O trágico
falecimento do ex-governador de Pernambuco, candidato à presidência da
República, Eduardo Campos, do PSB, insere-se na superstição consagrada no
imaginário do povo brasileiro sobre o caráter nefasto do mês de Agosto na
política nacional.
Em meio a
suicídios, renúncias, tentativas de golpes de Estado, mortes, Agosto é um mês
que desde há muito tempo na cultura do País a todos sobressalta, inclusive
aqueles que não acreditam em destino ou determinismo histórico, venha de onde
vier.
Mas a verdade é
que o acidente aéreo fatal que vitimou Eduardo Campos, quatro de seus
assessores e dois tripulantes, em Santos, impactou a sociedade brasileira como
há muito tempo não se via, porque tratava-se de um político de carreira
promissora, jovem, com 49 anos, governador exitoso em seu Estado, deixou o
mandato com elevados índices de aprovação popular.
Tive a
oportunidade de conhecer Eduardo Campos em algumas ocasiões, inclusive em
Alagoas em um verão de alguns anos atrás no litoral norte do nosso Estado em
conversa informal, agradável, com o atual Ministro dos Esportes Aldo Rebelo e o
prefeito de Olinda Renildo Calheiros, na época deputado federal pernambucano.
De Eduardo
ficou-me a impressão de um político hábil, conhecedor dos problemas da
realidade contemporânea, envolvente, articulador eficiente, apesar de muito
jovem, com imensa vontade de jogar o seu papel no cenário institucional
nacional.
Chamou-me
atenção a prudente, arisca desconfiança com quem ainda não conhecia bem no
convívio da labuta política, coisa que, acredito, herdou do avô Miguel Arraes,
eminente figura da luta nacional, popular, sertanejo calejado no exercício do
poder, curtido em longos anos de exílio e sofridos Agostos.
Como a política
é o fermento das sociedades, para o bem ou para o mal, será óbvia a discussão
sobre a sucessão da sua candidatura no PSB, a herança eleitoral, as
consequências do seu precoce desaparecimento.
Em um quadro
político em que forças retrógadas, poderosas conspiram diariamente contra os
interesses da nação, a democracia, o seu legado será motivo de acirrada
disputa, tentativas de manipulação.
Sinto, comovido,
a morte trágica do jovem Eduardo Campos, lembrando a frase do nosso grande
Oscar Niemeyer para o qual a vida é um sopro. Façamos bom uso dela para o bem
do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário