quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Lucro dos bancos cresce enquanto a desindustrialização avança

Artigo publicado no Vermelho:


Enquanto a indústria vai mal das pernas, com a produção recuando e a chamada desindustrialização avançando no rastro do câmbio valorizado, os bancos seguem de vento em popa. O lucro líquido do Itaú Unibanco atingiu R$ 7,133 bilhões no primeiro semestre, com alta de 11,5% no confronto com igual período no ano passado.

Já o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 5,487 bilhões no primeiro semestre, com crescimento de 21,7% ante o resultado contabilizado no mesmo período em 2010, segundo informações divulgadas na semana passada. E mesmo o espanhol Santander, que comprou o Banespa e no momento amarga uma redução de 21% em seus lucros devido à crise do capitalismo europeu, no Brasil obteve alta de 7,6% no lucro do semestre, abocanhando 1,381 bilhão de euros, o que significa nada menos que um quarto do resultado global do grupo.

Ah, é claro que a mais-valia apropriada por aqui pelo Santander foi remetida ao exterior para cobrir prejuízos da matriz, cuja saúde anda abalada e ameaçada pela situação nada confortável da Espanha e de toda a Europa. Contribuiu para expandir o déficit em conta corrente, mas... falar o que, não é esta a regra do jogo do capitalismo internacional?

Os resultados, num quadro de desaceleração econômica e retração da produção industrial (que caiu 1,6% em junho em relação a maio), são sintomáticos dos privilégios desfrutados pelo sistema financeiro na economia nacional. Eles se beneficiam dos juros altos determinados pelo BC, e também abusam dos spreads, cobrando taxas significativamente superiores às da Selic e escandalosamente altas. Praticam algo que pode ser definido apropriadamente como agiotagem.

Evolução

A carteira de crédito do Itaú Unibanco, incluindo operações de avais e fianças, alcançou R$ 360,107 bilhões ao final de junho, com expansão de 4,4% em relação ao saldo no primeiro trimestre e de 22,3% ante o mesmo período do ano anterior.

No segmento de pessoas físicas, os destaques no segundo trimestre foram as carteiras de crédito imobiliário e de crédito pessoal, com crescimentos de 18,4% e 12,8%, respectivamente.

Já no período de 12 meses, aparecem as carteiras de cartão de crédito, crédito pessoal e crédito imobiliário, com evoluções de 22,8%, 34,7% e 73,2%, respectivamente.

Na análise dos clientes pessoas jurídicas, a carteira de grandes empresas apresentou evolução de 3,1% no trimestre e de 20,6% nos últimos 12 meses, enquanto a carteira de micro, pequenas e médias empresas registrou aumentos de 4,3% e 26,2% nos mesmos períodos.

O índice de inadimplência total, considerando apenas operações com atraso superior a 90 dias, atingiu 4,5% em junho, puxado pelo desempenho das micro e pequenas empresas, acima de março (4,2%) e levemente inferior ao resultado no mesmo mês no ano passado (4,6%).

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