Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:
O ano de 2011 herdará uma gama de problemas com gravidade bem mais que relativa. Um quadro econômico internacional de séria crise que vai se aprofundando paulatinamente.
Os Estados Unidos se encontram mergulhados em um cenário de lenta e dolorosa estagnação em marcha para um quadro de indiscutível depressão econômica e busca como medida profilática um remédio que vai abalando a economia global, a inundação desvairada de dólares no mercado.
E o fazem porque querem e podem fazer. Porque a sua moeda é a moeda padrão no mundo e apesar das exigências objetivas ditarem a necessidade da sua substituição por uma cesta internacional de moedas, permanece o dólar, fundamentalmente, em decorrência da hegemonia militar de um império em declínio evidente.
Assim, em um cenário mundial de multipolaridade comercial, tecnológica, econômica e política persiste a unipolaridade norte-americana, o que evidencia uma contradição antagônica que mais cedo ou mais tarde reclamará a sua solução.
O que se deduz, e mais que isso, o que se constata, é um quadro de crescentes instabilidades, sejam elas financeiras, sociais, militares etc. Mesmo assim, os EUA exercem, meio que indiferentes, a sua declinante e conflitiva liderança.
Conflitiva porque é uma liderança cada vez mais reclamada e cada vez menos aclamada. A Europa, por exemplo, mergulha em descalabro de tal porte que vai derrubando, como a teoria do dominó, uma a uma, as nações da comunidade do euro.
De maneira que começou pela Grécia um cataclismo financeiro, vítima de ataque especulativo, passou como um tornado pela Irlanda, tida há bem pouco como o tigre celta, e vai atingindo Portugal, Espanha e Itália.
Nada e nenhum sinal indicam que as coisas vão parar por aí. Devem surgir na mídia as novas listas das próximas nações européias que serão vítimas de um processo doloroso, principalmente para os trabalhadores.
Os episódios do vazamento dos telegramas da diplomacia norte-americana através do Wikileaks fazem parte seguramente desse imbróglio geral e irrestrito. O que não se sabe ainda é a quem em última instância tudo isso irá beneficiar.
Quanto ao Brasil, o novo governo precisa tomar firmes medidas acauteladoras diante dessa crise sistêmica global, protegendo a integridade da sua emergente economia e a dos seus cidadãos.
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