A decisão dos Estados Unidos de reatarem relações
diplomáticas com Cuba, após 53 anos, é um dos principais fatos políticos,
diplomáticos das últimas décadas, o início de reparação de uma das maiores
injustiças cometidas contra uma nação em todos os tempos.
Essa pequena ilha do Caribe mostrou ao longo dessas cinco
décadas uma inabalável firmeza de princípios, tenacidade, perseverança,
capacidade de resistência diante das tremendas adversidades impostas por um
bloqueio econômico, tecnológico, cultural sem precedentes na História
contemporânea.
Conseguiu superar dificuldades, sobreviver às grandes
viragens da História mais recentes, como a debacle da União Soviética, do campo
socialista ocidental, e através de tormentas geopolíticas, sociais, persistir
fiel aos compromissos de transformar uma ilha caribenha a algumas poucas
centenas de quilômetros do grande império do Norte em suas utopias por um mundo
melhor.
Mesmo que em decorrência de fatores externos, internos,
boicotes implacáveis, esse sonho de uma sociedade mais justa tenha se
transformado, algumas vezes, em pesadelo para a sua população, que sofreu de
várias formas o racionamento de alimentos, a falta de instrumentos tecnológicos
praticamente banais no resto do mundo.
Mas o que é incrível é que Cuba por mais que padecesse de
absurdas dificuldades, promoveu em várias áreas grandes avanços científicos
como na medicina, erradicou o analfabetismo, ampliou a expectativa de vida da
sua população a níveis superiores aos da maioria dos Países do planeta,
comparando-se a uma seleta comunidade do primeiro mundo.
A história de Cuba, vítima de atentados a sua integridade
territorial, sabotagem agrícola, industrial, comercial etc., inclusive ao seu
líder Fidel Castro, que escapou ileso a um milhar de conspirações para assassiná-lo,
é digna de um longo tratado sobre a arte de como não naufragar diante de
tormentas formidáveis.
Não foi por acaso que Gabriel Garcia Márquez, como muitos
outros intelectuais, artistas, teve como fonte de inspiração Cuba, o seu povo,
líderes, sua têmpera feita de material singular tal qual seus contos plenos de
realismo mágico, sensual, quase inexplicável.
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