sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A morte do multiculturalismo

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:


                                             David Cameron, primeiro-ministro britânico

Na década de setenta passada surgia na Inglaterra e nos Estados Unidos o neoliberalismo. Algum tempo depois, em 1989, Francis Fukuyama, norte-americano, até então um obscuro professor de História e Filosofia, publica um artigo em uma revista de circulação restrita intitulado “O fim da História” e posteriormente, em 1992, o livro “O fim da História e o último homem”.

Estava lançada uma das bases da maior ofensiva conservadora em escala planetária depois da segunda guerra mundial. Na verdade, Fukuyama era uma das figuras chaves do governo do presidente dos EUA Ronald Reagan.

Mas faltava algo que associado às teses neoliberais na economia e às ideias do “fim da História” completasse o arcabouço de uma doutrina de caráter estratégico que permitisse a construção de uma hegemonia em dimensão planetária.

Assim é que toma corpo definitivo, nos EUA e Inglaterra, um conjunto de políticas institucionais amplamente conhecidas como o multiculturalismo.

Tal foi o investimento midiático e a aceitação acrítica dessas ideias que elas se espalharam pelo planeta como algo incontestável, consagradas pelo termo imperativo do “politicamente correto”.

De acordo com muitos jornalistas, intelectuais, artistas de expressão nacional etc, o “politicamente correto” é uma expressão utilizada para se exercer um novo tipo de censura, a “censura envergonhada”.

Todos esses fenômenos possuem origem na nova ordem mundial, em um mundo desenhado na hegemonia unipolar dos EUA.

O que se instalou foi uma época regressiva, ou contra-revolucionária, pobre de espírito, mesquinha, intolerante, de fragmentação social.

Portanto o que estamos vivendo é uma crise de civilização, associada a uma crise sistêmica da atual ordem econômica mundial, com a resistência dos povos a essa hegemonia, como ocorre atualmente no Egito e mundo árabe.

Esse multiculturalismo global transformou falsos conceitos em política de Estado. Assim foi no Brasil, nos últimos dezesseis anos, em duas gestões presidenciais distintas, com consequências perniciosas ao pensamento avançado no País.

Na semana passada o premiê inglês Cameron e a chanceler alemã Merkel em entrevista coletiva disseram que o multiculturalismo perdeu a sua utilidade e decretaram a sua falência. A criatura já não é mais útil aos seus criadores. Essa morte anunciada, sinal dos tempos, provocará um terremoto cultural no mundo. Ainda bem.

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