sábado, 24 de abril de 2010

Governador de província ultramarina

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão e no Santanaoxente:

O escritor e jornalista Nelson Rodrigues em uma das suas famosas crônicas esportivas declarou que o brasileiro livrou-se do complexo de vira-lata quando ganhou o primeiro campeonato mundial de futebol.
Antes disso, dizia ele, vivia como um cão de rua, abandonado, humilhado, principalmente após a memorável derrota para a seleção do Uruguai em 1950, e em pleno Maracanã, perante 200 mil torcedores nacionais absolutamente boquiabertos e irreversivelmente traumatizados.
No plano da política internacional brasileira, vira e mexe, há algo parecido quando determinadas elites conservadoras do nosso País alinham-se aos EUA de maneira incondicional e, às vezes, degradante mesmo.
Recentemente, durante o governo Fernando Henrique Cardoso o então ministro das Relações Exteriores Celso Lafer sujeitou-se a tirar os sapatos em uma revista de aeroporto para poder entrar nos Estados Unidos.
Não pode haver maior simbolismo negativo de uma diplomacia internacional do que semelhante cena que correu o mundo através da televisão e fotos, em troca de elogios da grande mídia norte-americana, enaltecendo a “civilidade e lucidez” do então governo brasileiro.
Atualmente o Brasil é considerado um País altivo, independente, que busca desempenhar um papel de primeira grandeza no cenário da geopolítica internacional. E por isso vem sofrendo duras e injustas críticas, da parte dos EUA e Inglaterra, por suas atitudes e posições nos principais fóruns mundiais.
Não tem sido por acaso a ofensiva norte-americana em oposição à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Porque ela produzirá muita energia de alta qualidade e absolutamente limpa, possibilitando a contínua industrialização do parque produtivo brasileiro, associado às políticas ambientais das mais consequentes e avançadas do mundo.
De olho nas riquezas da Amazônia, os EUA e a Inglaterra provocam sistemáticas ações contra a nossa soberania. Foi o caso da presença do cineasta James Cameron em nosso território, proferindo insultos à nossa inteligência e à verdade, acostumado como está, com o status de cidadão de um império colonial.A grande mídia hegemônica nacional conferiu às declarações do cineasta, pretenso candidato a governador de províncias ultramarinas, a dimensão das suas verdadeiras intenções, a de que o Brasil deve retornar em 2010 ao posto de nação subalterna, sentada ao chão, subserviente, tirando os sapatos e despojando-se da sua independência.

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