domingo, 21 de abril de 2019

Simples consumidores

Meu novo artigo, publicado também na Gazeta de Alagoas, Tribuna do Sertão e Tribuna do Agreste:


Como um rolo compressor os Estados Unidos alastram pelo mundo a estratégia Rumsfeld/Cebrowski, afirma o geógrafo Manlio Dinucci, a destruição das estruturas estatais dos Países não integrados, total ou em parte, na globalização econômica financeira mundial.

Tudo contra todos: é a imagem midiática do caos, o centro motor de uma estratégia que, ao demolir Estados inteiros, provoca uma reação em cadeia de conflitos, a serem utilizados de acordo com a velha máxima dividir para reinar.

Tendo saído vitoriosos da Guerra Fria, em 1991, os Estados Unidos autoproclamaram-se, continua Dinucci, “o único Estado com uma força, uma escala, e uma influência, em todas as dimensões, econômica, política e militar, verdadeiramente planetária, propondo-se impedir que qualquer poder hostil domine uma região”.

Na realidade, afirma Dinucci, Washington não é um aprendiz de feiticeiro incapaz de controlar as forças antagônicas postas em movimento, porque isso faz parte de uma estratégia, a do caos, em uma região ou nação.

Mas a verdade é que atualmente o domínio unipolar norte-americano passou a ser dividido com o grande salto econômico da China e o soerguimento da Rússia, como potências mundiais que hoje disputam em todas as esferas a liderança geopolítica internacional.

Disso tiramos duas conclusões: os Estados Unidos não abandonaram o campo de disputa pela hegemonia anterior, mas não mantêm a antiga supremacia solitária que exerciam ao final da Guerra Fria, e procuram assegurar o domínio político em regiões que consideram fundamentais ao seu projeto de protagonista global.

Os interesses de Estado hegemônico norte-americano não se submetem a ideologias, sobrepõem-se a elas.

Assim é que, de promotores de regimes autoritários na década de sessenta, na Guerra Fria, transformaram-se em paladinos dos Direitos Humanos na gestão do presidente Carter.

Depois promoveram, junto à primeira ministra inglesa Thatcher, a apologia do Estado Mínimo, os anos “gloriosos” do neoliberalismo.

Em seguida, as agendas Indentitárias, autocentradas, individualistas, excludentes, inclusive nos governos Obama, e lideram hoje uma espécie de fundamentalismo conservador, com traços de fanatismo religioso, no mandato de Donald Trump.

Em resumo, os Estados Unidos não se guiam por ideologias, estas são para os outros e suas populações desamparadas, o que prevalece são os interesses econômicos, o status de grande potência.

As ideologias são usadas, através da sua poderosa indústria do cinema, entretimento, redes sociais, associadas à grande mídia empresa global, junto ao Mercado financeiro, desde que elas sirvam aos projetos de criar cinturões de liderança e dominação globais.

O Brasil, potência continental de segunda linha, junto à Índia, precisa defender as suas instituições de Estado, os seus objetivos estratégicos que hoje são alvos de abertas agressões, numa virulenta Guerra Híbrida.

Sem as instituições do Estado fortalecidas, Executivo, Legislativo, Judiciário, não há cidadania política.

Sem ela as pessoas deixam de ser cidadãos, passam a ser simples consumidores. Este é o objetivo do Mercado, consumidores globais sem identidade nacional ou protagonismo político. Ao sabor de agendas periféricas da moda, difundidas por esse mesmo Mercado, senhor absoluto da sociedade, da nação e dos indivíduos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário