Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no SantanaOxente:
A tragédia que se abateu sobre a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, culminando com a morte de mais de 700 pessoas, é mais um dos capítulos de uma longa e muitas vezes fatídica novela que vem se arrastando há décadas, principalmente, mas não só, nas capitais e grandes cidades do País.
Deixando ao largo, temporariamente, as discussões sobre as relações entre causa e efeito desses acontecimentos dramáticos e as teorias sobre o aquecimento global, melhor é abordar questões mais concretas sobre os problemas sociais e da habitação no Brasil.
Em recente artigo escrito em 31 de dezembro, intitulado “O fenômeno e os imensos desafios” falei sobre o óbvio, ou seja, o que não requer conhecimento especializado ou profundidade acadêmica, mas a elementar observação da realidade nacional.
Nesse texto sobre o novo governo da presidenta Dilma dizia que ela herdava um estágio de crescimento econômico acentuado com a incorporação de dezenas de milhões de brasileiros no mercado formal de trabalho e políticas públicas que provocavam a inclusão de milhões de brasileiros retirando-os das faixas de miséria absoluta ou relativa.
Que os seus desafios seriam imensos no combate às desigualdades sociais, às desigualdades regionais, à brutal concentração da renda que persiste, na educação, saúde, infra-estrutura etc.
A catástrofe no Rio de Janeiro, e outros Estados em menores proporções, a neurose recorrente dos paulistanos com enchentes e alagamentos, possuem raízes bem mais concretas que a cruzada ideológica internacional contra o propalado aquecimento global.
A origem desses episódios, inclusive as devastações das cidades interioranas em Alagoas e Pernambuco no ano passado, encontra-se exatamente nos problemas estruturais jamais enfrentados e resolvidos.
A ocupação dos morros, margens de rios etc, pela população mais pobre, não é uma predileção pelo perigo, mas a necessidade imperiosa de se estar perto do mercado de trabalho. O Brasil cresceu muito nesses anos, mas ainda é muito, mas muito desigual mesmo. Precisa de urgentes reformas urbanas e rurais.
O crescimento econômico impõe mais ainda a execução de um avançado projeto social de linhas definidas e operantes. Os êxitos da era Lula não devem reproduzir, também nas esquerdas, uma visão unilateral e ufanista de gestão incontestável, acabada. Ou se pode perder o senso da realidade.
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