quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Uma questão de soberania

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Ao contrário do que diz a mídia hegemônica global a crise estrutural do capitalismo continua provocando colossal tsunami econômico, social e humanitário com graves reflexos em todas as nações do planeta.

Mesmo os BRICS que vinham injetando oxigênio à esquálida realidade financeira internacional mostram sinais evidentes de refluxo econômico, inclusive a China com o “moderado crescimento” de 7,5% ao ano.

A crise da Nova Ordem Mundial, cuja hegemonia consolidou-se há 25 anos e impôs aos povos o draconiano receituário neoliberal econômico, militar, ideológico, social sob a proteção dos Estados Unidos como guarda pretoriana, está no seu auge muito embora seja certo afirmar que ainda não chegou ao fundo do poço porque as coisas continuam a se agravar de maneira galopante.

A lógica do capital não é a racional, é a lógica compulsiva do lucro especialmente do capital rentista que passou a determinar os rumos das finanças impondo ampla desregulamentação em escala planetária.

Quem vem regendo a orquestra ao longo desse tempo nefasto de crise civilizacional são as políticas neoliberais mesmo com a resistência dos BRICS, constituindo uma espécie de contrafluxo à Nova Ordem internacional, uma alternativa multilateral a outra realidade geopolítica, econômica, social.

O resultado das eleições gregas com a vitória de uma frente progressista contrária ao brutal arrocho imposto ao povo heleno pelo capital financeiro é fato Histórico que terá sem dúvida desdobramentos políticos na comunidade europeia.

Já a ofensiva do capital financeiro contra os BRICS tem sido agressiva, utilizando-se inclusive da grande mídia, com o objetivo de fazer avançar a linha do rentismo, impor a política de rapina às suas riquezas.

No Brasil o que se urde, escamoteado por uma virulenta campanha de desinformação midiática, é a capitulação da nação à ortodoxia neoliberal, uma crise institucional no País.

Ciente que a política é a ação efetiva tendo em conta a análise concreta da realidade concreta, cabe ao governo Dilma e aliados assegurar a governabilidade vital, isolar a ofensiva do capital rentista, manter o leme no rumo do desenvolvimento, as conquistas sociais, trabalhistas, a emergência à cidadania de dezenas de milhões de brasileiros, a defesa da soberania nacional sob graves ameaças.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cheiro de passado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Em entrevista ao jornalista, escritor colombiano Plinio Mendoza, Gabriel García Márquez, já falecido, revelou a fonte de inspiração para escrever sua obra a um só tempo mágica e realista.

Diz ele que não inventou coisa alguma, extraiu da realidade latino-americana a imaginação fértil, mística, exuberante do povo e os seus subterfúgios como proteção contra o caudilhismo secular no continente, sempre escudado pelo “grande irmão” do Norte.

Para García Márquez os ditadores que pontificaram na região através dos tempos tinham em comum além da truculência, personalidades delirantes e cita exemplos.

Em 1958 Pérez Jiménez fugiu da Venezuela, com o rosto inchado por uma nevralgia horrível, e deixou na escada do avião por esquecimento uma sacola entre as várias idênticas que levou consigo, com 11 milhões de dólares, enquanto a Venezuela era tomada por um carnaval fora de época.

O Dr. Duvalier, o Papa Doc do sofrido Haiti, mandou exterminar todos os cachorros pretos do País porque um dos seus inimigos, para não ser assassinado, teria se transformado num cachorro preto.

O Dr. Francia do Paraguai, tido como filósofo por Carlyle, fechou as fronteiras da nação irmã como uma casa, deixou só uma janela aberta para que entrasse o correio, além disso ordenou que todo homem com mais de 21 anos devia casar.

Já o ditador teósofo Maximiliano Hernández Martínez de El Salvador mandou forrar com papel vermelho toda a iluminação pública do País para combater uma epidemia de sarampo e inventou um pêndulo para saber se os seus alimentos estavam envenenados.

Juan Vicente Gómez da Venezuela tinha uma intuição incrível, a faculdade de adivinho, porque fazia anunciar a sua morte e depois ressuscitava.

Essa é a nossa sofrida América Latina, manancial da genial obra literária de Gabriel García Márquez, que certamente começa a superar a absurda tradição autoritária, com as próprias pernas, rumo a um novo ciclo de crescimento sem as amarras colonizadoras.

Mas há uma minoria, felizmente, saudosa do cheiro da fruta que raros desfrutavam, descrita nessa narrativa literal de o “Cheiro de Goiaba” do escritor colombiano: a Ditadura.

Por isso, é que cabe ao Brasil, aos povos latino-americanos persistir na trilha dos novos tempos de soberania, democracia, justiça social, do desenvolvimento econômico.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Tempo de mudanças

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


Em artigo publicado no dia 25 de Dezembro passado aventurei-me a achar que há no mundo sinais de aragem renovadora sinalizando que bons ventos começam a soprar para a comunidade humana mas que seria necessária muita luta para que se possa virar essa página terrível que se abateu sobre os povos, os indivíduos, e que nunca deveria ter existido.

Apesar do condenável atentado terrorista em Paris, deflagrando grande maré de protestos que envolveu milhões de franceses, os fatos indicam que não há desvio nas grandes mudanças em curso a nível global.

Porque o que estamos presenciando é uma onda orquestrada de intolerância e ódio que desejam fazer espalhar como um rastilho de pólvora por todos os lados. São fatores que desnudam a crise de um sistema decadente, a Nova Ordem Mundial neoliberal, a tentativa de arrastar as sociedades ao paroxismo do surto generalizado.

Conduzindo os povos à desrealização psicossocial acerca dos reais motivos belicistas, econômicos, geopolíticos em curso, sempre auxiliada pela grande mídia hegemônica global. Mas, a verdade é que o sentido geral das coisas está mudando, o declínio da (velha) Nova Ordem Mundial substituída pela vontade dos povos, pelos BRICS.

É fato real que a disseminação indiscriminada do ódio, da intolerância religiosa, racial etc., jamais aflorou nas sociedades em época alguma na História da humanidade por geração espontânea. Sempre esteve a serviço de causas abomináveis, hediondas, no caso atual como diversionismo dos objetivos imperais, dos movimentos geopolíticos militares, da especulação financeira internacional.

Os cidadãos da comunidade europeia vão resistir e repelir a manipulação das forças reacionárias, mentoras do fundamentalismo terrorista fanático, promotoras das guerras de rapina por riquezas como o petróleo. Até porque esses cidadãos sentem na pele a crise neoliberal com 120 milhões de desempregados, 8 milhões de pobres, direitos sociais esmagados etc.

As épocas de decadência sistêmica carregam no ventre a semente da loucura, como os Neros, Calígulas, espalhando horrores, mas também são prenúncio de grandes transformações. A luta pela Paz jamais foi uma estrada margeada de rosas ou mesmo pacífica. Exige consciência elevada, luta tenaz. E o Brasil é protagonista importante nessa empreitada Histórica.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Banho de sangue

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


O atentado terrorista em Paris contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo que matou 12 pessoas, sendo oito jornalistas, é mais um capítulo sangrento que se soma a centenas de outros espalhados por várias partes do mundo especialmente entre os povos do Oriente Médio.

A disseminação generalizada do ódio, intolerância religiosa, racial etc., jamais aflorou nas sociedades em época alguma da História da humanidade através de geração espontânea, sempre esteve a serviço de causas condenáveis, estúpidas, cujos objetivos foram, continuam sendo abomináveis, hediondos.

Para se entender o que houve em Paris é preciso retroceder no tempo e observar o contexto geopolítico das últimas décadas, especialmente com a invasão do Iraque e mais recentemente a carnificina que se impõe contra a nação Síria.

No Iraque houve o argumento de ataques militares por parte dos Estados Unidos e tropas da OTAN, contra armas químicas, nucleares fabricadas pelo regime de Saddam Hussein, informações depois comprovadas como falsas pela imprensa mundial, inclusive norte-americana.

Sob a falsa justificativa de aplicar a democracia ocidental na Síria, os Estados Unidos e aliados da OTAN resolveram armar dezenas de milhares de fundamentalistas fanáticos, opositores ao governo de Bashar al-Assad da Síria, transformando o País num inferno de Dante, mais horrendo, com centenas de milhares de mortos, outros tantos de refugiados.

Tal como a Al Qaeda de Osama Bin Laden, treinada pelas forças norte-americanas para derrubar o governo do Afeganistão, essas atuais criaturas fundamentalistas, ensandecidas, reeditaram, como tragédia, um novo círculo infernal de sangue e pânico.

O chamado Estado Armado Islâmico, fortemente municiado, escapou ao pulso de seus mentores em meio a disputas de grupos. Movido pela insânia do fundamentalismo terrorista resolveu expandir ações para o terreno ocidental, daí o atentado contra a revista em Paris.

Como a gênese desse banho de sangue são os objetivos militares geopolíticos dos EUA e aliados, a disputa pelo petróleo no Oriente, os que lucram com essa barbárie são o complexo industrial-militar, os especuladores financeiros internacionais.

Já as nações amantes da paz, como o Brasil, devem travar firme luta contra uma escalada belicista global que pode estar em curso.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Grandes desafios

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste, no Santana Oxente e no pcdobalagoas.org.br:


O ano que se inicia apresenta ao povo brasileiro novos e grandes desafios em relação ao cenário interno tanto quanto ao protagonismo do País na geopolítica mundial.

Com mais de 200 milhões de habitantes, extensão territorial de dimensões continentais, a nação cresceu economicamente, transformou-se na sétima economia global, cuja perspectiva em poucos anos é alcançar, segundo estimativas internacionais, ser a quinta economia mundial.

Algo impensável décadas atrás, quando patinávamos numa paralisia financeira, estagnação econômica, inflação fora do controle, além de uma estratificação social secular, cuja decorrência principal foi a mobilidade social vegetativa, mínima, insignificante, casual.

O Brasil deu um grande salto à frente, ao tempo em que a economia mundial mergulhava numa crise estrutural capitalista, consequência da brutal desregulamentação do sistema financeiro global com a debacle das nações do primeiro mundo, especialmente da Europa e os Estados Unidos.

Integrante dos BRICS, que alavancaram a economia global sob a liderança do desenvolvimento acelerado da China que mesmo em anos de crescimento moderado alcança índices anuais em torno de 7,5% numa época de recessão gravíssima, o Brasil deixou de ser o eterno “País do futuro” como vaticinou Stefan Zweig com a clarividência de erudito, o olhar de estrangeiro, conhecedor das nossas potencialidades, acima das paixões e disputas políticas nativas.

Avançamos economicamente com intensa mobilidade social mesmo sob a égide da Nova Ordem mundial e a doutrina neoliberal que transcende a visão do Estado Mínimo, infiltra-se no imaginário coletivo, individual dos povos como ideologia nefasta, de valores civilizacionais regressivos, adversa ao espírito da solidariedade coletiva, dos grandes valores humanos acumulados pela humanidade ao longo dos tempos.

Protagonistas da geopolítica multilateral em curso, precisamos de uma revolução na educação, saúde, um salto na promoção de estratégias em ciência, tecnologia, em toda a cadeia da atividade produtiva.

Mas acima de tudo persistir na luta pela soberania nacional, o espírito de nação una e indivisível, na defesa da nossa identidade cultural, de um povo com formação sincrética original, solidária no cenário regional, internacional. São nossos grandes desafios.