sábado, 28 de novembro de 2015

Cenário conturbado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Já se disse que nos tempos recentes não estamos presenciando exatamente um choque de civilizações, mais parece um choque de ignorâncias, com a velocidade das novas tecnologias somos expostos a todo tipo de informação sempre oriunda das mesmas fontes.

Assim é impossível ignorar o papel da grande mídia global na difusão dos fatos, interpretações, na promoção de fenômenos artificiais, a maneira como difunde “consensos” que são na maioria dos casos, evidentes projetos hegemônicos a serviço do capital financeiro internacional.

Sem dúvida, estamos presenciando uma época em que o Mercado rentista atingiu um poderoso espectro de domínio ideológico, financeiro, político, militar, em instância planetária, apesar do crescente protagonismo das nações emergentes que se colocam como alternativa real à geopolítica unipolar dominante há algumas décadas.

De tal maneira que esse novo campo multilateral da geopolítica mundial encontra-se permanentemente sob a contradição de força ascendente e ao mesmo tempo vive sob fogo cerrado de ataques do bloco dominante que por sua vez afunda-se cada vez mais em problemas gravíssimos, insolúveis.

Que vão da crise financeira crônica, os tormentos sociais do mundo do trabalho nos vários continentes, guerras de rapina, flagelos agudos como o dos milhões de refugiados rumo à Europa, terrorismo, desemprego massivo e acima de tudo a ausência de qualquer perspectiva aos povos.

É nesse cenário, muito resumidamente, que as lutas sociais, pela soberania das nações, se digladiam contra o permanente discurso autoritário, quando não neofascista, de uma pós-modernidade artificial, que nada mais tem a oferecer à humanidade, até porque jamais tiveram o que apresentar de alvissareiro às sociedades.

Trata-se de um terreno movediço, onde a luta de ideias adquire importância decisiva. E exatamente por isso o discurso hegemônico procura descaracterizá-la, criminalizá-la, quebrar a força cativante que as grandes causas adquirem quando atingem os corações e as mentes das sociedades.
 
Particularmente quando assimiladas como força motriz de um projeto nacional soberano, democrático, de desenvolvimento estratégico para nações fundamentais como o Brasil onde a luta política impõe-se como decisiva. Essa é a grande questão, inadiável, desses tempos conturbados.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Terror

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Os atentados terroristas em Paris na sexta-feira (13/11) “merecem o repúdio generalizado como crime abominável de lesa-humanidade... e mostram os perigos a que está exposta a humanidade” afirmou com justeza em nota oficial a direção nacional do PCdoB.

É fundamental identificar as causas desse barbarismo fanático de grupos fundamentalistas que atuam como se fossem uma espécie de franquia do ódio e violência doentios.

Cabe às nações que defendem a democracia, a soberania dos povos, a sensatez como diplomacia nas relações entre os indivíduos, sociedades, o combate a esse fenômeno brutal, repugnante.

Antes da primeira guerra do Golfo não existiam grupos terroristas que merecessem maiores preocupações dos órgãos de inteligência na Europa, Estados Unidos e no mundo ocidental.

Com a política de incentivar o caos no Afeganistão, sob o governo do presidente norte-americano Jimmy Carter, começou-se a fecundar o “ovo da serpente” através de um líder oriundo de uma milionária família saudita do petróleo, promovido a insurgente mor contra o Estado afegão. Seu nome, depois mundialmente conhecido, Osama Bin Laden, chefe da organização terrorista Al Qaeda.

Recentemente procurando estender o controle geopolítico sobre a Líbia, Iraque, Irã, destituir o governo de Assad na Síria, outra vez os EUA apoiaram uma organização brutal, terrível, o Estado Islâmico.

Os incentivadores desses grupos fanáticos perderam o controle sobre eles e desde 2001 a humanidade passou a conviver com dantescas ações de terror como o ataque contra as Torres Gêmeas em Nova York.

As ações criminosas em Paris resultam desse contexto, assim como a explosão do metrô em Madri anos atrás, e atentados ignominiosos no Oriente Médio, África etc.

As consequências de tudo isso tem sido o horror que ameaça as nações, a fragmentação do Oriente Médio, do continente africano, banhados em sangue, o flagelo social de milhões de refugiados rumo à Europa principalmente.

Tanto como é óbvia a crise sistêmica da Nova Ordem mundial, a presença do fascismo na Europa como força crescente, do ideário autoritário no mundo. O Brasil deve manter firme repúdio ao terrorismo, a defesa do Estado de Direito, da democracia, da soberania nacional, e acautelar-se em um cenário que aderna perigosamente para sérias tensões geopolíticas globais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Cultura e desenvolvimento

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobal.org.br:


Adquiriu dimensão exacerbada o caráter irracional do sistema capitalista sob as políticas adotadas pela Nova Ordem mundial.

Em função do agravamento da crise financeira internacional, o aumento das tensões políticas, o alastramento dos focos das guerras de rapina no Oriente Médio, no continente africano, e a agenda diversionista divulgada através da grande mídia hegemônica com abrangência planetária.

Que determina a pauta das notícias a serem divulgadas e as demais que devem ser evitadas, ou discretamente noticiadas de maneira confusa, quase incompreensíveis aos cidadãos, mas sempre tendo algo em comum: a propagação do ceticismo em relação ao progresso, ao futuro, seja dos indivíduos, sociedades, Países.

É importante para o Mercado financeiro que as pessoas não se sintam cidadãos de uma nação em particular, assim como de uma região específica, que lhes impossibilitem a identidade comum na cultura, típica do pertencimento a um determinado povo.

É o contrário do que falou Tolstói: se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia. E assim por diante na escala dos insubstituíveis altos valores da humanidade.

Essa visão distorcida do conhecimento imposta às sociedades revela uma incrível pasteurização dos fenômenos culturais, ideológicos, políticos, um cosmopolitismo subalterno enunciado como síntese de uma pós-modernidade falsa.

Cuja finalidade é a uniformização dos padrões de consumo, difundido espertamente como evolução das sociedades, através da informação dita como asséptica.

Mas como já se disse: não há informação neutra, elas possuem conteúdo de classe. No caso atual, é o das forças hegemônicas do Mercado financeiro.

O desenraizamento dos indivíduos, comunidades, é um dos fenômenos mais danosos da atualidade, facilita a aculturação social em proporções industriais, perda de referências, do contínuo histórico, possibilitando nos dias atuais a reestreia do pensamento autoritário ou até neofascista.

Assim, um dos grandes desafios do Brasil, além da retomada do desenvolvimento sob bases mais avançadas, da luta democrática e a legalidade constitucional, é a batalha em defesa da nossa cultura, da nossa memória, identidade nacional  para que se possa ter os olhos voltados, e críticos, sobre o que há de avançado atualmente produzido pela humanidade.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Pedrinho um jovem de espírito elevado


Pedro Loureiro Tenório Bomfim, meu neto.

Em nossa convivência com Pedrinho tivemos o privilégio de perceber uma personalidade singular cujas características são distintas da sua idade cronológica.

Tendo que viver desde o seu nascimento com uma doença, jamais se queixou um só minuto, ao contrário, transformou essa vicissitude em um ensinamento de superação.

Praticou, durante a sua passagem entre nós, a bondade e o sentido da agregação entre as pessoas. Da simplicidade junto aos demais. Da ausência da vaidade, raiva ou desprezo por quem quer que fosse.

As pessoas que foram abraçá-lo no Parque das Flores, algumas centenas entre professores, colegas e amigos que ele construiu em seus 16 anos, não o fizeram por nenhum ato de formalidade, mas porque conviveram, sentiram e observaram a sua simplicidade e altivez precoces em um garoto encantado com 16 anos, mas que parecia, em suas atitudes, uma pessoa de idade avançada.

Os muitos católicos, cristãos em geral, que o conheceram disseram que ele foi sem escalas para o céu e os espíritas que dele se aproximaram falaram que ele é um espírito que está em uma dimensão elevada.

Para mim são coisas semelhantes porque apesar dos meus cabelos grisalhos Pedrinho me ensinou muito, aprendi muito com ele.

Pedrinho filho do meu filho Thiago e de Sandra sempre teve o amor de todos e assim correspondeu a todos seus familiares e centenas de amigos jovens e adultos. Pedrinho está conosco. Aqui segue um dos muitos depoimentos sobre Pedrinho por seu ortodontista, Dr. Vinicius. Beijão Pedrinho.

"O Pedrinho foi um menino diferente. Desde o primeiro dia que o vi, percebi. A sua educação e gentileza de fato não eram deste mundo. Convivemos mensalmente por cerca de três anos e a cada encontro, ele se mostrava mais humano do que a maioria das pessoas que eu conheci. Deus o fez diferente, não pela doença, mas pelas virtudes. Está agora junto do pai e foi sem escalas. Ele não precisava. Era um santo menino. Que Deus o tenha em sua infinita glória."

Nó górdio

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


O Brasil encontra-se diante de questões complexas que estão na raiz dos nossos grandes desafios quanto ao futuro e às intricadas circunstâncias da realidade financeira internacional.

Uma dessas é a crise capitalista global de 2008, o estouro da bolha financeira nos Estados Unidos, em que um dos fatores primordiais foi a quebradeira dos chamados bancos de investimentos, repassada às finanças internacionais, alastrando-se como uma praga às economias mundiais via Mercado rentista.

Esse Mercado rentista adquiriu em algumas décadas grande força hegemônica financeira, midiática, política, planetária, transformando as economias nacionais em verdadeiras reféns das suas movimentações de curto, médio ou longo prazo, cuja função essencial é a de um cassino para um reduzido grupo de sócios atentos às debilidades internas das nações ou mesmo forjadas por ele.

Não é possível dissociar as ações predatórias do rentismo de outra máquina poderosa, a grande mídia hegemônica global, cuja função central é propagar a versão uniforme sobre os acontecimentos, a versão, e até mesmo a contraversão dos fatos, criando artificial polarização social, entre os favoráveis e os contrários a certos fenômenos atuais.

É fato que o Mercado atua no discurso ideológico dominante, a agenda da atualidade, além da tentativa de apartar os povos e as nações daquilo que realmente importa aos seus interesses, as causas emancipadoras das grandes maiorias sociais.

O Brasil integrante de outra Ordem global multilateral como os BRICS é alvo de uma multiplicidade de desestabilizações cuja finalidade tem sido impedir sua autonomia, a ascensão a outro patamar da sociedade nacional.

O Mercado não é invisível, pelo contrário. Encontra-se ancorado em potências como os EUA. É útil refletir sobre a declaração de Putin, presidente da Rússia: a tentativa insana de destruição dos Estados nacionais tem levado a humanidade a guerras de rapina cruentas, crises econômicas brutais, flagelos sociais jamais vistos desde a 2a Guerra Mundial.

Ao Brasil, 7a economia mundial, de território, riquezas continentais, é vital atentar à realidade geopolítica em curso, retomar sob bases avançadas o desenvolvimento econômico, sustar as forças do rentismo, arquitetar um amplo leque de alianças sociais, políticas, em defesa da nação soberana.