sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As duas agendas

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

As grandes manifestações conhecidas como Jornadas de Junho, que envolveram milhões de pessoas nas cidades, evidenciaram que coexistiam paralelamente duas agendas no País: a agenda institucional e a das ruas.
A pauta institucional envolve temas que na sua origem são auto justificáveis, de presença destacada em quase todas as nações do mundo, nas organizações políticas, em vários estratos da sociedade civil, na grande mídia em geral, nos setores governamentais em todas suas esferas, municipal, estadual, federal.

Já as reivindicações que emergiram das lutas nas ruas, essas são mais representativas dos problemas universais que atingem as grandes maiorias da população brasileira e segundo várias pesquisas de opinião pública tiveram apoio de mais de 75% de toda a sociedade, muito embora sabe-se que em meio às ondas humanas que ocuparam as avenidas das cidades a maioria pertencia aos segmentos da classe média o que é compreensível dado o poder de mobilização desse setor, sua tradição de participação na vida social e política do Brasil.

Na verdade as lutas por melhorias na saúde, educação, transporte e segurança, em contradição com a tentativa de lavagem cerebral da grande mídia monopolista reacionária associada ao grande capital financeiro, ao mercado global com suas políticas de privatizações de conteúdo neoliberal, refletiram a exigência por mais Estado e melhor eficiência estatal.

Portanto, a agenda do Brasil das ruas é a resposta indignada contra a desregulamentação das funções estratégicas do Estado brasileiro iniciada nos anos noventa nos governos FHC, ao declínio de suas prerrogativas de promotor decisivo do desenvolvimento nacional, de suas responsabilidades estratégicas, sociais, com infraestrutura.

E se essa geração que foi à luta aos milhões, que tem sido sufocada pelo pensamento único do capital globalizado que busca destruir as causas motivadoras para se construir um Brasil melhor, se ela ainda não possui uma plataforma mais aprofundada do que almeja, sabe-se com certeza que ela abomina essa sociedade que lhes impuseram pela força implacável de um sistema global asfixiante.

Assim, o que se encontra em jogo é o combate que os setores progressistas, democráticos, patrióticos devem travar contra as forças da reação, da grande mídia, na construção de alternativas ao povo brasileiro, socialmente mais avançadas, soberanas, por um futuro mais promissor.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A mão visível do mercado

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Entre os fenômenos dos tempos atuais um dos mais contundentes tem sido a capacidade do mercado dissimular ao grande público o exercício do seu poder ilimitado, multilateral especialmente nos âmbitos político, econômico, midiático, financeiro, cultural e militar, ou seja nos aspectos fundamentais na vida dos povos, em escala planetária, nos últimos trinta anos.
De buscar tornar os governos vassalos do processo da acumulação financeira em que os Estados não sejam mais senhores responsáveis pela soberania dos seus territórios e o destino das sua pátrias.

Essa hegemonia adquiriu elevado nível de sofisticação para fazer valer a frase carregada de trágicas consequências da ex-primeira-ministra da Grã- Bretanha Margaret Thatcher quando declarou que “não existia a sociedade mas o mercado que impulsiona o desenvolvimento humano”.

Na realidade esse conceito foi posto em prática e às últimas consequências provocando uma virulenta contrarrevolução no processo civilizatório da humanidade que buscava mais luzes e inspiração após a Segunda Grande Guerra Mundial.

Com base na força militar norte-americana associada à larga experiência colonialista inglesa que ressuscitou os antigos instrumentos de dominação como as divisões tribais, as disputas étnicas, os conflitos regionais entre os Países, a conquista ou ameaça aos inestimáveis patrimônios não renováveis, como a Amazônia brasileira, a captura das finanças dos Estados soberanos sob a falsa tese neoliberal que estas só podem ser eficientes dissociadas do controle estatal das nações, o capital parasitário empalmou a liberdade dos povos.

A esses mecanismos junta-se o monopólio da mídia global imprescindível ao exercício monocórdico do pensamento único expressão maior da ditadura do mercado, do capital especulativo, o combate implacável às ideias humanistas de transformação da realidade existente, absurdamente injusta.

No Brasil são cada vez mais agressivos os interesses forâneos, as ações desprezíveis do capital rentista através da pressão da grande mídia reacionária, da “fábrica de crises”, as chantagens econômicas, a subversão financeira como a “inflação do tomate” e a sua reversão mística após o aumento das taxas de juros pelo Banco Central, evidenciando que a luta por avanços políticos, sociais, econômicos, a defesa intransigente da soberania nacional tornam-se cada vez mais imprescindíveis, inadiáveis.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sociedade? Não existe isso

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

No auge da globalização do capital financeiro, durante os momentos de apogeu e êxtase das políticas neoliberais Francis Fukuyama, profeta do mercado, do Departamento de Estado norte-americano, anunciava aos quatro cantos da Terra o surgimento de uma nova época onde predominaria a paz, o crescimento econômico, a ausência de guerras, a harmonia entre os povos em um mundo desprovido de qualquer fronteira nacional.
Na verdade, o que nós assistíamos era o início de uma hegemonia multilateral econômica, política, ideológica, midiática, financeira, militar das forças do mercado, especialmente do capital especulativo internacional cuja fita simbólica mas absolutamente real foi cortada pela ex-primeira ministra da Grã Bretanha, Margaret Thatcher, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.

Com a presença desses personagens no comando dos respectivos países foi selada a união da força bruta, avançada tecnologia, mobilidade global da guarda pretoriana imperial com a larga experiência de quem já tinha exercido o maior poder colonial de todos os tempos onde literalmente “o sol nunca se punha na face da Terra”.

Um presidente que antes fora um ator de quinta categoria do cinema norte-americano e uma senhora ultra reacionária do partido Conservador britânico que desprezava o conceito de sociedade (“sociedade? Não existe isso”), iniciaram a globalização absoluta do capital financeiro, a hegemonia imperialista norte-americana.

O termo “cidadão” herança universal dos “Ecos da Marselhesa” da revolução francesa de 1789 foi substituído por “consumidor” prova de que mais que a agressão contra os direitos individuais houve o estupro da cidadania, da autodeterminação das nações.

São dezenas de milhões de vítimas dessa nova ordem mundial pelas guerras regionais, pandemias de fome, desemprego, balcanização de Países ou mesmo através da tempestade de ansiedades difusas consequência dos crimes contra a esperança dos povos através de uma mídia global íntima do capital rentista, seus interesses e ideologia.

O que o Brasil está enfrentando são exatamente essas forças e o rentismo que subtrai a economia, a mídia hegemônica reacionária mundial e local que desejam a fragmentação do sentimento comum de brasilidade. O que impõe a luta por um novo projeto de desenvolvimento nacional além da formação de uma frente patriótica, democrática, progressista em defesa do País.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Em defesa da nação e da democracia

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Estamos vivenciando na atualidade o agravamento em escala planetária dos múltiplos fatores da crise estrutural do capitalismo, a decadência das políticas neoliberais implementadas nessas últimas décadas praticamente em quase todas as nações do mundo.
Um profundo desencanto das sociedades com os fundamentos ideológicos, culturais, econômicos, dos valores constituídos, das estruturas caducas do reinado absolutista da doutrina neoliberal nesses últimos trinta anos.

Onde prevalece um cenário de certa desorientação, uma tempestade de ansiedades subjetivas resultantes da crise civilizacional forjada por esse capitalismo, pelo imperialismo.

Em meados da década de trinta passada quando o nazi-fascismo já era bem mais que uma ameaça aos povos o dirigente comunista búlgaro George Dimitrov proferiu célebre discurso sobre o fascismo, suas terríveis ameaças.

Dizia ele que nos tempos das crises sistêmicas do capital internacional surgiam dois fenômenos sociais antagônicos: o crescimento das lutas dos trabalhadores e demais camadas sociais contra a pressão capitalista de jogar sobre os ombros dos povos o fardo da debacle econômica.

Afirmando que nesse processo de grande resistência dos assalariados e demais segmentos sociais aumenta o nível do combate popular, eleva-se o seu nível de consciência política, de organização.

O outro aspecto é que em épocas de crise sistêmica do capital aparece em cena o fascismo como fenômeno real incentivado pelo capital financeiro global com o objetivo de promover o golpe aberto, terrorista, dos elementos mais chauvinistas, reacionários, através de ações e armadilhas contra as sociedades, os povos.

O Brasil apesar da realidade diferenciada no cenário mundial com razoável crescimento econômico, inclusão social, também está imerso nessa arapuca do capital rentista mundial que através de intensa pressão da grande mídia reacionária identifica pontos débeis no governo e constrói passo a passo, como capítulos de uma novela, o ambiente favorável para impor uma ditadura do mercado de viés fascista.

Nesse quadro de instabilidades, provocações imperialistas do capital financeiro cabe às forças consequentes a luta sem tréguas na formação de uma combativa frente patriótica, democrática, progressista, em uma urgente edificação de um projeto estratégico, econômico, social de desenvolvimento em defesa da nação ameaçada, da democracia.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Snowden e a questão nacional

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Na década de 60 passada o ex-presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower usou o termo Complexo Industrial-militar para denominar a junção de grandes corporações capitalistas norte-americanas na produção de máquinas de guerra tanto para fins de defesa dos interesses imperiais, quanto no bilionário negócio internacional de armamentos.
De lá para cá o mundo sofreu colossais transformações incluindo a mais importante em questões geopolíticas: o fim da União Soviética, o surgimento da hegemonia unipolar global norte-americana e países satélites.

As mudanças econômicas fruto da nova realidade mundial foram ainda mais significativas com a emergência, sem a polarização do chamado campo socialista ocidental, de uma nova etapa de expansão, concentração, centralização do capital e sua face parasitária, do avanço em escala planetária da doutrina neoliberal promovendo a divinização do mercado, a implementação das políticas do Estado mínimo.

Nessa época o acadêmico neoliberal nipo-americano Francis Fukuyama, ungido pela Inteligência dos EUA como guru transcendental, formulou a tese que começaria a partir dali o fim da História, uma era repleta de harmonia, paz, crescimento econômico.

Mas, ao contrário, o que estamos vivendo é uma crise estrutural do capital global, uma quantidade de brutais conflitos regionais jamais vista antes, promovidos pelo império contemporâneo.

Atualmente assumiu função destacada o Complexo Industrial de Segurança e Informação dos EUA cujo principal vetor tem sido a ofensiva ideológica contra as sociedades por via das empresas midiáticas globais subalternas, como no Brasil, e pela rede mundial de computadores em meio ao que se chama Guerra de Quarta Geração.

É exatamente aí que surge o ex-agente da CIA Edward Snowden ao denunciar a espionagem dos cidadãos do mundo pelos EUA ponta do iceberg em uma sofisticada parafernália cibernética de violações aos direitos civis, agressões às estruturas das nações soberanas.

Da qual faz parte a política norte-americana de “balcanização dos grandes Estados emergentes”. No Brasil ela está em curso de várias maneiras inclusive através de movimentos, ONGs que pregam a “relativização da nossa integridade territorial” sob o falso argumento da existência de “várias nações dentro da nação”. Já o nosso desafio é a luta pelo avanço, por um projeto nacional econômico, social, estratégico, inadiável.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O que há em comum

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Como já era óbvio as manifestações populares de evidente insatisfação com a realidade em que vivem e que sacodem o País passou ao cenário da luta política institucional onde se trava um duelo entre a necessidade de fundamentais reformas sociais, das instituições, e os interesses conservadores que buscam sustar essas demandas ou, no máximo, realizar mudanças cosméticas, que assegurem intocados os seus privilégios.
Para isso contam com a sustentação da grande mídia hegemônica brasileira, associada e subalterna aos interesses externos, do grande capital financeiro internacional, que nos primeiros momentos das rebeliões sociais incentivou através dos seus noticiários a repressão policial e depois passou a reporta-las com intentos golpistas.

Essa mesma mídia que emergiu nos vinte e um anos de arbítrio, cresceu, agigantou-se durante a longa noite de silêncio que caiu sobre todos com a nação amordaçada e de lá para cá conseguiu surfar na crista da onda, impondo o receio a vários governos pós arbítrio, porém, sempre pousando de vestal da dignidade e da verdade em um País desprovido de razoável legislação midiática democrática.

É nesse cenário indefinido, complexo, que hoje cristaliza-se uma intensa polarização no Brasil entre as forças reacionárias com os seus valores atrasados e os segmentos democráticos, progressistas, patrióticos majoritários que lutam por mudanças na realidade objetiva onde predominam três fatores de instabilidade: econômico, social e político, afetando milhões de pessoas.

E por mais que pareça elementar não há como separar essas manifestações que vêm levando multidões às ruas, da grande crise capitalista sistêmica global de conteúdo antipopular, antinacional onde o capital rentista procura conduzir o País sempre levando em conta a sua própria remuneração, o aumento dos seus lucros estratosféricos e que nessa batida vão inviabilizar qualquer desenvolvimento efetivo com justiça social.

O que há em comum entre as insatisfações nas ruas do País e a luta social que se espalha pelas principais cidades do mundo é a revolta anticapitalista, a falência da representatividade, legitimidade das instituições surgidas durante os anos de hegemonia neoliberal mundial, a crise da sua cultura política, das estruturas adversas às sociedades e aos Estados soberanos que precisam ser superadas por outras mais avançadas que atendam aos anseios dos povos.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Novo cenário

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Darcy Ribeiro, antropólogo que nos ajudou a compreender o Brasil, atento aos fenômenos da luta política afirmou que sempre é preciso ir tirando os véus que os encombrem, desvendando, a fim de revelar a obviedade do óbvio e que o complexo disso tudo é que parece um jogo sem fim porque só conseguimos desmascarar uma obviedade para descobrir outras, mais óbvias ainda.

É o que se constata nessas tempestades sociais que sacodem a nação porque apesar dos avanços nos últimos anos onde dezenas de milhões de pessoas foram beneficiadas por políticas públicas de inclusão social, em que as orientações neoliberais mais ortodoxas foram sustadas nas urnas, adotou-se uma política externa mais soberana, o Brasil ainda possui uma herança dramática de um capitalismo selvagem, perverso.

Se o País cresceu economicamente, reduziu abismos estruturais infernais, de outro lado a realidade continua injusta para com as grandes maiorias hoje vivendo em imensos aglomerados urbanos, especialmente nos planos da educação, saúde, transportes, segurança etc.

Tudo isso imerso numa ideologia cultural globalizada que também permeia a sociedade brasileira com a orientação do grande capital, a visão sectária do individualismo antagonista, do salve-se quem puder, da lei do cão, associada à tentativa de destruição das grandes causas que dão sentido à luta por um mundo melhor, suscitando fortemente objetivas reivindicações coletivas, tempestades de ansiedades subjetivas.

Nesse caldo de cultura as demandas por um progresso social transformador encontram-se em situação de luta intensa, onde as explosões populares como as que sacodem o País exigem um norte, uma plataforma desbravadora para novos rumos.

Quadro em que se trava feroz contenda política onde forças obscurantistas, a grande mídia reacionária associada a interesses externos vem tecendo já há algum tempo, como uma novela, capítulo a capítulo, o vazio de poder, a ingovernabilidade.

A presidente da República interpretando os anseios sociais enviou ao Congresso Nacional uma agenda nos âmbitos da saúde, educação, transporte, uma proposta de reforma política.

Assim a batalha que vem se alternando em questão de horas, passa a outro contexto onde as forças reacionárias se posicionarão contra qualquer mudança vinda das ruas, dos setores políticos democráticos, patrióticos. É o que veremos em breve nos desdobramentos da realidade política nacional.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O próximo capítulo

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


As manifestações estudantis, populares, que vêm sacudindo o País resultaram no congelamento, redução das tarifas dos transportes coletivos em praticamente todas as cidades, deflagraram um processo politico de intensa profundidade.
Na véspera da grande maré social que sacudiu a nação a linha da grande mídia hegemônica nacional vinha sendo pautada, de maneira alarmista, pelo “descontrole inflacionário em consequência dos gastos públicos do governo federal”, escondendo a sua verdadeira intenção: o retorno das altas taxas de juros visando a maior remuneração dos lucros do capital especulativo.

Quando eclodiram as passeatas essa mesma mídia hegemônica passou a incentivar a repressão policial contra os manifestantes notadamente em São Paulo e Rio de Janeiro mas logo entendeu que a luta em curso refletia forte insatisfação da sociedade com a mobilidade urbana, os serviços de saúde e a educação pública no Brasil.

O Planalto, governadores, prefeitos deram-se conta de que havia uma grave agenda nacional demandada pelos segmentos sociais especialmente os que compõem a maioria da população, secundarizada por uma nebulosa problemática multiculturalista global cuja gênese é auto justificável, mas transformada no alfa e o ômega das questões nacionais.

Iniciou-se daí uma batalha política, ideológica, campal onde grupos reacionários, provocadores tentaram canalizar a insatisfação social através do vandalismo, ódio aos partidos políticos, especialmente de esquerda, sindicatos, entidades estudantis, desestabilização dos movimentos sociais com o intuito de levar o País ao caos institucional. Caminhava-se para uma espécie de putsch ao mais clássico estilo nazifascista.

Os setores democráticos e patrióticos iniciaram a resistência nas ruas para buscar, ao lado do Movimento Passe Livre e outros, o caminho para as justas reinvindicações que foram incorporadas numa urgente agenda nacional proposta pela presidente da República sobre educação, saúde, transporte, contra a corrupção, um plebiscito sobre a reforma política.

Os grupos provocadores, a mídia reacionária vão tentar inviabilizar o avanço inadiável, gostam de pescar em águas turvas, não desejam a democracia. O próximo capítulo dessa novela arquitetada passo a passo, vai depender da permanente mobilização social, do nível de consciência do povo brasileiro em defesa do desenvolvimento, das mudanças exigidas pelo Brasil.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Realidade e paradoxos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:
 
 
Graciliano Ramos, mestre da literatura mundial, ilustre alagoano, comunista, dizia que no Brasil existe uma minoria de opulentos, uma classe média instruída e na base da sociedade uma maioria de gente vivendo como bichos, reduzidos à luta pela sobrevivência, levando uma vida ordinária.
Porém o Brasil mudou e de lá para cá, com altos e baixos, percalços de todos os tipos, especialmente nos últimos anos houve a incorporação de imensa parcela da população a patamares mais elevados de vida com acesso a bens de consumo antes inimagináveis.

Segundo estatísticas a chamada classe C é composta atualmente por cem milhões de trabalhadores denominados, talvez equivocadamente, como a nova classe média brasileira.

O Brasil cresceu economicamente, transformou-se substancialmente mas é sabido que quanto mais se melhora de vida mais aumenta o nível de aspirações e a consciência da realidade social em que se vive.

A questão de fundo sobre as gigantescas manifestações estudantis, populares no País é que apesar dos avanços a realidade brasileira continua profundamente desigual, injusta para com as grandes maiorias. O recado que vem das ruas não é contraditório com aquele que veio das urnas mas indica um paradoxo evidente.

Não é aceitável que uma nação possua a segunda maior frota de helicópteros particulares do mundo e tenha um sistema de transportes público de péssima qualidade num País hoje essencialmente urbano onde as maiorias levam horas para chegar ao trabalho e tantas horas iguais para retornar aos seus lares.

Não é necessário pertencer aos estratos mais populares para constatar as condições em que a população é submetida nos serviços públicos de saúde mesmo que a existência dele já seja uma conquista num mundo que avança para a sua privatização a passos largos. Idêntico diagnóstico acontece com a educação ou segurança pública.

Os atores políticos, as instâncias governamentais em todos os níveis priorizaram as relações institucionais mas ficou debilitada a organização social massiva, programática, identificada com os reclamos mais profundos da sociedade brasileira.

Quanto aos desdobramentos das manifestações, sabe-se que em política não existem espaços vazios, mas cabe aos segmentos políticos avançados extrair as lições exatas dos acontecimentos e apresentar um renovado projeto social estratégico, patriótico, consequente com a urgência que a realidade exige.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

As manifestações estudantis e populares contra o aumento das passagens no Brasil




O pano de fundo da insatisfação estudantil e popular

A questão de fundo sobre as manifestações estudantis engrossadas por segmentos populares é a seguinte: a realidade brasileira continua profundamente desigual, injusta e perversa para com as grandes maiorias. Há um sentimento latente de revolta, que vem à tona como agora, exigindo mais e mais transformações sociais, ou estruturais na linguagem dos sociólogos ou economistas, como queiram, mas que no fundo dá no mesmo. O recado que o povo vem dando nas urnas tem sido sábio no geral mas o outro recado que vem das ruas não é contraditório com o institucional, o povo é o mesmo.
 
O Brasil precisa de um projeto nacional estratégico nos planos econômico, social e de muito mais qualidade de vida para as massas populares e isso exige grandes enfrentamentos para com as elites financeiras, econômicas etc. etc. O Brasil ficou mais rico e aconteceram políticas que proporcionaram inclusão social e isso os trabalhadores sabem e atestam nas urnas, como acho que vão continuar fazendo porque sabem exatamente em quem não desejam votar mas lembrando D. Helder respondendo à ditadura "eu não sou subversivo, subversiva é a realidade brasileira". E essa é a questão central.

Portanto, a história está cheia de exemplos, ou as forças patrióticas e progressistas são vanguardas nessas transformações que as maiorias clamam ou é bem possível que reacionários, aventureiros empalmem estas bandeiras inclusive acenando por soluções golpistas. Aliás a grande mídia reacionária ainda está confusa em relação à tática a ser adotada porque seus prepostos também estão na linha de fogo como o governador de São Paulo etc. etc. Mas com certeza anda maquinando para encontrar uma solução política de desestabilização institucional e nisso ela é mestra a exemplo de outros episódios na história do Brasil.
Enfim, as bases objetivas do sistema capitalista no país são efetivamente selvagens e a grande tarefa é a incorporação das mais amplas camadas sociais para alavancar política delas próprias e encontrar os caminhos nossos, brasileiros, para a sua superação. Escrevo isso sem nenhuma pretensão de ser o guardião do templo de soluções mágicas mas constatando uma realidade objetiva inquestionável que precisa ser superada pela perspectiva da saída progressista, patriótica, sempre tendo em vista a alternativa dos caminhos de transição a um socialismo de face brasileira, moderno, nosso. Finalmente é bem possível que essa onda de manifestações passe assim como surgiu mas as contradições vão permanecer e surgir de maneira igual ou por ouras razões e vias distintas.



Algumas graves questões políticas que já estão em curso

 A grande mídia reacionária continua sua campanha por uma política econômica monetarista neoliberal ortodoxa e para isso busca detonar o governo e o País, não exatamente por seus eventuais equívocos mas por ele não implementar as linhas monetaristas exigidas, dia a dia , intensamente, pelo capital financeiro. O nível já é de clara sabotagem econômica midiática.

As elites neoliberais, diante das recentes pesquisas eleitorais, já sabem que não possuem nenhuma chance eleitoral em 2014 para presidente, governadores e Congresso, pelo contrário, sabem que poderão sair das urnas rarefeitas e bem mais fragilizadas.

As forças patrióticas e progressistas precisam com urgência, defender as lutas sociais em curso e apresentar uma plataforma nacional e popular a ser implementada pelo governo com certa urgência.

A direita e a mídia reacionária ainda não sabem até o momento como livrar a sua principal base política e eleitoral que é o governo de São Paulo diante das insatisfações populares e estudantis.

A grande mídia internacional, a mesma que age contra a soberania dos povos e defende as agressões imperialistas, já entrou em campo contra o governo e o País.

A postura da polícia estadual de são Paulo é para lá de suspeita, acho eu, e pode haver uma clara provocação para intensificar e agudizar a luta popular. Há algo no ar além dos aviões de carreira.

Essa mesma mídia reacionária aliada à direita fascista golpista está procurando o momento certo para fomentar e defender uma crise institucional e a vacância presidencial e sabe-se lá o que mais, mas contra a democracia.

Já se sabe que o imperialismo norte-americano já está acompanhando atentamente a situação nacional incluindo Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude e principalmente a realidade sul-americana e não vai perder a oportunidade de fazer a sua sabotagem de praxe contra a união sul-americana.

O governo federal já é o alvo principal dessa coisa toda como questão estratégica. O governo federal tem que se antecipar e reagir em várias frentes.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Cem por cento

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


A declaração do presidente dos Estados Unidos Barack Obama em resposta às denúncias de Edward Snowden, um agente da CIA, que o governo norte-americano espiona seus cidadãos através da internet, sistemas de telefonia, foi: ninguém pode ter 100% de privacidade.

Na verdade, é exatamente o contrário, porque pode-se afirmar sem exagero que hoje em dia a privacidade nos EUA, e no mundo, já é praticamente nenhuma, algo que vem sendo denunciado faz um bom tempo mas sempre rebatido como propaganda antiamericana.

A abrangência dos sistemas de espionagem dos Estados Unidos não se restringe às estruturas digitais de comunicação em massa como celulares e computadores incluindo os grandes provedores que pactuaram ou se viram forçados a tanto.

Implica em vários outros mecanismos invasivos de controle dos norte-americanos e de quem quer que seja em qualquer lugar da Terra desde que alguém ou alguma instituição lhes pareçam inconfiáveis ao seu domínio militar, interesses geopolíticos, econômicos.

Chalmers Johnson outro ex-agente da CIA escreveu três livros sobre os mecanismos de dominação, os custos e as consequências da expansão imperial dos Estados Unidos e em um deles, Blowback, afirmou que o Estado norte-americano possui em torno de mil bases militares espalhadas pelo mundo, além de uma complexa rede de espionagem e grupos mercenários armados, terceirizados, agindo em todos os continentes.

São contundentes as denúncias de que as estruturas midiáticas globais, como as principais grandes redes televisivas anglo-americanas estariam interligadas com as estratégias ideológicas de propaganda da política externa imperial e agem como pontas de lança dos seus objetivos.

Segundo Chalmers, as instituições norte-americanas estão subordinadas ao sistema financeiro internacional, ao complexo industrial-militar e à comunidade de inteligência do País e que nessa batida o governo dos EUA irá se transformar em algum momento, abertamente, sem subterfúgios, num regime policial dos mais tirânicos.

A emergência de novos atores geopolíticos e econômicos como os BRICS, a crescente resistência dos povos diante das agressões imperiais, a intensa crise estrutural do capitalismo neoliberal, vêm aumentando as ações subversivas dos EUA. Essa furiosa investida contra as liberdades individuais e o direito das nações são fenômenos óbvios da decadência de mais um império na História da humanidade.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

É o impulso homicida

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Mais uma vez o País é ocupado por um desses debates que tomam conta da grande mídia hegemônica nacional, antes devidamente pautado pelas matrizes internacionais, acerca dos índices crescentes de violência e criminalidade em quase todas as partes do mundo.

Como sempre o pacote já vem pronto, ou seja, o tema, a discussão, conclusão e as propostas já chegam mastigadas e preparadas para a aplicação sempre respaldadas por organismos internacionais.

Nesse caso, a solução para o aumento persistente da violência e criminalidade nas cidades, marca registrada das últimas três décadas por todos os cantos, foi encontrada e o problema está em vias de desaparecer em Chicago, transformada como exemplo de política eficaz para todas as comunidades do planeta.

Daí, sem nenhuma preocupação com alguma análise crítica, a grande mídia passa a fazer um bombardeio de saturação sobre a grave questão e a “incontestável fórmula” da sua superação encontrada pelas autoridades “especialistas” na megalópole norte-americana.

É quando entram em cena os famosos âncoras dessa grande mídia, que passam a entrevistar os “especialistas” no País de empresas privadas de segurança estratégica, ilustres desconhecidos da opinião pública brasileira, mas perfeitamente afinados com as propostas adotadas na tristemente famosa Chicago.

Enfim, já olhando para o nosso quintal, disseram o seguinte: “a sociedade brasileira possui em sua “formação antropológica impulsos homicidas”, e como exemplo o ditado popular “brasileiro não leva desaforo para casa” e para tanto é decisiva uma “ofensiva campanha pública de controle das pessoas normalmente descontroladas”.

É óbvio que no País também existe muita criminalidade e criminosos monstruosos, psicopatas irreversíveis, porém o que está se propondo com essa tal formulação “antropológica” não é o combate eficaz ao crime mas o controle do cidadão num sistema em crise, gerador de muitas patologias sociais.

O que se pretende mesmo é a criminalização da insatisfação, seja ela individual ou coletiva, diante de injustiças e descasos contra pessoas ou reivindicações sociais em luta por direitos que lhes são negados, via a cultura do conformismo, já em prática há tempos, e de uma cidadania passiva.

Porque na realidade esse neoliberalismo é que induz, através de inúmeros exemplos, a cultura homicida, dia após dia, ao vivo e a cores, ao alcance de todos, mundo afora.