segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O grande Pimentel

Quando saí do aeroporto José Martí levou-nos ao hotel em Havana um motorista já com os seus setenta anos de idade, transbordando entusiasmo de vida e uma capacidade de se comunicar como poucos.
Não era tão somente um bom taxista, mas também uma espécie de guia turístico avulso, por conta própria.
Principalmente uma espécie de propagandista dos feitos da revolução cubana. Durante o trajeto ao hotel descobri que o multifacetário Pimentel, esse é o seu nome, era um veterano da guerra anti-colonialista em Angola em que Cuba esteve presente ao lado do MPLA, Movimento para a Libertação de Angola, contra as forças colonialistas, em especial as tropas da África do Sul, na época do apartheid, que invadiram o território angolano.
Pimentel não falava, discursava agitando as mãos, às vezes quase as duas mãos e eu Selma, minha mulher, e Sumaia minha enteada, ficávamos em um misto de atenção e entusiasmo com as palavras do singular taxista além de uma justa preocupação com os destinos do veículo.
Enfim, chegamos sãos e salvos ao nosso destino em Havana Velha e o veterano taxista, combatente, propagandista, e guia turístico informal, deu-nos um caloroso abraço como se fossemos todos seus velhos amigos de longuíssimas datas. Despediu-se com um aceno de mão e partiu para outras jornadas.
E eu fiquei pensando com os meus botões sobre aquele homem vestido de maneira simples, distribuindo entusiasmo por atacado, formulando dialéticas por quilômetro rodado, cidadão de uma nação cheia de dificuldades com um império assanhado de arrogância a pouco mais de 90 quilômetros, separando-os apenas, a Cuba e ao Pimentel, pelo mar do Caribe. Como diria o meu dileto vizinho da Guaxuma, o Lelé: Grande Pimentel...

Um comentário:

  1. Grande Eduardo
    Como v. consegue atualizar seu Blog daí?
    Parece que ultimamente está havendo progresso nesse ponto. Ano passado penavamos para passar um e-mail. Não conseguimos conectar nosso notebook em nenhum lugar da bela ilha...
    Boa viagem para v. e Selma.
    Um grande abraço
    Lelé

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