sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A rota da soberania

Meu novo artigo semanal:


No contrafluxo da situação geopolítica mundial o Brasil vive uma realidade lastimável onde as instituições da República encontram-se à deriva e que assumiu enorme dimensão notadamente após a destituição da presidente Dilma.

Distinto do contexto internacional onde a Nova Ordem mundial vem sofrendo evidentes sinais de decadência com a derrota em vários cenários: militar, eleitoral, diplomático, surgindo sinais de transformação a outra Ordem multipolar, o País é alvo de movimentos externos, internos com o objetivo de impedir seu protagonismo geopolítico, fomentar o desequilíbrio institucional, a fragmentação da sociedade nacional.

As insurgências fabricadas em laboratório conhecidas como “primaveras árabes” têm sido utilizadas no Brasil desde 2013 e vêm num crescendo com a participação da grande mídia monopolista que capturou, já faz algum tempo, a informação, a notícia, interpretação dos fatos e especialmente o destino político da nação. Viceja a intimidação, a chantagem, os desabridos interesses antinacionais.

Sem uma unidade social em torno do rumo nacional, imerso em grave crise econômica interna, mergulhado em uma séria anomia institucional, o Brasil chafurda em uma das mais graves crises da sua História enquanto nação independente e soberana.

Onde é evidente a falência da chamada Nova República erigida em 1985. É nesse sentido que fica cristalina a necessidade da constituição de um amplo pacto social e político, de um novo projeto econômico, social em defesa do desenvolvimento nacional, da integridade e soberania do País.

O quadro é tão dramático que os prazos, os recursos, as possíveis saídas vão rapidamente se esgotando e as alternativas à dantesca crise vão rareando, enquanto a economia vai afundando a olhos vistos com a nação cada vez mais à mercê do cassino financeiro global.

Nesse contexto a grande mídia associada ao capital financeiro e aos interesses imperiais, especialmente norte-americanos, faz o seu trabalho de produzir tempestades de ódios gerais, verdadeira máquina de promoção de dissensos, manipulação de agendas sociais, cresce cada vez mais o domínio econômico e político do capital rentista no País.

Só a rota da soberania nacional pode unificar o povo brasileiro em torno de novos rumos de desenvolvimento, em defesa da autodeterminação do País.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Agenda pesada

Meu novo artigo semanal:


Muitos têm falado que 2016 continuará ainda por um bom tempo e deverá ocupar a agenda dos próximos anos.

De fato é uma possibilidade plausível tendo em conta que os fenômenos gerais que incidem hegemonicamente sobre o País têm origens, razões, objetivos determinados, partindo de interesses em escala global, gerando vários outros acontecimentos como danos colaterais.

Nunca é demais repetir que a nação sofre os impactos da mais dramática crise capitalista global desde o crash de 1929. E em consequência há graves rachaduras nas estruturas da Nova Ordem mundial, gerando desdobramentos diferenciados pelos continentes.

A interpretação desses fatos não tem sido fácil para nós simples mortais, submetidos há anos e diariamente a um inédito, na História, processo de uniformização da informação e interpretações dos fatos, o famoso “para entender” isso ou aquilo, que nos são jogados na cara diariamente, com o objetivo de sustar qualquer consciência crítica das suas origens, seus desdobramentos.

A alienação da realidade objetiva cabe à grande mídia-empresa global, associada ao Mercado financeiro mundial, instrumento imprescindível ao exercício de um processo de dominação das sociedades, dos povos, inigualável na História contemporânea, onde a mídia hegemônica já não mais informa, mesmo a informação parcial ou de grupos. Ela dita qual é a realidade conveniente ao capital rentista, à Nova Ordem mundial.

Se questionarmos a quem interessa o exercício desse inédito, em termos Históricos, processo de constituição da ditadura do pensamento único, é certa a resposta pela constatação de que hoje 99% da riqueza global encontra-se nas mãos de 1% dos habitantes do planeta, segundo a insuspeita ONG britânica Oxfam, com base em dados do banco Crédit Suisse.

Quanto ao Brasil o golpe fatiado em curso está associado a esse cenário global com vistas: à entrega do pré-sal às multinacionais, privatização das estatais, a reforma da previdência, abertura do mercado da construção civil a empresas internacionais do ramo, prioridade ao pagamento dos juros da dívida pública, desindustrialização interna, fim dos programas nuclear e espacial brasileiros, afastamento do Brasil em relação aos BRICS etc.

Portanto, será renhida a luta em defesa da democracia, dos direitos sociais, da soberania nacional.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O tempo e o pacto

Meu novo artigo semanal:


A crise nacional anda numa velocidade em que os fatos são ultrapassados no mesmo dia por outros ainda mais danosos numa escala progressiva.

A tormenta institucional tem duas vertentes óbvias que se imbricam: a política e a econômica.

Com o golpe de 2015 que depôs a presidente Dilma a nação constata que apesar da redemocratização em 1985 ainda há na cultura política brasileira uma tendência autoritária que se evidencia no fato que vinte e oito anos após a promulgação da Carta Constitucional de 1988 só dois presidentes da República concluíram seus mandatos.

A metade dos presidentes eleitos no mesmo período foi deposta. Ao longo dos vinte e oito anos pós-Constituinte os argumentos utilizados para depor os presidentes eleitos, e até seus substitutos, foram por razões com forte teor de ideologismo, como sucedeu com a presidente Dilma.

Os impeachments, e até as tentativas não concretizadas, ao longo da Nova República foram encetados em defesa da moralidade mas as razões centrais residem na elementar luta pelo poder, sem compromissos com o pacto Constitucional, sob o comando da grande mídia empresa associada ao Mercado rentista.

A ideia de que “o povo bota, o povo tira” é absolutamente válida nos regimes de plena democracia, desde que observada a Constituição, a soberania das urnas. Fora disso é golpe.

No plano econômico tem sido raso o esforço em prol dos objetivos da centralidade dos interesses nacionais, que se expresse em projetos que possam alavancar o conjunto da economia brasileira, o reforço do papel estratégico do Estado como indutor na construção de percursos de largo tempo e espaço.

Ao contrário promove-se hoje, sob violenta ofensiva neoliberal, o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, uma condenação ao crescimento do País, a famigerada reforma da Previdência que amputa mortalmente os direitos dos assalariados, suas aposentadorias. Pela acumulação dos lucros do Mercado tudo, ao povo e à nação, ZERO.

Está certo André Araújo: não é possível um País com a complexidade do Brasil em inédita e rara recessão (no planeta), onde pessoas que comandam a economia não estão à sua altura, muito menos têm a legitimidade, frente aos imensos desafios que estão no horizonte.

Urge a formação de ampla frente em prol da reconstrução nacional, da economia, pela democracia.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Cenário trágico

Meu novo artigo semanal:


As medidas de arrocho, ajustes fiscais, precarização dos direitos trabalhistas, redução do Estado, privatização de setores estratégicos, compõem o eixo das iniciativas contrárias aos interesses do Brasil.

A crise capitalista que já adquiriu nova fase em 2008 com o estouro das bolhas do Mercado imobiliário nos Estados Unidos, jogou a economia mundial na debacle que vivenciamos.

Assim o que está em curso é a crise das políticas da Nova Ordem mundial impostas aos povos e nações depois da extinção da União Soviética, o surgimento da hegemonia unipolar dos Estados Unidos, guarda pretoriana do “Mercado” global.

Nesse tempo os EUA, a globalização financeira, deitaram e rolaram. Apesar da crise financeira garroteando os Países foram adotadas brutais medidas de impacto econômico, social contra os povos.

Algumas nações buscaram adaptar-se às novas condições da hegemonia econômica, militar global, com formas de sobrevivência sem abdicar da soberania econômica, territorial, cultural, política. E conseguiram se desenvolver de uma forma ou de outra. Podemos citar a China, Rússia, etc.

Enquanto a Nova Ordem exercia intensa exploração financeira, apoiada pelos EUA, escamoteava as razões centrais da brutal crise que viviam as nações. Em seu lugar impôs agendas globais diversionistas através da grande mídia empresa, associada ao “Mercado”.

Mas a crise econômico-financeira está cobrando a fatura, chegou ao nível do insuportável, e os povos estão se rebelando, exigindo seus diretos.

O Brasil conseguiu adiar essa crise até 2011 em função da grande procura de produtos primários dos quais o país é celeiro, mas não adotou medidas estratégicas de desenvolvimento em infraestrutura, tecnologia, forte industrialização, adequadas às suas peculiaridades. Persistiu na senda da economia via consumo.

O golpe em curso, chamado corretamente de “golpe fatiado”, obedece a várias etapas. Busca anular o sentimento nacional, democrático, impor as políticas extremadas do Mercado financeiro, a capitulação da nação, do povo brasileiro.

O cenário de paralisia econômica, desemprego é grave. As ameaças contra o País e a sociedade são concretas. Só um amplo pacto nacional e democrático com intensa mobilização social em defesa da reconstrução do País pode reverter o quadro trágico em que se encontra o Brasil.