quinta-feira, 27 de março de 2014

Os idos de Abril

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

O golpe contra o governo constitucional de João Goulart em 1964 foi resultado de uma complexa articulação de militares, amplos segmentos conservadores das grandes elites brasileiras, empresas multinacionais, desde o segundo mandato de Getúlio Vargas, abortado por seu suicídio em 1954 provocando grande revolta social que varreu as ruas das grandes cidades, em especial o Rio de Janeiro então capital da República, contra as forças retrógadas, antinacionais.
Através de entidades golpistas, como IPES, o IBAD, montou-se uma sofisticada rede de doutrinação, propaganda, finanças, com apoio de banqueiros, empresários, latifundiários, intelectuais, setores médios, religiosos, grande mídia, todos da linhagem conservadora.

Sob a capa da Guerra Fria, essas frações das elites aliaram-se às intensas atividades ilegais da CIA no Brasil contra “a ameaça comunista à família, à propriedade”.

A divulgação pelo IBOPE que o governo Jango tinha 60% de apoio social mostra que esses segmentos promoveram acirrada perseguição política contra os trabalhadores, estudantes, sindicalistas para a desestabilização constitucional do País.

Diz o historiador Juremir Machado que só na 1ª semana do golpe 10 mil pessoas foram presas, depois 113 senadores, deputados federais, 190 deputados estaduais, 38 vereadores, 30 prefeitos cassados, servidores públicos compulsoriamente demitidos etc.

O único jornal diário de grande circulação nacional à época que se opôs ao golpe foi Última Hora, os demais apoiaram, seguido pelo Correio da Manhã que passou à resistência, logo asfixiado sem publicidade.

Com o AI5 o arbítrio cresceu em ferocidade exigindo luta titânica até a vitória democrática em 1985.

Mas além da conhecida vertente militar foi decisivo ao golpe a presença de extratos da sociedade civil sob a liderança das classes dominantes avessas às reformas sociais, da grande mídia que hoje é hegemônica e refratária ao desenvolvimento do País, íntima do rentismo, da Nova Ordem Mundial.

A vida mostra que nas atuais condições históricas de domínio do capital financeiro, da agressividade geopolítica imperial dos Estados Unidos, cabe ao povo brasileiro intensa organização, constituir ampla unidade em defesa da sua soberania, das liberdades políticas através de grandes mobilizações e muita lucidez política.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ameaça neofascista

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Como todos podem ver, nuvens carregadas estão se acumulando sobre o mundo em todos os continentes, em alguns de maneira dramática, em outros prenunciando a eventualidade de fortes tempestades.
Ao contrário do que os arautos do neoliberalismo propagavam no auge da sua implementação no início da década de noventa passada nós não vimos o “fim da História, uma época de harmonia, paz, num planeta sem fronteiras” anunciados por Francis Fukuyama guru da ortodoxia neoliberal reinante.

O que estamos vivendo desde então, como tragédia em vários sentidos, é sem dúvida o Terror e uma brutal hegemonia do Mercado, do rentismo aliado ao gigantismo de um império, o norte-americano.

Que anulou os grandes paradigmas culturais reconquistados pelos povos após a 2ª Guerra Mundial, impondo em seu lugar a violência, mentira, cinismo, a insânia, numa regressão dos altos valores universais da civilização humana.

É nessa crise civilizacional que estamos metidos associada ao fenômeno da concentração do poder da informação, monopólio ideológico, manipulação de consciências, modos, consumos, da grande mídia internacional íntima dos objetivos do capital rentista, da Nova Ordem mundial.

Mas na mesma época também surgiu a resistência das nações sob a liderança dos BRICS que se opõem a esse mundo unipolar, à agressão contra os Países, resultando daí a multipolarização geopolítica, aumentando o ranço belicista dos EUA, do capital financeiro que passou a assumir caráter neofascista.

No Brasil setores da mídia hegemônica também incorporam esse viés neofascista mas sempre mesclando o discurso antipopular, antinacional com uma falsa aparência radicalizada, ultrista, como se não tivessem sido gestadas e consolidadas no seio da longa noite do arbítrio, da qual nos livramos há 29 anos, sequiosas de formar um campo social, atrair os desavisados, ingênuos, arrivistas ou mesmo os provocadores numa ânsia pela reedição farsesca de novos cabos Anselmos.

Nesse tabuleiro de xadrez global e regional minado é vital a consequência de todos os democratas, independente de opções ideológicas, a defesa da legalidade constitucional, das liberdades políticas, conquistadas através de muita luta, sofrimento, tanto quanto da nossa pátria que não se encontra imune a essa tormenta obscurantista que ameaça os povos.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Tempos decisivos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

O cenário geopolítico global vem se tornando cada vez mais instável em decorrência de um gigantesco embate entre um mundo unipolar submetido aos ditames do Mercado, da sua guarda pretoriana, os Estados Unidos, seus aliados da OTAN e as nações emergentes sob a liderança dos BRICS, que reivindicam outra realidade internacional multipolar com novos padrões econômicos, novas relações internacionais mais democráticas.
A diplomacia vai sendo exigida na medida em que se agudizam os conflitos fomentados pela Nova Ordem mundial que sentindo-se confrontada busca impor seus interesses econômicos, financeiros além da caçada implacável pela ocupação de novos territórios à expansão do Mercado, da guerra de rapina por recursos naturais não renováveis, como o recente exemplo da crise na Ucrânia, o intento golpista em curso na Venezuela.

Um quadro explosivo que espalha por todo lado conflitos políticos em muitos países gerando um clima de sérias instabilidades que podem se aguçar. Assim tem sido o caso do Brasil onde todos motivos tem sido usados para elevar tensões como, por exemplo, ao evento da Copa Mundial de Futebol que se avizinha exitosa.

Mas por isso sabotada através da grande mídia hegemônica, das redes sociais por essas forças externas e grupos internos que jogam nesse tabuleiro de xadrez contrários a um novo mapa internacional multipolar, adversários inclusive do protagonismo geopolítico do País, defendem a velha diplomacia da subordinação e alinhamento incondicional aos EUA, da dependência ao rentismo.

Porém existe outro fator de crise mundial, a possibilidade do estouro de nova bolha financeira, resultante da desregulamentação do capital especulativo global, acumulando uma gigantesca massa concentrada de riqueza fictícia sem lastro na economia real, e operada via o “shadow banking sistemy”, sistema bancário paralelo, que diante da eventualidade de novo cataclismo assume feroz caráter neofascista.

Assim a luta política, de ideias, anuncia-se complexa, renhida numa civilização sacudida por tempestades de convulsões difusas lançadas aos povos por esse Mercado. Impõe-se ao Brasil adotar serena mas firme posição em defesa da geopolítica multipolar, da democracia, garantia da sua soberania, integridade territorial, defesa dos seus fabulosos recursos naturais.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Poder global e política energética

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Disse Freud, pai da psicanálise, que o contrário da brincadeira não é o sério, mas antes o que é real. E o que se anuncia como real é a possibilidade do estouro de uma nova bolha financeira mundial provocada pelo extraordinário processo de concentração, centralização do capital rentista.
Não há como separar as crise políticas, sucessivas intervenções militares contra os Países através de forças armadas capitaneadas pelos Estados Unidos, do estágio agressivo, predador a que chegou nos últimos tempos a hegemonia global das finanças parasitárias, a velocidade de suas bilionárias operações planetárias.

Junto a outros dois fatores centrais, o controle da informação sobre os povos através do monopólio internacional midiático cujo papel central é a difusão da versão dos fatos que interessam a esse capital rentista, somado ao desenvolvimento espetacular da cibernética, verdadeira revolução tecnológica, a serviço primordialmente das transações financeiras em escala mundial.

A utilização pelas sociedades de tecnologias, como a Internet, as redes sociais, resultam de subproduto da engrenagem dessa acumulação financeira, usadas como poder militar, ideológico, sobre as comunidades mas que, paradoxalmente, abrem novos espaços de comunicação individual, social ao largo dos monopólios da mídia porém vigiados, afinal Edward Snowden não é ficção científica.

O capital rentista que assume caráter neofascista, tudo faz para anular esperanças aos povos, aos emergentes como o Brasil, vistos como ameaça geopolítica à ditadura do Mercado, difunde fartamente conceitos pseudocientíficos cujas gêneses possuem razões auto justificáveis mas induzem à inércia econômica.

Assim o jornalista Ênio Lins em artigo na Gazeta de Alagoas aponta o dilema surreal imposto ao governo brasileiro pelo ambientalismo internacional fundamentalista que investe contra a construção da Usina de Belo Monte, repele a energia atômica, as termoelétricas e ainda ataca suposto déficit energético do País.

Desejam que uma nação industrial, continental, com 200 milhões de habitantes, sustente-se unicamente pela matriz eólica e solar que são alternativas, complementares. Na verdade trata-se de incentivo à paralisia econômica, subordinação aos centros globais de poder, abdicação da soberania nacional.