quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Eleições e a esbórnia rentista

Meu novo artigo:


As atuais eleições presidenciais continuam reproduzindo o mesmo quadro que vive o Brasil desde, pelo menos, 2013. Uma tempestade de ódios difusos que vem sendo induzida através da Grande Mídia hegemônica, que por aqui é bem mais hegemônica que em outros lugares.

Assim como via redes sociais que, apesar de se constituir em uma revolução tecnológica, tem sido um instrumento, proposital, da promoção da desagregação da sociedade.

Nesse contexto, a campanha tem sido mais do mesmo, a intensificação de uma Guerra Cultural de ideologismos, o que não é igual a ideologia, cujo objetivo central é a fratura da sociedade nacional.

E nada tem de original, já foi, é utilizada, em várias nações do mundo com os mesmos fins e intenções.

Dois polos visceralmente antagônicos que se retroalimentam mutuamente e de maneira contínua, dão sinais que se o outro sair vencedor não vão reconhecer o resultado das urnas já no primeiro turno das eleições.

Os problemas nacionais que dizem respeito aos interesses das grandes maiorias sociais não vêm sendo tratados durante a campanha, ou são de maneira lateral, como se o País já tivesse resolvido os seus gravíssimos males que o assolam de forma perigosamente crescente.

Os números do IBGE são trágicos: 13 milhões de desempregados, 37 milhões em atividades informais, 65 milhões deixaram de procurar emprego ou de exercer qualquer atividade laboral. Com isso salta a criminalidade.

Já o setor financeiro continua batendo sistematicamente todos os recordes de lucros que espantam até mesmo os grandes centros das finanças globais, diz a revista The Economist, em plena recessão no País e no mundo.

A única saída para a crise é a retomada do crescimento econômico, movendo o motor do desenvolvimento nacional, gerando empregos, investimentos em infraestrutura, educação, saúde etc. Não há alternativas fora da retomada do desenvolvimento econômico.

Enquanto isso seis poderosos grupos do narcotráfico disputam, em paralelo, o comando do País.

Assim, o investimento em segurança pública é fundamental a uma sociedade refém do crime organizado. Não é o vulgar batedor de carteira que está apavorando o cidadão, a cidadã, mas as organizações criminosas e os seus efeitos colaterais.

O combate ao narcotráfico transnacional, que fez no Brasil o seu paraíso, é uma questão fundamental na defesa do Estado brasileiro. Mas esse problema terrível não será resolvido sem a retomada do desenvolvimento com o fim da brutal recessão. É como enxugar gelo. Não, ele vai se agravar.

Essas grandes questões nacionais não estão sendo discutidas nas eleições presidenciais. Em seu lugar existe uma batalha entre multiculturalistas e antimulticulturalistas, extremada, fanatizada. É uma guerra cultural imposta de fora, em paralelo às imperiosas necessidades do País.

A maioria dos candidatos corre docilmente em busca do apoio e da simpatia do Mercado financeiro. E a grande mídia diz todo dia que ele está ora “nervoso”, ora “mais calmo”, ora “alegre”.

Não é verdade, esse ente não existe como tal, eles são os financistas e os especuladores de curto prazo. Estão lucrando bilhões de dólares com a crise, com a recessão, e até com as pesquisas eleitorais desencontradas, enquanto a economia afunda, os serviços de saúde se deterioram, doenças antes sob controle como a febre amarela, sarampo, o aumento nos índices de mortalidade infantil mostram o tamanho do caos.

Na ânsia de fazerem-se pragmaticamente simpáticos ao Mercado financeiro os candidatos, no geral, parecem se dividir entre “neoliberais progressistas multiculturalistas” e “neoliberais antimulticulturalistas conservadores” e até alguns “neonadas”. Enquanto as propostas para a resolução dos grandes problemas nacionais são tratadas apenas lateralmente. O Mercado agradece.

Vários jornalistas independentes dos EUA alertam que esta eleição é um papel carbono das eleições entre Hillary Clinton e Donald Trump, entre a candidata do Sistema Financeiro com Políticas Identitárias, versus um Franco Atirador, mas só na aparência contra o Establishment. Eu não tenho dúvidas. Como também não tenho dúvidas que ela faz parte de uma Guerra Híbrida contra o País.

Enquanto nas redes sociais as patrulhas ideológicas entre setores médios se digladiam em cego e feroz combate, lateral aos grandes problemas nacionais, o Mercado financeiro global esfrega as mãos satisfeito. E a esbórnia dos rentistas promete se estender muito mais.

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