domingo, 20 de fevereiro de 2011

Professora da UFAL analisa o uso pela mídia do termo “ativista” em vez de militante

A Gazeta de Alagoas publica em sua edição deste domingo, 20/02, análise feita pela cientista política Evelina Antunes, professora da Universidade Federal de Alagoas, UFAL, entrevistada pela repórter Carla Serqueira que assina extensa matéria sobre a utilização do termo “ativista” em substituição a militante ou manifestante, que vira moda no mundo inteiro graças à mídia.

Para Evelina, “ativismo” não é uma expressão recente. Explica que “o termo ativismo nos remete à noção de filiação, de comprometimento, de atividade que vincula idéia e ação. Deste modo, o ativismo acompanha a história da humanidade”.

“Apenas nos acostumamos a falar em militantes quando queremos enfatizar a defesa de certas ideias e instituições, por um longo período de tempo. No Brasil, na década de 30 do século passado, falava-se tanto em militantes comunistas quanto em militantes integralistas, deixando de lado a associação do termo apenas aos movimentos de esquerda. Mas um militante é também um ativista e vice-versa”, esclarece, ao criticar a generalização do termo ativista nos dias atuais. Para ela, falta zelo na hora de especificar que atores estão promovendo o ativismo.


“Sinceramente, acho que falta cuidado da mídia com o uso das palavras. E os atuais conflitos do Oriente Médio e do norte da África – lugares praticamente desconhecidos por muitos de nós – facilitam certa homogeneização de expressões. É claro que em todos estes conflitos ativistas estão em ação, mas se perde a oportunidade de informar quais grupos atuam, de que maneira e por quais razões”.

Sobre o destaque dado pela grande mídia internacional sobre a internet como fator de mobilização, a professora Evelina diz que o uso da Internet na organização de protestos é consequência natural da popularização da informática. “Ativistas precisam falar com os outros e falarão com os meios disponíveis em seu tempo. Hoje temos a Internet, em outros tempos, panfletos eram distribuídos em portas de fábricas ou praças públicas”.

Para Evelina, a atuação de ativistas independe de épocas. Ela também considera vazio o significado do termo se não vier inserido num contexto. “Prefiro pensar no ativismo como uma variável dependente dos conflitos sociais, em qualquer época. A expressão de diferentes interesses que é inerente a qualquer tipo de conflito pode ser entendida como algo feito por ativistas. Mas simplesmente classificar manifestantes como ativistas não nos informa muito”.

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