quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Encruzilhada

Meu novo artigo semanal:


O viciado processo de impedimento, e a deposição da presidente Dilma Rousseff, incorporam-se na conturbada História da tradição política republicana brasileira, incluindo o período posterior à promulgação da Constituição de 1988.

Após a debacle da União Soviética e a hegemonia unipolar dos Estados Unidos assistimos a uma destruição das conquistas sociais sem precedentes na História contemporânea, uma infinidade de guerras de rapina até os dias atuais e uma brutal tragédia humanitária.

Junto à onipresença imperial norte-americana alavancou-se o domínio global do Mercado financeiro em todas as esferas: política, cultural, ideológica e econômica.

Com tal hegemonia ascendeu uma espécie de Governança mundial apoiada em instituições internacionais que, ou foram capturadas com vistas aos objetivos hegemônicos dos EUA, da globalização financeira, ou foram criadas para tal fim.

Uma das metas da Nova Ordem neoliberal factualmente inaugurada pela ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, o presidente americano Ronald Reagan, um obscuro astro de filmes B de Hollywood, foi a afirmação estratégica anglo-americana, a consolidação da “santa aliança” do capital rentista com os novos centuriões do século XXI.

Incluindo a alienação financeira dos Estados soberanos como questão central aos atuais “donos” do mundo, com enormes resistências sociais dos segmentos agrupados na defesa da soberania dos povos, das nações. Em resumo, é o que está em curso no Brasil.

Mas o surgimento dos BRICS, da China como nova potência econômica, financeira global, da Rússia como protagonista militar, econômica, de recursos naturais decisivos como o petróleo, o gás que abastece a Europa, passa a exigir outra ordem global multilateral, uma tendência irreversível.

Não é possível entender a dramática conjuntura nacional sem ligar os fios que a prendem ao cenário mundial do domínio do capital financeiro, dos interesses geopolíticos dos EUA. Daí o papel da grande mídia que impõe a agenda política do País.

Por isso o Brasil necessita de um projeto de desenvolvimento estratégico, da união de largas correntes da sociedade em torno de outro rumo político, democrático e soberano. Que reafirme a sua integridade e protagonismo, a condição de ser uma nação solidária num cenário global profundamente tormentoso.

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