Do blog do Luciano Siqueira, seu texto publicado no Vermelho e no blog de Jamildo:
Caleidoscópio partidário
O jornal O Globo publicou um infográfico em que exibe a imensa multiplicidade de alianças partidárias celebradas para o pleito do próximo dia 2.
Embora dois partidos – o PCdoB e o PT – acumulem maior número de alianças entre si, todos os demais integram coligações das quais participam praticamente todas as agremiações legalmente constituídas.
O PCdoB, vacinado contra a rigidez tática e o sectarismo, atento à natureza eminentemente local do pleito, exerce o máximo de amplitude e de flexibilidade, preservando, entretanto, em cada coligação de que participa, sua identidade, suas convicções teóricas e suas opiniões políticas sobre a questão nacional, respeitando as dos aliados.
A convergência se dá em torno de programas para as cidades.
É o óleo na água, como costumam dizer os comunistas: juntos, mas não diluídos entre si, cada um no seu quadrado, plenamente identificáveis.
Mesmo o PT, que anunciou diretiva nacional proibitiva de alianças com partidos cujos parlamentares votaram a favor do impeachment, em inúmeras situações se fez flexível. Caso do Recife e Olinda, onde faz aliança prioritária com o PRB, que votou fechado pelo afastamento da presidenta Dilma; de Salgueiro, onde apóia chapa composta pelo PMDB e pelo DEM e Caruaru, onde apoia o candidato do PSB e assim por diante.
Nada de errado. Diretrizes esquemáticas e rígidas não casam com a realidade. A imensa diversificação política e cultural que marca a sociedade brasileira, que impacta a fisionomia da quase totalidade dos partidos, tem seu ápice nas eleições municipais.
Poderia ser diferente? Certamente sim – desde que uma reforma política de sentido essencialmente democratizante, e não restritivo, viesse a adotar o sistema de listas preordenadas pelos partidos para a disputa das casas legislativas.
Esse dispositivo, por si mesmo, contribuiria de modo determinante para a necessária triagem via voto popular, fazendo desaparecer naturalmente legendas que não ultrapassam limites cartoriais.
De outra parte, a sempre reincidente proposta de adoção de cláusula de barreira, restritiva da presença no Parlamento de partidos eventualmente situados como minoritários, faria uma triagem impositiva, antidemocrática.
A questão vem sempre à tona no curso dos episódios eleitorais e permanece hibernada nos interregnos.
Agora que o país atravessa período marcado pela regressão política e institucional, vem sendo abordada em paralelo às campanhas eleitorais, como que preparando o ambiente para mais um golpe nos processos democráticos.
De toda sorte, tão logo se encerrem as eleições municipais, às forças do campo democrático cumpre incluir o tema na agenda da resistência.
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