terça-feira, 29 de novembro de 2011

Eric Hobsbawm: Como mudar o mundo – Marx e o marxismo

O historiador Eric Hobsbawm, autor de Era dos Extremos e tantos outros títulos lança seu último livro, Como mudar o mundo – Marx e o marxismo, 1840-2011, uma seleção de conferências, ensaios e artigos escritos ao longo de mais de cinco décadas.

Mundialmente consagrado pela série de ensaios sobre a história dos séculos XIX e XX, Eric Hobsbawm tem sido um incansável divulgador do legado intelectual de Karl Marx (1818-83). Nesta coletânea dos momentos mais significativos de sua visão sobre Marx e o marxismo, o autor reafirma o papel central do filósofo, sociólogo e jornalista alemão em sua prolífica carreira de historiador e militante socialista.

Como assinala Hobsbawm, desde a publicação de O manifesto comunista (1848) poucos autores têm sido tão decisivos na história do pensamento como Marx. A obra marxista, de influência comparável somente a de gigantes como Darwin e Einstein, inspirou transformações políticas, sociais e econômicas de alcance planetário, e continua a ser estudada e admirada por sua engenhosa anatomia da luta de classes e das fragilidades do sistema capitalista.

Hobsbawn reconhece na atual crise sistêmica das finanças globalizadas uma confirmação quase profética da crítica de Marx às contradições insolúveis do capitalismo. O historiador aponta caminhos para o marxismo no século XXI, destacando o poder visionário das teses dos fundadores do “socialismo científico”.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Brasil adota (oportunas) medidas anticrise

No Resenha Estratégica:


Sem fazer muito alarde, o governo brasileiro vem adotando certas medidas de proteção contra o mais que provável aprofundamento da crise sistêmica global, as quais poderão proporcionar ao País melhores condições para enfrentar a combinação de furacão classe 5 e tsunami que ameaça engolfar o cada dia mais disfuncional sistema financeiro e monetário mundial.

Para tanto, foi fundamental o enquadramento do Banco Central de Alexandre Tombini na orientação da política econômica geral do governo, manifestada com a redução das taxas de juros básicos (Selic) que vem ocorrendo desde agosto. Neste caso, é significativo que os próprios mercados financeiros parecem ter se ajustado aos fatos, após certas reações negativas iniciais, grandemente motivadas por reflexos condicionados dos setores que passaram as últimas décadas exercendo uma hegemonia quase absoluta sobre a orientação do BC. Nas últimas semanas, desapareceram quase totalmente as críticas à posição do banco sobre o agravamento do cenário global, que foi a principal justificativa para a reversão da alta dos juros. Como afirmam alguns analistas, o mercado "encampou a visão do BC".

Uma providência de grande alcance foi o Projeto de Lei de Conversão 26/2011, que determina ou aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre contratos de derivativos vinculados à taxa de câmbio do dólar. De acordo com o texto, já aprovado no Congresso, os contratos do gênero assinados a partir de 17 de setembro último terão que pagar 1% de IOF, valor que poderá ser aumentado para 25%, no caso de operações especulativas que, no entendimento do governo, coloquem em risco a estabilidade do real (Agência Brasil, 16/11/2011).

Por iniciativa do senador Blairo Maggi (PR-MT), relator do projeto no Senado, o governo publicará um decreto isentando os exportadores da cobrança do imposto. Apesar de considerar a medida como "muito forte" e "um cheque em branco" para o governo, Maggi entende que ela é necessária para combater a especulação de fundos internacionais que apostam na valorização do real.

Considerando a enorme relutância dos governos em geral para taxar operações especulativas, a medida é das mais oportunas e indicativas de que, se necessário, outras providências semelhantes poderão entrar na pauta.

Outra iniciativa relevante é a discussão sobre a criação de um fundo regional de reservas para ajudar países eventualmente afetados pela crise, que vem ocorrendo desde agosto. Na sexta-feira 25 de novembro, os ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais sul-americanos se reunirão em Buenos Aires para discutir a proposta. De acordo com funcionários do governo, as discussões técnicas têm avançado bastante, embora ainda não tenha sido tomada uma decisão oficial sobre a criação do fundo e o seu formato, se seria criado um novo fundo ou haveria uma ampliação do já existente Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR), que conta com recursos de 4 bilhões de dólares - quase insignificantes para uma emergência séria. O agravamento da crise global e a falta de resultados concretos na recente cúpula do G-20 estão entre os motivos mencionados para justificar a iniciativa (Brasil Econômico, 21/11/2011).

A iniciativa denota um amadurecimento da percepção da integração regional como uma prioridade estratégica para o Brasil. Apesar dos altos e baixos que têm marcado o processo integracionista, ele não tem deixado de avançar e são promissoras as perspectivas para o seu aprofundamento. Em um futuro não distante, é possível vislumbrar a consolidação de uma autêntica união aduaneira regional, com os necessários ajustes referentes às assimetrias entre as economias da região, da qual o País seria um grande beneficiário.

Em sua coluna semanal na revista Carta Capital (21/11/2011), o ex-ministro Delfim Netto também considera como favas contadas o agravamento da crise global, comentando as especulações sobre a desaceleração econômica nos EUA, Alemanha, China e eurozona em geral.

Para ele, o Brasil "tem se conduzido bastante bem diante dessas situações de crise que estão abalando a sociedade mundial". Citando a crise de 2007-2008, destacou a atitude do governo Lula, com políticas de estímulo à produção e manutenção dos empregos:

(...) Enquanto na maioria dos países a prioridade passou a ser a salvação do sistema bancário, aqui a intuição do presidente mostrou que o dever sagrado dos governos era garantir às pessoas as condições de continuar trabalhando e consumindo. E tão logo superou a fase crítica tratou de renovar os incentivos aos setores privados para a retomada do crescimento, com ênfase no aumento da produção industrial e nos investimentos na infraestrutura. (...)

O principal objetivo do governo Dilma - da mesma forma que no governo Lula - é claramente manter a economia brasileira crescendo o mais próximo possível do pleno emprego e, na medida em que as condições externas não se tornem determinantes, acelerar o ritmo do desenvolvimento. Em nenhum instante isso significou leniência diante das pressões inflacionárias, e sim uma atitude mais inteligente de combater a inflação dilatando apenas o prazo para que a taxa retorne ao centro da meta. Hoje, os agentes do mercado financeiro, antes reticentes, já trabalham com a expectativa de que o núcleo da meta seja atingido no fim de 2012.

Prosseguindo, Delfim observa que o País tem superado obstáculos que, anteriormente, costumavam criar grandes problemas. Entre eles, faz uma oportuna referência às questões ligadas ao meio ambiente:

O Brasil está superando duas das três principais dificuldades que frequentemente interrompiam o seu desenvolvimento: as crises de pagamentos externos e a escassez de energia. O terceiro problema, o da autonomia alimentar, já estava sendo resolvido neste início de século e se consolidou de forma extraordinária por um processo de expansão da fronteira agrícola e de rápido crescimento da produtividade (inclusive na pecuária), fruto dos investimentos em pesquisa de empresas privadas e públicas, notadamente da Embrapa. (...)

A ameaça de crises de pagamento e de falta de energia foi afastada quase que pelo mesmo fator, a confirmação das reservas petrolíferas do pré-sal. No caso da autonomia energética, é de justiça que se reconheça a participação decisiva e corajosa do presidente Lula e de sua ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, quando derrotaram as objeções das inúmeras organizações (supostamente não governamentais) no Brasil e no exterior, as quais conseguiam retardar o aproveitamento da hidroenergia dos rios da Amazônia.

De fato, a despeito de certas concessões, a área ambiental é outra na qual a presidente tem demonstrado uma inusitada disposição de limitar a interferência do movimento ambientalista nos processos decisórios sobre políticas públicas e projetos específicos. (...) A recente edição da Portaria Interministerial 419/2011, que regulamenta a atuação dos órgãos e entidades do governo federal envolvidos no licenciamento ambiental, pode vir a ser um divisor de águas para limitar a enorme influência política do movimento ambientalista-indigenista no País.
(...)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Razões de Estado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


A crise mundial do capitalismo vai se agravando cada dia que passa e os seus efeitos se fazem sentir nos planos econômico e político principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

Nessas regiões centrais do sistema o desemprego tem se alastrado em decorrência da paralisia econômica, dos claros indicadores de recessão generalizada e pelas políticas de ajustes fiscais neoliberais que massacram os trabalhadores.

Um outro lado da realidade mundial tem sido a emergência de novos personagens na geopolítica global tanto no plano econômico quanto no político através dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e mais recentemente a África do Sul.

O Brasil como um desses atores principais da nova realidade multipolar internacional tem a seu favor a dimensão continental, as suas reservas minerais, a diversificada e renovável matriz energética.

Incluindo as suas terras agricultáveis, com reais possibilidades de vir a ser o celeiro do mundo, além da condição de ser um Estado nacional, uma só nação, uma só língua e um povo sem divisões étnicas, como afirmou Renato Rabelo em palestra em Maceió.

Mas o País não pode ficar alheio ao cenário mundial de agressões militares e ameaças de intervenções dos EUA que se utiliza da formidável máquina belicista, da indústria multimidiática global para tentar manter a todo custo uma hegemonia ameaçada pelo seu declínio econômico.

Os Estados Unidos tem promovido às claras uma guerra ideológica e cultural por intermédio da sua mídia global e a nacional hegemônica, contra o desenvolvimento nacional, a unidade dos trabalhadores, do povo brasileiro, visando sua fragmentação por meio de uma variada agenda multiculturalista.

Cuja marca atual mais evidente tem sido a campanha bilionária contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte fomentada por essa mídia hegemônica internacional e as congêneres nativas. Evidencia-se por outro lado uma óbvia estratégia de desestabilização do País utilizando-se de uma sistemática fabricação de crises institucionais contra o governo Dilma.

Mas o Brasil tem descuidado da própria Defesa com o sucateamento das suas forças armadas, como reconhece um relatório do governo federal publicado recentemente. E nesses tempos de agressões terríveis contra os povos quem desejar mesmo lutar pela democracia, a soberania nacional e a paz deve se preparar para defendê-las de verdade.

domingo, 20 de novembro de 2011

Renato Rabelo em Ato Político em Alagoas

Matéria publicada no Vermelho:


O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, falou para os alagoanos na manhã deste sábado, 19/11, em Ato Político realizado no auditório da sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Alagoas, OAB-AL, no Centro de Maceió.

Renato Rabelo foi recebido no Ato Político realizado na capital alagoana por um auditório lotado por cerca de trezentas pessoas, com a presença de destacadas lideranças políticas do Estado que compuseram a mesa: o senador Renan Calheiros (PMDB), o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), o presidente estadual do PCdoB em Alagoas, Eduardo Bomfim, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Maceió, Galba Novaes (PRB), os reitores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Ana Dayse Dórea, e da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), Jairo Campos, o ex-vice-governador José Wanderley Neto (PMDB), o deputado federal Joaquim Beltrão (PMDB), o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT), o membro do Conselho Federal da OAB, advogado Marcelo Brabo, o economista e professor da UFAL, Cícero Péricles e o ex-deputado estadual, Paulão (PT), além do próprio presidente nacional do PCdoB.

Estiveram presentes ainda no Ato Político o prefeito do município de Satuba, Cícero Titor (PCdoB), os vereadores de Maceió, Marcelo Malta (PCdoB), Théo Fortes (PTdoB) e Ricardo Barbosa (PT), o vereador de Delmiro Gouveia, Edvaldo Nascimento (PCdoB), o presidente estadual da CTB, Gerivaldo Pontes, além de dirigentes estaduais e municipais do PCdoB-AL, militantes, filiados, pré-candidatos às próximas eleições de 2012 pelo PCdoB, amigos, apoiadores, expressivas lideranças sindicais e da juventude, membros da sociedade alagoana.


Dando início ao Ato Político, o presidente estadual do PCdoB, Eduardo Bomfim, saudou as lideranças políticas à mesa, a quem qualificou de amigos e aliados no projeto para o País e na luta por fazer chegar a Alagoas os frutos das conquistas que vem sendo obtidas por essa frente de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff e dos anteriores governos de Lula, destacando a importância da presença do presidente Renato Rabelo para falar a respeito da conjuntura internacional e nacional e do projeto político do PCdoB, e para o lançamento da publicação Alagoas, os grandes desafios - documentos do PCdoB-AL 2011. Bomfim enfatizou ainda que o Partido está se preparando para a batalha eleitoral de 2012, para conseguir, junto com os aliados, alcançar a vitória dessas forças eleitorais em todo o estado de Alagoas.

Em seguida, falando em nome de todos à mesa, o ex-governador Ronaldo Lessa lembrou o fato de que esse mesmo auditório já havia sido palco de muitas batalhas, salientando que para estarem todos reunidos hoje para discutir o país que queremos, foi preciso lutar para redemocratizar o País, quando muitas dessas lideranças já estavam juntas. Ronaldo Lessa foi enfático na defesa das forças políticas e dos partidos componentes da base de apoio ao governo de Dilma Rousseff, destacando a necessidade de enfrentamento do jogo das forças de direita, que buscam atingir seu governo atacando um a um os seus ministros.


A reitora da UFAL, Ana Dayse, fez questão de se pronunciar para falar da boa experiência da participação do PCdoB na gestão da Universidade, destacando a qualidade de sua militância. A reitora falou da importância dos governos de Lula e agora de Dilma e de seu papel na diminuição da miséria e na ampliação e interiorização das universidades federais.

Renato Rabelo iniciou seu pronunciamento dizendo que este Ato tem um valor simbólico muito importante, com a presença na mesa de tantos aliados do PCdoB, destacando que o Partido preza muito os aliados, afirmando que sem alianças não vamos levar adiante grandes empreendimentos, para conseguir êxitos e dar passos adiante para a transformação do Brasil numa grande nação.

Falou a respeito da crise estrutural do capitalismo e das novas potências que surgem da chamada periferia do sistema. Afirmou que o Brasil vai ocupando um papel crescente no cenário mundial, além de China, Rússia, Índia e África do Sul, os chamados BRICS, países que se encontram em ascenso.

Afirmou que o mundo vive uma transição e que com a crise a transição se acentua com mais velocidade, porque ela se encontra no centro do sistema. Destacou o declínio dos Estados Unidos, acrescentando que levará mais tempo para os EUA e a Europa saírem da crise enquanto os BRICS de forma mais rápida estão em ascenso.

Salientou que o Brasil tem um potencial maior do que os outros países dos BRICS devido às suas riquezas minerais, terras agriculturáveis, com perspectivas de vir a ser o celeiro do mundo, um imenso potencial energético, além de ser um País uno, com uma só língua.

Renato Rabelo afirmou que é preciso uma reflexão. Disse ser muito significativo o Brasil ter eleito um operário para presidir o País, no que foram dois governos exitosos, não só internamente mas o País atingiu um outro patamar no cenário internacional e que o prestígio hoje do Brasil no mundo é muito maior. Destacou que a partir da vitória de Lula vivemos um novo ciclo político, com crescimento e distribuição de renda. Salientou ainda a integração com os países vizinhos e sua importância nesse projeto de desenvolvimento com soberania, crescimento econômico e justiça social.

E acrescentou que há possibilidade de prosseguir. Afirmou que a opinião do PCdoB é que devemos ir bem mais longe, ampliando o investimento que não tem passado dos 19% do PIB, citando a China em comparação, com investimentos de 45% do PIB. Afirmou ser necessário chegar a pelo menos 25% para alcançarmos o desenvolvimento em taxas de 5 a 6%, e o Brasil chegar rapidamente a ser o quarto país mais desenvolvido, destacando que isso se refletirá no bem estar do povo, a conquista da possibilidade da distribuição.

Afirmou que com a presidente Dilma houve a possibilidade de redirecionar a política macroeconômica. Que os juros ainda são os mais altos do mundo mas que vêm baixando de forma paulatina. Disse que o PCdoB defende que haja um grande acordo entre os que produzem para se atingir o objetivo da presidente de redução dos juros à média dos países em desenvolvimento.

Salientou ainda que vivemos no Brasil o monopólio da midia, de grupos que detêm a comunicação e que podem falar para milhões enquanto nós só falamos para milhares. Podem falar o que querem porque uma punição judicial só viria muito mais tarde. Disse que a mídia passou a ser um tribunal que acusa, condena e executa, em que o acusado é que tem de provar que é inocente, ao contrário do sistema legal. Renato Rabelo afirmou que para o avanço democrático temos de enfrentar isso, que é preciso um acordo democrático para democratizar a mídia.



Renato Rabelo afirmou que o PCdoB recentemente sofreu um ataque que já vinha sendo preparado para, através do Ministério do Esporte e da Agência Nacional do Petróleo, buscar atingir o Partido. Disse tratar-se de uma farsa grotesca.

Afirmou que o Ministério do Esporte não existia e que a pasta alcançou uma dimensão muito grande. Destacou os diversos programas implementados pelo Ministério nesses anos, tanto no aspecto social, beneficiando milhões de crianças e jovens, quanto no que diz respeito aos investimentos nos esportes de rendimento, salientando o desempenho do Brasil no último Para-panamericano, no México, em que o Brasil conseguiu superar potências como os Estados Unidos. E que além disso, o País conquistou a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, acrescentando que é por isso que hoje o Ministério do Esporte passou a ser tão cobiçado.

Disse que na posse do novo ministro Aldo Rebelo, alagoano, o ministro Orlando Silva foi aplaudido de pé e destacou as afirmações feitas pela presidente Dilma naquela ocasião, em que ela se referiu ao excepcional trabalho de Orlando Silva à frente do Ministério, a Aldo Rebelo como experiente, qualificado, líder reconhecido, homem de Estado, e que considera fundamental a presença do PCdoB em seu governo. Renato Rabelo afirmou que o Partido e Orlando Silva já tomaram as medidas legais para que fique provado a ausência de fundamento nas acusações feitas.

Concluiu afirmando que o PCdoB completará 90 anos no próximo ano e que em sua história já enfrentou coisas desse tipo, provocadores, ditaduras, obscurantismo, e que o Partido não se intimida. Destacou que o PCdoB se mostrou unido e se açulado estará mais unido.


Após o pronunciamento de Renato Rabelo, o presidente estadual do PCdoB, Eduardo Bomfim, fez o lançamento da publicação distribuída a todos os presentes, Alagoas, os grandes desafios - documentos do PCdoB-AL 2011, em que estão reunidos documentos aprovados pelo Partido no Estado em sua última Conferência e no qual apresenta às forças políticas aliadas, para elaboração conjunta, as linhas iniciais para um Novo Projeto de Desenvolvimento para Alagoas.

Como encerramento do Ato o ator Chico de Assis declamou os poemas O Povo de Eça de Queiroz e Serra da Barriga de Jorge de Lima, encantando os presentes com sua expressividade.

sábado, 19 de novembro de 2011

Rebeldes e ajustados

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:



Dizia-me um veterano jornalista paranaense que hoje em dia as formas de coerção e controle sobre a população global combinam a repressão política e a psicologia do pânico, cuja eficácia é muito maior que nos períodos das ditaduras das décadas de sessenta a oitenta.

E que tanto uma quanto outra atendem aos mesmos objetivos do grande capital e às estratégias de dominação imperial.

A globalização que se impôs à esmagadora maioria dos Países através do projeto neoliberal dando consequência à chamada nova ordem mundial, nessa época do mundo unipolar sob a solitária hegemonia militar, ideológica, cultural, multimidiática dos Estados Unidos, possibilitou o exercício de mecanismos autoritários totalmente legitimados.

No entanto a História vem demonstrando que essa dominação não acontece de maneira ordeira porque ao uso da força brutalizadora aumenta a resistência dos povos através de movimentos de contestação ou mesmo de insurgências contra essa hegemonia global.

Já a ONU tem revelado enorme dependência financeira aos Estados Unidos que recentemente cortou uma gorda mesada à UNESCO porque essa aprovou a participação dos Palestinos em suas deliberações.

Assim, as nações emergentes especialmente os BRICS exigem uma reformulação das Nações Unidas que além de legitimar as agressões armadas dos EUA coonesta inevitavelmente com os interesses das grandes corporações financeiras e empresas transnacionais.

Com a hegemonia unipolar dos EUA e a nova ordem mundial, veio a imposição de várias medidas globais draconianas contra a soberania dos Países, a uniformização dos indivíduos. Forjou-se assim uma ditadura dos comportamentos e das normas de condutas, dos conceitos fundamentalistas de consumo, hábitos, saúde, trabalho, meio ambiente etc.

E também o multiculturalismo que é o apartheid moderno, a fragmentação social dos trabalhadores através da coabitação em separado do ambiente cultural nacional.

Mas as sociedades estão se rebelando e vão sendo acusadas pelas elites financeiras e conservadoras como “desajustadas”, porque eles os “ajustados” estão lá em cima no topo da pirâmide social em um mundo em crise aguda profunda.

A “nova ordem mundial” passará à História como responsável por inomináveis cenas de barbárie e por um estúpido processo regressivo de civilização sem precedentes na História mais recente da humanidade.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A crise tá virando "zona"do euro

A opinião do companheiro Givanildo Ferreira, sociólogo, dirigente do PCdoB no município do Pilar e no estado de Alagoas:


Há quase setenta anos que a paz reina no velho mundo. O fim da segunda guerra mundial pôs fim também aos conflitos bélicos entre as nações europeias. Isto é uma anomalia em um continente que sempre viveu num estado de beligerância. No entanto, esta paz está ameaçada. Se durante a segunda guerra mundial a Alemanha com seus tanques e soldados ameaçou o velho continente, hoje o governo de Angela Merkel tem uma atitude tão agressiva quanto outrora. É uma agressão sem tanques. Mas o resultado é o mesmo, o desequilíbrio entre as nações europeias e consequentemente a ameaça às instituições democráticas. O volume de exportações da Alemanha é muito maior do que o de importações, o que acarreta um círculo de dependência dos demais países europeus. Nos últimos dez anos o excedente de exportações da Alemanha alcançou um trilhão de euros. Por outro lado, este excedente gigantesco terminou por acarretar o crescimento da dívida nos países importadores.

A crise econômica do velho mundo está afundando a democracia europeia nos braços das finanças. O continente da liberdade se transformou em continente de banqueiros. Gestores das finanças sem a menor legitimidade democrática chegam ao poder com o pôquer dos ajustes. O medo das urnas, ou seja, que o eleitorado rejeite os ajustes e a guilhotina social, conduz a colocar marionetes dos bancos à frente do Estado. Na Grécia a troca dos “papas” só tem levado à CÃOnonização da economia. De Papandréu para PapadeMOS. Na Itália Berluscone por Monti. O que se vê com essas mudanças é apenas o caráter autoritário do mercado financeiro. Isto se torna claro quando se organizaram as eleições junho passado em Portugal, momento em que a Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu, União Europeia) pediu aos dois partidos políticos portugueses que tinham chances de ganhar as eleições que assinassem um acordo diante do qual se comprometiam em implementar as condições impostas pela Troika. Sendo assim, nunca como agora a ditadura dos mercados havia forçado o destino dos povos. As agências de qualificação desfazem as maiorias eleitas e as substituem por representantes da racionalidade financeira, as contas sem déficits e artesãos. O que estamos assistindo é o retorno dos “governos técnicos”, encabeçados por homens crescidos sob a égide de algumas das principais instituições responsáveis pela crise. E os países endividados para recuperar a confiança dos mercados avançam pela via das “reformas estruturais”. Esta expressão se tornou sinônimo de dano social – ou seja, redução de salários, revisão de direitos trabalhistas em matéria de contratações e demissões, aumento da idade de aposentadoria e privatizações em grande escala. Essa verdadeira ZONA!!! do euro coloca como o maior e mais grave obstáculo interposto no caminho da democracia as avaliações de Standard & Poor’s, e os humores de Wall Street – esses enormes fetiches da sociedade contemporânea valem muito mais do que a vontade popular.

Portanto, a crise na zona do euro como um vírus começa a se espalhar pelo mundo. Sendo as bolsas de valores o primeiro reflexo, pois já vem caindo há algum tempo, e que vem levando os investidores a fugir do risco procurando aplicações que apesar de render menos, apresentam condições de resgate favoráveis. E num prognóstico sombrio espera-se que a próxima crise seja a bancária, uma vez que os bancos da “ZONA!” do euro estão abarrotados de títulos soberanos dos países que já sentem a recessão devido aos pacotes de austeridade impostos pelo FMI, BCE e União Europeia. Esses pacotes são intrinsecamente contraditórios na medida em que impõem barreiras ao crescimento. E sem crescimento econômico não há geração de receita nesses países para poder honrar o pagamento da dívida. Essa situação conduz fatidicamente ao calote podendo gerar a quebra dos bancos mais expostos aos títulos soberanos.

O que estamos assistindo nesse cenário é que a separação entre o “econômico” e o “político”, característica que sempre diferenciou o capitalismo de modos de produção que o precederam, está chegando ao seu ápice. A economia não só domina a política, fixando agendas e decisões, como também retira as competências e atribuições que eram próprias desta, privando-a do controle democrático a tal ponto que uma mudança de governo já não altera as diretrizes da política econômica e social.

Essa realidade só poderá ser enfrentada quando a sociedade for colocada como sujeito cognoscente desse processo, e não deixando meia dúzia de tecnocratas em nome da “governabilidade”, ou será governança? Conduzir o processo a reboque dos interesses sociais.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Renato Rabelo em Alagoas

A convite da direção estadual do PCdoB-AL o presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, estará em Alagoas no próximo dia 19 de novembro, para falar aos alagoanos em ato que se realizará no auditório da sede da OAB, Seccional de Alagoas, no Centro de Maceió, à Praça do Montepio, às 10:00 horas da manhã.

O Partido em Alagoas se prepara para receber seu presidente nacional, e convida seus dirigentes, militantes, filiados, em especial todas as suas direções municipais no Estado, todos os pré-candidatos às próximas eleições de 2012 pelo PCdoB, amigos, apoiadores e toda a sociedade alagoana para assistir à palestra de Renato Rabelo sobre A Conjuntura Política, a Realidade Brasileira e o Projeto Político-eleitoral do PCdoB.

Na ocasião será feito o lançamento da publicação Alagoas, os grandes desafios – documentos do PCdoB-AL 2011, em que o Partido em Alagoas apresenta às correntes políticas progressistas e desenvolvimentistas do Estado, à militância do PCdoB e à sociedade alagoana as linhas iniciais para um Novo Projeto de Desenvolvimento para Alagoas.

sábado, 12 de novembro de 2011

Domenico Losurdo: perspectivas prometedoras e ameaças terríveis

Intervenção de Domenico Losurdo no 6º Congresso Nacional do PdCI (Partito dei Comunisti Italiani):

 
Fico feliz por participar deste evento que poderia ser um relançamento ou mesmo um novo arranque da presença comunista no nosso país. Quando, há vinte anos, foi criada a Rifondazione Comunista, o clima ideológico era bem diferente daquele de hoje. Há vinte anos, em Washington, os ideólogos mais enfáticos proclamavam que a história estava acabada: em todo caso o capitalismo havia triunfado e os comunistas haviam cometido o erro de ficarem do lado mau, e mesmo criminoso, da história. Sabemos hoje que estas certezas e suas mitologias haviam penetrado mesmo no grupo dirigente da Rifondazione Comunista. Assiste-se assim ao espetáculo grotesco no qual um líder de primeiro plano [1] aplicou todo o seu talento retórico para demonstrar que os comunistas haviam errado sempre, sempre provocaram catástrofes tanto na Rússia como na Itália; e continuavam a errar tanto na China como no Vietnam e, em última análise, mesmo em Cuba. Compreende-se bem o entusiasmo da imprensa burguesa para com este profeta, para esta prenda vinda do Céu. Mas todos nós conhecemos o resultado final.

Foi um desastre: pela primeira vez na história da nossa república os comunistas estão sem representação no parlamento. Pior. Privar as classes laboriosas da sua história significava privá-las também da sua capacidade para orientar-se no presente. As classes laboriosas penam hoje para organizar uma resistência eficaz num momento onde a República fundada sobre o trabalho [2] se transforma em república fundada sobre o despedimento arbitrário, sobre o privilégio da riqueza, sobre a corrupção, sobre a venalidade dos cargos públicos. E, infelizmente, até aqui foi quase inexistente a resistência oposta ao processo pelo qual a República que repudia a guerra [3] se transforma em república que participa nas mais infames guerras coloniais. É com este desastre atrás de nós que nós nos empenhamos hoje no relançamento do projeto comunista.

Disto decorre uma necessidade urgente. E não se trata de uma necessidade experimentada só pelos comunistas. Vemos o que acontece no país que, há pouco mais de vinte anos, vira a proclamação do fim da história. As ruas estão cheias de manifestantes que gritam a sua indignação contra a Wall Street. Os cartazes não se limitam a denunciar as consequências da crise, ou seja, o desemprego, a precariedade, a fome, a polarização crescente de riqueza e pobreza. Estes cartazes vão mais além: eles denunciam o peso decisivo da riqueza na vida política estado-unidense e desmascaram de fato o mito da democracia americana. O que dita a lei na república norte-americana é na realidade a grande finança, é a Wall Street; eis o que gritam os manifestantes. E certos cartazes vão mais além e bradam a cólera não só contra a Wall Street mas também contra a War Street. Isto quer dizer que o quarteirão da alta finança é identificado como sendo ao mesmo tempo o quarteirão da guerra e do desencadeamento da guerra. Emerge assim, ou começa a emergir, a consciência da relação entre capitalismo e imperialismo.

Sim, o capitalismo traz ao mesmo tempo crises econômicas devastadoras e guerra infames. Mais uma vez as massas populares e os comunistas encontram-se diante do dever de enfrentar a crise do capitalismo e sua política de guerra. Por razões de tempo não me deterei senão sobre este segundo ponto. O fim da intervenção da NATO (OTAN) na Líbia não é o fim da guerra no Médio Oriente. As guerras contra a Síria e o Irã já estão em preparativos. Estas guerras, mesmo, já começaram. O poder de fogo multimidiático com a qual o Ocidente tenta isolar, criminalizar, estrangular e desestabilizar estes dois países está prestes a transformar-se num poder de fogo verdadeiro, com base em mísseis e bombas. E nós comunistas devemos desde já fazer ouvir a nossa voz. Se esperássemos o desencadeamento das hostilidades não estaríamos à altura nem do movimento comunista nem do movimento antimilitarista, e não seríamos os herdeiros de Lenin e de Liebknecht. Devemos desde o presente organizar manifestações contra a guerra e contra os preparativos de guerra; desde o presente devemos clarificar o fato de que a posição em relação à guerra é um critério essencial para definir a discriminação entre aliados potenciais e adversários irredutíveis.

No que se refere à China, Washington, sim, transfere para a Ásia o grosso do seu dispositivo militar, mas por enquanto não agita de modo explícito senão a ameaça da guerra comercial. Mas, como é notório, sabe-se como as guerras comerciais começam mas não se sabe como acabam. Fariam bem em refletir sobre este ponto aqueles que, mesmo na esquerda, se alinham na campanha antichinesa: eles viram assim as costas à luta pela paz.

Trata-se de uma atitude tanto mais desconcertante pelo fato de a China ter sido protagonista de uma das maiores revoluções da história universal. Evidentemente, convém manter em mente os problemas, os desafios, as contradições mesmo graves que caracterizam o grande país asiático. Mas clarifiquemos primeiro o quadro histórico. No princípio do século XX a China era uma parte integrante deste mundo colonial que pôde romper suas cadeias graças à gigantesca vaga da revolução anticolonialista desencadeada em Outubro de 1917. Vemos como a história se desenvolveu a seguir. Na Itália, na Alemanha, no Japão, o fascismo e o nazismo foram a tentativa de revitalizar o neocolonialismo. Em particular, a guerra desencadeada pelo imperialismo hitleriano e pelo imperialismo japonês respectivamente contra a União Soviética e contra a China foram as maiores guerras coloniais da história. E portanto Stalingrado na União Soviética e a Longa Marcha e a guerra de resistência anti-japonesa na China foram duas grandiosas lutas de classe, aquelas que impediram o imperialismo mais bárbaro de realizar uma divisão do trabalho fundamentado na redução de grandes povos a uma massa de escravos ou semi-escravos ao serviço da suposta raça dos senhores.

Mas o que é que se passa hoje? Como já disse, os EUA estão em vias de transferir o grosso do seu dispositivo militar para a Ásia. Leio em telegramas de ontem (28/Outubro/2011) da agência Reuters que uma das acusações aos dirigentes de Pequim é a de promover ou querer impor a transferência de tecnologia do Ocidente para a China. Os EUA teriam desejado manter o monopólio da tecnologia para poderem continuar a exercer uma dominação neocolonial; a luta pela independência manifesta-se também no plano econômico. Portanto, revolucionária não é só a longa luta pela qual o povo chinês pôs fim a um século de humilhações e fundou a república popular; nem apenas a edificação econômica e social pela qual o Partido Comunista Chinês libertou da fome centenas de milhões de homens e mulheres; mesmo a luta para romper o monopólio imperialista da tecnologia é uma luta revolucionária. Marx nos ensinou. Sim, a luta para modificar a divisão internacional do trabalho imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo é em si mesma uma luta de classe. Do ponto de vista de Marx, a luta para ultrapassar no quadro da família a divisão patriarcal do trabalho já é uma luta de emancipação; seria bem estranho que não fosse uma luta de emancipação a luta para por fim ao nível internacional à divisão do trabalho imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo, a luta para liquidar definitivamente este monopólio ocidental da tecnologia que não é um dado natural mas o resultado de séculos de dominação e de opressão!

Concluo. Vemos nos nossos dias o país-guia do capitalismo mergulhado numa profunda crise econômica e cada vez mais desacreditado ao nível internacional. Ao mesmo tempo, ele continua a agarrar-se à pretensão de ser o povo eleito por Deus e a aumentar febrilmente seu aparelho de guerra já monstruoso, assim como a estender sua rede de bases militares por todos os cantos do mundo. Tudo isso não promete nada de bom. É a concomitância de perspectivas prometedoras e de ameaças terríveis que torna urgente a construção e o reforço dos partidos comunistas. Espero vivamente que o partido que hoje construímos venha a estar à altura dos seus deveres.

Rimini, 29/Outubro/2011

(1) Fausto Bertinotti, durante muito tempo secretário-geral do Partito della Rifondazione Comunista (NdT)
(2) Artigo 1 da Constituição italiana: “A Itália é uma república fundamentada no trabalho”
(3) Artigo 11 da Constituição italiana: “A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais”.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poder global, crise e conflitos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Os recentes acontecimentos internacionais confirmam que estamos vivenciando uma profunda crise global do capitalismo. Mas essa não é somente mais uma crise global do capitalismo como outras, recentemente.

As suas particularidades estão merecendo a devida atenção dos economistas, cientistas sociais e militantes políticos porque há algo de muito grave nos fatos em desenvolvimento.

As tormentas financeiras que estão sacudindo os Estados Unidos e a Europa estão provocando uma onda de descontentamento popular crescente onde se questiona o próprio sistema advindo da chamada nova ordem mundial, exigindo uma reflexão crítica do capitalismo. E, além do mais, ampliam-se os sinais de crise política.

Na Itália, o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, uma reedição da ópera bufa, foi até agora mantido no poder pelos Estados Unidos, França e Grã- Bretanha e deverá renunciar para que surjam alternativas à direita, menos desgastadas, que implementem ajustes fiscais neoliberais sempre conduzindo os italianos ao abismo.

A Espanha patina sem saídas concretas para o desastre econômico em que foi metida.

Já o povo grego foi sustado pela Comunidade Europeia e os EUA de votar em referendo se desejava ou não a forca no próprio pescoço.

Em todos esses episódios tem sido decisiva a presença do complexo militar-industrial-midiático hegemônico sob o comando norte-americano que tem sustentado militarmente, ideologicamente, toda espécie de intervenção armada, cinismo, desinformação e brutalidade.

Por outro lado há uma tendência de deslocamento estrutural de poder econômico e geopolítico no cenário mundial cujos atores principais são Brasil, Rússia, Índia, África do Sul, com maior ênfase na China.

Mas que não vem se processando pacificamente porque são cada vez maiores os conflitos de interesses e a resistência imperial norte-americana contra uma nova realidade global multipolar em persistente concretização.

Por exemplo, os Estados Unidos tem sabotado o Brasil em suas iniciativas de integração com as demais nações sul-americanas, como a rodovia bioceânica, do Atlântico ao Pacífico, entre o Porto de Santos e os de Arica e Iquique no Chile.

Intensificou através de campanha cultural e midiática a propaganda de uma sociedade fragmentada, multiculturalista, entre nós. Além de tentar boicotar o avanço da consciência política e mobilização da juventude brasileira.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Crepúsculo do Império e a Aurora da China: segunda parte

Aqui a segunda parte do prólogo de Luiz Alberto Moniz Bandeira ao livro de Durval de Noronha Goyos, "O Crepúsculo do Império e a Aurora da China":



Ao contrário dos Estados Unidos, cuja crise financeira praticamente havia principiado nos anos 1970, quando o governo do presidente Richard Nixon não pôde sustentar o dólar com o padrão-ouro, a China, após o falecimento de Mao Tse-tung, começou economicamente a aflorar. Deng Xiaoping (1904-1997), ao recuperar o poder, após um período de ostracismo durante a chamada Revolução Cultural (1966-1976), tratou de empreender as reformas econômicas, de modo similar ao que Lenin tratou de promover na Rússia, após o término da guerra civil em 1921, quando a gravidade de sua situação econômica, social e política, atingira as mais trágicas dimensões e ameaçara a própria sobrevivência do Estado soviético. Diante de tal situação, Lenin recuou do “comunismo militar” ou “comunismo de guerra”, implantado durante os anos da guerra civil.

Com a adoção da NEP (Novaia Ekonomitcheskaia Politika), ele restabeleceu o funcionamento da economia de mercado, instituindo o capitalismo de Estado, não como propriedade e operação das empresas pelo Estado, mas como capitalismo privado, permitido e controlado pelo Estado.

Deng Xiaoping e os dirigentes da China haviam percebido que não podiam manter o mesmo modelo de socialismo, implantado na União Soviética por Stalin, após extinguir a NEP em 1927, pois nem Marx nem Engels jamais conceberam o socialismo como via de desenvolvimento ou modelo alternativo para o capitalismo, senão como consequência de seu desenvolvimento. Sem o rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e o constante progresso dos meios de transporte e de comunicação, com que a burguesia arrastava até as nações mais bárbaras à civilização, não seria possível chegar ao socialismo.

O que o viabilizava, cientificamente, era o alto nível de desenvolvimento das forças produtivas, que o capitalismo impulsionava, porquanto somente seria possível realizá-lo, elevando a oferta de bens e serviços, em quantidade e em qualidade, a um nível em que a liquidação das diferenças de classe constituísse verdadeiro progresso e tivesse consistência, sem acarretar consigo o estancamento da sociedade e, inclusive, a decadência do seu modo de produção.

Ao fim dos anos 1970, a China começou a promover reformas econômicas, autorizando os chineses a realizar empreendimentos comerciais privados e abrindo o país aos investimentos estrangeiros. O Estado deixou de ser o único dono dos meios de produção. E Deng Xiaoping, visando revitalizar a economia a partir das zonas rurais, instituiu o estabelecimento de contratos de produção com agricultores individuais e o desenvolvimento de empresas rurais, do mesmo modo que, no setor urbano, concedeu autonomia de gestão às empresas estatais e promoveu a descentralização regional, investimentos e desregulamentação dos preços. Jiang Zemin e Li Peng, sucedendo a Deng Xiaoping, impulsionaram a reorganização institucional no governo e no Partido Comunista da China, e empreenderam a reforma do sistema financeiro, reforma fiscal, e estabeleceram o regime empresarial.

Tais reformas possibilitaram o extraordinário crescimento econômico, cuja taxa subira de 4,5%, na década de 1960-1970, para 5,8%, entre 1970 e 1980, e saltara para 8,5%, na década de 1980-1990, enquanto a taxa de crescimento dos Estados Unidos declinava de 3,8%, na década de 1960-1970, para 2,7%, entre 1970 e 1980, e 2,8%, na década de 1980-1990, baixando para - 0,7%, em 1991, ano em que a própria União Soviética se desintegrou, após a dissolução do Bloco Socialista.

A China, em termos estratégicos, tornou-se para os Estados Unidos o mais importante país do mundo no último quartel do século XX e começou a receber enorme influxo de homens de negócios das potências capitalistas do Ocidente. Atualmente, 2011, a China é o maior credor dos Estados Unidos, com reservas de mais de US$ 3 trilhões, como salientou Durval de Noronha Goyos, das quais apenas US$ 1,145 trilhão estão investidos em U.S. Treasuries, pouco mais de um terço do volume total, dado que, diante da extrema fragilidade da economia americana, ela continua a diversificar o perfil de suas aplicações em outras divisas.

A dívida soberana dos Estados Unidos, evidentemente, já não é o instrumento mais seguro para armazenar o valor das reservas. Contudo, a China ainda não pode desfazer-se totalmente das reservas em dólares, que agora representam apenas pouco menos de 10% do PIB americano, porquanto a quebra dos Estados Unidos também lhe traria imensos prejuízos. Não sem razão Wen Jiabao, primeiro-ministro da República Popular da China, declarou que:

“Entretanto, quando falamos sobre o estágio inicial, não deveríamos pensar apenas nas forças produtivas subdesenvolvidas. Deveríamos também reconhecer que o sistema socialista ainda tem espaço para aperfeiçoamento e que não é ainda um sistema maduro. Camarada Deng Xiaoping indicou que em essência, socialismo diz respeito à liberação e desenvolvimento das forças produtivas, eliminação da exploração e polarização, e basicamente alcançar a prosperidade para todos”.

E acentuou que:

“Sem o desenvolvimento pleno e sustentado das forças produtivas, será impossível alcançar a equidade e justiça, uma condição essencial do socialismo”.

Wen Jiabao previu o “estágio primário do socialismo nos próximos 100 anos” e afirmou que o Partido Comunista da República Popular da China persistiria executando as reformas e inovação para assegurar o vigor e vitalidade e assegurar o socialismo com as características chinesas. Isto não significa que a aurora da China possa já configurar o advento do socialismo. O capitalismo foi o único modo de produção que teve a capacidade de expandir-se por todos os continentes e estabelecer, com a criação do mercado mundial e a divisão internacional do trabalho, uma ordem econômica internacional, integrando, como um bloco assimétrico, potências industriais e países agrícolas e atrasados ou em desenvolvimento, denominados periféricos e emergentes. Daí a impossibilidade de instituir, na moldura nacional, um sistema harmônico e auto-suficiente, com todos os ramos econômicos, sem considerar as condições geográficas, históricas e culturais do país, que somente constitui um elemento da unidade econômica mundial. E, conforme Karl Marx concluiu das suas pesquisas, uma formação social nunca desmorona sem que as forças produtivas dentro dela estejam suficientemente desenvolvidas, e que as novas relações de produção superiores jamais aparecem, no lugar, antes de que as condições materiais de sua existência sejam incubadas nas entranhas da própria sociedade antiga.

A emergência da China como a maior potência econômica mundial marcará o século XXI.

Luiz Alberto Moniz Bandeira
St. Leon-Rot (Baden-Württemberg), set. 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O complexo midiático hegemônico

"Nenhuma informação é inocente"
Gramsci

No Vermelho o texto de Maria Inês Nassif apresentado no Seminário Internacional sobre a Corrupção, em 07/11, em Porto Alegre:


O poder permanente de derrubar governos


O país pós-redemocratização passou por um governo que foi um fracasso no combate à inflação, um primeiro presidente eleito pelo voto direto pós-ditadura apeado do poder por denúncias de corrupção, dois governos tucanos que, com uma política antiinflacionária exitosa, conseguiram colocar o país no trilho do neoliberalismo que já havia grassado o mundo, e por fim dois governos do PT, um partido de difícil assimilação por parcela da população. Nesse período, a mídia incorporou como poder próprio o julgamento e o sentenciamento moral, numa magnitude tal que vai contra qualquer bom senso.

Este é um assunto difícil porque pode ser facilmente interpretado como uma defesa da corrupção, e não é. Ou como questionamento à liberdade de imprensa, e está longe disso. O que se deve colocar na mesa, para discussão, é até onde vai legitimidade da mídia tradicional brasileira para exercer uma função fiscalizadora que invade áreas que não lhes são próprias. Existe um limite tênue entre o exercício da liberdade de imprensa na fiscalização da política e a usurpação do poder de outras instituições da República.

Outra questão que preocupa muito é que a discussão emocional, fulanizada, mantida pelos jornais e revistas também como um recurso de marketing, têm como maior saldo manter o sistema político tal como é. É impossível uma discussão mais profunda nesses termos: a escandalização da política e a demonização de políticos trata-os como intrinsicamente corruptos, como pessoas de baixa moral que procuram na atividade política uma forma de enriquecimento privado. Ninguém se pergunta como os partidos sobrevivem mantidos por dinheiro privado e que tipo de concessão têm que fazer ao sistema.

Desde Antonio Gramsci, o pensador comunista italiano que morreu na masmorra de Mussolini, a expressão “nenhuma informação é inocente” tem pontuado os estudos sobre o papel da imprensa na formulação de sensos comuns que ganham a hegemonia na sociedade. Gramsci já usava o termo “jornalismo marrom” para designar os surtos de pânico promovidos pela mídia, de forma a ganhar a guerra da opinião pública pelo medo.

No Brasil atual, duas grandes crises de pânico foram alimentadas pela mídia tradicional brasileira no passado recente. Em 2002, nas eleições em que o PT seria vitorioso contra o candidato do governo FHC, a mídia claramente mediou a pressão dos mercados financeiros contra o candidato favorito, Luiz Inácio Lula da Silva. Tratava-se, no início, de fixar como senso comum a referência “ou José Serra [o candidato tucano] ou o caos”.

Depois, a meta era obrigar Lula e o PT ao recuo programático, garantindo assim a abertura do mercado financeiro, recém-completada, para os capitais internacionais. Em 2005, na época do chamado “mensalão”, o discurso do caos foi redirecionado para a corrupção. Politicamente, era uma chance fantástica para a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a única alternativa para se contrapor a um líder carismático em popularidade crescente era tirar de seu partido, o PT, a bandeira da moralidade. A ofensiva da imprensa, nesse caso, não foi apenas mediadora de interesses. A mídia não apenas mediava, mas pautava a oposição e era pautada por ela, num processo de retroalimentação em que ela própria [a mídia] passou a suprir a fragilidade dos partidos oposicionistas. Ao longo desse período, tornou-se uma referência de poder político, paralelo ao instituído pelo voto.

Eleita Dilma Rousseff, a oposição institucional declinou mais ainda, num país que historicamente voto e poder caminham juntos, e ao que tudo indica a mídia assumiu com mais vigor não apenas o papel de poder político, mas de bancada paralela. Dilma está se tornando uma máquina de demitir ministros. Nas primeiras demissões, a ofensiva da mídia deu a ela um pretexto para se livrar de aliados incômodos, nas complicadas negociações a que o Poder Executivo se vê obrigado em governos de coalizão num sistema partidário como o brasileiro. Caiu, todavia, numa armadilha: ao ceder ministros, está reforçando o poder paralelo da mídia; em vez de virar refém de partidos políticos que, de fato, têm deficiências orgânicas sérias, tornou-se refém da própria mídia.

As ondas de pânico criadas em torno de casos de corrupção, desde Collor, têm servido mais a desqualificar a política do que propriamente moralizar a nossa democracia. Mais uma vez, volto à frase de Gramsci: não existe notícia inocente. O Brasil saído da ditadura já trazia, como herança, um sistema político com problemas que remontam à Colônia. O compadrio, o mandonismo e o coronelismo são a expressão clássica do que hoje se conhece por nepotismo, privatização da máquina pública e falha separação entre o público e o privado. A política tem sido constituída sobre essas bases e, depois de cada momento autoritário e a cada período de redemocratização no país, seus problemas se desnudam, soluções paliativas são dadas e a cultura fica. Por que fica? Porque é a fonte de poderes – poderes privados que podem se sobrepor ao poder público legitimamente constituído.

O sistema político é mantido por interesses privados, e é de interesse de gregos e troianos que assim permaneça. Segundo levantamento feito pela Comissão Especial da Câmara que analisa a reforma política, cerca de 360 deputados, em 513, foram eleitos porque fizeram as mais caras campanhas eleitorais de seus Estados. Com dinheiro privado. Em sã consciência, com quem eles têm compromissos? Eles apenas tiveram acesso aos instrumentos midiáticos e de marketing político cada vez mais sofisticados porque foram financiados pelo poder econômico. É o interesse privado quem define se o dinheiro doado aos candidatos e partidos é lícito ou ilícito.

O dinheiro do caixa dois passou a fazer parte desse sistema. Não existe nenhum partido, hoje, que consiga se financiar privadamente – como define a legislação brasileira – sem se envolver com o dinheiro das empresas; e são remotíssimas as chances de um político financiado pelo poder privado escapar de um caixa dois, porque normalmente é o caixa dois das empresas que está disponível. Num sistema eleitoral onde o dinheiro privado, lícito e ilícito, é o principal financiador das eleições, ocorre a primeira captura do sistema político pelo poder privado. E isso não acaba mais.

Esse é o âmago de nosso sistema político. A democratização trouxe coisas fantásticas para a política brasileira, como o voto do analfabeto, a ampla liberdade de organização partidária e a garantia do voto. Mas falhou no aperfeiçoamento de um sistema que obrigatoriamente teria de ser revisto, no momento em que o poder do voto foi restabelecido pela Constituição de 1988.

Num sistema como esse, por qualquer lado que se mexa é possível desenrolar histórias da promiscuidade entre o poder público e o dinheiro privado. Por que isso não entra, pelo menos, em discussão? Acredito que a situação permaneça porque, ao fim e ao cabo, ela mantém o poder político sob o permanente poder de chantagem privado. De um lado, os financiadores de campanhas se apoderam de parcela de poder. De outro, um sistema imperfeito torna facilmente capturável o poder do voto também por aparelhos privados de ideologia, como a mídia. Como nenhuma notícia é inocente, a própria pauta leva a relações particulares entre políticos e o poder econômico, ou entre a máquina pública e o partido político. A guerra permanente entre um governo eleito que tem a oposição de uma mídia dominante é alimentada pelo sistema.

O apoderamento da imprensa é ainda maior. Se, de um lado, a pauta expressa seu imenso poder sobre a política brasileira, ela não cumpre o papel de apontar soluções para o problema. Não existe intenção de melhorá-lo, de atacar as verdadeiras causas da corrupção. Apesar da imensa caça às bruxas movida pela mídia contra os governos, em nenhum momento essa sucessão de escândalos, reais ou não, incluíram seriamente a opinião pública num debate sobre a razão pela qual um sistema inteiro é apropriado pelo poder privado, inclusive e principalmente porque não se questiona o direito de apropriação do poder público pelo poder privado. A mídia tradicional não fez um debate sério sobre financiamento de campanha; não dá a importância devida à lei do colarinho branco; colocou a CPMF, que poderia ser um importante instrumento contra o dinheiro ilícito que inclusive financia campanhas eleitorais, no rol da campanha contra uma pretensa carga insuportável de impostos que o brasileiro paga.

Pode fazer isso por superficialidade no trato das informações, por falta de entendimento das causas da corrupção – mas qualquer boa intenção que porventura exista é anulada pelo fato de que é este o sistema que permite à imprensa capturar, para ela, parte do poder de instituições democráticas devidamente constituídas para isso.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Crepúsculo do Império e a Aurora da China

Publicado no Carta Maior o prólogo do professor, cientista político e historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira ao livro de Durval de Noronha Goyos, "O Crepúsculo do Império e a Aurora da China", que será lançado dia 10 de novembro, em São Paulo.

Publicaremos aqui em duas partes o prólogo de Moniz Bandeira. Aqui vai a primeira:


O crepúsculo do Império e a aurora da China é uma excelente imagem que Durval de Noronha Goyos escolheu para intitular a série de artigos sobre o declínio dos Estados Unidos, como potência econômica hegemônica, e o advento da China, que se tornará a maior economia mundial, em 2016.

Trata-se de um conjunto de artigos muito importantes e oportuno, porquanto apresenta uma lúcida percepção das mudanças na correlação mundial de forças, demonstrando a erosão que corrói o Império Americano, à beira da recessão e cuja segurança depende cada mais do poder militar, a um custo insustentável, em contraste com o alvorecer da China, a crescer 9.5%, em 2011, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), não obstante a profunda crise econômica e financeira na qual os Estados Unidos e a União Europeia estão submersos.

Há alguns acadêmicos que tentam negar o declínio, com o argumento de que os EUA ainda são a maior potência militar do planeta, havendo conquistado a hegemonia com a 2ª Guerra Mundial e consolidado ao fim da Guerra Fria. Realmente os Estados Unidos possuem um poderio militar incomparável, com um poder de destruição sem paralelo na história e dispõem de meios para intervir imediata e efetivamente em qualquer região do mundo.

Desde as bombas nucleares lançadas contra Hiroshima e Nagasaki, matando um total de cerca de 199.000 pessoas, em 1945, os Estados Unidos produziram cerca de 70.000 armas nucleares de 72 tipos. Ao fim da Guerra Fria, em 1991, possuíam um arsenal ativo da ordem de 23.000 artefatos nucleares dos 26 tipos principais. E nunca cessaram completamente de produzi-los. Um estudo realizado no Brooking Institute, de Washington, estimou que os custos em armamentos nucleares, desde a II Guerra Mundial até 2007, foram da ordem de US$ 7,2 trilhões, e o total dos gastos militares, no mesmo período de meio século, alcançou o montante de US$ 22,8 trilhões.

De acordo com o Annual Report of Implementation of the Moscow Treaty, os Estados Unidos mantinham, em 31 de dezembro de 2007, cerca de 2.871 ogivas nucleares estratégicas em condições operativas, isto é, prontas para lançamento, mais 2.500 como reserva (ativas e inativas), e outras 4.200 retiradas para seu desmantelamento. O total do estoque era de 9.400 armas nucleares, de todas as categorias.

Após a II Guerra Mundial, os Estados Unidos instalaram bases militares nos mais diversos países da Europa, tais como Alemanha, França, Grã-Bretanha, Espanha e Itália, a pretexto de conter a União Soviética e a expansão do comunismo. E, durante a Guerra Fria, estacionaram armamentos nucleares em 27 países estrangeiros e territórios, entre os quais Japão, Alemanha, Groenlândia e Turquia. O Bloco Socialista e a União Soviética implodiram entre 1989 e 1991. Os partidos comunistas virtualmente desapareceram na Europa. Entretanto, em 2006, os Estados Unidos ainda possuíam um arsenal de 9.960 ogivas intactas, das quais 5.735 eram consideradas ativas e operacionais. E, de acordo com o Department of Defense’s 2010 Base Structure Report, o Pentágono ainda mantém um total de 4.999 instalações militares em 50 Estados americanos, sete territórios e em outros 38 países estrangeiros. No exterior, a maioria das instalações, que incluem bases do Exército, Marinha, Força Aérea, Marine Corps, Washington Headquarters Services (WHS), está na Alemanha (218), Japão (115) e Coréia do Sul (86).

Segundo as estimativas, o total, em todo o mundo, ultrapassa 1.000 bases militares. Alguns calculam 1.077, outros 1.088, outros 1.160 ou mesmo 1.180. Realmente o número pode ser mais alto, porém ninguém está certo quanto ao total. E desde os atentados terroristas de 11 de setembro o número ainda mais recresceu, com a instalação de bases no Quirguistão, Paquistão, Afeganistão, Uzbequistão, Iraque, Djibouti e em diversos outros países da Ásia e da África, bem como da América Latina. O que realmente conta é a obsessão do Pentágono por controlar o mapa do gás e do petróleo.

Contudo, desde a derrota das potências do Eixo, em 1945, os Estados Unidos não venceram nenhuma outra guerra. A guerra na Coreia (1950-1953) demonstrou que não eram onipotentes. Henry Kissinger qualificou como “inconclusive” essa guerra, que deixou um saldo de 150.000 americanos mortos, feridos e desaparecidos. A guerra no Vietnã (1959-1975) resultou em um dramático fiasco. Comprovou que a força militar dos Estados Unidos, por maior que fosse, não lhes podia assegurar o triunfo.

Os Estados Unidos possuíam (e possuem) ilimitada capacidade de destruição, inclusive armas nucleares, mas não tinham condições políticas e morais para usá-las. As consequências seriam imprevisíveis. Porém todo o seu poderio militar não bastava para dar-lhes a vitória sobre forças que viviam no seu próprio habitat, na mais perfeita simbiose com a natureza e sobreviviam nas condições mais primitivas, combatiam extremamente bem, com eficiência e recebiam o mais amplo suporte da população, em todos os lugarejos do Vietnã do Sul. E, desde 2001-2003, os Estados Unidos estão chafurdados nas guerras no Afeganistão e no Iraque, onde os ataques e atentados se intensificaram, países dos quais não conseguem retirar totalmente suas tropas.

O relatório Costs of War, preparado por acadêmicos, participantes do Eisenhower Research Project do Watson Institute for International Studies, da Brown University, informa que os custos financeiros das Operations Enduring Freedom, Iraqi Freedom, New Dawn, situam-se entre US$ 3,2 e US$ 4 trilhões. Há muitos outros custos que não puderam ser quantificados, mas as guerras contra o terror, empreendidas pelos Estados Unidos, foram quase totalmente financiadas por empréstimos, juros de US$ 185 bilhões já pagos ou a pagar, e outro US$ 1 trilhão pode aumentar até 2020. Somente o complexo industrial-militar recebeu os benefícios.

O poderio militar dos Estados Unidos, no entanto, tem limites econômicos e financeiros. O crescimento das despesas militares no exterior, subindo US$ 800 milhões, em 1967, e mais US$ 600 milhões, em 1968, produziu forte impacto sobre o balanço de pagamento dos Estados Unidos, que teve um déficit de US$ 9,8 bilhões em 1970. O saldo comercial entre 1970 e 1971 desapareceu, em consequência do declínio das exportações, desde 1968. A inflação, da ordem de 1,5% em 1961, saltou para 4,7%, em 1968/69. O PIB dos Estados Unidos, que se duplicara durante a Segunda Guerra Mundial e representara 34% da produção mundial até 1970, baixou para menos de 30%, em 1971. O dólar enfraqueceu-se. E a vulnerabilidade econômica dos Estados Unidos abalou a estabilidade do sistema monetário internacional, que passara a depender de sua política monetária, manejada unilateralmente, desde o Acordo de Bretton Woods (Bretton Woods Agreement), de 1944, estabelecendo que cada país devia manter a taxa de câmbio de suas moedas, indexada de certo modo ao dólar, cujo valor estaria baseado no padrão-ouro, numa base fixa de 35 dólares por onça Troy (31,103478 gramas de ouro).

Os presidentes Lyndon Johnson (1963-1969) e Richard Nixon (1969-1974) não cumpriram, entretanto, as regras para as relações comerciais e financeiras acordadas em Bretton Woods. Emitiram e lançaram em circulação mais dólares do que podiam lastrear com o ouro existente no Fort Knox, conforme o acordo de Bretton Woods, a fim de financiar as importações dos Estados Unidos e os custos da Guerra Fria e da guerra no Vietnã, Camboja e Laos. Todas as reservas de ouro estocadas no Fort Knox já estavam virtualmente esgotadas em 1970. Só restavam 1.000 das 8.500 toneladas que supostamente lá estavam depositadas. E as reservas em dólar, em posse dos bancos estrangeiros, haviam saltado de US$ 23,8 bilhões para US$ 36 bilhões, em julho de 1971 e, no mês seguinte, para US$ 40 bilhões, três vezes mais do que os Estados Unidos necessitavam para honrar as obrigações contraídas em Bretton Woods.

Daí que, naquele ano, sem, consultar os demais países, o presidente Nixon aboliu, unilateralmente, a conversibilidade direta do dólar em ouro. A ordem monetária e o Sistema Bretton Woods de coordenação econômica internacional sofreram um colapso. E, dois anos depois, em 1973, o presidente Nixon, ante o agravamento da crise, teve de desvalorizar o dólar, em 10%, rompendo tanto o Smithsonian Agreement quanto o European Joint Float, e pavimentando o caminho para a livre flutuação das moedas. O dólar, que só os Estados Unidos podiam produzir, transformou-se na divisa fiduciária internacional. O presidente da França, general Charles de Gaulle, acusou então os Estados Unidos, de assumirem um “privilégio exorbitante”, na medida em que podiam continuar financiando seus déficits com a emissão de mais dólares e colocá-los em circulação.

A ruptura definitiva do padrão-ouro, a contundente derrota no Vietnam, o escândalo de Watergate e o apoio aos golpes militares e às ditaduras na América Latina e em outras regiões, entre outros fatores, começaram a assinalar o declínio econômico, político e moral dos Estados Unidos. O complexo industrial-militar já havia capturado e mantinha como refém todos os governos, fossem do Partido Republicano ou Democrata. E seus gastos militares continuaram a crescer, para a sustentação da indústria bélica e de sua cadeia produtiva, gerando a necessidade de permanente guerra e de reais ou supostas ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos, a fim de consumir os armamentos produzidos e reproduzir o capital.

De 1940-1996, os Estados Unidos gastaram, no mínimo, US$ 5,5 trilhões em seu programa de armamentos nucleares, sem contar as cifras da produção de armamentos convencionais. E esse valor não incluía US$ 320 bilhões estimados para os futuros custos anuais de armazenamento e remoção do valor acumulado do lixo radioativo e tóxico, em mais de cinco décadas, US$ 20 bilhões para o desmantelamento do sistema de armas nucleares e remoção dos excedentes materiais atômicos. Com todos esses elementos contabilizados, o total dos custos do programa de armamentos nucleares dos Estados Unidos, até 1996, ultrapassou o montante US$ 5,8 trilhões. E nenhum governo podia converter realmente a indústria bélica para fins civis, sem acarretar profundas implicações políticas, na medida em que aumentaria o número de desempregados e abalaria as atividades econômicas de diversas regiões (Texas, Missouri, Florida, Maryland e Virginia), onde estão as indústrias especializadas em armamentos com tecnologia intensiva de capital, cujo interesse é experimentá-los em guerras reais, a fim de que o Pentágono possa esvaziar os arsenais, promover os armamentos, vendê-los a outros países e fazer novas encomendas, que geram polpudas comissões e dividendos.

Muitas outras regiões dos Estados Unidos são beneficiadas pela produção, deslocamento, operações e manutenção das forças nucleares. Conforme avaliou de William J. Weida, do Brooking Institute, a Califórnia, a partir de 1980, passou a depender mais do que qualquer outro Estado das despesas militares do Pentágono, a maioria das quais nos programas dos bombardeiros B-1 e B-2, os mísseis Trident I e Trident II, os mísseis MX, bem como do projeto Strategic Defense Initiative e do programa de satélites Military Strategic and Tactical Relay (MILSTAR). Em 1986, as corporações empreiteiras (contractors) do Pentágono, na Califórnia, receberam 20% do orçamento de Departamento de Defesa, enquanto Nova York, Texas e Massachusets apropriaram-se de 21%. Os imensos custos dos Estados Unidos com a produção de armamentos não decorrem tanto de fatores de segurança quanto de incoercíveis necessidades econômicas.

O Império Americano necessita de guerras para manter sua economia em funcionamento, evitar o colapso da indústria bélica e de sua cadeia produtiva e evitar o aumento do número de desempregados e a bancarrota de muitos Estados americanos, cuja receita depende da produção de armamentos.

Embora os Estados Unidos ainda sejam o pólo do sistema capitalista mundial, sua hegemonia cada vez mais se desvanece. Como bem salientou Durval de Noronha Goyos, o Império Americano está falido. Com um PIB da ordem de $14,66 trilhões (2010 est.), sua dívida pública, em 9 de setembro de 2011, já estava em cerca de US$ 14,71 trilhões, dos quais US$ 10,07 trilhões em poder do público e US$ 4,64 trilhões administrados pelo governo federal. Em fim de junho de 2011 seu PIB era estimado em cerca de US$ 15,00 trilhões, porém com uma dívida pública equivalente a 98% desse montante. E seu déficit comercial, em junho deste mesmo ano, 2011, aumentou para US$ 53,1 bilhões contra US$ 50,8 bilhões, em maio.

Os Estados Unidos estão chafurdados em dívidas, por diversos fatores, sobretudo porque produzem menos do que consomem. Dependem de tudo, inclusive de capitais e financiamentos. Como bem observaram Bill Bonner e Addison Wigging, “a nação mais rica, mais poderosa do mundo, depende das poupanças dos países mais pobres”.

Em 2007, David M. Walker, Comptroller General of the United States (1998- 2008), advertiu que o governo americano estava sobre uma “burning platform” de insustentáveis políticas e práticas, com déficits fiscais, crônica insuficiência de recursos para a assistência à saúde, imigração e comprometimentos militares além-mar, ameaçando uma crise, se não fosse logo tomada uma atitude. E apontou “striking similarities” entre a situação do Império Americano e os fatores que produziram a queda de Roma, inclusive o “declining moral values and political civility at home, an over-confident and over-extended military in foreign lands and fiscal irresponsibility by the central government”.

domingo, 6 de novembro de 2011

“Etnonacionalismo Frankenstein” golpeia Bolívia e integração sul-americana

Na publicação Solidariedade Ibero-Americana, da 2ª quinzena de setembro de 2011, o texto de Silvia Palacios, transcrito aqui em parte:



A Bolívia se encontra às voltas com um dilema crucial. De um lado o país carece de infraestrutura física, que permita a sua modernização econômica e a interligação eficiente com os países vizinhos, no contexto do processo de integração da América do Sul, que vendo sendo encabeçado pelo Brasil. Um projeto fundamental para tais planos é o do corredor rodoviário bioceânico, que ligará o porto brasileiro de Santos aos chilenos de Arica e Iquique, passando pelo centro econômico boliviano de Santa Cruz de la Sierra, o qual está sendo implementado com forte apoio do governo brasileiro.

Do outro, o governo do presidente Evo Morales e seu braço executivo, o vice-presidente Álvaro Linera, transformou o país no primeiro Estado plurinacional da Ibero-América. Com isto, os diversos grupos étnicos que integram majoritariamente a população boliviana adquiriram direitos autônomos, entre os quais legislações próprias para exercer a justiça e a capacidade de deliberar sobre os recursos naturais existentes em seus territórios.

A iniciativa converteu um Estado nacional histórico em uma aberração institucional, em favor de um “etnonacionalismo” articulado no exterior por uma constelação de associações de antropólogos, sociólogos e outros militantes do chamado “terceiro setor”, que, literalmente, doutrinaram os indígenas nos cânones do ambientalismo-indigenismo e na aversão ao progresso socioeconômico.

Essa contradição é a causa subjacente aos protestos e às graves confrontações ocorridos no país nas últimas semanas, por grupos de indígenas que se opõem à construção do trecho da rodovia que liga os departamentos de Beni e Cochabamba, atravessando o Território Indígena e o Parque Nacional Isidoro Secure (TIPNIS). O traçado tem uma extensão de 306 km e um custo estimado em 415 milhões de dólares, dos quais 332 milhões serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)...

A construção da rodovia com o traçado previsto possibilitaria reduzir de 16 para 4 horas o trajeto entre San Ignácio de Moxos, no Beni, e Villa Tunari, em Cochabamba.

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Manipulações externas

O caldo de cultura criado pelo “etnonacionalismo” facilita as condições para todo tipo de intervenção externa, de que o movimento ambientalista-indigenista internacional tem uma vasta folha corrida.

... o governo de Morales, antes mesmo do confronto de 25 de setembro, já havia denunciado a participação de agências governamentais e organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras por detrás do movimento de protesto. O próprio presidente afirmou que as mobilizações estavam sendo fomentadas “nacional e internacionalmente” em “uma estratégia do imperialismo e dos EUA, através de suas agências, para impedir a integração nacional e provocar um enfrentamento entre os povos”.

Ele afirmou ter provas de que dirigentes da Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia (CIDOB) e da Confederação Nacional de Mallikus e Ayllus do Qollasuyu (CONAMAQ) mantêm contatos com o funcionário responsável por assuntos indígenas da embaixada dos EUA.

Por sua vez, o diretor da Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiões e Zonas Fronteiriças (ADEMAF), Juan Ramón Quintana, responsabilizou diretamente a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID) de mobilizar os indígenas contra o governo.

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Brasil e BNDES na alça de mira

Uma ONG que representa um dos enlaces com o aparato ambientalista externo é o Foro Boliviano sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (FOBOMADE), uma das mais atuantes na mobilização internacional de apoio ao movimento. No final de agosto, a ONG divulgou uma “Carta ao BNDES”, exigindo a imediata suspensão do financiamento do banco à rodovia contestada. O documento deixa explícito que a rodovia não é o único alvo da ação coordenada da pletora de ONGs bolivianas, brasileiras, peruanas e estadunidenses que o assinam: “A luta dos indígenas bolivianos é a mesma das populações que, no Brasil, se opõem às represas que estão sendo construídas no rio Madeira, em Rondônia, e contra Belo Monte, no Pará; contra um modelo de desenvolvimento que ameaça à vida. Portanto, insistimos em que o BNDES suspenda imediatamente o financiamento deste projeto na região do TIPNIS”.

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Entre os financiadores da FOBOMADE, que também encabeçou a campanha do lado boliviano contra os projetos das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, destacam-se: a ONG holandesa Novib, a Fundação Heinrich Boll (Partido Verde Alemão), Canadian Lutheran World Relief (ONG ligada ao Conselho Mundial de Igrejas), Fundação C. S. Mott (EUA), Gaia/Grain e Oxfam (Reino Unido).

O fato de que a integração regional – ou a obstaculização dela – ocupa alta prioridade na agenda desses grupos se mostra na chamada Plataforma BNDES, ONG virtual criada em 2007 para monitorar e fustigar os grandes projetos de infraestrutura financiados pelo banco.

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Embora a campanha contra a rodovia não seja novidade para os brasileiros, o episódio demonstra uma vez mais que o aparato ambientalista-indigenista internacional está disposto a levar às últimas consequências a sua agenda intervencionista para obstaculizar a integração física e o desenvolvimento da América do Sul. Não é por acaso que os contenciosos envolvendo comunidades indígenas também se encontram em alta no País.

Ademais, há um sério risco de que a expansão desse tipo de protestos crie pretextos para pintar o papel do Brasil como força motriz da integração regional como uma iniciativa colonialista, em particular a vital política de crédito do BNDES, que há algum tempo se encontra na alça de mira desse aparato intervencionista.

Por isso, principalmente em função da realização da Conferência Rio +20, em junho de 2012, aproxima-se o momento em que as lideranças brasileiras de todos os setores da sociedade precisarão decidir se continuarão fazendo acenos a tais forças de guerra irregular, ou se passarão a encarar com a seriedade devida os requisitos de desenvolvimento do País e seu papel como líder da integração regional.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O que está em jogo

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Apesar das descomunais pressões contrárias a presidente Dilma manteve com o PCdoB o Ministério do Esporte mais precisamente sob a direção do deputado federal pelo Estado de São Paulo, o alagoano Aldo Rebelo.

Dessa maneira ao atual ministro do Esporte cabe a articulação central, ao lado da Presidência da República, da preparação e consecução dos dois eventos de magnitude planetária que são a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as Olimpíadas em 2016.

Eles vão envolver diretamente todos os países do mundo e serão acompanhados através da mídia por praticamente todos os cidadãos da Terra. Além disso, vão gerar extraordinários recursos adicionais à receita do Estado brasileiro e à economia do País como um todo.

A preparação e a realização desses dois maiores encontros esportivos da humanidade também vão gerar uma imensa quantidade adicional de empregos nos estados sedes dos encontros esportivos e de tabela por todo o território nacional.

Beneficiarão a indústria do turismo que deve aumentar o investimento em infra-estrutura, oferta de leitos, divulgação dos nossos recursos naturais, patrimônio arquitetônico, histórico, cultural em todo o território nacional.

A alma do povo brasileiro e a nação estarão em evidência global antes, durante e depois da realização dos dois certames mundiais. Tudo isso é muita coisa principalmente se considerarmos que vivemos imersos em uma crise geral do capitalismo, em especial na Europa e nos Estados Unidos.

Quando a presidência da União Européia declara que os cidadãos do velho continente devem se preparar para uma década perdida, de recessão, desemprego e profunda estagnação econômica.

No entanto os Países emergentes continuam a crescer, em especial os BRICS - Brasil, Rússia, China, Índia e a África do Sul, mesmo em ritmo mais lento em decorrência da crise capitalista.

Uma recente pesquisa publicada na BBC de Londres revela que os brasileiros, ao lado dos chineses, indianos, sul-africanos, estão fortemente confiantes em relação ao futuro, ao contrário dos trabalhadores do primeiro mundo que de quebra foram jogados na loucura de agressões armadas pelas quais não são os culpados, mas as suas elites.

A responsabilidade do Ministério do Esporte é imensa e cabe ao Brasil reportar-se como uma referência de paz e progresso social num cenário global de dezenas de milhões de desempregados, violência imperialista, crise financeira mundial e pessimismo generalizado. É o que está em jogo.