domingo, 12 de fevereiro de 2012
Portugueses e gregos vão às ruas em luta
Os sítios nacionais de notícias na internet publicam, sem grande destaque, em suas seções de economia, notícias a respeito das manifestações na Grécia e Portugal contra os pacotes impostos em troca dos empréstimos para o resgate financeiro de suas economias.
Em Portugal cerca de trezentas mil pessoas se manifestaram neste sábado em Lisboa contra a reforma trabalhista do Governo português convocadas pelo maior sindicato do país, a Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), sendo considerado o maior protesto realizado na capital lusa nos últimos 32 anos.
O protesto se transformou em uma passeata contra o amplo programa de ajustes adotado pelo Executivo português e que supera inclusive as medidas pactuadas com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) como contrapartida por sua ajuda financeira. A nova legislação inclui a redução de férias, a supressão de feriados e um rebaixamento do pagamento de horas extras. Também serão cortadas significativamente as indenizações por demissões, que passam de 30 dias por ano trabalhado para entre oito e 12 dias.
O protesto fechou o tráfego e percorreu o centro de Lisboa até a Praça do Comércio, às margens do rio Tejo. Na Praça do Comércio, o secretário-geral da CGTP tomou a palavra para prometer que a central sindical lutará contra esta reforma trabalhista. Em seu discurso, exigiu ao Executivo a atualização do salário mínimo, estabelecido agora em 485 euros mensais, quantidade que segundo seus dados recebem cerca de 400 mil trabalhadores portugueses. "Se levamos em conta os 11% que cada empregado desconta para o Seguro Social, o salário líquido fica em 432 euros, quando a linha de pobreza se situa em 434 euros", denunciou o sindicalista.
Na Grécia, a praça Syntagma, em frente ao Parlamento grego, é palco de protestos neste domingo. Os legisladores do país estão reunidos para decidir se vão aceitar severas restrições para receber uma ajuda de credores internacionais. As exigências para o empréstimo incluem cortes no orçamento, mudanças legais para facilitar demissões, redução de 22% no salário mínimo e garantias políticas de que os acordos serão cumpridos.
Se o pacote for aprovado, a população grega deve enfrentar mais cortes de empregos e reduções nos salários. Nos últimos meses, aposentadorias foram cortadas e o governo anunciou a demissão de mais de 15 mil funcionários públicos. As demissões entram no contingente de 150 mil postos de trabalho que a Grécia deve reduzir no setor público até 2015, para agradar os credores.
Uma importante associação da Polícia grega exigiu nesta sexta-feira que sejam emitidas ordens de detenção contra os representantes da troika pelas acusações de extorsão e outros delitos contra a soberania nacional. O pedido é da Federação Pan-helênica de Oficiais de Polícia (POASY), em carta que fez referência aos três representantes da chamada troika na Grécia: Poul Thomsen, do Fundo Monetário Internacional (FMI); Servaz Deruz, da Comissão Europeia e Klaus Mazuch, do Banco Central Europeu (BCE).
"Ficam avisados que, como representantes legítimos da Polícia Grega, pedimos que sejam emitidas ordens de prisão contra os senhores por uma grande quantidade de delitos contemplados pela legislação e de acordo com o Código Penal grego", afirma a carta.
Concretamente, os policiais acusam os representantes da troika de “extorsão", "promoção encoberta da eliminação ou redução de políticas democráticas e da soberania nacional" e "interferência em processos legais essenciais" do Estado. A POASY pede "políticas programáticas que guardem os interesses dos trabalhadores" e que o interesse dos "agiotas" "não seja posto acima das necessidades básicas do povo".
O sítio português ODiario.info destaca a manifestação em Lisboa:
Terreiro do Povo, Portugal do Povo
A manifestação nacional convocada pela CGTP para hoje, 11 de Fevereiro, trouxe a Lisboa mais de 300 mil manifestantes. Mas o seu significado excede em muito essa impressionante dimensão quantitativa.
Em primeiro lugar pela invulgar participação: pode dizer-se que nela estiveram representadas, no fundamental, todas as classes e camadas que a política da troika estrangeira, servilmente subscrita e executada pela troika nacional, atinge e agride. Trabalhadores de todos os setores de atividade, de todas as regiões do continente, de todas as idades. Trabalhadores manuais e trabalhadores intelectuais. Homens, mulheres, jovens. Com um traço relativamente invulgar: enquanto a enorme massa humana se deslocava pelas ruas da Baixa o número de espectadores nos passeios era bastante reduzido, ao contrário do que é habitual em ações semelhantes. Nesta grandiosa manifestação ninguém quis ficar de fora: todos foram participantes.
O discurso do novo Secretário-Geral da CGTP foi escutado com intensa participação e aprovação. Foi o porta-voz das justas reivindicações populares. Foi calorosamente apoiado nomeadamente quando manifestou a determinação da Central Sindical em prosseguir e ampliar a luta até à derrota da política antinacional que o governo e o patronato conduzem; quando denunciou o “acordo de concertação social” - subscrito pelo patronato, pelo governo do patronato e pela central “sindical” amarela do patronato - como o mais violento ataque contra os direitos sociais e laborais empreendido desde o tempo do fascismo; quando reafirmou que, em poucas circunstâncias históricas como a atual é tão nítida a coincidência entre os interesses dos trabalhadores e do povo e o interesse nacional. O grito “A Luta Continua!” ecoou com inabalável determinação.
Poderá o governo (vigorosamente vaiado) imaginar que será capaz de ignorar esta imensa força popular. Poderá imaginar que o apoio popular que não tem poderá ser compensado pelo apoio do grande capital. Que a vergonhosa obediência às ordens da troika estrangeira lhe assegurará a permanência no poder.
Mas convém que guarde na memória o dia 11 de Fevereiro de 2012. É o dia em ganhou uma nova energia o movimento do povo que, tarde ou cedo, o conduzirá à derrota.
Os Editores do odiario.info
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