sexta-feira, 19 de abril de 2013

Muita Paz nessa hora

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertao, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:

Passeata pela paz em Bogota no dia 9 de abril


Num planeta imerso em guerras, crise econômica profunda, a América Latina e o Caribe ressaltam-se como regiões diferenciadas por melhorias no desenvolvimento apesar das graves, históricas desigualdades de origem secular que persistem.

Esse ciclo positivo iniciou-se, de modo heterogêneo, desde o início do século XXI e prossegue aos dias atuais mesmo no auge da crise estrutural capitalista que atinge especialmente os Países da Europa e os Estados Unidos da América.

Todavia, presenciamos nos demais continentes uma perigosa escalada de variados conflitos e guerras que se espalham pelo Oriente Médio, Ásia, África quase todos envolvendo direta ou indiretamente o consórcio anglo-americano cujas motivações estão ligadas a objetivos geopolíticos e à posse por recursos naturais renováveis ou não.

A América Latina que durante séculos tem sido uma região estagnada, desapropriada de suas riquezas, mão de obra e matérias primas por colonizadores e neo-colonizadores, experimenta atualmente a possibilidade de trilhar, através de muita luta e determinação, um ciclo mais favorável de emergência das suas potencialidades através da construção, bastante árdua, da união dos seus Estados através do MERCOSUL e da CELAC.

O que exige a reafirmação da soberania desses Países que constituem esses dois blocos internacionais, por um logo período de paz entre as suas fronteiras, coisas que com muito esforço político, diplomático, vem sendo conquistadas.

Essa reinvindicação da paz pressupõe a necessidade da superação das abissais desigualdades econômicas, sociais, que ainda mantêm a região sob um brutal atraso interno em cada nação, como entre os povos latino-americanos como um todo.

A vitória eleitoral de Maduro, do movimento bolivariano na Venezuela é reveladora de avanços substanciais principalmente no combate decidido, sereno às ações provocadoras das forças reacionárias que desejam o retorno ao antigo status quo.

Por isso é emblemática a gigantesca marcha pela paz dos bravos na Colômbia reunindo centenas de milhares de pessoas exigindo uma nova era ao País que se caracteriza pela sua histórica riqueza cultural, de gente séria, acolhedora e altiva.

Assim, a luta pela paz é elemento indispensável ao progresso das nações latino-americanas que devem mostrar igualmente atitude militante, solidariedade aos povos ameaçados por intervenções ou agressões em qualquer parte do mundo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A contra-revolução de Margaret Thatcher

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


A morte da ex-primeira ministra da Grã Bretanha Margaret Thatcher é uma espécie de canto dos cisnes de uma “contra-revolução mundial conservadora”, econômica, multilateral, cultural, ainda hegemônica em boa parte do planeta desde os anos setenta aos dias atuais.

Thatcher iniciou o seu governo em 1979 e nos dezoito anos seguintes as estratégias neoliberais mantiveram o domínio sobre os destinos do Reino Unido em uma agressiva onda de privatizações de todos os segmentos da economia britânica.

Quando o partido Trabalhista retornou ao poder as modificações nas relações de produção, sociais, jurídicas, da sociedade já tinham alcançado tal ponto de inflexão que não era mais possível reeditar, sem uma ruptura política, as linhas econômicas Keynesianas do Estado de Bem Estar Social até então em vigor na Europa ocidental após a Segunda Guerra Mundial.

Daí, o partido Trabalhista inglês também começou a fazer sua própria transformação, com outras agremiações sociais democratas, para uma plataforma neoliberal mitigada com políticas sociais.

A aliança entre os Conservadores de Margaret Thatcher com o governo norte-americano de Ronald Reagan associada à queda do muro de Berlim, à debacle da União Soviética, deu início à “mundialização do capital financeiro”, à “ditadura global dos credores”, o regime absolutista neoliberal no planeta.

Para o êxito do projeto consagrou-se algo decisivo, a incorporação da grande mídia em instrumento de divulgação unilateral dessa estratégia geral do capital rentista, da nova etapa expansionista militar imperialista.

Esse processo de concentração de poder do capital rentista impulsionou a hegemonia ideológica quase que total da chamada nova ordem mundial submetendo valores universais conquistados pela humanidade.

Impondo em seu lugar a exacerbação do individualismo antagonista procurando anular as organizações classistas dos trabalhadores e demais movimentos que lutam por avanços sociais, soberania das nações, as maiorias destituídas de futuro mais digno.
 
Thatcher a "dama de ferro" morreu no auge da fadiga estrutural do sistema que ela ajudou a criar vendo a Europa, os EUA em decadência com dezenas de milhões de desempregados, um planeta saturado por agressões armadas imperialistas, a emergência de outra ordem global multilateral, a vigorosa retomada de lutas dos cidadãos pelos seus direitos e um mundo melhor.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Os vendedores de vento e o sabão de coco

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


As exigências do grande capital rentista para não promover uma guerra de classes contra os governos de coalizão sob a liderança do Partido dos Trabalhadores foram três questões tidas como dogmas macroeconômicos na economia do mercado global: metas de inflação, câmbio flutuante, superávit primário nas contas públicas.

Mesmo assim e apesar disso o País assiste a uma fuzilaria através da grande mídia nacional e respectivas matrizes norte-americanas, inglesas, contra as medidas adotadas pela presidenta da República, ações concretas que provocam a queda sistemática dos juros, acusando o governo de interferência nas leis do mercado, “alertando sobre os perigos de surto inflacionário iminente”.

Como remédio ao suposto fantasma inflacionário rondando os lares dos brasileiros propõe-se a receita neoliberal ortodoxa, ou seja, novas altas dos juros básicos (taxa Selic) e como sinal de que não estão blefando, agências globais reforçam a iniciativa através do rebaixamento das classificações de risco dos bancos públicos do País.

De acordo com a revista Resenha Estratégica os especuladores  financeiros nem se dão ao trabalho de amenizar o profundo desprezo às amplas camadas sociais, propondo frear o crescimento econômico, precário devido à insuficiência de investimentos em infraestrutura e à crise capitalista, gargalos, não só os únicos, a um grande salto no desenvolvimento.

Já um ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central, declarou que “a saída é frear a economia, é demitir mesmo. Não se faz omelete sem quebrar os ovos”.

Na linha contrária, coisas da História, está, entre muitos, o ex-ministro, economista Delfim Neto para quem essa mídia, o capital rentista são “vendedores de vento, da riqueza imaginária, os derivativos cáusticos, espremidos pela baixa do juro, dependendo de alta da Selic para manter lucros estratosféricos ludibriando pequenos investidores, setores médios, propondo aos mais pobres que voltem a tomar banho com sabão de coco”.
 
A grande mídia, o capital rentista, impuseram ao País uma agenda fragmentária, com alguns temas auto-justificáveis, mas diversionista em questões cruciais da nação. Promovem a chantagem econômica, a evidente tentativa da dispersão política, exigindo como solução o firme combate por um projeto nacional soberano estratégico, a intensa luta pela unidade e a emanciapção social do povo brasileiro.