O primeiro de maio no mundo mostrou, pelas gigantescas manifestações acontecidas, a extensão e profundidade da crise do projeto neoliberal ortodoxo em vigência por quase todo o planeta, expõe os gargalos de natureza estrutural tanto do próprio sistema quanto desse modelo econômico imposto às sociedades pelo menos nos últimos vinte e cinco anos.
Um período caracterizado pela hegemonia absoluta do
neoliberalismo que alcançou uma abrangência multilateral permeando os espaços
da economia mas se estendeu também aos campos da cultura, comunicação,
diplomacia, política, além do inquestionável predomínio militar.
Uma época em que foram mutilados vários princípios
fundamentais da Carta das Nações Unidas, elaborada após a vitória dos aliados
contra o nazi-fascismo.
E tem sido tamanha a força política, militar, do
capital financeiro internacional e dos Estados Unidos, guardiões da nova ordem
mundial, que essa Carta foi reescrita na prática, adequando-a aos novos movimentos
de expansão, centralização do capital em nível global.
Produziu-se também um discurso teórico, ideológico
cujo objetivo central tem sido a manutenção da supremacia absoluta das
estratégias políticas e financeiras do capital, implementadas através dos organismos
que compõem a nova ordem mundial onde o complexo midiático internacional
hegemônico exerce papel determinante.
Esse centro de poder mundial, fenômeno que surgiu após
a débâcle da URSS, sustentado militarmente, elaborou uma "nova agenda
social" como falsa e fragmentada alternativa às fundamentais plataformas
universais das lutas dos trabalhadores e nações, partindo da problematização de
temas pertinentes e generosos, mas que passaram a ser ditados como a quinta-essência
da chamada "questão social".
Mas as consequências da atual crise sistêmica do
capital repõem na ordem do dia, de maneira objetiva, as principais bandeiras de
lutas relativas à emancipação dos povos, assim como o combate pela soberania
nacional, como elementos incontornáveis ao progresso social de qualquer País.
O Brasil na contramão da crise global precisa adotar estratégias
com vistas à construção de um projeto de nação (e de civilização) alternativos a
esses impostos pela nova ordem mundial que se encontra visivelmente esgotada. Em
um mundo que se encaminha para uma transição histórica, é uma rara oportunidade
que não pode ser desperdiçada.
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