quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mariátegui, grande pensador latino-americano


Com a retomada da integração da América Latina, com o desenvolvimento econômico-social e governos progressistas ou desenvolvimentistas, vai reaparecendo para um público mais amplo aqueles que só eram conhecidos pela esquerda e a intelectualidade.

Grandes militantes, pensadores e ativistas políticos, que deram contribuições à luta de seus povos e que eram conhecidos internacionalmente, especialmente na Europa e nos EUA. É verdade que há intelectuais que já tinham destaque e são conhecidos do grande público brasileiro, como Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda, Julio Cortázar, Mario Vargas Llosa, mas o número é muito maior, como é o caso, por exemplo, do peruano José Carlos Mariátegui.

Em uma curta e intensa vida, o jornalista, teórico e dirigente revolucionário peruano José Carlos Mariátegui (1894-1930) uniu pensamento e ação, arte e política, jornalismo e militância, construindo uma obra que fez dele um dos mais originais pensadores marxistas latino-americanos.

Sua obra teórica influenciou até mesmo a Revolução Cubana e segue inspirando movimentos que lutam pela igualdade e pela emancipação em toda a América Latina. Entre os vários livros que escreveu, destacam-se Siete ensayos de interpretación de la realidade peruana e La escena contemporânea.

Mariátegui aliava o trabalho teórico ao gosto pelos debates das vanguardas artísticas e o trabalho como jornalista, que no início da carreira o levou a escrever sobre tão diversos assuntos como notícias policiais e outras. Publicou poemas, fundou revistas de humor e arte. Mas logo passou a se dedicar com convicção à causa socialista, fundando o Partido Socialista Peruano, escrevendo como correspondente na Europa e criando publicações com forte conteúdo de crítica social. Entre elas, a célebre revista Amauta, palavra quíchua que significa sábio, sacerdote, e que se tornou uma espécie de alcunha do próprio Mariátegui.

Fazer política é passar do sonho às coisas, do abstrato ao concreto. A política é o trabalho efetivo do pensamento social: a política é a vida. Admitir uma quebra de continuidade entre a teoria e a prática, abandonar os realizadores a seus próprios esforços, ainda que concedendo-lhes uma cordial neutralidade, é renunciar à causa humana. A política é a própria trama da história”.

                                                                                  José Carlos Mariátegui


Em seu livro Do sonho às coisas – retratos subversivos estão reunidos escritos de Mariátegui em que analisa um leque de personagens e situações que vão de Mussolini e a ascensão do facismo a Mahatma Gandhi e a luta pela independência indiana, John Maynard Keynes e o tratado de Versalhes, Máximo Gorki e a Revolução Russa, H. G. Wells e a visão de mundo do império britânico, dentre outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário