quinta-feira, 13 de junho de 2019

Panem et circenses

Meu novo artigo, publicado também na Gazeta de Alagoas, Tribuna do Sertão e Tribuna do Agreste:


Quando o Império Romano da Antiguidade atingiu o auge e Roma era a capital cosmopolita do mundo, submetido às suas diretivas, a opulência, o fastio tornaram-se elementos predominantes, daí que os imperadores criaram o modus vivendi à base do que ficou conhecido como “pão e circo”, que possibilitava controlar os súditos espalhados por seu vasto império.

Nos tempo atuais e a partir do novo milênio, essa máxima criada pela Roma antiga continua em pleno vigor. O pão, é escasso, mas o circo está no auge, mais uma vez.

Ela é promovida através da grande mídia global hegemônica, que determina o que é certo ou errado, condenável ou aceitável, o politicamente correto, ou o que é politicamente incorreto, transformando-os em leis, muitas delas via organismos de controle internacional.

Toda essa parafernália de manipulação dos fatos e indivíduos, vem sendo também difundida através das redes sociais, e dá a impressão aos cidadãos, uma ilusão, de que possuem elevado protagonismo no País ou mesmo no mundo.

Nem todos param para refletir sobre a origem da informação, a quem ela serve, quem a produziu e com quais objetivos. Daí, as famosas fake news que se transformaram em pesadelo mundial e nas redes sociais.

Mas a grande mídia global também fabrica as suas próprias fake news, que rivalizam com as fake news dos robôs que circulam nessas redes sociais, as quais, segundo o filólogo, Historiador italiano Umberto Eco, deram voz à idiotia.

Por isso, os jornais dessa grande mídia global vêm denunciando o que é falso ou verdade. Para essa mídia é verdade o que ela publica, inclusive on line, e falso o que sai das redes sociais.

Mas a grande prejudicada, de um jeito ou de outro, é a notícia e a realidade.

O jornalista e cineasta argentino Santiago Mitre declarou em recente entrevista que os noticiários dessa grande mídia se transformaram em “um artifício de ficção”.

Enfim, constroem-se e destroem-se reputações em frações de segundos. Uma atriz da televisão disse que foi humilhada nas redes sociais, o que a levou à depressão, hoje uma tremenda epidemia mundial, até que constatou: a sua humilhação tinha durado pouco tempo, foi substituída por novos humilhados, numa escala interminável.

Nesse contexto também se ditam normas de comportamento, condenam-se outras, e logo substituem-se por novas formas de posturas, criminalizando as anteriores e assim em moto contínuo. O que não prevalece é a análise e o bom senso, a pesquisa objetiva, o critério científico sobre as coisas e os fenômenos.

Por isso o ditado hoje popular: cada um na sua caixinha, ou cada um no seu quadrado. É a apologia ao tribalismo, é a desorientação das pessoas, negando a visão universal do mundo.

Um especulador bilionário norte-americano comprou, como se compra pão na padaria, um tradicional e conservador jornal dos EUA. Outro financista biliardário investiu num jornal de alcance global na internet, que se auto define de “esquerda”.

Eles fazem a cabeça das pessoas, inclusive nas redes sociais, ditam as ideologias consumidas, construindo polarizações iracundas onde prevalece o ódio, a ausência mínima de critérios de convivência humana.

Os novos imperadores romanos são os donos do Mercado financeiro. Que destroem as economias, os diretos trabalhistas, o patrimônios estatal das nações, construídos há décadas, manipulam os indivíduos via tempestades de ódios difusos, fraturando o tecido social dos povos, como no Brasil. Trata-se de um circo macabro. Com pão envenenado.

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