quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O novo personagem

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

 
Dentre os fenômenos de massas a nível internacional em 2013, início de 2014, grande parte deles gestada pela brutal desordem econômica, social, do capital financeiro mundial, um deles se destaca: o surgimento do Papa Francisco como contraponto, liderança crítica ao neoliberalismo em consequência à ditadura global do Mercado, somando forças com aqueles que já estavam na luta de resistência.

Por ser inesperado o protagonismo de Francisco tornou-se impactante colhendo simpatia, apreço, identificação com suas palavras por amplos segmentos religiosos, além da sua liderança no mundo católico, estendendo-se também aos laicos, agnósticos e ateus.

Em função da representatividade incontestável, apesar do declínio relativo nos últimos anos do Vaticano, temas pendentes inclusive com minorias, as posições do novo Papa receberam extraordinário acolhimento de centenas de milhões de pessoas em todos os Países.

E creio se essas palavras, atitudes, são muito positivas para a igreja Católica, foram bem vindas às pessoas sinceramente desejosas de novos tempos a essa civilização da nova ordem mundial, da Governança Global, do rentismo, imposta a ferro, fogo e bala em todos os lugares.

O mérito das ideias pregadas por Francisco tem sido a junção dos elementos da denúncia de um modelo econômico violentamente injusto, associada à conclamação e o alento mobilizador aos caminhos da esperança na mudança de uma ordem mundial desequilibrada em virtude da hegemonia de um pequeno punhado de nababos que a usufruem com sua guarda pretoriana armada, os EUA, protegendo-os e usurpando novos territórios.

Uma época que em duas décadas presenciou o escárnio de 85 pessoas mais ricas somarem mais fortuna que 3,5 bilhões dos seres mais pobres do planeta onde 1% dos indivíduos detém a exata metade da riqueza da Terra é alvissareira a serena indignação de Francisco, firme determinação em somar-se às alternativas de uma sociedade mais justa através de uma linguagem simples, humilde, acessível às multidões.

A vinda de Francisco ao Brasil em 2013, levando às ruas dezenas de milhões de pessoas num País conturbado por tempestades de ansiedades difusas, indefinidas, movimentos vários deles suspeitos, transplantados, revelou um repúdio ao Mercado e seu desprezo pela humanidade, compulsiva antropofobia.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A ditadura do Mercado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Almanaque Alagoas e no Santana Oxente:

Segundo a entidade Oxfam International um grupo de 85 pessoas mais ricas do mundo concentra a fortuna equivalente aos 3,5 bilhões dos indivíduos mais pobres do planeta sendo que 1% da população mundial detém a metade da riqueza produzida ou seja, 110 trilhões de dólares.
Esse pode ser considerado um balanço macabro principalmente sobre as duas últimas décadas em que reinou inconteste a nova ordem mundial, a doutrina neoliberal produzindo um brutal processo de concentração de capital e renda jamais presenciado em épocas anteriores.

O reinado absoluto do rentismo, as contradições sistêmicas surgidas provocaram uma sequência de crises econômicas sendo que a última delas veio à tona em 2008 com a quebra fraudulenta dos grandes bancos norte-americanos socorridos pelo governo dos EUA na era Bush, depois pelo presidente Obama sob o argumento que eram “grandes demais para quebrar”.

Essa crise financeira espalhou-se pela economia mundial atingindo a todos gerando uma onda de choques provocando o desemprego de centenas de milhões de assalariados levando a falência setores do comércio, indústria principalmente nos Países desenvolvidos, especialmente no continente europeu e Estados Unidos.

O remédio “amargo” prescrito foi a recessão, cortes nos investimentos públicos atingindo os assalariados, classe média dessas nações que se viram sem as históricas conquistas sociais adquiridas após a 2ª Guerra Mundial.

Para que a nova ordem mundial pudesse impor aos povos tal espoliação subordinaram os organismos internacionais aos ditames do capital rentista à força hegemônica da maior potência militar da Terra os EUA que agem como a guarda pretoriana do Mercado, da “Governança Mundial”.

Daí a grande mídia global associada ao rentismo passou a exercer o papel de mentora ideológica da ordem neoliberal, formatando a ditadura do Mercado, num cenário de desorientação geral, ameaças à identidade cultural dos povos, aumento da criminalidade, guerra de rapina dos recursos não renováveis dos Países, o bilionário negócio global do narcodólar.

Como nada indica a contenção da voracidade do capital rentista nem o declínio da crise financeira cabe ao Brasil nesse cenário geopolítico adotar novas medidas em defesa da sua economia, integridade territorial, da própria soberania nacional.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Mundo melhor

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Almanaque Alagoas e no Santana Oxente:


 
As variadas manifestações sociais que se apresentam no Brasil, e em quase todo o mundo, que geram tempestades sociais intuitivas sem projetos ou causas, refletem a desordem mundial que se instaurou no planeta nesses últimos vinte anos em que a globalização financeira vem ditando a linha econômica de maneira hegemônica.

Que tem como pressuposto a deificação absoluta do Mercado, seus mecanismos de lucros insaciáveis, em que o grande capital, através da doutrina neoliberal, promoveu uma extraordinária contrarrevolução civilizatória onde a concentração da renda foi o motor das radicais alterações que assistimos principalmente nas últimas décadas.

A concentração, em escala planetária, do grande capital financeiro, veio acompanhada, na maioria das nações, de um extraordinário poder unilateral de grandes grupos de comunicação hegemônicos, incorporando atualmente a mídia digital, redes sociais etc.

Um dos objetivos dessa nova ordem totalitária foi o desejo de pôr um fim às grandes causas humanistas de caráter social e econômico, a tentativa de anular todo e qualquer tipo de pensamento que indicasse rumo para algum tipo de sociedade solidária, sustasse a confiança dos indivíduos, tanto quanto dos Países, num futuro de progresso social que reafirmasse a identidade cultural dos povos, substituídos pela compulsão obsessiva pelo consumismo desenfreado, o individualismo surtado.

Assim, parte das novas gerações surgidas nesse período cresceram sob a estratégia dessas elites da política de terra arrasada, do deserto de utopias imposto pelas elites globais, sob intenso bombardeio de um estilo de vida agressivamente pragmático, inclemente, onde a máxima dominante é a do salve-se quem puder, a promoção da antropofobia, a negação da política como elemento decisivo na transformação das sociedades.

A determinação em negar uma realidade alternativa expressa-se na difusão de falsas teorias alarmistas, do catastrofismo, e da visão do pessimismo geral, onde omitem-se as verdadeiras origens dos vários fatores causadores de desastres humanos, sociais, ambientais etc.

A força do grande capital em apagar, esconder sua criminosa responsabilidade por esses inúmeros desastres que atingem as sociedades, as pessoas, exige uma renhida luta política e de ideias em defesa de um mundo melhor.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Fenômenos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Almanaque Alagoas e no Santana Oxente:


Outro dia uma jovem famosa, possivelmente talentosa atriz de novelas de televisão, declarou em um programa que era contra essa história de nos grandes shows dividir os famosos em camarotes de “vipão” e “vipinho” uma espécie de nova hierarquia classificativa das celebridades usada em ambientes festivos.
A revolta da estrela midiática tem alguma razão de ser se olharmos atentamente para a extrema volatilidade em que se transformou a cultura de mercado global dessa pós-modernidade que nos é imposta em escala planetária, integralmente assimilada pela grande mídia no Brasil, reproduzida através da internet, das redes sociais.
Nessa semana o pastor de uma obscura seita religiosa no Gabão, Franck Kabele de 35 anos, conseguiu atingir o ápice da fama mundial por algumas horas, embora tenha desaparecido para sempre, o seu corpo não foi encontrado, ao virar notícia em todas as mídias quando tentou andar sem sucesso sobre as águas, como Jesus Cristo, em uma praia de Libreville tendo como testemunhas centenas de fiéis e seguidores “absolutamente decepcionados”.

Essas são sequelas destes tempos em que impera a ideologia da nova ordem mundial, com o surgimento de uma miríade de movimentos que parecem estar dispostos nas prateleiras de um supermercado, acondicionados, prontos para consumo em qualquer lugar do planeta.

É certo que alguns deles nada têm de inocentes, são financiados e utilizados até para desestabilizar nações em várias partes do mundo, cujos líderes, pelo menos vários deles, são treinados diz-nos Moniz Bandeira, por uma tal de Freedom Foundation com sede nos EUA que agora vê-se às voltas com a Al Qaeda, seus pupilos antes do 11 de setembro, ocupando áreas do Iraque tentando derrubar o governo sírio.

Essa cultura do volátil, da “famosidade”, do sucesso a qualquer custo, do presente contínuo, sem passado, mesmo o mais recente, instaurada a ferro e fogo pelo capital financeiro além do complexo midiático global, tem provocado, infelizmente, situações tragicômicas.

Fazendo parecer realista O Dia do Gafanhoto, uma sátira do escritor norte-americano Nathanael West sobre os EUA ao afirmar que: em Hollywood o papel é feito para se parecer com madeira, a madeira para se parecer com borracha, a borracha para se parecer com aço, o aço para se parecer com queijo. É isso aí.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Política e Mercado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Almanaque Alagoas e no Santana Oxente:

Já se disse que na atual época em que vivemos onde impera por quase todo planeta o monolítico pensamento único do Mercado, a hegemonia global do capital financeiro, resta aos povos a luta política como um espaço ainda não capturado de todo pelo rentismo internacional.
Porque é exatamente através da Política que se expressam os mais diversos setores da sociedade organizada, representada pelas mais distintas correntes de pensamento que apresentam seus ideários às nações na pluralidade e contradições dos segmentos que a compõem.

Pela sua via são eleitos os representantes do povo em um certo período estipulado pelas constituições cujos mandatos são aprovados ou rechaçados pelas grandes maiorias indicando a sua continuidade ou negando-se a sua recondução.

É no exercício da Política que são expostas as virtudes e mazelas das sociedades, seus avanços, insuficiências, antigos vícios ou mesmo novos fisiologismos, as conquistas históricas ou hábitos execráveis indignos à construção de uma democracia madura, ao trato da coisa pública.

É na militância da atividade Política que as mais amplas massas representativas dos interesses verdadeiramente nacionais, ou de algum segmento minoritário, expressam suas satisfações ou repúdios nas ruas, praças, escolas, no campo, nas cidades.

A democracia só pode sobreviver interligada com a Política e seu aperfeiçoamento exige bem mais consequência numa escala ascendente ao ponto em que estejam conquistados tantos níveis de avanços sociais quantos sejam necessários à libertação das camadas oprimidas das distorções econômicas, sociais, castradoras da autonomia e consciência cidadã quer seja em uma metrópole ou numa remota vila rural.

No afã de roubar o direito das sociedades, das camadas populares, o Mercado via grande mídia global associada tem encetado feroz campanha contra a Política jogando sobre ela as razões da pobreza, corrupção, dos abismos sociais, causas principais da miséria, do atraso das nações.

Omitindo as origens dessas indignidades sempre associadas ao próprio Mercado e seus prepostos dentro da Política, procurando marginalizá-la e com isso fechar o círculo autoritário.
Assim, o exercício da Política junto à democracia são os únicos antídotos efetivos, reais à ditadura inclusive à ideologia totalitária do Mercado.