sexta-feira, 7 de junho de 2013

É o impulso homicida

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Mais uma vez o País é ocupado por um desses debates que tomam conta da grande mídia hegemônica nacional, antes devidamente pautado pelas matrizes internacionais, acerca dos índices crescentes de violência e criminalidade em quase todas as partes do mundo.

Como sempre o pacote já vem pronto, ou seja, o tema, a discussão, conclusão e as propostas já chegam mastigadas e preparadas para a aplicação sempre respaldadas por organismos internacionais.

Nesse caso, a solução para o aumento persistente da violência e criminalidade nas cidades, marca registrada das últimas três décadas por todos os cantos, foi encontrada e o problema está em vias de desaparecer em Chicago, transformada como exemplo de política eficaz para todas as comunidades do planeta.

Daí, sem nenhuma preocupação com alguma análise crítica, a grande mídia passa a fazer um bombardeio de saturação sobre a grave questão e a “incontestável fórmula” da sua superação encontrada pelas autoridades “especialistas” na megalópole norte-americana.

É quando entram em cena os famosos âncoras dessa grande mídia, que passam a entrevistar os “especialistas” no País de empresas privadas de segurança estratégica, ilustres desconhecidos da opinião pública brasileira, mas perfeitamente afinados com as propostas adotadas na tristemente famosa Chicago.

Enfim, já olhando para o nosso quintal, disseram o seguinte: “a sociedade brasileira possui em sua “formação antropológica impulsos homicidas”, e como exemplo o ditado popular “brasileiro não leva desaforo para casa” e para tanto é decisiva uma “ofensiva campanha pública de controle das pessoas normalmente descontroladas”.

É óbvio que no País também existe muita criminalidade e criminosos monstruosos, psicopatas irreversíveis, porém o que está se propondo com essa tal formulação “antropológica” não é o combate eficaz ao crime mas o controle do cidadão num sistema em crise, gerador de muitas patologias sociais.

O que se pretende mesmo é a criminalização da insatisfação, seja ela individual ou coletiva, diante de injustiças e descasos contra pessoas ou reivindicações sociais em luta por direitos que lhes são negados, via a cultura do conformismo, já em prática há tempos, e de uma cidadania passiva.

Porque na realidade esse neoliberalismo é que induz, através de inúmeros exemplos, a cultura homicida, dia após dia, ao vivo e a cores, ao alcance de todos, mundo afora.

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