Um
dos principais desafios ao Brasil atual é a constituição de um projeto nacional
de desenvolvimento que tenha a suficiente abrangência para incorporar as
grandes maiorias da sociedade brasileira articuladas em uma perspectiva de
transformação social, amplas liberdades políticas, impulsionadas por uma
estratégia de longo curso.
Um
projeto de objetivos definidos porém flexível o bastante para a convivência de
múltiplas forças políticas distintas mas convergentes no essencial nos caminhos
de um País soberano, com persistentes avanços sociais, na estratégia da sua
política externa baseada no respeito, autodeterminação dos povos, na cooperação
multilateral junto às nações em desenvolvimento.Durante as recentes jornadas de junho que mobilizaram milhões de pessoas nas ruas, mostrou-se concreta uma agenda substancial da sociedade baseada nas questões relativas à educação, saúde, transportes, onde é justo agregar o grave problema da segurança pública, além do recorrente tema da corrupção.
No entanto, a essa agenda social devem-se acrescentar outros elementos essenciais como investimentos pesados em infraestrutura, ciência, tecnologia de ponta, inclusive agregada aos produtos manufaturados nacionais, uma efetiva reforma urbana que privilegie o aumento da qualidade de vida da população etc.
Mas essas jornadas de junho mostraram que os efeitos da ação predadora do grande capital global também se fazem sentir no País através da sua cultura do pensamento único, da sua ideologia difundida intensamente pela grande mídia global hegemônica.
Que isola os indivíduos, provoca o fenômeno da ausência de relações com o passado, mesmo o passado recente, entre camadas das novas gerações surgidas durante a prevalência da nova ordem mundial, contrapõe-se à perspectiva da edificação de um futuro comunitário, ao tempo em que incute visões reducionistas típicas de um tribalismo urbano atomizado, num círculo vicioso de um “presente contínuo” como alertou o historiador Eric Hobsbawm.
Assim, um projeto nacional estratégico soberano, de grandes transformações estruturais, sociais, inclusivo às minorias, é a alternativa insubstituível à arquitetura social maligna, fomentada pelos imperativos do rentismo, antagônica às utopias da nação, aos sonhos coletivos da emergente sociedade brasileira.
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