quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O Brasil

Meu novo artigo semanal:


Estamos diante de um quadro de crise geral, agravada pelas políticas recessionistas do governo Temer de ajustes fiscais, paralisia da atividade econômica, gerando até o momento 13 milhões de desempregados, empresas quebradas, desespero de famílias etc.

Tudo para trazer a inflação para “dentro da meta”, favorecer os rentistas enquanto o País avança a passos acelerados para o fundo do poço, já que ainda não chegamos lá.

Além disso o governo aumenta o sacrifício no mundo do trabalho modificando ferozmente as regras previdenciárias, aumentando a contribuição previdenciária, a idade mínima para as aposentadorias, sem falar nas iniciativas de vender empresas que representam patrimônio do Estado nacional.

Sabe-se igualmente que o objetivo é o desmantelamento do sistema público de saúde, a brutal precarização das conquistas trabalhistas adquiridas ao longo de muitas lutas, encetadas por governos nacional desenvolvimentistas cuja referência mais emblemática foi o período da revolução de 1930 com Getúlio Vargas e daí por diante.

Como afirma corretamente o empresário, escritor, analista de economia e política André Araújo, a gestão Temer sobressai pela adoção de um curso vicioso, jamais de uma estratégia econômica virtuosa.

Cuja linha assemelha-se à adotada pelos burocratas na União Europeia com trágico retrocesso econômico, social, industrial, para beneficiar a banca financeira ávida de mais lucros em época de crise.

É visão tão superada que nem os Estados Unidos continuam a adotá-la após a bancarrota do crash de 2008 que levou o mundo à pior debacle sistêmica desde a grande crise de 1929-1930. Temer além de subserviente, sua orientação é tão retrógrada que chega a ser mais realista que o rei. Só é útil ao rentismo e ponto.

A globalização que sofre a contestação efetiva em todo mundo já provou que só serve para enriquecer 1% de biliardários e levar à miséria os povos. Como se disse, é o único argumento pró globalização que resiste, noves fora a “bolha autista” e reacionária da grande mídia-empresa global associada ao Mercado.

O Brasil precisa seguir a linha da economia viva, dinâmica, produtiva, valorização do trabalho, a criatividade singular do seu povo, reconstruir a unidade social defenestrada por manobras geopolíticas desestabilizadoras, reafirmar a soberania ameaçada.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Aldeia global

Meu novo artigo semanal:


A revolução tecnológica aproximou as pessoas de tal maneira que os indivíduos percebem que o mundo ficou mais próximo. É como se houvesse sido realizada a profecia de Marshall McLuhan, guru da comunicação dos anos sessenta que vislumbrou o planeta como uma grande aldeia global.

O interessante é que seus adeptos eram, na época, rebeldes contra o sistema, desejavam mudar as sociedades. Talvez não fosse isso que o “profeta” queria dizer com suas ideias e palestras que reuniam multidões.

De fato a sua profecia aconteceu mas não no espírito que hoje nos pretendem vender, porque essa comunidade planetária de cidadãos encontra-se a serviço de uma acumulação financeira jamais vista na História da humanidade.

Primeiro porque essa tal de “aldeia global” não é de cidadãos livres com iguais direitos e deveres. Há uma efetiva hegemonia, mantida a ferro e fogo, especialmente por um império, imposta de todas as formas imagináveis a determinar o que é politicamente correto aos povos do mundo.

A ONG inglesa Oxfam diz que 1% de mega-bilionários detêm 99% da fortuna mundial, uma acumulação da riqueza inédita. Em resumo, da aldeia global gestou-se a globalização não da cidadania mas do capital financeiro, a ditadura feroz do Mercado rentista.

Umbilicalmente associada ao rentismo encontra-se a grande mídia-empresa global, cuja função essencial é o domínio absoluto do discurso sobre os fatos e acontecimentos, desprovida do papel da informação, mesmo que parcial ou de grupos. Cabe a ela declarar diuturnamente a morte das ideologias, com exceção de uma: a ideologia do grande capital, do Mercado financeiro.

Assim, por todos os cantos é o Mercado quem promove os golpes e as “primaveras coloridas” contra as nações que por desejo de autodeterminação pretendem constituir seus próprios caminhos como é o caso do Brasil.

Trata-se de uma governança mundial sob a guarda pretoriana dos EUA, agora em pânico com a eleição presidencial de um bilionário “outsider”, não indicado por Wall Street, totalmente imprevisível.

O ex-presidente dos EUA Franklin Roosevelt afirmava: “ser governado pelo dinheiro organizado é igual ou pior do que ser governado pelo crime organizado”. Mas o mundo vive tempos de resistência e transformações a olhos vistos. O Brasil precisa encontrar seu rumo nesse novo cenário global.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O Mercado

Meu novo artigo semanal:


Apesar de explícita, a olho nu, a crise da Nova Ordem mundial sob a predominância do capital financeirizado de tipo neoliberal, continua a hegemonia das políticas do Mercado sobre as nações e os povos do planeta.

A decadência das diretivas de um brutal processo que impôs, em escala global, um pensamento desprovido de largos horizontes de perspectivas e causas transformadoras para a humanidade reduziu, de maneira ditatorial, as sociedades a um tipo de consumismo desenfreado.

Um consumismo que se mostra para além da satisfação das necessidades básicas das populações, ou mesmo o acesso aos novos instrumentos que a ciência e a tecnologia põem a serviço do bem estar dos indivíduos quer seja como ferramentas de trabalho ou de lazer, conquistas extremamente positivas ao desenvolvimento social ou individual.

Sem projetos ou causas pluralistas que galvanizem a reflexão a sociedade do século XXI vê-se reduzida a uma incessante procura de objetos mercadorias em permanente transformação, onde uma nova versão de um celular substitui velozmente a anterior, de tal forma que a mercadoria vira referência absoluta e aspiração de modo de vida às grandes multidões pelos quatro cantos da Terra, com óbvias exceções.

Não sem motivo atualmente crescem os transtornos psíquicos coletivos, sem que deles se tenha consciência, em um quadro geral de desertificação das ideias que impulsionam a consciência coletiva e individual dos cidadãos e cidadãs.

A espiritualidade, as causas universais, das nações, são combatidas aberta ou obliquamente, através da grande mídia empresa associada ao Mercado. De tal forma que o sentimento de pertencimento a uma comunidade ou povo é substituído por uma espécie de tribalismo do novo milênio, como uma busca fragmentada de renovadas identidades onde as pessoas buscam ser assimiladas.

A mercadoria passa a ser um deus, o princípio e o fim das coisas enquanto o Mercado financeiro exerce brutal domínio concentrando a renda, promovendo guerras, desigualdades globais, fomentando “diálogo entre mediocridades”.

E por tudo isso, além das guerras de rapina, crises econômicas, sociais estruturais, está em curso uma revolta objetiva contra a Nova Ordem mundial danosa. Mas será na reflexão de outro rumo real e palpável que a humanidade irá superar essa idade média pós moderna.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O povo brasileiro

Meu novo artigo semanal:


Como reflexo da crise do capitalismo financeiro que repercutiu com força no País e em decorrência da grave instabilidade dos poderes da República, especialmente após a destituição da presidente Dilma, a realidade nacional é um processo de desencontros.

Na verdade é perfeitamente constatável que a nação vive uma encruzilhada Histórica que já vinha se gestando há anos.

A geopolítica mundial vem passando, nos últimos anos, por um intenso processo de transformações. De um cenário de hegemonia unipolar norte-americana, desde o fim da guerra fria, para se transformar, com velocidade não prevista, em um outro contexto geopolítico multipolar. Daí é possível constatar que a realidade é muito mais criativa e dinâmica que os estudos e as previsões acadêmicas.

Esses dois elementos, a crise do capitalismo neoliberal somada às grandes transformações no tabuleiro de xadrez internacional, ocorrem de maneira turbulenta, não pacífica, como sempre aconteceu nos grandes movimentos da História. Não seria diferente hoje.

O Brasil, como grande nação continental, com riquezas naturais abundantes, liderança no hemisfério sul, grande população, é alvo de intensa disputa pelas grandes potências, especialmente os EUA, além da ação predadora do Mercado.

Esse Mercado financeiro rentista tem como associada a grande mídia-empresa que age no País ditando a agenda política e a interpretação dos fatos.

Age como alter ego dos interesses das grandes corporações financeiras ao tempo que busca passar a imagem de prestadora de serviços à população. Esse é um processo que vem se consolidando há décadas.

Os objetivos dessas forças têm sido quebrar a vontade nacional, a desconstrução do Estado Nação, a captura das imensas riquezas do País, sustar qualquer tentativa de protagonismo do Brasil na diplomacia internacional.

Para tanto é fundamental por em prática, como está acontecendo, a “política do choque” já aplicada, com êxitos e fracassos, em outros Países, o que significa ação fulminante, deixando a sociedade perplexa, fragmentada, para que se possam alcançar os objetivos do neoliberalismo financeiro.

O Brasil vive momentos graves. Mas aqui vem se forjando uma civilização singular nos trópicos que já passou por outros momentos dramáticos e conseguiu superá-los com muita luta. Não será diferente agora.