera feita de material singular tal qual seus contos plenos de realismo mágico, sensual, quase inexplicável.

Cuba é assim, não basta vê-la, é preciso mergulhar em seus mistérios insondáveis. Por isso ela sobreviveu. E assim ela vencerá.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Muro

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:

Muro de mais de 1.000 Km na fronteira entre México e EUA. As cruzes do lado mexicano lembram aqueles que foram mortos ao tentar ultrapassá-lo.

Em Novembro completaram-se 25 anos da queda do Muro de Berlim. Bem mais que uma imagem histórica, esse acontecimento, visto ao vivo no mundo inteiro, marcou o início de um tempo consagrado por pelo menos dois fatores determinantes: a hegemonia absoluta da Nova Ordem mundial e a consolidação em escala global do neoliberalismo como doutrina em nível planetário.

Assim, os Estados Unidos, associados à Grã-Bretanha, iniciaram uma ofensiva avassaladora não somente contra o campo socialista, como também procuraram varrer do mapa o chamado Estado de Bem Estar Social que representou, até então, o capitalismo com pesados investimentos sociais em contraponto ao socialismo.

Na prática as políticas neoliberais foram aplicadas desde o período Margareth Thatcher, primeira-ministra britânica, que governou o Reino Unido de 1979 a 1990, conhecida como a dama de ferro, cuja marca principal foi o desmantelamento dos direitos trabalhistas conquistados após o final da Segunda Guerra Mundial em 1945.

Mas foi em 1989 que as estratégias neoliberais se estenderam definitivamente pelo planeta através do chamado Consenso de Washington, onde uma série de medidas assumiram práticas impositivas aos demais Países, inaugurando a predominância do Mercado financeiro em dimensão planetária, sob a guarda pretoriana dos EUA. O mundo unipolar.

Período brutal seja pela destruição de conquistas sociais ou pelas guerras de rapina que se espalharam pelos continentes.

A desregulamentação do capital financeiro avançou sobre os diretos dos trabalhadores, Estados nacionais, provocou crises capitalistas estruturais permanentes.

A divinização da mercadoria, a coisificação do indivíduo, o presente contínuo alienante, a criminalização da luta política, a hegemonia global da mídia transformaram-se em leis objetivas “normais”.

O surgimento dos BRICS iniciou a transição a outra realidade global multipolar mais democrática, daí os ataques sistemáticos contra esses Países, a guerra ideológica que os agride, e ao Brasil.

O neoliberalismo impôs valores ideológicos pragmáticos, culturais regressivos indicando que a batalha é travada multilateralmente em defesa da emancipação social dos povos, da soberania nacional, a humanização das coletividades atônitas, das utopias realizáveis, essenciais aos indivíduos, às sociedades.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A fúria golpista

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Quando o ex-candidato à presidência Aécio Neves declara que foi derrotado por uma coalizão suspeita, o que ele está pregando, sem subterfúgio, é o golpe de Estado, e como estão dizendo por aí, “depois a gente vê como faz” para empalmar o poder.

A criminalização da política, sob pretexto do combate à corrupção, sempre foi a senha para conspurcar a vontade da soberania popular em todo mundo, enquanto no Brasil transformou-se num disco de vinil ou um CD arranhado em que a agulha ou o laser já não consegue sair do mesmo lugar.

Assim foi com o “mar de lama” contra Getúlio Vargas em 1954, a cantilena orquestrada desde os EUA, através da operação Big Brother para depor João Goulart, fartamente documentada, filmada, divulgada depois pela imprensa, inclusive norte-americana.

Nesses casos, além de outros menos votados, essa conspiração foi montada por segmentos poderosos do capital financeiro associados à grande mídia, setores reacionários que preferem o limbo, o arbítrio, para promoverem tranquilamente a pajelança geral, o saque do patrimônio nacional.

Após a reconquista democrática os conspiradores transformam-se em defensores da legalidade constitucional desde criancinha, a grande mídia oligárquica robustecida pelas benesses da impunidade, volta a posar como falsa paladina das liberdades políticas, dos Direitos Humanos violados.

O teatro montado, com apoio da grande mídia, contra o PLN 36/2014 em tramitação no Congresso, que beneficia a retomada do desenvolvimento do País, adverso aos interesses do capital rentista, deve ser visto no cenário do caos almejado.

Há movimentos em curso contrários aos interesses nacionais, a integridade territorial, nossas riquezas naturais, financeiras. Essa é a questão central.

Sabem que o País luta para alcançar seu protagonismo internacional na transição a um mundo multipolar, democrático, junto aos BRICS.

Os setores retrógrados, derrotados, berram pelo golpe militar. Mas as Forças Armadas vêm demonstrando clareza sobre os desafios estratégicos do Brasil no século XXI, a defesa da pátria nesse novo cenário geopolítico global decisivo ao País. Não será por aí que os anseios golpistas vão prosperar.

Assim impõe-se ampla mobilização popular, nacional pela transparência da coisa pública. A defesa da democracia, da nação, ameaçadas.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sob fogo cerrado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


A campanha eleitoral presidencial no País revelou a gigantesca dimensão do papel que o Brasil passou a jogar no cenário internacional como ator de primeira grandeza, apesar das suas vicissitudes a serem superadas nas áreas econômica, social, de infraestrutura, industrial, educacional etc.

A reeleição da presidente Dilma Rousseff pode ser qualificada em primeiro lugar como uma vitória histórica dos segmentos, movimentos, forças políticas defensoras de um projeto nacional soberano, voltado à emergência das grandes maiorias sociais, antes deserdadas de cidadania plena, sem protagonismo político, desprezadas pelas elites, subalternas em relação ao destino estratégico da nação, ao próprio futuro como seres humanos.

Como decorrência foi uma tremenda derrota do neoliberalismo ortodoxo, ardoroso defensor do Estado Mínimo, da privatização desenfreada, criminosa, do patrimônio estatal da nação, das imensas riquezas naturais de que um País da dimensão continental como o nosso é detentor, o que significa, em última instância, que toda essa fabulosa herança pertence, legitimamente, ao povo brasileiro.

Essa riqueza é o alicerce de um projeto econômico, social que valorize a sociedade nacional, sem a qual o Estado, o território brasileiro perderia qualquer valia, porque não existiria uma pátria. Assim, temos um povo, um território, o presente e a luta por um futuro de progresso econômico, emancipação social dos que constroem o Brasil.

É absurdo o aumento do número de povos sem chão, de uma pátria para chamar de sua, que nas últimas décadas multiplicou-se na mesma proporção em que ficou incontrolável a sanha agressiva, belicista do capital financeiro, do império norte-americano, na ação de pilhagem das riquezas das várias sociedades.

Assim devemos valorizar a vitória de Dilma, o processo democrático soberano. Cabe à presidente a lucidez de formar um governo sintonizado plenamente com o apoio social que emergiu das urnas, chefe de Estado que é de toda nação.

Dilma sob fogo cerrado da grande mídia, do capital financeiro, deve ser coerente com o seu programa eleitoral, suficientemente lúcida para compor com as forças vivas da nação, garantir a governabilidade, impulsionar o Brasil rumo ao progresso social, o protagonismo solidário do País junto à comunidade internacional.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Democracia ameaçada

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Pelo que se vê através da grande mídia oligárquica a campanha eleitoral presidencial ainda não terminou, se pretende um terceiro, quantos turnos “eleitorais” forem necessários para derrubar do poder Dilma Rousseff  legitimamente consagrada presidente nas urnas.

A linha dos âncoras da televisão e dos que ditam a versão “oficial” das notícias, de tudo mais que aconteça no País, no mundo, é do golpismo aberto, sem o menor disfarce, para conspurcar a soberania popular.

E quando se fala em soberania popular ela implica em todos os eleitores que votaram nos diversos candidatos, incluindo os eleitores de Aécio Neves, que acreditam na autonomia, na prevalência da vontade eleitoral, a  decisão democrática da sociedade nacional.

Durante a batalha eleitoral surgiram várias baixas em meio a essa grande mídia, jornalistas que ousaram afrontar não a opinião pública mas a aristocracia reinol dos barões da imprensa brasileira.

Monopólio midiático que nada de braçadas a despeito dos eventuais partidos, coalizões que se encontrem inquilinos no Alvorada, ou até de regimes autoritários como se abateu contra nós perdurando 21 anos.

De grandes beneficiários do arbítrio, como se sabe, passaram a falsos embandeirados das liberdades políticas, a democracia etc.

Ninguém é poderoso, por mais força desproporcional que tenha diante do conjunto da sociedade, sem aliados, nos ensina a História.

E esses cidadãos Kane nativos têm aliados: o capital financeiro internacional, regional, a geopolítica imperial, entreguistas que desejam sustar uma realidade mundial, nacional em transição a um tempo de progresso, soberania dos povos, mais democrático.

O que estão articulando à luz do dia, como sempre fizeram, é o vazio de poder, o golpe, sob a bandeira do combate à corrupção, real ou ficcional mas histórica, da qual, sabe-se, foram grandes beneficiários. É o limbo, o fascismo, a pajelança sem contestação com a opinião pública acuada, amordaçada. Esse filme já assistimos.
 
Assim o que se impõe é que o governo Dilma promova o crescimento econômico, os avanços sociais às grandes maiorias, antes deserdadas de esperanças, a apuração geral de corrupção, transparência com a coisa pública, intensa, ampla mobilização da sociedade brasileira em defesa das liberdades políticas, do progresso, da pátria.