sexta-feira, 4 de março de 2011

Um salto para o turbilhão

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:

Uma sucessão de acontecimentos extraordinários vem se espalhando mundo afora nesses últimos meses, mas que representam simplesmente a ponta do iceberg de um conjunto de fenômenos que vem abalando o sistema capitalista em todo o planeta.

Se olharmos em retrospectiva há elemento deflagrador, como se fosse um estopim, que é a crise financeira global oriunda da orgia especulativa dos bancos de investimentos norte-americanos, culminando com a recessão não só nos EUA, na Europa, mas levando de roldão toda a economia mundial.

Ela não atingiu em cheio o Brasil e os grandes países em desenvolvimento como a China, Índia, Rússia, por razões especiais muito próprias dessas economias e em decorrência de algumas políticas eficazes na área bancária que impediu, em um primeiro momento, a contaminação generalizada por essa crise. Mas não convém, daqui para frente, dormir em cima dos louros.

No entanto os efeitos desse furacão se fazem sentir na debacle econômica das nações européias envoltas em fortes cortes de benefícios sociais e draconianos ajustes fiscais, levando a classe trabalhadora, classe média, aposentados em geral, a perderem históricos direitos trabalhistas e sociais conquistados com muita luta depois da segunda guerra mundial.

Quanto aos EUA não é preciso detalhar o tamanho do desastre porque eles são muito divulgados pela grande mídia em geral, notadamente os seus efeitos sociais como o desemprego em massa, a perda pelos cidadãos de suas casas hipotecadas em uma economia mergulhada em generalizada e profunda recessão.

Os episódios que estão sacudindo o mundo árabe e países da África não são em absoluto dissociados desse quadro de derrocada da economia internacional, mas é que por lá se reproduz de maneira correspondente com as suas realidades. Na verdade tudo faz parte de um só contexto.

Chama a atenção um estudo divulgado muito recentemente pelo Laboratório Europeu de Antecipação Política (LEAP). Nele o referido instituto alerta para os sombrios prognósticos sobre os desdobramentos dessa crise sistêmica do capital que ora vivenciamos, considerando que “desde 2008 o mundo apenas tem recuado para tomar impulso para um salto para dentro do turbilhão”.

E aponta três tendências desagregadoras em curso. A primeira é que há um sistema internacional exausto. A segunda é a impotência dos principais atores geopolíticos globais, EUA, União Européia, etc. A terceira é que muitas nações estão à beira de uma ruptura socioeconômica. E é isso mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário