quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A nova lei seca

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santana Oxente:



Um release divulgado mundialmente informa que uma agressiva campanha contra o consumo do álcool estará em curso muito em breve. E diz que pesquisadores britânicos concluíram que o hábito de beber é mais prejudicial, ao usuário e ao meio social, do que a heroína ou o crack.

Mesmo não sendo um “pesquisador britânico” ou um cientista da área médica, desconfio muito de semelhante conclusão.

Na verdade o que estamos assistindo são manifestações explícitas de uma ideologia conservadora, intolerante, segregadora e que acima de tudo pratica uma política de “limpeza” das sociedades. E isso sempre foi muito perigoso.

Mas o que os “pesquisadores britânicos” não divulgam são as condições de vida das populações do planeta, vítimas da ausência criminosa de políticas públicas básicas, inclusive sanitárias, que atendam aos fundamentos de uma existência digna de um ser humano.


Além disso há uma crise profunda na economia mundial provocando o desemprego de dezenas de milhões de novos excluídos por um sistema em debacle enquanto os bancos de especulação aumentam à estratosfera a riqueza de uma minoria cada vez mais reduzida.

Eles deveriam também se debruçar sobre as gravíssimas consequências para centenas de milhões de almas do sistemático aumento dos preços dos alimentos decorrentes da especulação com as commodities no mercado mundial que, ao lado das armas e dos narcodólares, representam atualmente as maiores fontes de acumulação do capital global. Uma acumulação sinistra e mortal

Vivemos uma intensa crise de civilização, da nova ordem mundial, que destrói os grandes valores erigidos pela humanidade. Mas não é uma crise dos povos, que a tudo isso resistem.

E isso provoca uma espécie de neurose coletiva, desespero e escapismo, inclusive na juventude sem horizontes, vivendo no presente contínuo. Daí o aumento do consumo das drogas, lícitas ou ilícitas, do alcoolismo etc.

O que se pretende não é alertar sobre os perigos do uso excessivo do álcool, mas a construção do discurso ideológico, hipócrita, ambíguo, sobre uma “sociedade limpa e higienizada”.

Uma alegoria da “missão civilizadora da Alemanha pura e virtuosa contra a humanidade decadente e viciosa” nos idos trágicos de 1939 a 1945. Deu no que deu. Só é possível vencer os males físicos, psíquicos, gerados em uma ordem nefasta, através de altos valores humanitários, econômicos e sociais.

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