quarta-feira, 26 de abril de 2017

Questão de Grandeza

Meu novo artigo semanal:


Sejam quais forem as dimensões das manifestações de rua nesta sexta-feira, decorrentes da greve geral convocada pelos sindicatos e organizações populares contra as reformas do governo Temer, muito especialmente a trabalhista e a da Previdência Social, uma coisa é certa, ela já está sendo profundamente vitoriosa.

Primeiro porque tratam-se de conquistas sociais Históricas, várias delas adquiridas desde a revolução de 1930 nos governos de Getúlio Vargas, e apesar de agredidas em governos de feição neoliberal, como o de Fernando Henrique Cardoso, através de reformas inspiradas pelos interesses do Mercado financeiro, persistem ainda os fundamentos essenciais dos direitos dos assalariados do País.

Segundo, e em decorrência, a greve geral tem o apoio da mais ampla e esmagadora maioria da população brasileira, que repudia a tentativa real e concreta de surrupiarem, de forma escancarada e à luz do dia, os seus direitos sociais mais elementares.

Terceiro porque a luta contra as reformas antipopulares do ilegítimo governo de Michel Temer possui um apoio maciço proporcional à espetacular rejeição ao seu governo, ou seja, mais de 96% da população.

E de nada adianta o apoio a essas reformas grotescas da parte do primeiro-ministro da Espanha Mariano Rajoy, dizendo que foram feitas reformas iguais por lá e que foram um sucesso.

Não para o povo espanhol, que amarga uma taxa de desemprego brutal onde mais de 40% da população jovem com idade de trabalho encontra-se desempregada, além de sofrer tremendas perdas em conquistas do Estado social desmantelado na Espanha.

Situação igual está sendo preparada aos franceses. Articularam um candidato bem vestido e jovem, Macron, construíram para ele um partido político, um cenário eleitoral ideal e desejam presenteá-lo com o poder. Trata-se porém de um legítimo banqueiro, candidato dos banqueiros e do Mercado financeiro.

Já o ilegítimo Temer é igualmente um representante do Mercado rentista e da grande mídia associada aos financistas. Sua única tarefa é conduzir as reformas antinacionais e antipopulares.

Assim é preciso canalizar a insatisfação ao governo Temer na articulação de uma ampla frente democrática e patriótica em defesa da nação e do povo brasileiro. Esse é o desafio, o tamanho da Grandeza que se impõe à luta política em curso.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Tempus fugit

Meu novo artigo semanal:


A prolongada crise nacional vai atingindo múltiplos aspectos da sociedade brasileira e nada indica que nesse rumo, ou na absoluta falta dele, as coisas vão chegar a um bom termo.

No plano econômico, mesmo com o denodado esforço da grande mídia hegemônica, a contínua queda dos indicadores econômicos aponta no sentido do agravamento da recessão, aumento galopante do desemprego, além do processo estrutural da desindustrialização do País.

No aspecto institucional, o que se observa é a afirmação de uma espécie de novo tipo de fascismo adequado às características e exigências do Mercado financeiro, e das oportunidades que usufruem as grandes empresas estrangeiras com o desmonte do parque produtivo nacional, estatal e privado.

No campo social são evidentes as ameaças, e concretizações destas, às Históricas conquistas trabalhistas adquiridas desde a revolução de 1930. De outro lado, tramitam no Congresso Nacional projetos que ameaçam a soberania e integridade nacional, como a venda criminosa de terras a grandes grupos estrangeiros, incluindo a Amazônia brasileira.

A nação já não vive um clima de legalidade democrática, encontra-se sob um verdadeiro Estado de Exceção, onde o poder executivo, a presidência da República, vítima de golpe de mão, não representa qualquer segmento da sociedade nacional, salvo os interesses do capital rentista, da mídia golpista e de aventureiros de ocasião cujos anseios estão a anos luz da grandeza que a nação exige.

O Congresso Nacional, salvo louváveis exceções já conhecidas, vai à deriva, abatido por si próprio tanto como pelos ataques cirúrgicos da grande mídia hegemônica, uma das protagonistas do golpe de Estado.

O açoitamento da política, caminho da participação social nos rumos do País, tem sido uma constante por essa mesma grande mídia hegemônica, que é recorrente na prática de arranjos autoritários para o País, como nos tempos atuais.

Por isso, tempus fugit: o tempo voa para que os democratas, patriotas e progressistas constituam um amplo pacto político, com intensa participação de variadas camadas sociais, que enseje a reconstrução nacional, a integridade do País, assegure os direitos trabalhistas dos cidadãos, aponte um novo rumo para a economia e o desenvolvimento, antes que alguma figura delirante empalme os destinos do Brasil.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O novo século

Meu novo artigo semanal:


O que acontece atualmente com o Brasil, com o golpe de Estado que entronizou no poder Michel Temer, é reflexo direto de uma encarniçada batalha geopolítica em curso.

O País é a 7a economia mundial e não chegou a tal escala de crescimento através de geração espontânea, como a falsa teoria de Lamarck, mas graças à condição peculiar de nação continental, detentora de múltiplas riquezas naturais como o petróleo, além de várias outras estratégicas como o Nióbio etc.

Possui imensa riqueza em águas, como a reserva aquífera da Amazônia, a maior do mundo. Uma situação geopolítica que o define, junto com suas dimensões geográficas, como um dos principais atores no atual tabuleiro de xadrez da arquitetura mundial.

Na verdade, há várias décadas o Brasil deixou de ser o País do futuro, definido pelo escritor austríaco Stefan Zweig, que aqui se exilou fugindo do nazismo na Europa.

Após a 2a Guerra Mundial a nação passou a trilhar, com idas e vindas, avanços e retrocessos, um protagonismo crescente, adquiriu sofisticada estrutura com quadros nos mais diversos estamentos do aparato estatal.

A economia brasileira foi atingindo, apesar dos percalços, a dimensão atual, e o caminho do desenvolvimento nacional mesclou a associação dos setores público e privado, característico dos Países em desenvolvimento.

No século XX, o século norte-americano, o Brasil não só sobreviveu às agruras da ação intervencionista dos EUA como chegou ao patamar que o define hoje como um dos integrantes dos BRICS. E a tendência de tornar-se em 2050 a 5a economia mundial, apesar das abissais desigualdades sociais, enorme déficit em infraestrutura etc.

Já disseram: se você controla o petróleo controla as nações... se controla o dinheiro controla o mundo.

O século XXI é o século do poder do Mercado financeiro global, da decadência agressiva dos EUA. Mas também da emergência geopolítica multipolar onde o Brasil é protagonista de nível médio.

O golpe de Estado, além de antidemocrático, tem a intenção de desconstruir a cadeia produtiva nacional, privada e estatal, pretende a subalternidade da nação frente às suas imensas possibilidades de ator geopolítico, de interlocutor progressista num mundo em rápida transformação. Por isso a necessidade de uma frente patriótica e democrática em defesa da reconstrução da nação.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Desenvolvimento e democracia

Meu novo artigo semanal:


O desmonte do parque produtivo nacional, estatal e privado, vem abatendo de chofre dezenas de milhares de postos de trabalho, muitos dos quais altamente qualificados, e atingiu no alvo a capacidade competitiva do País, provocando o desemprego generalizado como decorrência direta.

A nação vive uma onda autoritária seletiva que já é impossível escamoteá-la, em um brutal retrocesso que ameaça os valores democráticos mais elementares da sociedade.

Promove-se através de um governo profundamente ilegítimo, de Michel Temer, entronizado no poder via golpe de Estado, a desconstrução de Históricas conquistas trabalhistas.

Reformas como a da Previdência, a Trabalhista, atendem aos objetivos do capital especulativo e visam a privatização de setores fundamentais aos direitos dos assalariados brasileiros.

Assim o governo ilegítimo, com o apoio da grande mídia associada aos objetivos do Mercado rentista, que lucra espetacularmente com a crise nacional, comanda uma espécie de recolonização pós-modernosa da nação.

Ao tempo em que essa grande mídia-empresa oligopolizada, braço ideológico do Mercado Financeiro, propaga uma agenda substitutiva aos verdadeiros interesses nacionais, incitam pelos seus principais órgãos e pelas redes sociais, quase que diariamente, tempestades de intolerâncias e ódio com o objetivo claro de solapar a unidade das grandes maiorias do povo brasileiro.

A política econômica governamental, sob a falsa premissa de combate à inflação, encetada pelo governo ilegítimo, tem sido o eixo basilar de uma escalada recessiva que vai levando a nação ao fundo do poço alimentando os cofres do capital especulativo, os aventureiros rentistas em busca de lucros fabulosos e a curto prazo.

A criminalização da política, única via da participação popular nos destinos do país, é prova da aventura autoritária institucional galopante a que assistimos contra os princípios mais elementares da legalidade democrática. Já o Congresso Nacional encontra-se em séria crise de credibilidade.

Os vetores desse imbróglio rumam para um impasse imprevisível. Assim é vital a constituição de ampla frente patriótica, democrática, de reconstrução nacional, que assegure os direitos sociais, todos eles ameaçados. E retome, sob um novo pacto político, mais avançado, o desenvolvimento do Brasil.