quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sementes do ódio

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Os momentos dos cataclismos históricos foram marcados por algumas manifestações decisivas: o rancor generalizado, o ódio irrefreado, a primazia da intolerância sobre quaisquer outras formas de convivência entre indivíduos, sociedades, nações.

Mas os fenômenos psicossociais violentos não representam a causa das grandes convulsões sociais, são consequências.

O ódio difuso, a intolerância andam acompanhados de outra característica nociva, a alienação como imposição ao imaginário das camadas sociais. Não se trata da alienação pela falta de conhecimento geral dos sem cultura.

Porque se fosse assim não seria vista como fator desagregador, de atitudes coletivas regressivas, mas um atraso histórico das nações pobres no esforço em superação do subdesenvolvimento.

Essas circunstâncias objetivas sempre aparecem na antessala dos piores momentos da civilização, atingem sociedades “cultas”, cheias de museus, avançadas na pintura, música erudita, nas artes cênicas, arquitetura vanguardista etc.

São construções coletivas de ideias xenófobas, muitas vezes virulentas como na Alemanha nazista, que galvanizam multidões em torno do sectarismo, que por ser ilógico é irracional.

É um grave perigo às sociedades por eles contaminadas que só é sustado quando tragédias brutais acontecem como a 2a Grande Guerra Mundial de 1939 a 1945.

As imensas vagas humanas que se dirigem a pé, de balsas, de trem, de ônibus à Europa são decorrência da destruição pela guerra de vários Países como a Síria, Iraque, Líbia, na África, com apoio de alguns governos europeus, numa tresloucada aventura militarista imperialista.

Daí ressurge a nostalgia nazifascista, como na Hungria cujo governo ordena ao exército atirar nas grandes ondas de refugiados famélicos, tudo discretamente noticiado pela mídia hegemônica, ao tempo que em plena crise capitalista o capital financeiro obtém lucros estratosféricos.

O Brasil não se encontra imune aos ventos da intolerância, pelo contrário, é atingido por uma ideologia imposta cotidianamente pelo Mercado rentista, tanto como pelo protagonismo de membro dos BRICS na edificação de outra ordem geopolítica mundial.

Torna-se imperiosa ampla defesa da legalidade democrática, da soberania nacional ameaçadas, o embate por valores civilizacionais mais arejados, por um mundo melhor.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O povo brasileiro

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


É grave a realidade política institucional açoitada por ventos cortantes que partem dos mesmos lugares de sempre. Foi sendo forjada, ao longo desses anos, pacientemente, laboriosamente, uma agenda sobreposta aos reclamos prioritários do Estado brasileiro, da sociedade nacional, tendo como vanguarda do atraso a grande mídia oligárquica nativa.

Essa agenda nem é de longe original, grande parte dela, ou seu aspecto central, vendo sendo testada e aplicada em vários continentes inclusive na América Latina.

Ela corresponde aos fundamentos ideológicos hegemônicos do capital financeiro internacional, das forças poderosas do Mercado, do capital rentista, que manipulam uma máquina de desrealização diabólica da consciência social.

E em seu lugar impõem uma cultura nefasta de cada um contra todos, de todos contra qualquer um, a disseminação em profusão do vírus da intolerância, individual ou coletiva, no tecido social.

De tal forma que em poucas décadas tentaram desfazer o sentido da construção de consensos, pactos políticos, de ações propositivas que englobem o conjunto das sociedades em torno das causas que deem sentido a projetos nacionais que aglutinem a identidade cultural dos povos.

Isso foi aplicado, por exemplo, na fatídica Primavera Árabe que gestou formidável banho de sangue no Oriente Médio, no continente africano, provocando a desintegração de várias nações, daí gerando monumentais vagas de refugiados rumo à Europa.

A Europa em que vários governos apoiaram as guerras imperiais, ou coonestaram, em meio a uma crise estrutural capitalista jogada sobre os trabalhadores, classe média, onde os jovens, aposentados são quem sofre com o desemprego, a precarização dos diretos sociais.

Quanto ao povo brasileiro, o povo mesmo, curtido nas vicissitudes, é certa a frase: o povo não pode permitir-se o luxo de abdicar da permanente solidariedade entre ele, tecida em mil teias de relações sociais e a reinvenção da esperança como síntese de vida.

Assim quando hoje forças retrógradas conspiram abertamente contra a legalidade democrática, o pacto constitucional, a soberania nacional, em favor dessas mesmas forças do Mercado global, faz-se imperiosa a construção da luta política que aglutine as grandes maiorias em torno da democracia, do desenvolvimento, em defesa da nação.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Tragédia humana

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Além dos efeitos da crise capitalista da Nova Ordem Mundial da financeirização parasitária da economia global que avançou sobre as nações de forma hegemônica desde a década de 90 passada, assiste-se no presente outro fenômeno de proporções dantescas.

Trata-se das gigantescas ondas de refugiados, não confundir com imigrantes legais ou ilegais, que acorrem ao continente europeu provenientes de Países devastados por guerras brutais na África e Oriente Médio.

Assim somam-se na atualidade situações com efeitos colaterais dramáticos e uma debacle na economia internacional, provocando a ruína das nações, o desemprego massivo, especialmente entre as camadas jovens dos trabalhadores, associada à precarização dos diretos trabalhistas arduamente conquistados durante os últimos 70 anos.

Apesar da abrangência mundial da atual crise capitalista ela vem atingindo especialmente os Países do primeiro mundo, mas a Europa com particularidades.

Em que pese o poder da mídia oligárquica, ligada às forças do Mercado Financeiro, orientada pela liderança do complexo imperial anglo-americano, já não é mais possível, apesar das tentativas, esconder nem os efeitos da decadência econômica mundial em curso, muito menos o que já se mostra como algo sem precedentes na História contemporânea.

Afirma o jornalista Mauro Santayana “Não tivesse ajudado (ou coonestado) a invadir, destruir, vilipendiar, países como Iraque, Líbia e Síria; não tivesse equipado com armas e veículos, por meio de suas agências de espionagem, os terroristas que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem Kadafi e Bashar Al Assad, não tivesse ajudado a criar o gigantesco engodo da Primavera Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade, a quem depois só se deu fome, destruição e guerra, estupros, doenças e morte, nas areias do deserto, entre as pedras das montanhas, no profundo... das águas do Mediterrâneo”,  a grande maioria dos governos europeus “não estaria às voltas com uma crise humanitária... só comparável aos grandes deslocamentos humanos que ocorreram no fim da 2a Guerra Mundial”, diz o jornalista.

Um cenário global que exige do Brasil solidariedade ativa, muita lucidez, vigorosa luta pela soberania nacional, liberdades democráticas, integridade territorial, num contexto geopolítico dramático.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

De abutres e gente

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


O jornalista, escritor Luís Fernando Veríssimo publicou em sua coluna de segunda-feira, 31 de agosto, um texto intitulado “Insensatez” sobre o assassinato de uma repórter e um câmera nos Estados Unidos por um de seus colegas demitido pela empresa à qual pertencia.

Narra que o mais impressionante é que entre seu duplo homicídio, sua captura e suicídio, o criminoso teve tempo de botar na internet o vídeo que ele mesmo fez do atentado, emitir um “twitter”, mandar um fax justificando seu ato.

Diz ainda: o assassino escreveu que Jeová mandou matar seus ex-colegas mas o que ele fez não foi em obediência a nenhum deus tradicional, foi uma oferenda à divindade moderna da comunicação global.

E o que conseguiu em curto espaço de tempo, usando tantos recursos cibernéticos, foi uma trágica façanha tecnológica “onde ele podia contar com a neutralidade moral da internet onde o psicopata convive com o santo, o imbecil com o gênio e ninguém é culpado. A única condição que a internet não admite (diz Luís F. Veríssimo), é o remorso”.

O jornalista utiliza “remorso”, entre outras coisas, para referir-se ao poderoso lobby dos fabricantes de armas dos EUA, “com forte bancada no Congresso norte-americano, onde qualquer um pode entrar numa loja de armas e sair com uma bazuca, desde que consiga um atestado que não é maluco”, o que pelos fatos recorrentes é inútil.

O óbvio é que a internet é uma grande inovação tecnológica nas comunicações porém ela não é nem nunca foi neutra. Ao lado das possibilidades de larga resistência em que é usada existe a grande mídia monopolista associada ao capital financeiro globalizado, viralizando nos espaços cibernéticos como bem quer e deseja, rigorosamente.

Agora a mídia global “cobre” uma nova Primavera Árabe no Líbano. Esperamos que não banhe em sangue mais uma vez o povo libanês, como as demais “Primaveras” em outras paragens.

A globalização não representa o bem estar dos indivíduos ou sociedades mas a hipocrisia, o falso moralismo, o domínio do complexo financeiro-midiático-militar do Mercado, dos interesses atávicos de abutres contra os povos. As denúncias de Julian Assange e Edward Snowden estão aí.

As sistemáticas ações contra a soberania do Brasil, fartamente documentadas, fazem parte desse movimento da Nova Ordem mundial destrambelhada.