Quando observamos o cenário geopolítico global, o que
enxergamos é um quadro de grande tragédia, desemprego em massa, diáspora de
povos fugindo de genocídios ou massacres através de imensas correntes
migratórias cruzando os mares da Europa, Ásia etc.
São tantos os conflitos, guerras regionais, e continuam se
espalhando, que o diagnóstico do papa Francisco I, de que vivemos algo como uma
Terceira Guerra Mundial fatiada, aproxima-se muito da realidade.
Na verdade o que estamos assistindo é o barulho estrondoso
que faz a decadência imperial norte-americana. Que por isso mesmo aumenta em agressividade,
na determinação de continuar ditando uma hegemonia feroz e decaída.
Hegemonia erguida a ferro, fogo, agravada pelo Consenso de
Washington em 1989 que impôs aos povos o receituário neoliberal com medidas
como privatização das empresas estatais, fratura do Estado nacional como
indutor estratégico do desenvolvimento, precarização de direitos trabalhistas
etc.
Políticas que representaram a consolidação da governança
neoliberal em nível planetário, do capital financeiro internacional sob a gendarmeria
dos Estados Unidos, e o dólar ratificado como moeda padrão.
Configurou-se um sistema financeiro, político, militar, cultural,
midiático quase absoluto de tal forma que Francis Fukuyama guru neoliberal nipo-americano
profetizou à época o fim da História.
As consequências estão à vista: crise econômica, financeira,
social, civilizacional em escala global.
Com a emergência dos BRICS, de uma nova geopolítica
multilateral, a reação do capital financeiro, dos EUA tem sido a estratégia do “Confronto
Total”, a defesa dos privilégios ameaçados. Daí é que agravaram-se os fatores
da crise mundial.
A hegemonia global do neoliberalismo gerou também uma “globalização
das maneiras de sofrimento”, de sociedades pantanosas, atônitas, centradas
exclusivamente nos valores do Mercado. Mas o neoliberalismo assim como a
hegemonia imperial dos EUA esgotaram-se.
O Brasil, integrante dos BRICS, tem sido alvo constante de
sabotagens das forças do Mercado, necessita descortinar nesses períodos de
tempestades as formas que continuem assegurando o desenvolvimento, a soberania,
a plenitude democrática, a renovação da nossa autoestima como povo e um projeto
de civilização que a nós seja próprio.