O recente encontro dos principais presidentes dos bancos centrais do mundo realizado na Basiléia concluiu que a crise financeira global será ainda mais forte e prolongada do que se imaginava. O espírito dominante foi de pessimismo e incertezas.
Porém as medidas de austeridade fiscal, cortes nos investimentos públicos, arrocho salarial etc. devem continuar demonstrando óbvia orientação conservadora nos governos das nações do primeiro mundo subordinados aos barões das elites financeiras mundiais.
De acordo com as conclusões surgidas dessa reunião a única certeza que se tem é que entraremos em uma rota de mais crises e desaceleração dos já péssimos fundamentos econômicos internacionais.
São sintomas inequívocos desse quadro a reversão das expectativas quanto a uma retomada moderada da economia norte-americana e as notícias de outro rebaixamento dos EUA por parte das agências internacionais de classificação de risco dos "bancos de investimentos".
Na Europa a débâcle vai atropelando as finanças onde os governos, em sua maioria reféns ou constituídos de ex-empregados dos monopólios financeiros, adotam brutais medidas de restrições dos gastos públicos, cortes salariais, provocando verdadeiros terremotos sociais, gigantescas manifestações de indignação, resistência popular, que se espalham pelo continente.
Nos EUA orientações econômicas ainda mais recessivas contra a maioria da sociedade, momentaneamente proteladas em razão das próximas eleições presidenciais de novembro, estão em curso.
Por outro lado a desconstrução da realidade, priorização de uma agenda social diversionista para com as identidades dos povos, tem sido a função precípua da mídia hegemônica mundial, produzindo um senso de alienação, marginalização, frustração dos indivíduos com a vida, grave atentado às utopias realizáveis.
Sem elas, diz Anatole France, os homens ainda viveriam em cavernas, miseráveis e nus, utopias que traçaram as linhas da primeira cidade, princípio de todo progresso, ensaio de um futuro melhor.
No Brasil setores retrógrados ligados ao grande capital financeiro planejam restrições democrático-institucionais, desmobilizar qualquer sentimento social relativo à soberania nacional, neutralizar a classe média, esmagar os movimentos populares unitários, já debilitados, além de outras ambições inconfessáveis, exigindo lúcida resistência.