quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Agosto

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:



O trágico falecimento do ex-governador de Pernambuco, candidato à presidência da República, Eduardo Campos, do PSB, insere-se na superstição consagrada no imaginário do povo brasileiro sobre o caráter nefasto do mês de Agosto na política nacional.

Em meio a suicídios, renúncias, tentativas de golpes de Estado, mortes, Agosto é um mês que desde há muito tempo na cultura do País a todos sobressalta, inclusive aqueles que não acreditam em destino ou determinismo histórico, venha de onde vier.

Mas a verdade é que o acidente aéreo fatal que vitimou Eduardo Campos, quatro de seus assessores e dois tripulantes, em Santos, impactou a sociedade brasileira como há muito tempo não se via, porque tratava-se de um político de carreira promissora, jovem, com 49 anos, governador exitoso em seu Estado, deixou o mandato com elevados índices de aprovação popular.

Tive a oportunidade de conhecer Eduardo Campos em algumas ocasiões, inclusive em Alagoas em um verão de alguns anos atrás no litoral norte do nosso Estado em conversa informal, agradável, com o atual Ministro dos Esportes Aldo Rebelo e o prefeito de Olinda Renildo Calheiros, na época deputado federal pernambucano.

De Eduardo ficou-me a impressão de um político hábil, conhecedor dos problemas da realidade contemporânea, envolvente, articulador eficiente, apesar de muito jovem, com imensa vontade de jogar o seu papel no cenário institucional nacional.

Chamou-me atenção a prudente, arisca desconfiança com quem ainda não conhecia bem no convívio da labuta política, coisa que, acredito, herdou do avô Miguel Arraes, eminente figura da luta nacional, popular, sertanejo calejado no exercício do poder, curtido em longos anos de exílio e sofridos Agostos.

Como a política é o fermento das sociedades, para o bem ou para o mal, será óbvia a discussão sobre a sucessão da sua candidatura no PSB, a herança eleitoral, as consequências do seu precoce desaparecimento.

Em um quadro político em que forças retrógadas, poderosas conspiram diariamente contra os interesses da nação, a democracia, o seu legado será motivo de acirrada disputa, tentativas de manipulação.

Sinto, comovido, a morte trágica do jovem Eduardo Campos, lembrando a frase do nosso grande Oscar Niemeyer para o qual a vida é um sopro. Façamos bom uso dela para o bem do Brasil.

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