sábado, 29 de setembro de 2012

Ambições inconfessáveis

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


O recente encontro dos principais presidentes dos bancos centrais do mundo realizado na Basiléia concluiu que a crise financeira global será ainda mais forte e prolongada do que se imaginava. O espírito dominante foi de pessimismo e incertezas.

Porém as medidas de austeridade fiscal, cortes nos investimentos públicos, arrocho salarial etc. devem continuar demonstrando óbvia orientação conservadora nos governos das nações do primeiro mundo subordinados aos barões das elites financeiras mundiais.

De acordo com as conclusões surgidas dessa reunião a única certeza que se tem é que entraremos em uma rota de mais crises e desaceleração dos já péssimos fundamentos econômicos internacionais.

São sintomas inequívocos desse quadro a reversão das expectativas quanto a uma retomada moderada da economia norte-americana e as notícias de outro rebaixamento dos EUA por parte das agências internacionais de classificação de risco dos "bancos de investimentos".

Na Europa a débâcle vai atropelando as finanças onde os governos, em sua maioria reféns ou constituídos de ex-empregados dos monopólios financeiros, adotam brutais medidas de restrições dos gastos públicos, cortes salariais, provocando verdadeiros terremotos sociais, gigantescas manifestações de indignação, resistência popular, que se espalham pelo continente.

Nos EUA orientações econômicas ainda mais recessivas contra a maioria da sociedade, momentaneamente proteladas em razão das próximas eleições presidenciais de novembro, estão em curso.

Por outro lado a desconstrução da realidade, priorização de uma agenda social diversionista para com as identidades dos povos, tem sido a função precípua da mídia hegemônica mundial, produzindo um senso de alienação, marginalização, frustração dos indivíduos com a vida, grave atentado às utopias realizáveis.

Sem elas, diz Anatole France, os homens ainda viveriam em cavernas, miseráveis e nus, utopias que traçaram as linhas da primeira cidade, princípio de todo progresso, ensaio de um futuro melhor.

No Brasil setores retrógrados ligados ao grande capital financeiro planejam restrições democrático-institucionais, desmobilizar qualquer sentimento social relativo à soberania nacional, neutralizar a classe média, esmagar os movimentos populares unitários, já debilitados, além de outras ambições inconfessáveis, exigindo lúcida resistência.

sábado, 22 de setembro de 2012

Idade Média cibernética

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Foi ontem mas parece que muito mais tempo nos separa das "profecias" alardeadas pelos arautos do neoliberalismo e suas proclamações solenes sobre o fim da História, as delícias da nova ordem mundial, inaugurando um novo tempo sem conflitos de classes, um mundo sem fronteiras, imperialismos, guerras, concebido na paz.

O professor Luiz Gonzaga Belluzzo no recente artigo "Desordem na engrenagem da civilização", publicado no Valor Econômico, demonstra que a "financeirização e globalização extremadas por essa nova ordem mundial reverteu tendências à maior justiça entre os povos, nações, observadas após a Segunda Guerra mundial até final dos anos setenta".

Ao contrário do que diziam os filósofos da pós-modernidade capitalista as pessoas se "distanciaram na realização da utopia de trabalhar menos para viver mais, os avanços da microeletrônica, informática, automação dos processos industriais não permitiram vislumbrar a libertação das fadigas mas aumentaram os mecanismos da bolha financeira", concentração do capital e exploração da força do trabalho.

Quanto ao consumo forjou-se uma compulsão dos indivíduos, associada a um mar de hipocrisia totalitário-conservadora, onde o fetiche de uma volátil obsolescência da mercadoria propõe-se a substituir as ideologias, os grandes valores universais erigidos pela civilização, a arte, a cultura, determinar os rumos da política que ficaria assim desgovernada, sem norte ou bússola, nivelada pelo pragmatismo mais vulgar.

Nesse período contemporâneo nunca se viram tantas guerras de variadas intensidades espalhadas pelos quatro cantos do mundo fruto de intervenções militares sob a batuta do maior império da História, os Estados Unidos da América.

Uma potência militar imperial em evidente sinal de declínio mas por isso mesmo no encalço de mais territórios, riquezas, acumpliciada por uma mídia mundial hegemônica que detém o monopólio da informação, movida pelo ódio, soberba, além de uma indisfarçável vocação belicosa, golpista.

O desemprego, crise econômica global, a soberania dos Estados nacionais aviltadas, a intolerância para com a cultura, religião alheia, são os novos cavaleiros do apocalipse em uma espécie de Idade Média cibernética, exigindo a resistência social, espírito rebelde por novos tempos de emancipação coletiva, lucidez para mudar a face desse novo milênio que se iniciou de forma tão dramática.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Eleições em cenário real

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Vivenciamos a reta final do primeiro turno das eleições municipais em todo o território nacional onde se aguçam as lutas entre os campos políticos pelo poder como uma espécie de ante-sala às grandes batalhas de 2014 para presidente da República, Congresso Nacional, governos estaduais, Assembleias Legislativas.

É verdade que nesse período as paixões se acendem e raramente as grandes questões relativas aos problemas, projetos para as cidades brasileiras, são conduzidos sob a ótica mais lúcida que a cidadania exige.

No entanto, bem ou mal exercita-se a democracia de acordo com a realidade nacional e as condições políticas extremamente diferenciadas das várias regiões, dos milhares de municípios do País.

Pode-se dizer muitas coisas certas sobre a nossa ainda incipiente democracia, desde os abusos do poder econômico nas eleições, o clientelismo, as condições desiguais em que se encontram os partidos políticos, vestígios de mando do velho coronelismo com os seus crimes, ameaças de morte etc.

Mas quem já viveu sob regime ditatorial sabe que todos os males dessa atual realidade institucional nunca podem ser trocados pela longa noite do arbítrio que experimentamos durante vinte e um anos onde os partidos encontravam-se banidos, sindicatos, grêmios estudantis fechados, lideranças de oposição imobilizadas, clandestinas, presas, exiladas ou mortas, jornalistas e imprensa amordaçados etc.

O Brasil avançou nos últimos anos e, reconhecido internacionalmente, atingiu novos patamares de crescimento econômico onde foram retirados da faixa de pobreza absoluta milhões de brasileiros e outros milhões passaram a ter acesso a bens de consumo antes impensáveis.

Mas continuam terríveis as nossas dívidas sociais, os mecanismos necessários ao exercício à cidadania dos brasileiros através da escolha dos seus representantes ainda padecem de vícios que foram preponderantes no século passado.

Assim como há atualmente o esgotamento de um ciclo econômico, fundado basicamente no consumo da população, vai ficando claro que a própria dinâmica e necessidade do desenvolvimento nacional passa a exigir uma substancial renovação das ideias sobre a questão institucional em todas as suas esferas e ao exercício da cultura política de modo particular. Trata-se de um debate essencial que a implacável realidade objetiva vai tornando inadiável, urgente.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Amazônia e a nova geopolítica

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Todas as recentes e confiáveis informações de fontes especializadas indicam que as últimas investidas, seguidas de saturação, do complexo industrial militar anglo-americano contra regiões da Ásia e Oriente Médio suscitam preocupações relativas ao futuro da Amazônia.

Tem sido motivo de estudos avançados o declínio militar e diplomático, relativo do centro hegemônico das nações do primeiro mundo que se encontram sob a orientação ou subordinação dos Estados Unidos e Inglaterra, apesar da feroz ofensiva armada, midiática, política, nos tempos atuais.

Por outro lado, são fortes os indícios que demonstram uma silenciosa, paulatina, ocupação internacional da região Amazônica com o argumento auto-justificável de constituição de reservas florestais e demarcação de (colossais) áreas indígenas, sob forte pressão forânea, onde vicejam milionárias organizações ambientalistas fundamentalistas internacionais financiadas por esse mesmo complexo financeiro-militar de caráter neo-colonizador.

A maioria dessas atividades, consumadas ou não, encontram-se principalmente nos espaços entre o Brasil e as regiões de fronteiras com a Colômbia, Venezuela e Guianas de acordo com as informações cadastradas por diversas organizações preocupadas com o futuro soberano das nações sul-americanas e do Caribe.

Com a curva econômica descendente dos Estados Unidos, associada à crise do ex-império colonial britânico umbilicalmente ligado às estratégias financeiras, militares, norte-americanas, responsáveis em última instância pela insanidade galopante dos círculos belicistas, estão redirecionando seus interesses a médio prazo para a Amazônia como indica, por exemplo, a revista Solidariedade Ibero-americana.

São também movimentos diretos de Washington várias ações desestabilizadoras como a crise política no Paraguai, o patrocínio à criação da Aliança do Pacífico, um novo bloco pactuado entre Chile, Peru, Colômbia e México, o sistemático combate à Venezuela buscando o seu isolamento etc.

Assim fica cada vez mais claro que ocorrerá, com a crise econômica global sistêmica, um vigoroso movimento financeiro-militar sob liderança dos EUA rumo ao fabuloso complexo amazônico, suas reservas naturais, florestas, imensuráveis riquezas minerais, biológicas. Se o Brasil deseja manter a soberania na região terá que alterar com urgência a sua política para a Amazônia.