O assassinato de vinte crianças e seis adultos em uma escola primária dos Estados Unidos, revela uma tendência patológica crescente na sociedade norte-americana que se expressa na sequência de episódios idênticos ocorridos nos últimos anos com um grande número de vítimas fatais.
Demonstra igualmente os
sinais mais que evidentes da exaustão, infelizmente não em estágio final, de um
tipo de civilização regressiva, militarizada, totalitária, erigida pela nova
ordem mundial da qual a nação americana, como o grande e único império da era
contemporânea, tem sido tutora e guardiã armada.
O capital financeiro
global, o complexo industrial militar norte-americano, associados à
megaestrutura midiática mundial de
informação, propaganda, são os que determinam os desejos das pessoas, os sonhos
de consumo, a cultura, a ideologia dominante na maior parte do planeta nos
últimos anos.
Na mesma linha a
indústria cinematográfica dos Estados Unidos deu a sua horrível parcela de
contribuição para que se assentasse em escala planetária a visão alienante,
distorcida, paranoica, bélica, desse mesmo tipo de civilização regressiva.
A violência na sociedade
norte-americana tem as suas próprias especificidades mais profundas que o
fenômeno da delinquência desenfreada. É produto da visão de que cada
norte-americano é um guerreiro super-homem, invencível, armado até os dentes,
confrontando a humanidade, associada a um puritanismo repressor.
Assim, ao que parece a
realidade superou a ficção transformando Laranja Mecânica, livro de Anthony
Burgess sobre a patologia da violência e maldade insanas adaptado para o cinema
por Stanley Kubrick, numa espécie de versão edulcorada dos fenômenos reais da
sociedade americana.
Essa mesma grande mídia
mundial hegemônica procura agora, diante da recorrência quase endêmica dos
brutais assassinatos como os ocorridos na escola primária de uma pequena cidade
dos EUA, produzir a sua opinião centrada na constatação de que existem nas mãos
de civis 300 milhões de armas de fogo vendidas em milhares de lojas espalhadas
no País.
Esse é um lado tenebroso do diagnóstico embora a verdade seja mais trágica, o povo norte-americano está pagando alto preço em sofrimento e dor indescritíveis pela cultura que lhes foi imposta para forjar o "destino manifesto" de indivíduos superiores imbatíveis, acima do bem e do mal, da sua própria vida e a do próximo.
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