Meu novo artigo, publicado também na Gazeta de Alagoas, Tribuna do Sertão e Tribuna do Agreste:
Não se pode dizer que vivemos na atualidade um período tenebroso, a humanidade sempre teve épocas turbulentas e nós que compartilhamos o século XX, considerado como “o breve” por Eric Hobsbawm, o Historiador inglês que nasceu na Alexandria e, ao longo da sua longeva vida, teve cinco passaportes, visto que sua terra natal mudou de nome e limites em decorrência de guerras e várias anexações.
O “Breve século XX”, já se contabilizou, teve duas horrendas guerras mundiais, 58 guerras locais, 647 golpes de Estado, nove grandes crises financeiras, 16 hiperinflações, 13 genocídios de grande porte, inclusive o de Ruanda, etc.
Mas aconteceram incontáveis progressos científicos, tecnológicos, tão revolucionários que transformaram a face da humanidade, aumentaram em muito a expectativa de vida do ser humano que seria impensável outrora, ao ponto em que se convive, de forma subjetiva, com uma certa cultura da imortalidade sendo, para vários, a morte algo como um espanto.
Daí venha, talvez, o crescente ceticismo para com as religiões, mas esse é um assunto para os teólogos, psicólogos ou outras ciências que se debruçam sobre o assunto.
E talvez seja a explicação mais plausível para o surgimento de correntes religiosas, digamos, mais pragmáticas, que prometem aos seus adeptos a solução imediata das aflições terrenas.
O mundo está sempre em mutação. O que há no novo milênio, de maneira mais destacada, são dois fenômenos: o avanço tecnológico e a concentração do capital financeiro, especialmente o especulativo.
O que gestou uma extraordinária acumulação de riquezas jamais presenciada anteriormente em mãos de uma ínfima parcela, que caberia em um desses cruzeiros de turismo que singram os oceanos.
O caráter rentista desse capital, acumulado em poucas mãos, dedica-se ao lucro a curto prazo, não retornando ao investimento produtivo em sua maior parte.
Além disso a revolução tecnológica que promoveu uma aparente democratização da informação e uma espécie de protagonismo dos indivíduos e suas ideias, também se encontra em mãos e controle do mesmo capital especulativo, assim como a imensa parcela da grande mídia que hegemoniza a informação, as opiniões que circulam pelo planeta.
O resultado é que se tem uma impressão artificial de liberdade de opinião, do exercício prático do ativismo político, às vezes em escala mundial, como se a tese do teórico de comunicação do século XX tivesse se concretizado: o mundo teria se transformado em uma aldeia global.
Se as distâncias encurtaram e a “informação” digital viaja em tempo recorde, em contrapartida os domínios político, financeiro e das ideias concentraram-se como nunca.
O fim da Guerra Fria propiciou a dominação do capital em escala global. No geral, as ideologias, que surgem e se transmutam como um vírus, estão a serviço dos interesses desse capital.
Mas a História continua a ser a da infâmia, assim como dos grandes gestos humanos. E o domínio das grandes potências.
O domínio do átomo impulsionou avanços inimagináveis nas ciências, na medicina, mas serviu para o horror de artefatos nucleares que dizimaram duas cidades japonesas. E o pavor forçou até hoje um certo equilíbrio, a paz entre as potências globais.
Nós, brasileiros, precisamos navegar em meio a esses fenômenos que sempre fizeram a História humana. Mas, para isso, necessitamos de Estadistas.
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