quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Crise e democracia

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Os fatos recentes mostram claramente o agravamento da crise capitalista internacional desta nova etapa iniciada em 2008 nos Estados Unidos, estendendo-se aos Países do primeiro mundo, depois espalhando-se por todo o planeta.

A depreciação do Yuan, a moeda chinesa, ao que parece foi instrumento de movimento ao caráter externo diante dos abalos sistêmicos econômicos globais, e ao mesmo tempo como estratégia interna em decorrência de inflexões nas políticas de longo prazo do crescimento econômico da China.

De todo modo as reservas das riquezas monetárias chinesas são gigantescas. A dimensão do seu papel na economia global, especialmente no curso dessa crise estrutural capitalista geral, revela-se com a repercussão internacional de seus movimentos estratégicos em vários campos, especialmente das finanças, provocando verdadeiros cataclismos nas principais bolsas de valores do mundo.

Diante das medidas chinesas, de defesa e ofensiva no quadro da crise capitalista global, avulta-se o traço da debacle das finanças capitalistas, elevam-se os elementos de decadência da Nova Ordem mundial do modelo neoliberal imposto como sistema, doutrina econômica há mais ou menos três décadas atrás.

A realidade vai desenhando novas e dramáticas tensões como ações bélicas dos Estados Unidos numa tentativa de manter a hegemonia unipolar conquistada na década de 90 passada.

A cada movimento do complexo industrial-financeiro-militar-midiático mundial afloram cruentos conflitos num inusitado cenário de regressão civilizacional como há muito não acontecia.

As sistemáticas ondas de refugiados que rumam à Europa, como destino de fuga das guerras desencadeadas no Oriente Médio, África, mas não unicamente, desnudam a tragédia humanitária, e associadas ao desemprego em massa no velho continente, revelam uma convulsão sem precedentes na época contemporânea.

Surgem movimentos neofascistas, usados pelo capital financeiro em tempos de crise, açodados pelo que há de mais obscuro nos continentes inclusive na América Latina com objetivo de sustar anseios de progresso e liberdade dos povos.

É o caso das ações contra o Brasil, seu papel geopolítico, econômico, para impedir o protagonismo global de grande nação solidária, soberana. A resistência democrática, patriótica é tarefa da máxima urgência.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Firmeza, amplitude

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


O momento institucional pelo qual atravessa o País continua instável e grave.

Além disso há elementos na conjuntura que indicam fraturas no seio das forças da oposição conservadora, na medida em que segmentos raivosamente de direita e extrema direita intensificam o discurso e ações com vistas ao golpe contra as instituições democráticas da nação.

É nesse contexto que surgem estas fissuras entre as camadas políticas conservadoras, pró mercado financeiro, de feição nitidamente neoliberal. Porque é evidente que não havendo qualquer base jurídica indicativa ao impedimento constitucional da presidente da República, por mais que as manchetes da mídia oligárquica tenham sofregamente aventado, a ação sectária de alguns agrupamentos políticos passa objetivamente à conspiração, à ruptura da ordem democrática, da legalidade constitucional.

O combate à corrupção, que todos os brasileiros ciosos do destino do País anseiam, passou ao largo, emerge claramente a bravata ideológica neofascista, consciente por parte de alguns, inadvertidamente por outros, contaminados pelo ódio desencadeado nos últimos meses através de intensa campanha via grande mídia hegemônica.

Também chama atenção certo recuo, não se sabe se temporário ou não, de extratos da grande mídia passando ao discurso de visível cautela em relação às chamas da radicalização incontida, hesitantes ao movimento pela deposição da presidente Dilma.

Sintomaticamente grupos da grande mídia monopolista mundial, como o NY Times e o Financial Times, alertam para o que seriam erros da onda golpista em curso por forças retrógradas no Brasil, deduzindo-se que tais ações seriam prejudiciais aos investimentos estrangeiros, inclusive norte-americanos, por motivos geopolíticos além da crise capitalista. O País é a 7a economia do planeta.

Outro vértice da tensão interna inclui a retomada do crescimento econômico da nação, incompatível com as altas taxas de juros que beneficiam o capital especulativo global, únicos que estão auferindo lucros estratosféricos em plena crise econômica do País.

Aos democratas, patriotas, progressistas é essencial firmeza, amplitude política na defesa do mandato da presidente da República, da legalidade constitucional, de iniciativas consequentes à retomada do desenvolvimento econômico do Brasil.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O disfarce imperfeito

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Em meio a uma tempestade bombástica de notícias diárias que apontam um País inviável, em algumas das grandes mídias uma nação destinada ao fracasso, em outras o é desde sempre, vão tecendo um enredo de suspense quando não terrífico sobre o nosso presente, especialmente o futuro.

Em outras palavras trata-se da tentativa de desconstrução da sociedade nacional, inclusive em sua gênese antropológica, o aniquilamento do papel estratégico do Estado brasileiro, a fragmentação da sua territorialidade, o butim sobre as riquezas que possuem a exata dimensão do caráter continental do Brasil.

É verdade que não é a primeira ou segunda tentativa elaborada com tal intento, sempre fracassada.

Mas agora a iniciativa possui forma, conteúdo, circunstâncias distintas haja visto que os fenômenos políticos internos, externos associados à hegemonia mundial do capital financeiro, à crise capitalista global, ao contexto geopolítico em transição, gestou uma brutal ofensiva de forma rápida e fulminante, assemelhada à famosa blitzkrieg das tropas da Alemanha nazista na 2a Guerra Mundial.

O que se pretende na verdade é a constituição da absoluta liberdade aos fluxos financeiros especulativos em um Brasil fragmentado, incapaz de fazer valer seus interesses como Estado soberano, desprovido de projeto nacional como nau desgovernada sem condições de rumo e perspectivas.

O capital rentista cuja regra central é a total ausência de regras, intrinsicamente corrupto, promove feroz assalto com uma gigantesca campanha de desmoralização da luta política, minando a vontade das maiorias sociais na participação dos rumos, alternativas, responsabilidade da sociedade na condução do seu destino e consequentemente da nação.

Com o País à deriva restaria aos designados promotores da “salvação nacional” a posse do rescaldo fumegante do edifício nacional com uma nova fase autoritária sem a vigilância crítica própria das democracias.

Parece que segmentos ponderáveis da vida política do País começam a dar-se conta que nessa batida incendiária as labaredas do ódio neofascista são absolutamente cegas.

Daí é que começa a tornar-se efetiva a imperiosa formação de ampla frente democrática, patriótica, constitucional, em defesa do crescimento econômico, dos inadiáveis avanços sociais, da soberania do País.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Crise aguda

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Há em várias partes do mundo uma confluência de situações que revelam um agravamento dos pactos políticos, institucionais e sociais com claros indicadores de séria inclinação a soluções fascistas, ou melhor, de um fascismo adaptado aos interesses do Mercado, do capital rentista mundial.

Na Europa, por exemplo, a situação desastrosa impingida à Grécia pelo capital financeiro, especialmente liderado pelos conglomerados do Mercado, industriais alemães, transborda as fronteiras do bravo povo heleno, sacode as estruturas erguidas sobre a construção da chamada comunidade europeia, do Mercado Comum Europeu.

Algum tempo atrás, certos movimentos sociais, dirigidos, monitorados pela CIA e outras organizações de inteligência das grandes potências dominantes, ensejaram manifestações como se  fossem tempestades de ansiedades difusas no mundo árabe.

A associação do poder do capital financeiro com a grande oligarquia midiática, amparada pela coerção armada imperial, gestou após duas ou três décadas de domínio global absoluto, um tremendo vazio de horizontes para as sociedades, a hegemonia do ideário neoliberal cujas consequências estão à vista de todos.

A tão decantada, pela grande mídia, Primavera Árabe, transformou-se em curto tempo em uma brutal tragédia que atingiu os povos do Oriente Médio e da África, lavada em sangue cujos respingos chegam às costas da Europa, desembarcando nas águas da Itália e outros mares.

A crise estrutural capitalista iniciada em 2008 atingiu primeiramente os Países ditos desenvolvidos, jogada depois às nações emergentes. Mas o alvo geopolítico são os países que compõem os BRICS, grandes oponentes à Nova Ordem Mundial já caduca.

Assim o que vai tomando forma gradualmente são as maneiras que essa ordem esgotada articula para manter a ferro e fogo o status quo trágico. A crise profunda em que o Brasil vê-se mergulhado contém os germes do fascismo, instrumento sempre usado pelo grande capital financeiro quando os seus interesses estão em jogo.

O que se encontra sob ameaça é a legalidade democrática, o pacto constitucional, a soberania nacional, a edificação das bases produtivas do país, esgarçadas quase ao limite.

Contra esses graves perigos exige-se amplitude social e lucidez política em defesa da democracia e da nação sob aberta desestabilização.