Não é preciso mergulhar em estudos acadêmicos profundos, nem
passar 11 meses sem dormir, como o personagem de Gabriel Garcia Márquez em
Crônica de Uma Morte Anunciada, para se entender que vivemos uma época
caracterizada por duas vertentes geopolíticas centrais: o caos em abundância e
grandes transformações em curso.
Nessas duas tendências, encontra-se a presença indeclinável
dos Estados Unidos da América. E não poderia ser de outra maneira, porque por
mais de 200 anos os EUA esculpiram, minuciosamente, o exercício de potência
imperialista.
Em 1813 o ex-presidente John Adams dizia a Thomas Jefferson:
“nossa república federativa pura, virtuosa, dotada de espírito público, perdurará
para sempre, governará o globo, introduzirá a perfeição do homem”.
Daí foi um pulo para reclamar “o direito ao destino
manifesto de cobrir e possuir o continente por inteiro, direito que a Providência
nos deu para o grande experimento... uma terra vigorosa recém saída das mãos de
Deus”.
Com esse messianismo, megalomania, vicejou o espírito
empreendedor do capitalismo norte-americano, a natureza expansionista imperialista
livre de qualquer pudor ou culpa porque “abençoada pelos planos de Deus aos homens
na terra”. E, não por acaso, em seguida, anexou a metade do território do
México.
As ambições estenderam-se pela América Latina, Caribe,
avançaram por todo o planeta como mostra a História e os tempos atuais de
Barack Obama quando as guerras de Quarta Geração adicionaram a Batalha Cibernética
Digital junto à força militar, cultural, midiática.
A égide capitalista neoliberal, do parasitismo financeiro
gestou uma situação paradoxal, de um lado assinalou a hegemonia unipolar
imperial norte-americana, das finanças globais, o “Admirável Mundo Novo” da sociedade
do Mercado “que dispensa as utopias”.
Época de caos, violência, “o tempo do nojo”, guerras
regionais, sociedades pantanosas, desemprego, imensas vagas migratórias
errantes, tais como fantasmas vivos, por terra, ar e mar.
De outro lado surge nova realidade geopolítica multipolar
que já se faz irreversível com os BRICS, a gigantesca economia da China, o
repúdio à hegemonia feroz e decaída.
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